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sábado, 23 de agosto de 2025

Lei Magnitsky: por que o Banco do Brasil é um dos mais prejudicados pelas sanções dos EUA

 BRASIL

Foto: reprodução Portal Acionista


A Lei Magnitsky, criada originalmente nos Estados Unidos em 2012, permite ao governo americano impor sanções contra indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi alvo de sanções com base nessa legislação, levando a um cenário inédito de conflito entre normas internacionais e a soberania brasileira.

A decisão de Dino 

O impasse jurídico se agravou após o ministro do STF Flávio Dino afirmar que decisões estrangeiras não têm validade automática no Brasil. Para os bancos, isso cria um dilema: cumprir as sanções americanas e correr o risco de violar a Constituição brasileira ou seguir a legislação nacional e enfrentar represálias internacionais, como bloqueios financeiros ou perda de acesso ao sistema financeiro global.

Por que o Banco do Brasil é o mais exposto

Entre todas as instituições financeiras brasileiras, o Banco do Brasil ocupa uma posição especialmente vulnerável. Por ser estatal, realizar pagamentos a membros do STF e ter operações em mais de 20 países, o banco está no epicentro da crise gerada pela aplicação da Lei Magnitsky.

Além de lidar com regulações cruzadas, o BB depende fortemente do sistema financeiro internacional, inclusive para transações em dólar e bandeiras de cartões emitidas nos EUA. Qualquer rompimento com normas americanas pode afetar não só seus ativos lá fora, mas também a confiança de investidores e parceiros internacionais.

Impacto no mercado e nas ações

Os reflexos da controvérsia foram imediatos. Após a sanção americana e a resposta de Dino, o Ibovespa caiu 2,1% e os papéis dos bancos recuaram fortemente. Somente o Banco do Brasil perdeu R$ 7,25 bilhões em valor de mercado, contribuindo para uma perda total de R$ 41,98 bilhões entre os principais bancos da Bolsa.

A reação negativa do mercado reflete o temor de sanções econômicas dos EUA, que já impuseram penalidades de até US$ 10 bilhões a instituições estrangeiras por violações semelhantes. Embora o presidente do Banco do Brasil tenha afirmado que o banco segue as leis dos países em que atua, analistas indicam que a situação segue instável e com forte componente político.

Precedentes e consequências práticas

Casos internacionais, como o de bancos suíços UBS e Credit Suisse, mostram que ignorar sanções da Lei Magnitsky pode levar a bloqueios de ativos, perda de licenças e danos reputacionais. No caso do BB, um episódio concreto ocorreu com o bloqueio do cartão de crédito internacional do ministro Alexandre de Moraes, emitido por bandeira americana. O banco ofereceu outro cartão nacional, da bandeira Elo, como alternativa.

O STF deverá julgar em colegiado como o Brasil deve lidar com sanções internacionais como a Lei Magnitsky. Até lá, bancos como o BB operam sob um ambiente de incerteza jurídica e política. A depender do desfecho, o episódio pode redefinir as fronteiras da soberania nacional frente a regulações internacionais e alterar as estratégias de atuação global do sistema financeiro brasileiro.


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