Mesmo com retirada de pontos mais polêmicos, PPCUB ainda é criticado
Governo pretende aprovar plano de preservação ainda este ano
Mesmo após a retirada dos pontos mais polêmicos do PPCUB (Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília), o texto ainda recebe críticas de especialista e oposição. Com as alterações, o governo pretende aprovar o plano ainda este ano.
De acordo com a diretora de patrimônio cultural do IHG-DF (Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal), Vera Ramos, as mudanças não atenuam as preocupações dos especialistas.
— Como o levantamento que eu fiz apontou, em 17 setores ainda será permitido o loteamento em áreas públicas, como o Setor de Grandes Áreas, Setor de Embaixadas, Setor Hospitalar Local Norte e vários outros. Em quase 20 é permitido subdividir os lotes.
Segundo ela, a subdivisão e a criação de novos lotes causam o adensamento da cidade e agrava problemas como trânsito, falta de estacionamento e impermeabilização do solo com edificações onde hoje é área verde.
Vera Ramos defende que para preservar é preciso descentralizar as atividades do Plano Piloto, que hoje concentra 70% dos empregos e serviços. Ela acredita que se o PPCUB for aprovado, e houver a criação dos novos lotes, essa concentração vai aumentar.
— Aumentando, a preservação vai ficar em risco, porque começa a haver pressões para alargar vias, criar estacionamentos e uma série de alterações de uso. Ao mesmo tempo em que dá mais qualidade de vida paras as pessoas de outras cidades trabalharem onde moram, a descentralização contribui para preservar o nosso centro histórico.
O secretário de Habitação, Geraldo Magela, diz que a ideia do PPCUB é ocupar as áreas vazias da cidade que, segundo o Estatuto das Cidades, não cumprem a sua função social. No entanto, ele afirma que a destinação delas não será desvirtuada.
— A lei não está prevendo e nem abrindo brecha para a alteração do uso.
Em entrevista à TV Record Brasília, o subsecretário de planejamento urbano da Sedhab, Rômulo Andrade, também garantiu que o PPCUB não mudará os usos estabelecidos dentro do Plano Piloto e que nenhuma das alterações propostas fere a proposta original de Lúcio Costa.
A deputada distrital Liliane Roriz (PRTB) reconhece que o novo texto do PPCUB apresentou alguns avanços, mas critica a maneira como as alterações foram discutidas com os distritais.
— O governador chamou os deputados da base e deliberou do jeito que ele quer. Não é assim que se discute.
Ele não chamou todos os deputados desta casa [Câmara Legislativa do DF].
Na opinião da distrital, o PPCUB coloca em risco o título de patrimônio cultural da humanidade concedido a Brasília pela Unesco. Liliane Roriz afirmou ainda que já solicitou uma audiência com a presidente nacional do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Jurema de Souza Machado, para pedir um posicionamento do instituto em relação ao PPCUB.
FONTE: R7 DF
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