O ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa confessou, em delação premiada, ter intermediado repasse de R$ 4 milhões, a pedido de Blairo Maggi e do ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes ao deputado federal Carlos Bezerra, em 2008, com o fim de comprar apoio do PMDB nas eleições municipais. À época, segundo Barbosa, o partido teria declarado apoio ao adversário do aliado de Blairo.As revelações do ex-governador foram classificadas de "monstruosa delação" pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última sexta-feira, 25, autorizou abertura de inquérito contra um grupo de políticos de Mato Grosso, entre eles Blairo Maggi, a quem a Procuradoria atribui o papel de "liderança" de organização criminosa que se instalou na administração pública estadual.Segundo o delator, em 2008, "antes da campanha para a prefeitura de Cuiabá", o então governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, e o candidato a prefeito Mauro Mendes o teriam procurado para pedir que "intercedesse" pelo apoio do PMDB.Silval diz ter se reunido com "Carlos Bezerra, que hoje é deputado federal, pedindo para que o PMDB apoiasse Mauro Mendes, tendo Carlos Bezerra dito que apoiaria somente se Blairo e Mauro Mendes entregassem R$ 4 milhões de reais para o PMDB".O ex-governador do Mato Grosso afirma ter ouvido de Blairo que "arrumaria tal montante".O delator narra ainda que o então Secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes foi designado a conseguir os valores para pagar Bezerra e que apresentou ao chefe da pasta o operador financeiro Júnior Mendonça, que teria conseguido R$ 3,3 milhões - "parte em cheque, parte em dinheiro".Silval alega ainda que o operador não tinha os outros R$ 700 mil e relatou ter procurado os empresários "Tergivan e Fernando Garuchi, que eram sócios de uma factoring em Cuiabá" e pedido o montante prometendo também "pagar logo em seguida".O empréstimo teria sido concedido, mas, em 2009, após as eleições, segundo o ex-governador, "tal dívida não havia sido quitada pelo governo perante Junior Mendonça", que fazia cobranças.O delator explica que o secretário da Fazenda Eder Moraes "iria pagar Junior Mendonça através de um pagamento de um precatório da empresa Hidrapar, sendo que a pessoa responsável pela empresa em efetuar o retorno seria Alex Tocantins e seu irmão, sendo Alex a pessoa que combinou com Eder o retorno".DefesasEm nota à imprensa, Blairo Maggi afirmou: "Deixo claro, desde já, que causa estranheza e indignação que acordos de colaboração unilaterais coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão cargos na administração pública. Mesmo assim, diante dos questionamentos, vimos a público prestar os seguintes esclarecimentos:
1. Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja 'mudanças de versões' em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade. Qualquer afirmação contrária a isso é mentirosa, leviana e criminosa.
2. Também não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato. Por não ter ocorrido isto, Silva Barbosa mentiu ao afirmar que fiz tais pagamentos em dinheiro ao Eder Moraes.
3. Repudio ainda a afirmação de que comandei ou organizei esquemas criminosos em Mato Grosso. Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas.
4. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional.5. Por fim, entendo ser lamentável os ataques à minha reputação, mas recebo com tranquilidade a notícia da abertura de inquérito, pois será o momento oportuno para apresentação de defesa e, assim, restabelecer a verdade, pois definitivamente acredito na Justiça."A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do deputado federal Carlos Bezerra, mas não obteve retorno. O ex-prefeito Mauro Mendes e o ex-secretário Eder Moraes não foram localizados.
Maggi
crê em retomada de compra de carne pelos EUA em até 60 dias; USDA
não dá prazo
A retomada das compras de carne bovina in natura brasileira pelos Estados
Unidos, suspensas desde 22 de julho, ainda depende da conclusão de
análises técnicas e pode ocorrer em 30 a 60 dias, disse nesta
segunda-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi
"É preciso aguardar as análises das informações que eles estão
recebendo", disse Maggi, após encontro com o secretário do Departamento
de Agricultura dos EUA (USDA), Sonny Perdue, para tratar do assunto.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) afirmou após o encontrou
que a negociação com o Brasil permanece aberta a diálogo, mas ressaltou
que não há cronograma para a retomada das importações.
Os EUA não são grandes importadores de carne bovina in natura
brasileira, após abrirem seu mercado apenas no ano passado. Mas o aval
norte-americano, pelo seu elevado padrão técnico, dá a chancela para o
Brasil conquistar outros importadores.
Segundo dados da associação de exportadores do Brasil (Abiec), os
norte-americanos compraram apenas 3 por cento da carne bovina in natura
brasileira de janeiro a junho.
Uma equipe de técnicos do ministério brasileiro está nos EUA desde o
último dia 13 em contato com a área de Defesa Sanitária daquele país
para tratar do atendimento às exigências feitas pelo governo dos EUA
para restabelecer as importações de carne bovina, interrompidas por
causa de preocupações sanitárias.
Em março, depois da Operação Carne Fraca, os norte-americanos passaram a
inspecionar 100 por cento das carnes importadas do Brasil. No mês
passado, o governo dos EUA informou ao ministério que foram encontrados
abscessos (caroços) em algumas carnes brasileiras.
"Tenho certeza que as mudanças que fizemos são tecnicamente aceitáveis e
modificam muito o patamar anterior. Então, fico animado, porque sei que
serão reconhecidas pelos técnicos americanos", disse o ministro Maggi,
segundo nota oficial.
Fonte: TERRA