sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Suspeito de atirar em família em Mogi deixa hospital com sondas

Polícia se recusou a recebê-lo por causa das condições de saúde.
Pai e filha de 5 anos morreram; mãe também foi baleada.


Suspeito estava na base da móvel da PM (Foto: Jamile Santana / G1)
Suspeito estava na base móvel da PM (Foto: Jamile Santana / G1)

O homem suspeito de atirar contra uma família em um ponto de ônibus em Mogi das Cruzes (SP) em 9 de novembro recebeu alta médica na quinta-feira (21). Ele foi encaminhado para a cadeia pública do município em uma base móvel da Polícia Militar, apesar de ainda estar com sondas. No entanto, ao chegar no local, a polícia se recusou a recebê-lo. "Para os médicos do sistema carcerário, ele  não poderia dar entrada na cadeia da forma como estava. Por isso, voltou para o hospital", explica o delegado que cuida do caso, Luiz Roberto Biló.
Ele estava internado no Hospital Luzia de Pinho Melo com escolta policial desde o fim de semana do crime. Segundo a polícia, ele se envolveu em uma briga em Suzano e foi baleado. Ele é apontado como o autor dos disparos que mataram uma menina de 5 anos e o pai dela em um ponto de ônibus. A mãe da criança, que também estava no local, também foi baleada, mas sobreviveu. A Justiça decretou a prisão temporária do suspeito pelo caso e ele já tinha mandado de prisão por um roubo.
Suspeito teve de aguardar na porta da delegacia (Foto: Jamile Santana/G1)Suspeito teve de aguardar na porta da delegacia
(Foto: Jamile Santana/G1)
A pedido da polícia, o médico legista Zeno Morrone Júnior avaliou o suspeito na noite de quinta-feira. "Eu pedi para que ele fosse internado novamente porque não tinha condições de ir para a cadeia. Ele estava com duas sondas, uma para alimentação e outra para urinar.  Eu conversei com delegado e fiz um encaminhamento para um hospital", contou Morrone.
G1 solicitou e aguarda informações da Secretaria Estadual da Saúde sobre a alta do paciente e também se ele voltou para o Hospital Luzia de Pinho Melo, onde estava internado anteriormente.
G1 também tenta localizar o advogado do suspeito.
Reconhecimento
A sobrevivente, de 28 anos, ficou internada no mesmo hospital onde o suspeito recebeu atendimento. Ela chegou a reconhecê-lo quando recuperou os sentidos, um dia após ter sido baleada, mas voltou atrás na terça-feira (19) e mudou o seu depoimento dizendo que o suspeito era inocente. A polícia diz que a nova versão não muda a linha de investigação e o homem ainda é considerado suspeito. Na quarta-feira (20) ela recebeu alta médica e, desde então, está sendo mantida em um local secreto, longe do ambiente familiar.
A Polícia Civil informou na quinta-feira que levou a testemuna para um local "seguro e fora do ambiente familiar". Segundo familiares, a mulher foi escoltada pela polícia ao sair do hospital. Ela não voltou para casa e não está abrigada na residência de parentes. "Desde que ela saiu do hospital não falamos mais com ela. A polícia disse que ela fará contato quando for seguro", explicou a irmã Nailma Duarte.
Segundo o delegado Luiz Roberto Biló, a medida tem como objetivo proteger a vítima, que é a única sobrevivente do crime e uma das testemunhas do caso. "Ela não está escoltada, mas foi levada para fora do ambiente familiar, em local seguro", disse. A mulher já prestou novo depoimento à polícia, mas o teor não foi divulgado.
Carta ao Papai Noel
Morte de pai e filha está sendo investigada em Mogi das Cruzes (Foto: Reprodução/TV Diário)Menina de 5 anos foi uma das vítimas do crime.
(Foto: Reprodução/TV Diário)
De acordo com a polícia, no dia do crime a família seguia para uma agência dos Correios, onde a criança deixaria uma cartinha para o Papai Noel.
A carta foi entregue à tia da criança. "A minha sobrinha tinha escrito a carta para o Papai Noel junto com os irmãos e minha irmã estava indo ao centro da cidade para entregar nos Correios. O que aconteceu deixou todo mundo chocado", disse Nairlei.
Na cartinha, a menina pedia uma boneca para o Papai Noel. "Gostaria que nesse Natal você me desse uma boneca numa caixa grande. Obrigada por você existir, que Deus esteja sempre no seu caminho", dizia a carta.  Segundo a Polícia Militar,  a menina foi atingida por cinco tiros e morreu a caminho do hospital.
Entenda o caso
As três vítimas estavam em um ponto de ônibus na Avenida Lourenço de Souza Franco, no distrito de Jundiapeba.
Segundo a Polícia Civil, o motorista do coletivo disse que avistou a menina e os pais correndo para o ponto do ônibus e dando sinal de parada quando se aproximava do ponto por volta das 10h55 de 9 de novembro.
"O autor dos disparos estava sentado no ponto, com uma mochila ao lado. Quando o ônibus parou, o homem teria perguntado para a mãe da criança: 'você é fulana de tal?'. A vítima fez sinal que não com a cabeça e entrou no coletivo. O suspeito sacou a arma e o homem de 63 anos deu um tapa na arma, que caiu no chão", contou o delegado César Donizete Benedito, da Delegacia Seccional.
O atirador pegou a arma do chão e disparou duas vezes contra o homem, que caiu e morreu no local. "Sem pena nenhuma, o suspeito começou a atirar na mulher, que caiu no degrau do ônibus e segundo as testemunhas pedia para que ele não atirasse na criança", declara o delegado. Segundo a Polícia Civil, o homem morreu no local e a criança faleceu a caminho do hospital.
FONTE: G1

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