quarta-feira, 23 de julho de 2025

Delegado da PF confirma monitoramento de Moraes por militares

 BRASIL

Segundo Fábio Shor, a Polícia Federal identificou monitoramento de Moraes nos dias 6, 7, 12, 14 e 15 de dezembro

CRÉDITOS DA IMAGEM CBN



O delegado da Polícia Federal Fábio Shor, um dos responsáveis pela investigação sobre a tentativa de golpe no Brasil em 2022, reiterou nesta segunda-feira (21/7) que houve o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes em dezembro de 2022 com objetivo de concretizar o Plano Punhal Verde e Amarelo – que tinha por objetivo “neutralizar” o magistrado e se cogitava o uso de armas. O presidente e o vice eleitos – Luiz Inácio Lula e Geraldo Alckmin – também seriam alvos do mesmo plano.

Shor foi arrolado como testemunha pelos réus Filipe Martins e Marcelo Câmara, ambos ex-assessores de Jair Bolsonaro, e não compareceu na semana passada às oitivas no Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, nesta semana, após intimação para o comparecimento, ele prestou mais de duas horas e meia de depoimento.

Segundo Shor, a Polícia Federal identificou o monitoramento de Moraes nos dias 6, 7, 12, 14 e 15 de dezembro e as informações seriam repassadas de Câmara para o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Shor citou, por exemplo, uma foto que Câmara tirou de Moraes e encaminhou para Cid.

De acordo com o depoimento do delegado, os deslocamentos, horários e itinerários do ministro eram repassados com intuito criminoso. Ele ressaltou que as informações condiziam com as necessidades estabelecidas pelo Punhal Verde e Amarelo.

“O entendimento da PF é que houve estruturação de uma organização criminosa para fins de golpe de estado e abolição do estado democrático de direito. Dentro dessa organização criminosa, havia divisão de tarefas exercidas por núcleos distintos”, explicou o delegado.

Shor reiterou também que foi apreendido um documento pelas investigações policiais em que mencionava um comitê de crise dentro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após a ruptura institucional composta quase exclusivamente por militares, o único civil seria Filipe Martins. Shor reforçou que a colaboração de Mauro Cid não foi o único elemento que corroborou o relatório policial. “O réu colaborador é uma parte da investigação, ele não é o conhecedor universal de tudo”. Ele acrescentou que os dados que embasaram o relatório da Polícia Federal foram obtidos por outros meios de prova, como busca e apreensão e quebra telemática.

Na avaliação de Shor, Filipe Martins foi um participante da tentativa de golpe. “O senhor Filipe Martins tem todo um contexto probatório que demonstra a participação dele – das reuniões que foram realizadas, à apresentação da minuta, trazer pessoas para assessorar na elaboração da minuta, o nome dele constando neste documento. Posteriormente, quando a minuta do decreto do estado de defesa foi encontrada na residência de Anderson Torres [réu e ex-ministro da Justiça], ele é uma das poucas pessoas contactadas pelos demais integrantes da organização criminosa, onde demonstram uma enorme preocupação de identificação da minuta. Esse contexto probatório todo levou ao indiciamento de Filipe Martins”.

O Supremo realiza nesta segunda-feira (21/7) as oitivas dos núcleos 2 e 3 das ações sobre a trama golpista. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o núcleo 2 seria o operacional do golpe, responsável pelo gerenciamento das ações. Já o núcleo 3 é dos militares das Forças Especiais, kids pretos, que executariam os planos golpistas como o Copa 2022 e o Punhal Verde e Amarelo.


JOTA

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