segunda-feira, 16 de março de 2020

Na Paulista e DF, apoiadores de Bolsonaro atacam Congresso e STF e chamam coronavírus de 'mentira'

POLÍTICA

Adriano Machado/Reuters
Presidente Jair Bolsonaro em protesto no Palácio do Planalto em Brasília
 Simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro em ato na avenida Paulista neste domingo (15) desafiaram a pandemia de coronavírus e se concentraram em frente à sede da Fiesp (federação das indústria). Grande parte dos manifestantes é de idosos, grupo de risco da doença. Parte do público usa máscaras.
A manifestação ocorre apesar de Bolsonaro ter sugerido adiamento dos atos e apesar de os grupos de direita em São Paulo terem desmobilizado a organização - apenas o Movimento Direita Conservadora levou caminhão de som à Paulista.
O clima de conflagração e de convocação permaneceu, o que acabou levando pessoas à Paulista. O próprio Bolsonaro participou do ato em Brasília e estimulou as manifestações pelo país neste domingo.
O tom da manifestação na Paulista é de protesto contra o Congresso e o Judiciário. Cartazes pedem intervenção militar e AI-5. Do caminhão de som, o grito "intervenção" foi puxado.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o presidente do STF, Dias Toffoli, e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foram alvos. Houve gritos pedindo a prisão deles.
O coronavírus foi chamado de "mentira" por líderes que discursaram no caminhão de som. Eles insinuavam que a doença foi usada como desculpa por Doria e pelas autoridades para cancelar a manifestação e questionaram por que o Carnaval não foi cancelado --no Carnaval a pandemia não estava declarada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
No caminhão, o coronavírus era chamado de "comunavírus". O MDC lançou máscaras com a bandeira do Brasil para os manifestantes.
A princípio, a Prefeitura de São Paulo havia determinado que a avenida Paulista não fosse fechada para pedestres como ocorre todo domingo. A ideia era evitar aglomeração em meio à pandemia de coronavírus.
A Polícia Militar, no entanto, fechou a via por volta de meio-dia, quando os manifestantes começaram a se concentrar na Fiesp.
O MDC, responsável pelo caminhão de som, estacionou o veículo na alameda Pamplona na esquina com a Paulista e passou a pressionar a PM para liberar a entrada do caminhão na avenida.
As pessoas endossaram a pressão e chegaram a cercar policiais, mas líderes do MDC colocaram panos quentes: "pessoal, vamos aplaudir a PM, eles estão apenas cumprindo ordens".
Um líder chegou a dizer no caminhão que estava realizando "um ato de desobediência civil pacífica".
Nos arredores da Paulista, a concentração de policiais militares era alta, semelhante ao efetivo visto em dias de manifestações previamente acordadas com o poder público.
No caminhão do Movimento Direita Conservadora, na esquina da Paulista, um líder pediu espaço no veículo para que a equipe da Record pudesse subir. "A Record está com a gente ou não está?", gritou, recebendo aplausos do público.

FolhaPress

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