Tatu-canastra: O engenheiro do ecossistema
Um estudo feito no Pantanal por pesquisadores brasileiros e britânicos mostra que tocas cavadas por tatus-canastra se tornam habitats e abrigos para outras especies.
Tatus-canastras (Priodontes maximus) são verdadeiros "engenheiros do ecossistema", afirmam pesquisadores que descobriram que suas tocas servem como habitat e abrigo para outras espécies. O projeto 'Tatu-Canastra', feito no Pantanal, durou dois anos, e foi liderado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e pelo Royal Zoological Society da Escócia. O estudo pretende entender mais sobre esses animais, que gastam 75% de seu tempo no subsolo em tocas escavadas por suas impressionantes garras
Os cientistas usaram câmeras sensíveis ao movimento, entre 2010 e 2012, e registraram 24 espécies diferentes, utilizando as 'casas' dos tatus para diversos motivos, como esta jaguatirica que caçava lagartos e outras pequenas presas na entrada da toca
Uma família de quatis também foi fotografada procurando por sua presa em um monte de areia na entrada da toca do tatu
Mamíferos não são os únicos animais atraídos pelas tocas, diferentes espécies de aves, como a seriema (foto), a gralha e o mutum foram flagrados pelas câmeras
Grandes mamíferos, como esses dois pumas, escolheram a toca como local de descanso
Aqui, um guaraxaim se refugia em uma toca
Renata Leite Pitman foi a primeira pesquisadora a documentar a função dos tatus-canastra como engenheiros do ecossistema. Enquanto liderava um projeto sobre mamíferos raros e em perigo na Amazônia, Pitman observou o raro cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis), utilizando 13 diferentes tocas do tatu-canastra para se abrigar em um dia, na Estação de Pesquisa Los Amigos, na Amazônia Peruana
Uma anta, acompanhada por uma gralha cinza, também foi registrada descansando sobre o monte de areia formado após a escavação da toca do tatu
As tocas dos tatus-canastra podem ter até 5 metros de profundidade. Pesquisadores registraram javalis, queixada, e caititus se esfregando no monte de areia quando o solo ainda estava fresco e úmido após a escavação
Imagens mostram cutias entrando e saindo das tocas, as vezes em dupla
Caititus também foram observados dentro das tocas do tatu-canastra, diz Arnaud Desbiez, autor do estudo e pesquisador do Royal Zoological Society de Escócia
No total, outras três espécies de tatu foram registradas usando a toca por períodos contínuos. Eles incluíram o tatu-galinha (foto), o Cabassous unicinctus (popularmente conhecido como tatu de rabo mole comum), e o tatupeba
Tamanduás-mirins tiveram as estadias mais prolongadas na toca do tatu-canastra, e foram observados alimentando-se de cupins e formigas enquanto estavam lá
'É incrível ver como uma espécie tão reservada pode desempenhar um papel tão importante dentro da comunidade ecológica', disse o coordenador do projeto Arnaud Desbiez, do Royal Zoological Society da Escócia. Ele espera que a revelação sobre papel fundamental desses animais nos ecossistemas resulte em uma maior proteção da espécie. Todas as fotos cortesia: Projeto Tatu-Canastra
FONTE: MSN
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