Se não se conseguir contê-lo a tempo, uma tarefa que se prevê difícil, teme-se uma catástrofe humanitária entre os rohingya no Bangladesh
LUÍS M. FARIA
A catástrofe humanitária que se temia nos campos de refugiados do Bangladesh pode estar prestes a acontecer. Depois de terem sido confirmados os dois primeiros casos de infeção pelo coronavírus, a ameaça de um ciclone vem acrescentar um fator que poderá contribuir para gerar uma situação incontrolável, se resultar em chuvas pesadas que provoquem inundações e contaminem as fontes de água, escreve o "Guardian".
Desde o início da pandemia que se temia o que pudesse acontecer aos refugiados rohingya nos campos em Cox's Bazar, uma zona do Bangladesh próxima de Myanmar (antiga Birmânia). Quando o exército deste país levou a cabo uma campanha de limpeza étnica em 2017, quase um milhão de roghingya fugiram para o Bangladesh, onde vivem uma existência precária em campos sobrelotados e sem condições sanitárias. Um deles, o de Kutupalong, onde o vírus foi detetado, é o maior campo de refugiados do mundo.
A partir do momento em que vírus entrasse nos campos, previa-se que não fosse fácil controlá-lo nem minorar as suas consequências, até pelos problemas de saúde que muitos refugiados já têm devido às condições em que vivem e a tudo o que já passaram.
Apesar dos esforços de várias ONGs e outras entidades para instalar pontos de lavagem das mãos e dar assistência médica, a extrema proximidade das pessoas - chega a haver uma dezena a partilhar uma pequena divisão - daria ao vírus condições para se propagar rapidamente.
As autoridades do Bangladesh impuseram o confinamento nos campos e reduziram muito as visitas, mesmo de trabalhadores humanitários, a fim de limitar as possibilidades de transmissão. Mas na zona à volta dos campos o vírus já se estava a espalhar, e era uma questão de tempo até ser detetado lá dentro.
Os dois infetados agora descobertos, um refugiado e um homem que reside próximo, foram postos em isolamento e estão a ser tratados. Procura-se identificar os contactos que tiveram, e as medidas de prevenção já em curso, incluindo testes, foram intensificadas.
Porém, mantêm-se bloqueios que dificultam esses esforços, incluindo a proibição da internet que as autoridades impuseram em setembro, alegadamente por motivos de segurança. Várias ONGs têm apelado ao levantamento da proibição, a fim de limitar a disseminação de falsos rumores e permitir que os residentes dos campos possam receber informação de saúde adequada.
"Os nossos piores medos confirmaram-se", diz o coordenador regional de uma dessas ONGs, a Oxfam, citado pelareliefweb.int. "Com 40 mil pessoas acumuladas por metro quadrado, manter o distanciamento social é impossível. As pessoas partilham água e instalações sanitárias, tornando um enorme desafio manter a estrita higiene que é necessária. Para evitar um surto grave, devem ser rapidamente tomadas mais medidas de prevenção e contenção, adaptadas às necessidades de mulheres e homens".
O homem mais rico do Brasil não nasceu aqui dentro. O banqueiro Joseph Safra veio ao mundo em Beirute, Líbano, e deixou seu país natal para tentar a vida na América Latina, seguindo o ofício de sua família.
Safra é descendente de uma longa linhagem de banqueiros, que financiavam e faziam o câmbio de moedas e ouro entre mercadores da Europa, Império Otomano, África e a Ásia.
Joseph trabalhou desde cedo no banco de seu pai, que veio a São Paulo para fundar o Banco Safra, hoje a 4ª maior instituição financeira privada do país.
O sucesso de Safra tem raízes em seu extremo conservadorismo financeiro: seguindo os ensinamentos do pai, o banqueiro detesta riscos e mantém liquidez necessária para que o banco seja reconhecido exatamente por isso.
Lenta e constantemente, Safra acumulou riqueza sempre pensando no longuíssimo prazo. Os resultados podem ser medidos no presente.
Sua fortuna supera a de qualquer outro brasileiro. Mas Safra se destaca também em outra briga de gigantes: ele é o banqueiro mais rico do mundo, com um patrimônio de US$ 20,4 bilhões.
Aos 82 anos, Safra saiu dos holofotes, deixando o comando do banco para seus filhos. Atualmente, o banqueiro passa mais tempo em sua mansão de 11 mil m² no bairro paulistano do Morumbi.
Fora do setor financeiro, o sobrenome Safra também é reconhecido no meio filantrópico com doações para hospitais, museus e à comunidade judaica.
Origens e família
Joseph Safra nasceu em 1938 em Beirute, no Líbano, dentro de uma família judaica com mais de um século de experiência no setor bancário. Suas origens também estão na cidade de Alepo, na Síria, onde seu pai Jacob Safra nasceu.
Muito antes de pensar em ter filhos e mudar-se para o Brasil, Jacob viveu na tradicional cidade do norte sírio, ponto de confluência dos três continentes e rota das caravanas que capitaneavam o comércio terrestre entre o Ocidente e o Oriente.
Aos 23 anos, Jacob foi enviado pelo tio Ezra Safra a Beirute, no Líbano, para abrir uma filial do Safra Frères & Cie, que pertencia à sua família desde meados do seculo XIX. A casa operava como um banco, fazendo empréstimos e câmbio entre ouro e moedas de países asiáticos, europeus e africanos.
No Líbano, Jacob fundou um novo banco em 1920. Dessa vez com seu nome: Banco Jacob E. Safra. Ampliou, assim, as atividades da família no Oriente Médio, ficando famoso por converter rapidamente os valores entre diversas moedas para seus clientes.
Jacob Safra também estabeleceu sua família na cidade, após se casar com Ester Teira Safra e ter nove filhos. Entre eles, nasceu Joseph.
A criação do estado de Israel e o início dos conflitos do novo país com seus vizinhos fez com que o ambiente para judeus no Oriente Médio ficasse mais instável. Apesar de o Líbano ter permanecido razoavelmente seguro para judeus da região, Jacob Safra decidiu deixar o país e partir para a América Latina.
“Meu pai imaginou que uma 3ª grande guerra não tardaria e começou a procurar um país mais tranquilo para viver. Escolheu o Brasil”, disse Joseph Safra à revista Veja.
Em 1952, Jacob Safra se instalou em São Paulo, cidade que vivia um ambiente de crescimento e estabilidade política, além de abrigar uma grande colônia sírio-libanesa.
Mas a família Safra não veio completa para a capital paulista. Joseph foi concluir o segundo grau na Inglaterra. Depois disso, seguiu para os Estados Unidos para trabalhar no Bank of America. Só em 1962, após uma passagem pela Argentina, ele se juntou a seu pai e irmãos no Brasil para tocar a instituição financeira fundada cinco anos antes.
Trabalhar em um banco não era uma novidade para Joseph – ou José, como ele passou a ser conhecido no Brasil. Na adolescência, ele apenas acompanhava o pai e trabalhava como mensageiro. Mas sua primeira incursão no mundo dos investimentos foi um desastre – e um grande aprendizado.
Acreditando na valorização da moeda egípcia, Jospeh adquiriu um valor equivalente a 300 dólares. Não deu certo e ele perdeu todo o dinheiro. O banqueiro conta que não conseguiu dormir direito por quase um mês pensando no que havia feito.
Dessa experiência aos 17 anos ele levaria para a vida uma lição: risco não era a sua área.
Após a morte de seu pai em 1963, os irmãos Safra continuaram tocando a instituição financeira. Mas ela ainda não desfrutava de confiança em São Paulo.
Aproveitando a experiência de mais de um século como banqueiros, a família Safra trouxe ao Brasil técnicas já desenvolvidas em mercados financeiros mais desenvolvidos, como o do Oriente Médio, mas ainda estranhas ao mercado nacional.
Entre as inovações, os Safra trouxeram o uso da letra de câmbio como meio de financiamento para operações e davam rendimento ao dinheiro em suas contas, em um primórdio da conta remunerada – hoje utilizada por diversos bancões e bancos digitais.
Apesar da desconfiança inicial, a estabilidade e o conservadorismo do Banco Safra – oficialmente fundado em 1967 com o nome de Banco de Santos – atraiu parte da riqueza paulistana e ganhou a fama de ser o “banco dos banqueiros.”
O lema do Banco Safra é uma frase de Jacob:
“Se escolher navegar os mares do sistema bancário, construa seu banco como construiria seu barco: sólido para enfrentar, com segurança, qualquer tempestade”
Para Joseph, a manutenção da reputação e da solidez do Safra é a alma de seu negócio.
Com o sucesso de suas operações, os Safra passaram a comprar outras instituições financeiras. Em 1972, com a aquisição do Banco das Indústrias, o nome Banco Safra passou a ser oficialmente utilizado.
Ciúmes de seus funcionários
A condução do banco seguiu sob o comando de dois dos três filhos de Jacob que fundaram o negócio: Joseph e Moise.
O irmão mais velho, Edmond, foi enviado pelo pai para Genebra, Suíça, e depois para Nova York, onde se transformou na figura mais pública da família Safra. Nos EUA, Edmond fundou os bem-sucedidos Trade Development Bank e o Republic National Bank of New York.
No Brasil, Joseph seguiu a tradição conservadora e extremamente discreta dos que levam o sobrenome Safra. Em torno de si e de sua família, o banqueiro levantou muros mais altos do que aqueles que circundam sua mansão de mais de 100 cômodos no bairro do Morumbi, em São Paulo.
Ao longo da vida, Joseph concedeu raríssimas entrevistas e nunca frequentou as colunas sociais, sempre repletas de bilionários e suas excentricidades.
As informações disponíveis sobre o grupo Safra vêm de comunicados oficiais, balanços e aquisições — além de poucos, mas significativos, escândalos.
Joseph sempre controlou o Safra de forma minuciosa. Seu estilo de gestão envolve muito estudo sobre os riscos dos negócios e um raro faro comercial.
Histórias contadas por quem trabalhou ao lado de “Seu José” mostram um dono de banco atento, mas muitas vezes severo.
Entre as “lendas” sobre Joseph estão ligações a seus executivos no domingo à noite, pressionando-os a fechar operações de câmbio que, segundo ele, não o deixavam dormir em paz.
Circula no meio empresarial a piada de que o banqueiro só empresta dinheiro a quem não precisa: ele pediria tantas garantias sobre a viabilidade dos negócios que ninguém consegue convencê-lo.
No mercado, também é conhecida a história de que José costumava presentear as esposas de seus executivos com joias, quando os casamentos deles passavam por crises. O mimo era uma forma de pedir desculpas pelas muitas horas extras que o banqueiro fazia seus maridos trabalharem.
Safra sempre cultivou uma relação próxima a seus funcionários, que têm liberdade para chamá-lo pelo primeiro nome e entrar em sua sala. A hora do almoço era o momento que José aproveitava para mostrar quem eram seus executivos e funcionários favoritos — o que gerava crises de ciúmes entre os não-escolhidos.
E o sentimento era recíproco. Quando um de seus executivos deixou o Safra após ser convidado por um concorrente, José ficou furioso. Como troco, ele contratou uma equipe inteira de seu rival. “Eu não gosto que tirem funcionários do meu banco. Tenho ciúme”, disse à Veja. No fim, os banqueiros fizeram as pazes.
Apostas na privatização
Na década de 1980, com a inflação galopante assolando o Brasil, Joseph aproveitou para lucrar em uma inusitada aplicação: a caderneta de poupança.
O banqueiro notou que o mês de maio de 1988 teria cinco finais de semana e que nenhum outro investimento conservador bateria o rendimento da poupança naquele mês.
Safra depositou 21 bilhões de cruzados – cerca de 125 milhões de dólares – em contas poupança do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) e da Caixa. Os bancos pagaram o rendimento combinado, mas trocaram as regras para restringir depósitos altos.
Mas as apostas de Joseph nem sempre foram certeiras.
Um de seus piores lances ocorreu durante a onda de privatizações da telefonia brasileira no fim da década de 1990. Safra se aliou à tele americana BellSouth e criou a BCP, primeira empresa a ter a permissão de explorar um espectro da rede de celular, quebrando o monopólio das subsidiárias da Telebras.
Os primeiros anos da BCP foram de sucesso comercial. A empresa se tornou a segunda maior do setor, atuando em São Paulo, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Piauí.
Mas os resultados financeiros não acompanharam o bom resultado inicial. A empresa passou a rodar no vermelho, acumulando US$ 1,5 bilhão em dívidas. Em 2002, a BCP deu um calote de US$ 375 milhões em seus credores.
A BCP também perdeu a batalha tecnológica. A empresa apostou no sistema TDMA, enquanto o mercado de telefonia celular seria dominado pelo GSM e seus chips.
Em 2003, a BCP foi vendida por US$ 650 milhões para o grupo do bilionário mexicano Carlos Slim, controlador da Claro, que investia na migração do TDMA para o GSM e viu na BCP a oportunidade de entrar no mercado paulista. Os irmãos Safra não ficaram com centavo algum dessa operação.
Os Filhos de Jacob
A discreta vida íntima dos Safra raramente ganhou as manchetes. Mas, no final dos anos 1990, uma disputa entre os herdeiros da família acabou rompendo os limites domésticos.
Edmond, o irmão mais conhecido de Joseph, foi diagnosticado com Mal de Parkinson. As restrições físicas impostas pela doença o fizeram acelerar um antigo plano de se desfazer de seus negócios. À revelia de Joseph e Moise, Edmond vendeu as joias de seu patrimônio para concorrentes do mercado, colocando fim à ideia de manter os bens dentro da própria família.
Mas os problemas dentro da família começaram de fato com a crise da dívida da América Latina. Em 1983, Edmond precisou vender o Trade Development Bank para a American Express, por US$ 550 milhões, mas o negócio não ocorreu como o combinado.
Proibido de comprar o banco de volta, Edmond abriu um concorrente: o Safra Republic Holdings. A “provocação” gerou contra o banqueiro uma campanha global da Amex, que teria plantado notícias falsas sobre a ligação de Edmond com a máfia, cartéis de cocaína e outras polêmicas.
A disputa só teve fim em 1989, quando a American Express pediu desculpas publicamente e doou US$ 8 milhões a uma entidade apoiada por Edmond.
Anos mais tarde, foi a vez de Edmond vender o Republic, um banco considerado tão seguro que guardava reservas em ouro de concorrentes como o Citi, além de ser um dos responsáveis pela formação do preço internacional do metal.
O Republic era uma potência no varejo de Nova York. Mas, em 1999, Edmond se desfez do banco e a conclusão do negócio se aprofundou ainda mais a distância entre Edmond e sua esposa Lily com Joseph.
A separação dos irmãos teve um fim trágico. Em dezembro do mesmo ano, um incêndio criminoso matou Edmond em seu apartamento em Mônaco. Um enfermeiro foi condenado a 10 anos de prisão após confessar ter iniciado o incêndio para salvar os Safra e conseguir uma compensação financeira.
Na época, Joseph começava a traçar a sucessão do Banco Safra no Brasil e queria adquirir a parte de seu irmão Moise. A recusa do negócio fez com que José tomasse um dos maiores riscos de sua vida: o canibalismo de seu próprio império.
Joseph criou em 2004 o banco J.Safra, com sede em frente ao icônico prédio do Banco Safra no número 2.100 da Avenida Paulista. A condução do negócio foi entregue ao seu filho Alberto, na época com 24 anos.
A instituição atraiu os clientes e executivos que tocavam o Safra original, sangrando o patrimônio de Moise. Enquanto Joseph perdia dinheiro no Banco Safra, o banqueiro ganhava no J.Safra, do outro lado da rua.
Em 2006, Moise desistiu da batalha e aceitou vender, por um valor não revelado, sua participação no Safra. Joseph conseguia, então, manter o patrimônio da família para seus quatro filhos, cortando do negócio seus sobrinhos e seu irmão, que iria falecer em 2014.
(Fonte: Getty Images)
Crise, pirâmide e a floresta
A ideia de Joseph era concluir em 2008 a sua própria sucessão, entregando o Safra para seus três filhos homens. Mas a crise mundial e os riscos de liquidez do sistema bancário internacional atrapalharam seus planos. Seus filhos ainda eram muito jovens e os clientes mais antigos — e mais abastados — poderiam ter dúvidas sobre a solidez do Safra.
Em meio à crise que varreu gigantes do mercado e faliu bancos até então considerados ‘grandes demais para quebrar’, Joseph pressionava seus executivos para garantir liquidez. Ele queria poder pagar todos os clientes que precisassem fazer saques, mesmo em um improvável cenário no qual que todos eles fizessem retiradas no mesmo dia.
Mas se Joseph conseguiu controlar o risco de liquidez, ele não pôde evitar um dos maiores escândalos do Safra, que abalaria a credibilidade do banco.
Com o estouro da bolha nos EUA, ruiu também o esquema criminoso tocado pelo banqueiro norte-americano Bernard Madoff: uma pirâmide financeira que movimentou mais de US$ 65 bilhões. O golpista tinha entre seus clientes diversas famílias judaicas. O problema era que seus produtos eram distribuídos pelo Safra como “investimento conservador”.
Corria no mercado a informação de que clientes do Safra tinham mais de US$ 300 milhões investidos na pirâmide de Madoff e que o dinheiro poderia estar perdido.
A crise de imagem do Safra foi agravada com o prejuízo bilionário da Aracruz Celulose após um investimento em derivativos. A empresa, que reportou perdas de US$ 2 bilhões, tinha Joseph e Moise entre seus acionistas, cada um com cerca de 7% dos papéis.
Novamente, o nome Safra aparecia nas capas de jornais associado a um investimento de risco, mesmo que dessa vez o banco da família não estivesse envolvido.
Mas a Aracruz não foi um investimento ruim para Joseph. Longe disso. Ele adquiriu a fatia da empresa por cerca de US$ 35 milhões em 1988 e a vendeu ao Grupo Votorantim por US$ 570 milhões em 2009. A companhia hoje faz parte do grupo Suzano, após ser rebatizada como Fibria.
Mas o resultado positivo de um investimento não era o mais importante para Joseph.
Para o banqueiro, o essencial era cumprir o ensinamento do seu pai que deu origem ao lema sobre a solidez do banco: ter o nome associado ao risco é fatal para seu modelo de negócio. O Safra deve ser o banco no qual o cliente deixa seu dinheiro sabendo que ele estará lá sempre que precisar.
A década seguinte traria novos danos à imagem de Joseph Safra. Apenas em 2015, o sobrenome Safra foi citado na Operação Zelotes, no SwissLeaks e na lista de clientes da empresa de consultoria do ex-ministro Antônio Palocci, que seria alvo da operação Lava Jato.
No ano seguinte, a Zelotes extinguiria a ação contra Joseph. Mas ainda pesam sobre o banqueiro as acusações de pagamento de caixa dois feitas por Palocci em sua delação premiada.
Na terceira safra, a mesma praga
A crise mundial atrasou, mas não cancelou os planos de sucessão do Safra. O tempo pesava contra Joseph, que sofre com o avanço do Parkinson, mesma doença que acometeu dois de seus irmãos mais famosos.
Em sua estratégia inicial, Jacob, seu primogênito, assumiria o comando das operações internacionais baseadas em Genebra, enquanto Alberto comandaria o banco comercial com foco nas médias empresas e o caçula Davi seria responsável pelo banco de investimento.
A solução não durou muito. Após uma disputa interna sobre o futuro e a condução do banco, Alberto deixou o Safra em outubro de 2019 para criar o ASA Bank, levando consigo o ex-presidente do Safra, Rossano Maranhão, e o vice-presidente, Eduardo Sosa.
Apesar dos amistosos comunicados publicados após a saída de Alberto, o mercado notou a semelhança deles as notas que eram divulgadas durante a tumultuada disputa entre Joseph e seu irmão Moise pelo controle do banco. A Veja publicou, em agosto de 2019, que os irmãos Jacob e Alberto até teriam ido às vias de fato dentro do banco, na frente de seus funcionários.
A batalha entre os irmãos ocorreu em meio a uma mudança no modelo de negócios do Safra, que se aproximou mais do varejo, com o lançamento da maquininha SafraPay e a carteira digital SafraWallet. O movimento era radical para um banco que construiu sua imagem ligado ao mercado corporativo e às grandes fortunas.
Além da mudança de comando no Brasil, Joseph, seus filhos e o Safra também surpreenderam o mundo com aquisições de peso.
Em 2012, no fim da crise financeira global, o Safra anunciou a compra do banco suíço Sarasin por US$ 1,1 bilhão. A aquisição adicionou ao banco uma poderosa carteira de clientes de US$ 107 bilhões, distribuídos entre a Europa, Ásia e Oriente Médio, dobrando o patrimônio em custódia do Safra.
Com a compra, o banco internalizou a carteira private banking do holandês Rabobank, a instituição financeira que por mais tempo sustentou o rating AAA após o estouro da crise de 2008.
Joseph Safra também fez duas aquisições imobiliárias de peso, com a compra de um prédio de escritórios na famosa Madison Avenue, em Nova York, por US$ 285 milhões e do icônico edifício Gherkin em Londres, por cerca de US$ 1,15 bilhão.
O apetite de compras de Joseph também incluiu bananas. Mais precisamente a Chiquita, uma das maiores produtoras de banana do mundo. A oferta de US$ 1,25 bilhão, feita em parceria com a Cutrale, lídere na produção de laranja no Brasil, fez o Safra superar a irlandesa Fyffes na disputa.
Arte e filantropia
A sobrenome Safra é reconhecido no mundo da filantropia. A família distribui parte de sua fortuna em iniciativas na medicina, nas artes e dentro da comunidade judaica.
Joseph é um dos principais doadores dos hospitais paulistanos Albert Einstein e o Sírio Libanês, além de apoiar associações beneficentes como a Fundação Dorina Nowill para Cegos, o GRAAC, a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, a Associação de Assistência à Criança Deficiente, a APAE e a Casa HOPE.
Na cultura, o banqueiro, por meio do Instituto J. Safra, adquiriu e doou esculturas de Auguste Rodin, Aristide Maillol e Camille Claude à Pinacoteca de São Paulo. O instituto também patrocina exposições e eventos de artistas brasileiros.
Joseph Safra também faz doações para escolas judaicas e sinagogas, além de ter patrocinado um livro que resgata as raízes das famílias judaicas que deixaram o Oriente Médio para se instalar no Brasil. Para o governo de Israel, Safra adquiriu e doou o manuscrito original da Teoria da Relatividade de Albert Einstein, exposto em um museu de Jerusalém.
A sexta-feira (15) chega ao final com poucas movimentações para os preços do milho no mercado físico brasileiro. Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, foram percebidas desvalorizações apenas em Brasília/DF (3,33% e preço de R$ 40,60). Já as valorizações apareceram apenas na praça de Amambai/MS (2,38% e preço de R$ 43,00).
Em seu boletim diário, a Radar Investimentos aponta que as cotações do milho físico mostraram sustentação durante esta semana. “O produtor não cedeu e o ritmo dos negócios ficou mais lento, com o comprador pagando mais caro para se abastecer. Em Campinas-SP, as referências entre R$50-R$51/sc, CIF, 30d”.
A Agrifatto Consultoria relata que, após acumular quedas de 20% nas cotações durante o mês de abril, o milho já subiu 4,67% até a metade de maio. “Com grande parte do plantio feito dentro da janela ideal, a colheita nos principais estados produtores deve começar daqui um mês no país, e a partir daí o mercado irá se preparar para receber as mais de 70 milhões de toneladas que deverão ser colhidas”.
B3
Já a bolsa brasileira registrava movimentações negativas para a maior parte das cotações dos preços futuros do milho nesta sexta-feira (15). Os principais contratos flutuavam entre 0,18% e 1,41% negativo por volta das 16h21 (horário de Brasília).
O vencimento maio/20 era cotado à R$ 50,75 com queda de 0,18%, o julho/20 valia R$ 46,85 com perda de 1,33% e o setembro/20 era negociado por R$ 45,45 com desvalorização de 1,41%.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o analista da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael, destacou que a tendência é de preços lateralizados, talvez com leves altas, nestes próximos 30 dias que intermedeiam o fim da safra verão e o início da colheita da segunda safra.
Sobre a safrinha, Rafael destaca que muitas áreas que estavam sofrendo com estiagem como São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul receberam chuvas nas últimas semanas e tem previsão de novas precipitações na semana que vem. Por outro lado, cresce o temor com as baixas temperaturas e a incidência de geadas, o que mantêm a incerteza quanto ao volume de produção.
Diante dessas dúvidas que atingem não só a produção, quanto também a demanda neste momento de pandemia da Covid-19, a questão cambial ganha ainda mais força e pode sustentar os preços mesmo com a chegada do volume vindo da safrinha.
Este cenário, de acordo com o analista é ideal para os produtores buscarem novas vendas com cerca de 30% da safra verão e 50% da safrinha ainda disponíveis para negociação, e obterem preços médios altos para a safra enquanto a moeda americana segue em alta.
Mercado Externo
Para a Bolsa de Chicago (CBOT) a sexta-feira (15) foi de leves elevações para os preços internacionais do milho futuro. As principais cotações registraram movimentações positivas entre 0,25 e 1,75 pontos ao final do dia.
O vencimento julho/20 foi cotado à US$ 3,19 com valorização de 1,75 pontos, o setembro/20 valeu US$ 3,23 com alta de 1 ponto, o dezembro/20 foi negociado por US$ 3,32 com ganho de 0,25 pontos e o março/21 teve valor de US$ 3,44 com estabilidade.
Esses índices representaram valorizações, com relação ao fechamento da última quinta-feira, de 0,63% para o julho/20, de 0,31% para o setembro/20 e de 0,30% para o dezembro/20, além de estabilidade para o março/21.
Com relação ao fechamento da última sexta-feira (08), os futuros do milho acumularam perdas de 0,31% para o julho/20, de 0,92% para o setembro/20, de 1,48% para o dezembro/20 e de 1,71% para o março/21.
Com relação ao fechamento da última sexta-feira (08), os futuros do milho acumularam perdas de 0,31% para o julho/20, de 0,92% para o setembro/20, de 1,48% para o dezembro/20 e de 1,71% para o março/21.
Segundo informações do site internacional Farm Futures, os preços do milho firmaram-se ligeiramente na sexta-feira com otimismo geral de exportação, embora o espectro de uma safra potencialmente recorde de milho nos Estados Unidos ainda esteja à espreita, limitando os ganhos.
Para o analista da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael, o plantio americano vem avançando rapidamente e em ótima janela de cultivo. Além disso, o USDA projeta o maior estoque de passagem dos últimos 35 anos para o final da temporada 2020/21 em 31 de agosto de 2021, o que influencia em cotações mais baixas dos últimos 12/13 anos e preços que podem ficar até 20% menores do que os custos de produção nos EUA.
O Brasil está confirmando sua primeira venda de arroz em casca para o México, num volume de 30 mil toneladas, que devem ser embarcadas em Rio Grande (RS). Nas próximas horas deve ser anunciado um segundo barco, com mais 30 mil toneladas, segundo traders e agentes de negócios do setor.
Já havia expectativa deste anúncio há 10 dias, desde que o país latino da América do Norte divulgou que estava retirando uma série de imposições sanitárias que são debatidas pelo menos há três anos. Os mexicanos exigem que o Brasil realize fumigação das cargas com brometo de metila, o que é proibido desde 2011 no país. E algumas das pragas nomeadas pelo comprador nem existem no Mercosul.
Para os agentes de negócios, trata-se de uma barreira comercial que usa argumento sanitário como impeditivo. No entanto, precisando comprar para abastecer seu mercado, diante da pandemia do novo coronavírus e com seu principal fornecedor, os Estados Unidos, sem capacidade de atender a demanda por estar na entressafra e sem estoques disponíveis – e com preços altíssimos -, o governo mexicano derrubou as barreiras. As informações partem da Planeta Arroz.
CORONAVÍRUS Com a dispensa de licitação autorizada pelo decreto de calamidade, multiplicam-se as suspeitas de desvios de dinheiro público em estados e municípios O governador do Pará, Helder Barbalho, faz vistoria em caixas de respiradores que chegaram da China. Os equipamentos foram comprados, mas não são recomendados para pacientes de Covid-19. Foto: Marco Nascimento / Agência Pará
Lagoa de Dentro, município com pouco mais de 7 mil habitantes no interior da Paraíba, concluiu no dia 22 de abril uma de suas principais compras na área da Saúde em 2020. Em plena pandemia do novo coronavírus, a prefeitura desembolsou R$ 15 mil — em recursos do Fundo Nacional de Saúde — para comprar e imprimir cartilhas informativas sobre prevenção à Covid-19, apesar de o Ministério da Saúde disponibilizar gratuitamente livretos sobre o assunto. O empresário Jandeilson Araújo Leite, dono da gráfica que celebrou o contrato com o município, recebeu a visita de uma equipe da Polícia Federal no dia seguinte. O motivo: no dia 1º de abril, ele havia firmado um contrato semelhante com a prefeitura de Aroeiras, município de 18 mil habitantes que comprou a impressão de nada menos do que 7 mil exemplares da mesma cartilha, chamada Coronavírus — O combate começa com a informação, a um custo total de R$ 279 mil. A gráfica de Leite era fantasma. As cartilhas não foram encontradas. Até o momento, o contrato com Aroeiras foi rompido, e a prefeitura foi alvo de busca e apreensão. A prefeitura de Lagoa de Dentro tampouco explicou por que optou por comprar a R$ 40 a unidade cada cartilha se podia usar as gratuitas oferecidas pelo Ministério da Saúde.
O caso dos dois pequenos municípios expõe a vulnerabilidade do Erário diante das más intenções de gestores públicos num período em que o fluxo de dinheiro aumenta e os gastos têm de ser elevados em razão da pandemia. São mais de 5 mil cidades habilitadas a gastar, e os mecanismos de controle nem sempre são eficientes. Nos estados, os problemas se repetem. No Rio de Janeiro, em Santa Catarina e no Pará, já houve busca e apreensão, bloqueio de bens e até prisões por causa de contratações suspeitas feitas por governos estaduais. Em São Paulo, foi instaurado um inquérito para investigar compras de mais de R$ 500 milhões feitas pelo governo estadual. O decreto de calamidade, editado em razão do novo coronavírus, dispensa muitas administrações de fazerem os procedimentos comuns de licitação. O mecanismo, criado para desburocratizar a máquina num cenário de emergência, nem sempre é usado de boa-fé.
Monitores multiparâmetros que chegaram da China para equipar o Hospital de Campanha do Riocentro, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Foto: Fabio Motta / Agência O Globo
O site de ÉPOCA mostrou, na última semana, que o governo de Helder Barbalho (MDB), no Pará, havia instalado respiradores que não funcionavam direito em hospitais do estado, comprados sem licitação. A importadora SKN do Brasil entregou 152 aparelhos de modelos diferentes daqueles pedidos em contrato — e que não eram indicados para tratar pacientes da Covid-19. O estado chegou a classificar como “mentirosas” as alegações contidas na reportagem, mas mudou a postura depois que o Ministério Público (MP) visitou as unidades para apurar as denúncias. No domingo, em regime de plantão judiciário, o governo do Pará pediu o bloqueio de R$ 25 milhões em bens de sócios e pessoas ligadas à empresa, alegando que as irregularidades não estavam em sua gestão, e sim na empresa fornecedora. O caso agora está sendo investigado pelo MP.A mesma empresa também está envolvida em problemas no Rio. A SKN foi responsável pela importação de respiradores encomendados pela MHS Produtos e Serviços, que tinha um contrato de R$ 56 milhões para fornecer 300 aparelhos ao governo do estado, mas sinalizou que não entregaria os modelos prometidos. Glauco Octaviano Guerra, responsável pela MHS, foi preso na última quinta-feira em Belém. Segundo o colunista do jornal O GLOBO Lauro Jardim, Guerra estava em companhia de André Felipe de Oliveira da Silva, um dos sócios da SKN do Brasil, no momento da prisão. Na quarta-feira 13, Silva também foi preso pela Polícia Federal, em Brasília.
“O DECRETO DE CALAMIDADE, EDITADO EM RAZÃO DO NOVO CORONAVÍRUS, DISPENSA MUITAS ADMINISTRAÇÕES DE FAZEREM OS PROCEDIMENTOS COMUNS DE LICITAÇÃO. O MECANISMO, CRIADO PARA DESBUROCRATIZAR A MÁQUINA NUM CENÁRIO DE EMERGÊNCIA, NEM SEMPRE É USADO DE BOA-FÉ”
Além do caso da MHS, dois subsecretários da área de compras do governo de Wilson Witzel, no Rio, foram exonerados e presos por suspeitas de irregularidades nas últimas semanas, na Operação Mercadores do Caos, da Polícia Federal. São Gabriell Neves e Gustavo Borges da Silva. Somando todas as compras de respiradores, 1.000 unidades que custaram R$ 183,5 milhões ao estado estão sob suspeita. Não só o atraso na entrega suscitou desconfiança, mas a polícia investiga também o valor de cada unidade: R$ 187.500, o preço cobrado pela MHS, é o dobro do praticado por fabricantes de respiradores. Além da MHS, as fornecedoras do aparelho A2A e ARC Fontoura também são investigadas e os representantes foram presos.
SAÚDE Meta é imunizar 36,1 milhões de pessoas, diz Ministério da Saúde
FOTO: REPRODUÇÃO
A terceira fase da Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe encerrará neste domingo (17). A primeira de suas duas etapas tem como público-alvo pessoas com deficiência, crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e mães no pós-parto até 45 dias.
No caso das mães que se encontram no período pós-parto, o ministério informa ser necessária a apresentação de um documento que comprove o puerpério (certidão de nascimento, cartão da gestante, documento do hospital onde ocorreu o parto, entre outros).
A segunda etapa da terceira fase vai de 18 de maio até 5 de junho. Nela serão incluídos professores de escolas públicas e privadas e adultos de 55 a 59 anos de idade. A exemplo das demais fases, a meta do governo é vacinar pelo menos 90% de cada um desses grupos. Na terceira fase, a meta é imunizar 36,1 milhões de pessoas do grupo prioritário.
De acordo com o balanço mais atualizado do Ministério da Saúde, 60,5% do grupo prioritário havia sido vacinado contra a influenza nas duas primeiras fases da campanha, o que corresponde a um total de 39,6 milhões de doses da vacina aplicadas.
Para evitar sobreposição com relação ao número de pessoas vacinadas, o percentual divulgado pelo ministério não inclui os grupos de pessoas com comorbidades (doenças prévias), membros das forças de segurança e salvamento, caminhoneiros, motoristas e cobradores de transportes coletivos, trabalhadores portuários e o público relacionado com o sistema prisional, uma vez que, nesses quantitativos, o que se tem são estimativas populacionais.
“O quantitativo desse público é uma estimativa e pode haver sobreposição a partir de pessoas que integram diferentes grupos prioritários, por exemplo, ser caminhoneiro (público-alvo da segunda fase) e idoso (público-alvo da primeira fase). Assim, é possível informar apenas o número de doses, de fato, aplicadas da vacina contra a gripe nestes grupos que foi 7,5 milhões”, explicou o Ministério da Saúde eme-mailenviado àAgência Brasil.
Fases anteriores
Em levantamento divulgado no início da semana, o ministério informou ter distribuído 63,2 milhões de doses da vacina. Até então, na segunda fase da campanha iniciada em 16 de abril e encerrada no dia 8 de maio, apenas 36% (ou 5,6 milhões de pessoas) do público-alvo foram vacinados. O número era 10 milhões inferior ao total de pessoas do grupo pretendido.
A segunda fase da campanha teve como público-alvo povos indígenas, caminhoneiros, motoristas e cobradores de transportes coletivos, trabalhadores portuários, membros das forças de segurança e salvamento; pessoas com doenças crônicas e outras condições clínicas especiais; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas; população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional.
Na primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação, dirigida a idosos com 60 anos ou mais e a trabalhadores da saúde, mais de 18,9 milhões de idosos foram vacinados, o que corresponde a 90,66% deste público.
GOVERNO Medida suspende pagamentos do Fies por dois ou quatro meses
FOTO: REPRODUÇÃO
O presidente Jair Bolsonaro vetou a inclusão de categorias profissionais para o recebimento do auxílio emergencial de R$ 600, o socorro financeiro pago pelo governo aos trabalhadores informais afetados pelas medidas de combate à pandemia de covid-19 no país. A lei com mudanças no auxílio emergencial foi sancionada com 11 vetos e publicada hoje (15) no Diário Oficial da União.
A medidaaprovada pelo Congresso Nacional previa a inclusão de mais de 20 categorias na lista do benefício, entre eles extrativistas, assentados da reforma agrária, artesãos, profissionais da beleza (como cabeleireiros), ambulantes que comercializem alimentos, diaristas, garçons, guias de turismo, babás, motoristas de aplicativos, taxistas e catadores de recicláveis.
Ao vetar o dispositivo, Bolsonaro justifica que, ao especificar determinadas categorias para o recebimento do auxílio em detrimento de outras, a medida ofende o princípio da isonomia ou igualdade material previsto na Constituição, além de excluir da lei em vigor, os trabalhadores informais em situação de vulnerabilidade social em função da covid-19. Para o presidente, ao ampliar as hipóteses de beneficiários, os parlamentares também criaram despesa obrigatória ao Executivo, sem apontar a fonte dos recursos e o impacto orçamentário da medida.
Entre as mudanças feitas pelo Congresso naLei 13.982/2020, que instituiu o auxílio emergencial, Bolsonaro manteve o artigo que proíbe que instituições financeiras façam descontos ou compensações sobre o valor do auxílio emergencial, mesmo que o beneficiário esteja em débito com a Caixa Econômica Federal ou outra instituição responsável pelo pagamento do auxílio. Essa medida haviasido anunciada pelo governo, mas não estava prevista na lei.
O presidente também vetou a ampliação do pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para família cuja renda mensal per capita seja igual ou inferior a meio salário mínimo. Hoje, de acordo com a lei em vigor, tem direito ao BPC idosos e pessoas com deficiência cuja renda familiar é igual ou inferior a um quarto do salário mínimo.
Os artigos vetados e as razões apresentadas pelo presidente também foram publicadas noDiário Oficial da União e encaminhados ao Congresso Nacional. A partir de agora, os parlamentares tem 30 dias para deliberar sobre os vetos.
Pagamento do Fies
O texto sancionado nesta sexta-feira prevê a suspensão dos pagamentos devidos pelos estudantes ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A medida vale para os contratos que estavam em dia antes da decretação do estado de calamidade pública em razão da pandemia de covid-19.
Está permitida a suspensão de duas parcelas para os contratos em fase de utilização ou carência e de quatro parcelas para s contratos em fase de amortização, dos estudantes que já concluíram seus cursos. De acordo com a lei, o governo federal poderá prorrogar esses prazos.