Intolerância X alergia
alimentar, você sabe a diferença?
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Professora do curso de Nutrição da UCB, Maria Fernanda Castioni,
esclarece as distinções entre as disfunções Foto: Faiara Assis
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Diminuir o consumo ou cortar de
vez determinado alimento do cardápio é algo que vem se tornando uma realidade na
vida de muitas pessoas devido às intolerâncias e alergias alimentares. Para
diferenciar estas disfunções no organismo, a professora do curso de Nutrição da
Universidade Católica de Brasília (UCB), Maria Fernanda Castioni, pontuou algumas
distinções.
De acordo com a especialista, a principal diferença entre as
patologias é o tipo de resposta que o organismo tem quando está em contato com
o alimento e o ponto básico para diferenciar as duas é a presença ou não
no sistema imunológico. “Na alergia, temos uma ativação do sistema imune, o que
torna a síndrome algo muito mais grave. Toda vez que há um desvio do sistema
imunológico por uma alergia crônica e permanente, o contato com aquele alérgeno
desvia o sistema imunológico, deixando portas abertas para outras
intercorrências. Na intolerância não há esse componente imunológico. É uma
desordem completamente diferente e tem como causa a incapacidade de processar
nutrientes por deficiência ou ausência de determinada enzima”.
A professora destaca que o mais
importante para pessoas portadoras de alergias alimentares, e que normalmente
elas desconhecem, é que é preciso de um período de cerca de três meses para
desestimular ou desligar o sistema imunológico. “Para realmente haver o
desligamento dessa alergia, é preciso não entrar em contato. Quando o paciente finaliza
corretamente o período de desligamento por três meses, ele começa a dieta de
rodízio, ou seja, ele poderá comer daquele alimento uma vez por semana. Porém,
existem alergias que são tão graves que a pessoa não consegue fazer esse
período de três meses, tem que cortar o alimento para o resto da vida”.
Ao contrário da alergia, a intolerância até permite em
determinados casos consumir um pouco da substância não tolerada, desde que seja
em pequenas porções e que tenha orientação de um profissional. Para isso, é
preciso descobrir o limite de aceitação do organismo e evitar ultrapassá-lo.
“Cada pessoa reage de uma maneira
diferente e depende de um histórico de uma vida inteira. Alergia não é algo que
se avalia de forma pontual. Estudos indicam que pacientes com alergia alimentar possuem história
familiar de alergia. Se o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de
terem filhos alérgicos é grande. A intolerância possui vários fatores
ligados à genética também. Mas é extremamente importante entender como o
alimento foi introduzido desde a infância, por exemplo, para entender todo o
processo”, esclarece a professora.
Como diagnosticar
Para cada tipo de disfunção há um
tipo de exame, tudo depende da suspeita. “Não gosto de submeter o paciente a
exames que causam grandes desconfortos, como tomar lactose, se já sabe que o
paciente tem todos os indícios de ter intolerância. Para intolerâncias, as mais
comuns, é possível fazer exames laboratoriais. Entretanto, a parte alérgica é
interessante fazer a avaliação médica, pois será feito o mapeamento de alérgenos,
que às vezes são substâncias encontradas em produtos não alimentares, na
conservação ou na própria produção alimentar”, pontua.
Sintomas
Entre os sintomas mais comuns das
alergias alimentares estão: dor abdominal, diarreia, dificuldade para deglutir,
irritação na boca, garganta, pele e outras regiões, tontura, desmaio, congestão
nasal, náusea, vômitos, inchaço, falta de ar, cólicas estomacais e manchas com
coceira. Se tratando de intolerância, os mais comuns são: gases, diarreia, dor
de cabeça, problemas digestivos, inchaço abdominal e dificuldade para respirar.
A professora ressalta que, em
caso de detectar alguns desses sintomas, é recomendado procurar um profissional
adequado.
Fonte: Imprensa UCB