PF faz ação para combater fraudes no pagamento de benefícios do INSS (Foto: Vitor Santana/G1) |
A Polícia Federal realiza, nesta terça-feira (6), uma operação para
combater um grupo suspeito de fraudar benefícios previdenciários rurais
de pensão por morte e aposentadorias em Goiás e no Distrito Federal.
Segundo a corporação, o esquema causou prejuízo de R$ 5 milhões aos
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Algumas das falsificações foram consideradas "grotescas".
A Operação Oruza é uma força-tarefa da PF com a Secretaria de
Previdência e o Ministério Público Federal (MPF). São cumpridos 11
mandados de prisão preventiva, 76 de condução coercitiva e 26 de busca e
apreensão nas cidades goianas de Niquelândia, Padre Bernardo, Vila Propício, Porangatu, Trombas, Montividiu do Norte, Mutunópolis, Colinas do Sul e Formoso, além de Brasília.
Conforme divulgado pela Superintendência da PF em Goiás, as
investigações começaram há dois anos, depois que foram identificadas
concessões irregulares principalmente de benefícios rurais para o
pagamento de pensão por morte.
"Foram presos os presidentes das agências da Previdência Social em
Niquelândia e Porangatu e uma outra servidora do INSS foi conduzida
coercitivamente para prestar depoimento. Além disso, quatro advogados
foram presos. Também são alvos presidentes e ex-presidentes de
sindicatos rurais, agenciadores, fazendeiros e beneficiários", disse a
delegada Marcela Rodrigues, da Delegacia de Repressão a Crime
Previdenciários.
De acordo com a polícia, os valores eram recebidos de forma retroativa
após a apresentação de declarações falsas emitidas por fazendeiros e
sindicatos rurais. "Os beneficiários ficavam com os valores pagos a
partir do momento que a pensão ou aposentadoria era dada. Os valores
retroativos ficaram com a quadrilha e eram divididos entre os membros",
explicou a delegada.
Em nota enviada pelo INSS ao G1,
Marcelo de Henrique Ávila, da Coordenação-Geral de Inteligência
Previdenciária (Coinp), da Secretaria de Previdência, afirma que esta
foi a maior operação do ano. Ele diz que “o monitoramento feito no
perfil das concessões de benefícios com pagamentos retroativos naquelas
agências foi fundamental para detectar a fraude”.
"Geralmente existe um padrão na concessão de benefícios em cada
agência. Quando, no nosso monitoramento, percebemos uma distorção em
determinado benefício entramos em alerta e começamos uma análise interna
para entender o porquê do aumento abrupto dessas concessões", afirma na
nota.
O G1
também entrou em contato, por email e telefone, com a assessoria de
imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO) e aguarda
um posicionamento da instituição sobre o caso.
Todos são investigados pelos crimes de estelionato previdenciário,
falsificação de documento público, fraude processual e organização
criminosa.
Entenda o esquema
- Agenciador forjava documentos de pessoas fictícias ou sobre fatos que não aconteceram;
- Falsos documentos iam para sindicatos rurais;
- Sindicatos e fazendeiros emitiam declarações falsas sobre o trabalho das pessoas fictícias;
- Com os documentos, integrantes faziam agendamentos no INSS;
- Grupo procurava servidores envolvidos no esquema com ajuda de advogados;
- Quando tinham pedido negado, entravam com ação usando documentos falsos;
- Quadrilha se mudava de cidade anualmente para fugir da fiscalização;
- INSS desconfiou da quantidade de benefícios e impediu desvio de R$ 10 milhões, diz PF;
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Quadrilha fraudava benefícios utilizando documentos falsos (Foto: Divulgação/Polícia Federal) |
De acordo com a delegada Marcela Rodrigues, alguns fraudes eram
grotescas. "Em um dos casos, uma mulher inventou dois filhos, mas os
fraudadores não se atentaram às datas. Com a data de nascimenhto deles,
era como se a mulher tivesse dado à luz aos 9 e 11 anos. E eles foram
registrados depois da data da morte do pai", relatou.
Em um segundo processo, um casal inventou a existência de dois outros
cônjuges e até filhos. “Os dois eram casados. Mas o homem forjou
documentos de uma outra esposa, que nunca existiu, a mulher criou a
existência de um esposo que nunca existiu, cada um criou documentos de
filhos que nunca existiram e deram entrada em benefícios. O prejuízo
causado por eles é de R$ 100 mil cada”, disse a delegada.
Além disso, é possível observar algumas fraudes visualmente, sem a
necessidade de perícia. Entre elas estão o nome de cartórios que não
existem e a data de autenticação dos registros feitas com data anterior a
da assinatura do documento.
Fonte: G1
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