DF
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Enterro de jovem esfaqueado no DF é marcado por pedido de justiça
Familiares e amigos se despediram de Isaac Augusto de Brito Vilhena, 16 anos, na tarde deste domingo (19/10), no Campo da Esperança
O clima era de consternação e luto no enterro de Isaac Vilhena, de 16 anos, estudante do Colégio Militar de Brasília, assassinado a facadas na última sexta-feira. Colegas de escola, visivelmente abalados, soltaram balões brancos em sua homenagem no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
Isaac foi morto após ser atacado por um grupo de adolescentes, quando tentava recuperar seu celular roubado. O crime ocorreu em uma área central da cidade, próxima ao Parque Maria Claudia Del´Isola.
Segundo investigações, os criminosos abordaram Isaac e seus amigos, que jogavam vôlei, solicitando acesso à internet para fazer uma ligação. A estratégia, segundo a polícia, é utilizada frequentemente pelo grupo para cometer roubos.
Os pais de Isaac, profissionais da área de saúde, não conseguiram falar com a imprensa devido à forte emoção. O irmão da vítima, Edson Avelino, de 28 anos, expressou a dor da família e o desejo por justiça. “Apesar da idade, Isaac era uma criança muito responsável e amada. Queria estudar na mesma área do que eu”, declarou. Edson enfatizou a necessidade de punição para os responsáveis, mesmo sendo menores de idade. “Em um país em que se vota aos 16 anos de idade, entendo que a pessoa deve pagar pelos seus atos. Comecei a trabalhar com 14 anos com meu pai”.
Moradores da região manifestaram tristeza e medo após o ocorrido. Um vizinho da família, Ricardo Montalvão, relatou que seu filho também foi vítima de furto de celular recentemente e reclamou da demora no atendimento à Isaac após o ataque.
Um colega de escola, Lucas, também de 16 anos, lembrou de Isaac como um jovem divertido e um dos melhores jogadores de vôlei da turma. “Ele brincou comigo um dia antes. Não entendo como isso foi ocorrer. Não caiu a ficha ainda”, lamentou.
O delegado Rodrigo Larizzatti, da Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DCA), informou que sete adolescentes foram interrogados e três foram apreendidos sob suspeita de envolvimento no crime. Ele confirmou a versão de que os agressores se aproximaram da vítima com o pretexto de precisar de acesso à internet. “É uma prática recorrente do grupo para iniciar os roubos. Três deles estavam diretamente envolvidos. Foram apreendidos. Durante a atuação, não demonstraram remorso. Apenas um deles perguntou se a vítima havia falecido”, disse o delegado.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que adolescentes entre 12 e 18 anos que cometem atos infracionais graves podem ser submetidos a medidas de internação de até três anos.
AGÊNCIA BRASIL