Motorista de ônibus que capotou e matou duas jovens presta depoimento
Ele chegou à delegacia junto com o advogado na manhã desta terça-feira (12)
O motorista do ônibus que capotou a caminho de uma festa de música eletrônica em Luziânia (GO), região do Entorno do DF, se apresentou no Ciops (Centro Integrado de Operações e Segurança) da cidade acompanhado de um advogado na manhã desta terça-feira (12).
Duas adolescentes morreram e pelo menos 30 pessoas ficaram gravemente feridas no acidente que aconteceu na noite de sábado (9). Uma das vítimas precisou ter o braço amputado em função da gravidade dos ferimentos.
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) disse que o motorista não tinha autorização junto à agência para conduzir o veículo e que, para fazer excursão, precisaria ter autorização dos pais dos jovens e apresentar à autarquia cópias da carteiras de identidade e CPF de todos os passageiros.
Testemunhas contaram à polícia que o motorista estava bêbado e que bebeu e dirigiu a todo o momento. O delegado responsável pelo caso, André Veloso, disse que um dos adolescentes que estava no ônibus teria se revoltado e brigado com o condutor, que teria acelerado e feito a curva fechada que provocou o capotamento.
— Foi uma briga bem mais acentuada e beirou as agressões físicas. A informação que temos é que neste momento o motorista acelerou ainda mais o ônibus e fez uma curva fechada, que resultou no capotamento.
O ônibus transportava 60 pessoas, todas adolescentes, para uma festa rave que aconteceu em um barco no Lago Corumbá 4. O transporte saiu de Taguatinga (DF) por volta das 21h30 e um adolescente de 17 anos que estava no veículo contou que o condutor estava bêbado.
Todo o evento foi organizado pela empresa Forest Family em um perfil no Facebook. Na comunidade, informações eram divulgadas e os interessados interagiam com os responsáveis pela festa de música eletrônica, batizada de "Goa Gil".
Apesar de a empresa ter tido o cuidado de divulgar várias mensagens alertando que a entrada na festa para menores de 18 anos era expressamente proibida, o pai de uma das vítimas, Carlos Roberto, disse que no ônibus fretado só havia adolescente.
— Minha filha tem 16 anos e também está internada. Ela mentiu para mim, não disse que ia para esse evento, porque sabia que eu não deixaria. Ela está bem machucada e com o ouvido sangrando.
Roberto passou o domingo (10) acompanhando a filha, que sofreu vários ferimentos e apresentou sangramento no ouvido.
No mesmo hospital, outras vítimas também estão internadas e conversaram com o homem, que moverá uma ação judicial contra os responsáveis esta semana.
— Com certeza, não tenha dúvidas de que vou cobrar todos os direitos. Os responsáveis por isso não podem ficar impunes.
Motorista fugiu
O delegado André Veloso, do Ciops (Centro Integrado de Operações e Segurança), onde a ocorrência está registrada, disse que o motorista fugiu do local após o acidente e ainda não foi localizado.
Ele explicou que as vítimas foram levadas para os hospitais de Luziânia, Santa Maria, Gama e Ceilândia e que várias delas, em função da gravidade dos ferimentos, talvez precisem ter membros amputados.
No local do acidente, os peritos também encontraram a documentação do ônibus no nome de uma pessoa, que chegou a ser intimada e prestou depoimento.
— Achamos a pessoa, mas ela tinha vendido o veículo em 2012. O homem nos trouxe todos os comprovantes de compra e venda e alegou que o comprador não passou o veículo para o nome dele.
O corpo de uma das adolescentes mortas na tragédia, de 16 anos, será enterrado nesta segunda-feira (11) às 17h30 no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga (DF). O velório está marcado para começar as 14h.
A administração do cemitério ainda não recebeu informações sobre o sepultamento da outra jovem que morreu no acidente.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que 13 vítimas foram atendidas no Hospital Regional do Gama e quatro no Hospital Regional de Santa Maria, mas já receberam alta.
Um dos pacientes mais graves, no entanto, foi encaminhado ao Hospital de Base e teve o antebraço amputado em função dos ferimentos. Os demais estão internados no Hospital Municipal de Luziânia.
O delegado explicou que assim que o motorista for localizado, responderá por homicídio doloso, uma vez que assumiu os riscos de matar ao dirigir em alta velocidade e embriagado.
O depoimento dura mais de duas horas e ainda não há previsão para terminar. O motorista entrou com o advogado na delegacia sem falar com a imprensa.
FONTE: R7 DF