Para debate de hoje, Hillary treinou linguagem corporal; Trump diz não precisar de ensaio
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Crédito imagem:Photo Illustration by Justin Metz |
Nos preparativos para o debate desta noite, ao estilo reunião
comunitária, Hillary Clinton não está contando com planos de cinco
pontos ou linhas de ataque.
Em vez disso, ela está entocada com assessores para praticar linguagem corporal, expressões faciais, cadência de voz e respostas mais informais sobre crédito estudantil, epidemia de heroína e outros assuntos levantados em seus eventos de campanha, que a permitem mostrar maior empatia e emoção juntamente com conhecimento sobre as políticas.
Donald Trump zomba de tudo isso.
"Não preciso ensaiar ser humano", ele disse em uma entrevista na semana passada.
Ele e seus conselheiros dizem que o formato do debate, com seu palco aberto e perguntas de eleitores reais, mostrará como ele fica à vontade na televisão e seu estilo direto, que consideram atraente para os eleitores que não gostam da cordialidade forçada dela.
"Após décadas na vida pública, Hillary Clinton ainda está 'procurando sua voz'", disse Kellyanne Conway, a diretora de campanha de Trump. "Para ela, é arriscado sair da zona de conforto atrás do atril."
Ambas as campanhas dizem que as perguntas e respostas com os eleitores revelarão, para melhor ou pior, a "verdadeira" Hillary e o "verdadeiro" Trump. Mas é Trump aquele que enfrenta as consequências políticas mais graves caso não mostre o melhor de si mesmo, segundo vários aliados e conselheiros. Seu desempenho no primeiro debate foi criticado após sua aparente dificuldade em se manter focado e se ater aos pontos de debate e às táticas que seus conselheiros lhe deram.
Eles agora o estão preparando de novo, de uma forma um tanto diferente de antes, mas com a mesma incerteza sobre se seguirá as orientações.
Alguns de seus conselheiros temem que o estilo inflamado de Trump possa criar momentos desconfortáveis com os eleitores indecisos, no salão de debate da Universidade de Washington, em Saint Louis. Os dois candidatos responderão uma mistura de perguntas dos eleitores e dos moderadores, Martha Raddatz, da rede de TV ABC, e Anderson Cooper, da rede de TV CNN.
O desempenho polido e disciplinado de Hillary no primeiro debate a impulsionou em algumas pesquisas nacionais e em Estados indefinidos. A tendência fez os conselheiros de Trump reconhecerem de forma privada que seu candidato tem de vencer o debate de hoje. Apenas um forte desempenho oferecerá a Trump uma esperança de reverter sua queda e dar início a um último esforço para persuadir os eleitores indecisos de que está qualificado para ser presidente.
"Ele entende que esse debate é muito importante", disse Rudolph W. Giuliani, o ex-prefeito de Nova York que é um alto conselheiro de Trump e que está ajudando a prepará-lo.
Para Hillary, o evento proporciona seu maior espaço para tentar projetar um lado mais suave e parecer mais simpática para os eleitores. A maioria dos eleitores diz nas pesquisas que não confiam ou não gostam de Hillary, uma realidade que pode prejudicar o comparecimento dos eleitores às urnas e, caso ela vença em novembro, atrapalhar sua Presidência.
Apesar de todos os elogios ao desempenho de Hillary no primeiro debate, sua vitória cirúrgica sobre Trump contribuiu pouco para mudar as percepções dos eleitores sobre ela.
Mas, diferente de Trump, que prefere grandes comícios, Hillary interagiu regularmente com os eleitores durante sua campanha, e alguns de seus momentos mais poderosos ocorreram nesses ambientes.
Em um evento ao estilo reunião comunitária em Iowa, Hillary ficou com os olhos marejados e abraçou uma menina de 10 anos que disse sofrer bullying na escola. E pouco antes da eleição primária de New Hampshire, em resposta a uma pergunta de um rabino, Hillary falou de forma prolongada e improvisada sobre sua própria jornada espiritual.
"Ela gosta de responder perguntas de cidadãos individuais e escuta e se relaciona com as pessoas", disse John D. Podesta, o diretor de campanha de Hillary. "Esse é um formato ao qual Donald Trump não está acostumado."
Mas o público de eleitores indecisos que fará metade das perguntas não será tão amistoso quando os simpatizantes que fizeram perguntas a Hillary nas paradas de campanha. Os esforços dela para parecer sincera e pessoal podem colidir com os esforços de Trump para marcar pontos contra ela, pelo uso de uma conta pessoal de e-mail como secretária de Estado; sua supervisão durante os ataques à missão diplomática americana em Benghazi, Líbia; e seus laços com doadores ricos à fundação de sua família.
"Ajuda se você responde perguntas de pessoas normais durante a campanha, algo que claramente Donald Trump não fez, mas não é o mesmo", disse Mickey Kantor, um conselheiro de longa data do ex-presidente Bill Clinton.
Kantor disse que ter um moderador, um oponente e uma audiência de televisão de potencialmente 80 milhões de espectadores faz com que seja quase impossível se preparar.
"Você simplesmente não pode fugir de uma pergunta e se desviar para os pontos de conversa de seu interesse", disse Kantor.