COVID-19 No sábado (16) foram detidas dez pessoas vindas do estado no país vizinho; um deles testou positivo para Covid-19. Surinameses reclamam de supermercados fechados e outros superlotados.
overno do Suriname confirma rota clandestina pelo rio. — Foto: G1 Pará
Embarcações que saem de Belém, no Pará, estão transportando brasileiros que chegam sem autorização no Suriname durante a pandemia da Covid-19, segundo o governo local. Autoridades do país vizinho estão chamando este fluxo migratório de "êxodo".
No último sábado (16), dez brasileiros vindos do estado foram detidos na base naval de Nieuw Amsterdam, distante 10 quilômetros da capital do país, Paramaribo. Já na terça-feira (19), um deles testou positivo para o novo coronavírus. O G1 solicitou informações ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
"O que vemos agora é que há quase um êxodo de Belém. Já pegamos alguns (brasileiros) e estamos analisando a situação. (...) Manter essas pessoas custa muito dinheiro. Não é economicamente saudável ao país e, portanto, lidaremos com isso de uma maneira diferente", afirmou Jerry Slijngaard, diretor do Centro de Coordenação e Gestão de Desastres e membro da Equipe de Gerenciamento de Covid-19.
O caso acendeu sinal de alerta para autoridades do Suriname em relação à pandemia, pois o país registrava, até então, 10 infectados pelo novo coronavírus, sendo nove recuperados e apenas uma morte. O primeiro caso foi confirmado no dia 13 de março, e o último no dia 31 do mesmo mês, cenário que foi comemorado pelo governo.
"Fizemos o melhor possível nas últimas semanas para controlar a situação da Covid-19. Vi muitas pessoas darem uma contribuição positiva para que este momento estivesse acontecendo. Como resultado, estamos em uma situação em que poderíamos dizer: o 'Suriname controlou muito bem a Covid-19'”, disse o presidente Desiré Bouterse, em pronunciamento na televisão, no dia 10 de abril.
De acordo com diretora de saúde do Suriname, Cleopatra Jessurun, o brasileiro infectado foi isolado, e as autoridades investigam a rede de contatos dele e os locais onde esteve nos últimos dias. Jessurun informou que o mapeamento deve ajudar a detectar possíveis novos casos, e que os outros nove brasileiros também já estão em quarentena, sendo monitorados por técnicos de saúde.
Entre as medidas sanitárias mais rígidas adotadas pelo presidente Bouterse estão o toque de recolher das 20h às 6h e o fechamento de todas as fronteiras desde o primeiro caso de Covid-19. Segundo o governo do Suriname, há mais de 570 pessoas sendo monitoradas atualmente por técnicos, e todos que entraram no país durante a pandemia, incluindo os imigrantes que chegaram sem autorização, são alocados em hotéis, onde também recebem alimentação e suporte de saúde.
Rota
Na última quinta (14), o governo do Suriname já confirmava a existência da rota marítima clandestina feita por brasileiros, que estariam saindo do país, especificamente de Belém, por conta do avanço da Covid-19.
O Brasil registrava mais de 290 mil infectados e 19 mil mortes na manhã desta quinta (21). Já em Belém, os números oficiais apontam para mais de 7 mil casos e 772 mortes, sendo a quinta cidade com mais óbitos do país, de acordo com o Mapa do Coronavírus, levantamento do G1 junto às secretarias estaduais de saúde.
Jerry Slijngaard, do Gerenciamento de Covid-19 no Suriname, confirma rota clandestina de brasileiros. — Foto: G1 Pará
Segundo Jerry Slijngaard, a rota funciona da seguinte forma: os brasileiros deixam o país em embarcações de pequeno e médio portes e, já no território do Suriname, são atravessados para barcos de pesca, que os deixam em Paramaribo.
Ao serem presos, os imigrantes ficam em salas de quarentena, custeadas pelo governo, destinadas originalmente a repatriados, de acordo com Slijngaard. (veja trechos do pronunciamento no vídeo abaixo).
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Jerry Slijngaard, do Gerenciamento de Covid-19 no Suriname, confirma rota clandestina de brasileiros.
Moradores de Paramaribo relatam que houve aumento da circulação de pessoas em supermercados geralmente frequentados por brasileiros. Já outros estabelecimentos, também na capital, acabaram fechando as portas no dia da confirmação do novo caso de Covid-19.
Um comerciante, que preferiu não ser identificado, afirma que ao menos outras duas embarcações chegaram com mais imigrantes na última terça (19), também na base de Nieuw Amsterdam.
Estabelecimentos fecharam as portas no país depois da confirmação de um novo caso da Covid-19 — Foto: G1 Pará
Cidadãos surinameses, por outro lado, usaram as redes sociais para manifestar a indignação com a chegada dos brasileiros e, ainda, com o tratamento dado pelo governo local. "Agora estão hospedados no Torarica (hotel, em Paramaribo), com o nosso dinheiro arrecadado com os impostos que pagamos. Onde estão nossas autoridades?", disparou. "Por favor, os envie de volta. Entendo que eles estão procurando um lugar seguro, mas não podem entrar no nosso país sem autorização”, afirmou outro.
"Aqui, alguns mercados já voltaram a fechar as portas, pois tem muita gente, até em horário de pico, enchendo carrinhos, o que não é de costume. Se houver mais casos, vai voltar à loucura novamente", disse outro.
Números da Covid-19 no Suriname desde o 1º caso
País teve dez infectados e um óbito até 3 de abril. Novo caso surgiu em 19 de maio.
Fonte: Johns Hopkins University & Medicine
Controle
Procurada pela reportagem sobre as medidas de controle migratório, a Polícia Federal afirmou, por meio de assessoria, que não tem atribuição sobre a saída dos brasileiros, somente sobre os imigrantes que chegam ao Brasil.
Já a Marinha, também por meio de sua assessoria, não comentou o caso e disse apenas que atua com as inspeções e patrulhas navais e que, em caso de irregularidade, aciona os órgãos competentes.
O governo do Pará, por meio da Secretaria de Segurança Pública (SEGUP), disse que "desconhece a relação entre as prisões citadas e a fuga de cidadãos paraenses para o Suriname"; que a "migração de brasileiros sem autorização para outros países é de responsabilidade de órgãos federais" e lembrou que o governo estadual suspendeu voos diretos entre Belém e Paramaribo, como medida de prevenção ao novo coronavírus.
A Prefeitura de Belém diz que não tem informações sobre o assunto.
Assistência
Em nota, a Embaixada do Brasil em Paramaribo diz que está em "permanente contato com as autoridades do Suriname" e que "sempre busca confirmação de situações concretas envolvendo brasileiros a partir de informações transmitidas pelo governo surinamês, pelo Conselho de Cidadãos, pela imprensa, por membros da comunidade brasileira e até mesmo por brasileiros envolvidos em alguma situação sensível, como falecimentos no exterior a detenções por autoridades".
Sobre os brasileiros que chegaram sem autorização, o embaixador Laudemar Aguiar afirmou que tomou conhecimento nos últimos dias. "Tomamos conhecimento da detenção de 10 brasileiros que tentaram ingressar ilegalmente de barco no Suriname e que um deles teria sido testado positivo para Covid-19, e que todos foram colocados em quarentena", disse.
Já o Consulado do Suriname em Belém afirmou ao G1 que tem conhecimento da migração irregular de brasileiros para Paramaribo, porém não tem autorização para comentar o assunto.
21 paraenses, que desembarcaram no Aeroporto Internacional de Belém no dia 31 de março;
um uruguaio, que teve entrada no Brasil autorizada pelo Itamaraty por questões de interesse público;
13 maranhenses que conseguiram veículos terrestres disponibilizados pelo governo do Pará;
e os demais, brasileiros com passagem para voo logo em seguida, além de quatro que tiveram passagem paga pelo governo estadual para as cidades de Chapecó (SC), Petrolina (PE) e Natal (RN).
À época, os paraenses foram submetidos à inspeção de saúde por técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa); não tiveram sintomas, segundo a Polícia Federal (PF); e todos assinaram documento se responsabilizando a obedecer a quarentena de 14 dias, conforme a determinação de isolamento social para quem chegasse ao estado.
Também foi realizado o procedimento imigratório de 80 cidadãos surinameses que embarcaram no mesmo avião com destino ao seu país de origem.
O número de fatalidades também caiu no estado nesta quarta-feira (16) no comparativo a ontem. Nas regiões sul e sudeste, Parauapebas continua sendo o município mais afetado e já soma 800 casos do novo coronavírus
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Após registrar ontem (19) mais mil casos de Covid-19, o Pará fechou esta quarta-feira (20) com um percentual um pouco abaixo, mas ainda em escala preocupante da doença. Segundo o Boletim Epidemiológico divulgado às 18h34, o estado computou mais 958 casos novos, somando agora 18.135 pessoas positivadas com o novo coronavírus.
Desse universo, 11.139 pacientes estão recuperados e 1.634 vieram a óbito pela doença. Nas regiões sul e sudeste Parauapebas e Canaã dos Carajás registram o maior número de infectados pelo vírus.
Mesmo com as ações tomadas, nos dois municípios o novo coronavírus se dissemina de forma comunitária em percentuais acima da média de algumas capitais do País. Em seu Boletim Epidemiológico divulgado agora a noite, Parauapebas teve mais 106 novos casos confirmados em 24 horas, somando agora 800 positivados.
A capital do minério também registrou mais três óbitos nas últimas 24 horas e computa 54 fatalidades. Já Canãa dos Carajás, que tem menos da metade da população de Parauapebas, registrou nesta quarta-feira mais 30 casos positivos para infecção pelo novo coronavírus e elevou para 442 o número de infectados no município que, assim como Parauapebas, está em regime de lockdown até o próximo domingo (24).
Segundo a Secretaria de Saúde de Canaã dos Carajás, todos os novos casos estão em isolamento domiciliar e o município está no momento com 19 pessoas internadas com a doença. Os cinco municípios mais afetados pela doença são Parauapebas (800), Canaã dos Carajás (442), Marabá (401), Paragominas (283) e Tucuruí (216).
Em número de fatalidade pela Covid-19 Marabá continua na liderança, com 61 mortes, quatro registradas hoje. Na sequência vem Parauapebas (54), Paragominas (26), Tucuruí (26), Canaã dos Carajás (6) e Breu Banco (5), que divide a quinta colocação com Rondon do Pará. Breu Branco agora é o único município nas duas regiões com mais casos de falecimentos, do que pessoas recuperadas.
De acordo com os boletins atualizados até às 21h54, as duas regiões somam nesta quarta-feira 3.188 casos positivos, com 222 óbitos. São 304 novos casos positivos e mais nove vítimas fatais, números menores do que os registrados ontem.
Também nesta quarta, o município de Santa Maria das Barreiras registrou o primeiro caso de Covid-19. Com isso, o novo coronavírus agora atinge todas as regiões.
Confirma abaixo os números divulgados pelos municípios.
PARÁ Com território maior do que alguns países da Europa, Xingu registrou aumento de 4 para 23 óbitos em menos de duas semanas; número de infectados sobe de 92 para 486 pessoas Hospital Regional Público da Transamazônica, em Altamira: 14 leitos de UTI para atender a nove cidades Foto: Divulgação
Em 12 dias, o número de mortes por Covid-19 quintuplicou na região do Xingu, no Estado do Pará. Entre os dias 7 e 18 de maio, os óbitos confirmados subiram de quatro para 23.
Uma escalada na mesma proporção ocorreu na propagação do coronavírus. O número de infectados subiu de 92 para 486 pessoas.
O Xingu abrange os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu em um total de 250 mil quilômetros quadrados - uma área mais extensa do que a soma dos territórios de Portugal e Grécia.
Altamira: única cidade com leitos de UTI em região com 400 mil habitantes Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Dentro do perímetro mencionado, povoado por aproximadamente 400 mil pessoas, os pacientes infectados em estado grave têm apenas uma opção de internação em UTI: o Hospital Regional Público da Transamazônica, na cidade de Altamira, com 14 leitos de Unidade de Terapia Intensiva.
“Altamira é referência e recebe pacientes dos municípios vizinhos. Mas apenas o Hospital Regional atende alta complexidade em toda a região. Não tem esse tipo de atendimento em hospital privado aqui. Mesmo quem tem dinheiro não tem opção. O Hospital Regional já estava no limite, mas a situação ficou ainda mais difícil com a Covid-19 ”, disse Renan Granato, diretor da Faculdade de Medicina do campus de Altamira da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Na unidade de Altamira, havia apenas nove leitos para tratamentos intensivos antes da pandemia. Nas últimas semanas, os profissionais de saúde do Hospital Regional converteram os cinco leitos da UTI pediátrica para o atendimento a pacientes adultos.
“Imagina um paciente grave, com necessidade respiratória, que precisa vir de Porto de Moz. Para chegar a Altamira ele tem que pegar uma ambulancha, viajar de 3 a 4 horas, chegar a Vitória do Xingu, pegar uma ambulância e enfrentar 60 quilômetros de estrada. Nem a ambulancha nem as ambulâncias têm UTI móvel. Nós já tivemos casos de pacientes que não chegaram vivos”, disse Granato.
CARTA ABERTA DOS MÉDICOS
O diretor da faculdade é signatário de uma carta aberta publicada por 68 médicos de Altamira no dia 11 de maio. Naquela altura, os profissionais de saúde já classificavam o cenário como “desesperador”: leitos de UTI sem todos os equipamentos essenciais para o funcionamento adequado e falta de medicamentos básicos para o tratamento intensivo.
Na mensagem, os médicos se queixaram dos nove respiradores que receberam do Governo do Pará considerados “inadequados para atender pacientes graves”.
Questionada por ÉPOCA, a Secretaria de Saúde do Estado do Pará não se manifestou até a publicação desta reportagem.
ESPERA POR NOVOS LEITOS DE UTI
Os médicos também criticaram a empresa Norte Energia, operadora da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que anunciou a doação de dez leitos de UTI mas com previsão de entrega apenas para o mês de julho.
A Norte Energia afirmou, em nota, que já adquiriu todos os equipamentos e materiais que se propôs a disponibilizar, inclusive os leitos de UTI. E justificou que há “um grave problema da parte de fornecedores de modo geral, decorrente da intensa demanda frente ao momento atual”. E acrescentou que tem feito “esforços junto a seus fornecedores no sentido de antecipar as datas de entrega dos equipamentos e materiais”.
LOCKDOWN EM ALTAMIRA
Para conter o avanço da pandemia na região, o Ministério Público Estadual e as Defensorias do Estado e da União entraram na Justiça para pedir o lockdown em Altamira. Os casos registrados no município representam 37% do total na região do Xingu e a cidade recebe os doentes das outras localidades que estão à procura de atendimento médico.
As instituições solicitaram a proibição da entrada de carros particulares e de pessoas que não possam comprovar residência no município ou que não desempenham trabalho essencial em órgãos públicos. A exceção seria o transporte de pacientes para atendimento de saúde, atividades de segurança ou trabalho em serviços considerados essenciais.
ECONOMIA DF Sindicombustíveis diz que haverá reajuste, mas o índice ainda não foi repassado às bombas. Este é o terceiro aumento no mês de maio
FOTO: REPRODUÇÃO METRÓPOLES
Após queda no preço da gasolina nos postos de combustíveis no Distrito Federal, por causa da pandemia do coronavírus, os consumidores podem se preparar para encontrar a combustível mais caro. A partir desta quinta-feira (21/5), o preço da gasolina nos postos vai aumentar em 12%. Este é o terceiro aumento em maio, seguindo a recuperação do preço do petróleo no mercado internacional, que influencia os reajustes da companhia. O valor do reajuste chega a 36%.
Ao todo, a Petrobras já baixou o preço da gasolina sete vezes seguidas. As quedas ocorreram devido à redução do preço do barril do petróleo desde o início da pandemia. que passou de US$60 para US$17 no dia 10 de maio.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicombustíveis), Paulo Tavares, os revendedores ainda não repassaram esse aumento para as bombas.
No entanto, ele afirma que é impossível trabalhar com o preço atual. De acordo com Tavares, atualmente, o preço do combustível está igual ao preço de revenda.
“Não é possível dizer como será o repasse aos consumidores. Não posso dizer quando, mas o reajuste pode ser de 10%, 15%, 20% até 30% a depender de cada revendedor. Se imaginarmos que o reajuste será de 30%, o preço pode subir até 80 centavos. Caso seja de 10%, o aumento pode ser de 30 centavos”, explica.
O presidente da entidade ressalta que o mercado se acomoda e se ajusta automaticamente com o retorno das atividades. “Os valores da Petrobras estão voltando quase aos preços que estavam antes da pandemia. É muito provável que a revenda reajuste os preços ao que estava antes da crise. Irá depender da quantidade de estoque que cada um tem e das condições de resistir a esses aumentos.”
Além disso, houve um acordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e outros países produtores de petróleo que cortou da produção em 10 milhões de barris de petróleo por dia. Diante da retomada econômica da Europa e o fim do isolamento social, o resultado é o crescimento diário no preço do combustível. Portanto, o aumento do dólar, a diminuição da produção barris nas refinarias e o aumento do consumo fazem com que os preços subam cada vez mais.
O Correio procurou alguns postos e percebeu uma diferença de 40 centavos entre eles. O maior valor foi de R$3,99. O menor preço foi de R$ 3,59, no posto Nenen’s em Taguatinga Centro, nos postos Shell da 302 Sul e do SIA e do SIG. Veja:
R$ 3,69 - Posto Ipiranga, primeira avenida norte de Samambaia
R$ 3,76 - Auto Posto Rocha, em Samambaia
R$ 3,59 - Posto Nenen’s, em Taguatinga Centro
R$ 3,59 - Posto Shell Auto Volume, Alameda dos Eucaliptos em Águas Claras
R$ 3,59 - Posto Shell da 302 Sul
R$ 3,59 (débito) R$ 3,75 (crédito): Posto Rota, na 406 Sul
R$ 3,59 - Posto 214 Sul
R$ 3,59 - Posto Jarjour SHCS 210
R$ 3,59 - Posto Jarjour, na Asa Norte
R$ 3,59 (débito) e R$ 3,99 (crédito) - Posto Shell, do SIA
R$ 3,59 (débito) e R$ 3,78 (crédito) - Posto Ipiranga, SIA trecho 3
Rodoviários contaminados com o novo vírus relataram ao Metrópoles o medo de voltar a enfrentar jornadas de trabalho em ônibus lotados
RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES
Em meio à pandemia de Sars-Cov-2 no Distrito Federal, uma classe de trabalhadores que presta serviço essencial à população está com medo. Motoristas e cobradores de ônibus já somam seis mortes e 27 casos de contaminação pelo novo micro-organismo, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre do DF (Sittraer-DF).
A cobradora Jaciara da Silva, 50 anos, por exemplo, entra em pânico só de pensar na doença. Com sintomas da Covid-19, ela se recupera em casa e, apesar de avaliar que a pior fase já passou, ainda sente dores na garganta e nas costas.
O atestado médico vai até 5 de junho e ela se angustia com o breve regresso ao ofício. “Eu nem ligo a TV mais, pois fico toda tremendo. Nem sei como vou conseguir voltar ao normal”, afirma.
Segundo Jaciara, ela sempre utilizou equipamento de segurança, desde o início da pandemia, até mesmo touca na cabeça. “Vi que o vírus podia ficar no cabelo e resolvi me precaver, né? Mesmo assim fui contaminada. Creio que deve ter sido com dinheiro”, lamenta.
Para ela, a solução mais inteligente neste momento seria encerrar as atividades no transporte público. “O contágio para rodoviário é muito maior. Eu fico encabulada com o tanto de gente no ônibus”, conta.
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Willame Morais, 30, é cobrador e também está infectado com o coronavírus. Apesar de ter poucos sintomas, ele se preocupa não apenas com o que sofreu, mas com o efeito da Covid-19 em outros colegas e nos passageiros. “Faço a primeira linha que passa na Estrutural. Lá está sempre lotado. Infelizmente, a tendência é que cada vez mais gente pegue a doença”, analisa.
Uma vez que só sai de casa para trabalhar, ele não vê outra forma de ter contraído o vírus que não seja no exercício da profissão. “Se não foi assim, foi a caminho do terminal”, analisa.
O diretor do Sittraer-DF, João Osório, confirma o temor instalado entre os trabalhadores do setor. “Alguns cuidados estão sendo tomados, como uso de máscara e álcool em gel, mas isso não é capaz de trazer tranquilidade. O trabalho dos profissionais rodoviários tem sido encarado como um grande desafio”, salientou.
O que diz o GDF
Procurada, a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) informou que, desde o início de março, “todas as empresas que operam no sistema de transporte público do DF passaram a realizar a higienização dos veículos, antes das viagens, com desinfetante de hipoclorito de sódio”.
A pasta ainda diz ter determinado a todas as empresas que disponibilizem máscaras faciais para motoristas e cobradores dos ônibus do sistema de transporte público coletivo. Os empregados das concessionárias que operam no DF também são orientados a informar aos passageiros sobre a obrigatoriedade e a importância do uso do acessório protetivo.
Nas redes sociais da Semob e nas televisões dos ônibus e do metrô, há campanhas educativas sobre o tema. Além disso, a pasta diz ter distribuído cartazes nos coletivos.
Em nota, a Viação Marechal disse ter registrado entre seus colaboradores seis casos. A Expresso São José reportou um caso, sendo que o rodoviário está assintomático. Já a Viação Pioneira não teve nenhum caso confirmado até o momento.