Jacqueline e Caroline Kennedy se despedem do caixão de JFK durante funeral no Capitólio no dia 24 de novembro de 1963 (Foto: Arquivo/Henry L. Griffin/AP)
"A maldição dos Kennedy volta a atacar", era o título do "The Independent" no ano passado após o suicídio de uma nora de Robert "Bobby" Kennedy, alimentando a ideia de que o clã mais conhecido dos Estados Unidos vive uma eterna tragédia grega.
Como explicar que "cada vez que um Kennedy esteja para alcançar um objetivo ou uma ambição, seja condenado a pagar um alto preço?", se perguntou Edward Klein em seu livro "A Maldição dos Kennedy".
"É preciso voltar à Grécia antiga, aos atreides, a figuras lendárias como Agamenon, Clitemnestra, Orestes e Electra, para encontrar uma família submetida a tal série de calamidades", escreveu.
Desde o assassinato do presidente
John F. Kennedy, há 50 anos, o clã teve que enfrentar outro homicídio, de seu irmão Bobby em 1968; a morte, em 1984, por overdose de David, filho de Bobby; e a morte em um acidente de esqui de Michael; outro filho de Bobby, em 1997.
Jacqueline Kennedy, ainda com manchas de
sangue em suas roupas, aparece de mãos dadas
com seu cunhado, Bobby Kennedy, enquanto o
caixão com o corpo de JFK era levado colocado em
ambulância ao chegar a Washington. Bobby foi
morto anos depois (Foto: AP)
O drama mais recente foi o suicídio de Mary Richardson Kennedy, a segunda esposa de Bobby Junior, em maio de 2012.
Mas foi a morte de John John, filho de JFK e de Jackie Kennedy, na queda de um avião que ele mesmo pilotava, em 16 de julho de 1999, que fortaleceu o mito da maldição.
Essa teoria já havia sido utilizada 30 anos antes pelo senador por Massachusetts, Ted Kennedy, irmão de JFK e de Bobby.
Em um discurso televisionado, a então jovem esperança democrata falava do acidente do Oldsmobile que ele dirigia e que acabou caindo na água na ilha de Chappaquiddick, causando a morte de sua passageira Mary Jo Kopechne.
"Por acaso, uma horrível maldição se abateu sobre todos os Kennedy?", perguntou-se Ted Kennedy nesse discurso de 25 de julho de 1969, pouco mais de um ano depois do assassinato de Bobby.
Conspiração
Alguns partidários da teoria da conspiração tentam encontrar alguma explicação nos astros e consultam o mapa astral do patriarca Joseph "Joe" Kennedy, pai de JFK, de Bobby e Ted e de outros seis filhos.
Outros atribuem os horrores desta família ao feitiço que um rabino lançou contra o influente e poderoso empresário, figura política do Partido Democrata, após uma discussão.
Esses argumentos irritam Thomas Maier, jornalista e autor de "The Kennedys: America's Emerald Kings", um livro sobre o destino desta dinastia.
"Falar de maldição, como se um deus místico estivesse vingando algo que os Kennedy tenham feito, é absurdo e profundamente ofensivo para a sua religiosidade católica", disse Maier à AFP.
Os filhos de JFK, Caroline e John John, são vistos durante o funeral do pai ao lado da mãe, Jackie, e do tios Edward e Robert. John John morreu em 1999 em um acidente de avião (Foto: AP)
Ele ressaltou que, com Joe Kennedy, neto de Bobby, como representante no Congresso, o clã tem a sua "quarta geração (dedicada ao) serviço público".
"Nem todas as famílias têm três senadores, um presidente, dois candidatos à Presidência", considerou Larry Sabato, cientista político da Universidade da Virginia, em uma entrevista concedida à AFP.
"A teoria da maldição é muito popular porque temos observado muito esta família. Conhecemos cada um de seus membros", afirmou.
O acidente de avião de John John em 1999, que também causou a morte de sua mulher, Carolyn Bessette, e de sua cunhada, Lauren, mergulhou em luto não só os Kennedy, como também todo o país.
"Uma família e um país unidos na dor", era a manchete do jornal britânico "The Guardian" em sua edição de 23 de julho de 1999.
FONTE: G1