terça-feira, 15 de agosto de 2017

BRASIL

Empresas investigadas na Lava-Jato são alvo de nova operação da PF



Policia Federal - Geraldo Bubniak / Agência O Globo

SÃO PAULO - A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram na manhã desta terça-feira a Operação "Hammer-on" para desarticular uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro e evasão de divisas. As empresas que integravam o esquema movimentaram mais de R$ 5,7 bilhões oriundos de diversas atividades ilícitas entre 2012 e 2016.
As investigações identificaram a existência de uma organização criminosa constituída de cinco núcleos interdependentes que atuavam em atividades que iam do contrabando ao tráfico de drogas. No esquema, os integrantes usavam contas bancárias de várias empresas, em geral fantasmas, para receber dinheiro de pessoas físicas e jurídicas interessadas em mercadorias, drogas e cigarros. Os produtos vinham do exterior, principalmente do Paraguai.
Ao todo, cerca de 300 policiais federais e 45 auditores da Receita cumpriram 153 ordens judiciais, expedidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, em cinco estados: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina. De acordo com balanço divulgado pela PF no final da tarde de ontem, dos 153 mandados judiciais, não foram cumpridos apenas nove conduções coercitivas e três mandados de busca e apreensão. Dezenove pessoas foram presas por suspeita de participação no esquema.
Além disso, foram apreendidos 12 veículos de luxo e dinheiro (reais e moedas estrangeiras) equivalente a cerca de R$ 900 mil. Houve ainda três prisões em flagrante dois por posse de arma de fogo e um por manter material pornográfico infantil.
VÍNCULOS COM LAVA JATO
Em entrevista à Globo News, o delegado Jackson Cerqueira Filho, coordenador da operação Hammer-on, disse que algumas empresas suspeitas de integrarem o sistema também são investigadas pela Lava-Jato.

— Durante as investigações constatamos que parte do dinheiro foi transferido para empresas que também são investigadas na Operação Lava-Jato e usada no pagamento de propina — afirmou.
Em coletiva na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, nesta manhã, Cerqueira Filho classificou o esquema como "complexo". Ele detalhou que o dinheiro era transferido sem registro na Receita Federal para outros países, passando diretamente por casas de câmbio por intermédio de doleiros.
A transferência usava o sistema internacional de compensação paralelo, conhecido como operações dólar-cabo, ou ordens de pagamento internacionais emitidas por instituições financeiras brasileiras com base em contratos de câmbio fraudulentos.
— A organização criminosa precisa contar com a participação de importadoras contábeis, porque elas simulam importações. E essa simulação é o que justifica o contrato de câmbio com a corretora — explicou.
As transações financeiras para fora do país atraíram a atenção dos fiscais da Receita, que iniciaram as investigações em 2015.

Para desmantelar o esquema, a força-tarefa da operação solicitou a quebra de sigilo de 1.382 contas bancárias vinculadas a cerca de 100 mil CPFs. Um aplicativo da Receita também ajudou os investigadores a analisarem os extratos bancários. Os suspeitos de envolvimento atuavam em diversas frentes, segundo Henkemeier: a operação identificou empresários do ramo alimentício, contrabandistas, traficantes, ex-funcionários de casas de câmbio e doleiros.
— Trata-se de grupo de pessoas que se especializou em fazer o dinheiro de criminosos brasileiros chegar para criminosos do Paraguai — resumiu Cerqueira Filho.


O GLOBO

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