O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, reagiu à notícia da Folha de que uma investigação suíça sobre o caso Alstom foi arquivada devido a uma falha de procedimento do procurador Rodrigo de Grandis – que, segundo sua assessoria, arquivou um pedido de busca e apreensão contra um proeminente quadro do PSDB numa pasta errada (leia mais
aqui). De acordo com Dirceu, De Grandis age de acordo com interesses políticos e só "falha" quando tucanos estão envolvidos. Leia abaixo seu artigo: ...
Procurador ignora pedido, e Suíça cancela investigação sobre propina no governo de SPJosé DirceuE eis que ficamos sabendo hoje que o mesmo procurador que ficou um ano parado com o relatório da Polícia Federal sobre o pagamento de propinas pela multinacional Alstom durante o governo tucano também nada fez com documentos enviados pela Suíça sobre o caso.
O resultado: o Ministério Público suíço arquivou investigações sobre três suspeitos de intermediarem subornos pagos pela Alstom a políticos e servidores de São Paulo.
A Folha de S.Paulo noticia hoje que a Suíça fez, em 2011,
pedido de busca e apreensão na casa de um suspeito de receber propina, mas nunca foi atendida.Quem recebeu o pedido da Suíça foi o procurador da República em São Paulo Rodrigo de Grandis. Agora ele alega que houve uma “falha administrativa” e que o pedido só teria sido descoberto anteontem.
Interessante que essas “falhas” só ocorram quando os tucanos estão envolvidos.
Notem que a Suíça pedia que fosse interrogado João Roberto Zaniboni, um ex-diretor da CPTM, controlada há 20 anos pelos tucanos em São Paulo. Ele é acusado de receber R$ 1,84 milhão em propinas da Alstom na Suíça. Essa “falha administrativa” foi bastante providencial para os tucanos.
É bom lembrar que esse mesmo procurador Rodrigo de Grandis foi um dos que quebraram meu sigilo telefônico na investigação MSI-Corinthians, sem nenhuma base legal, aliado ao juiz Fausto de Sanctis em suas estripulias ilegais e abusos de autoridade.
Leia ainda reportagem anterior do 247 sobre uma decisão de De Grandis, que favoreceu Andrea Matarazzo:
PROCURADOR DURÃO FICA MANSO CONTRA MATARAZZORodrigo de Grandis, que ganhou notoriedade na Operação Satiagraha, não quis indiciar o vereador Andrea Matarazzo, apontado pela Alstom como beneficiário de propinas milionárias, embora até mesmo um ex-tesoureiro tucano tenha confirmado sua participação na arrecadação do caixa dois de FHC em 1998; para o ex-ministro José Dirceu, cautela atual de De Grandis contradiz sua atuação anterior e ele deveria se declarar suspeito no caso
23 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 07:48
247 - O procurador Rodrigo de Grandis, que se tornou nacionalmente conhecido durante a Operação Satiagraha, que prendeu duas vezes o banqueiro Daniel Dantas, não quis denunciar o vereador tucano Andrea Matarazzo, a despeito do indiciamento proposto pela Polícia Federal.
Matarazzo, como se sabe, foi apontado pela Alstom como responsável pela coleta de propinas junto à empresa (leia mais
aqui). Tais recursos foram para o caixa dois da campanha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, o que foi confirmado até pelo ex-tesoureiro do partido, Luiz Carlos Bresser Pereira (leia mais
aqui). Em razão disso, a PF decidiu até investigar a conexão entre o propinoduto do metrô e a campanha de FHC (leia
aqui).
No entanto, Rodrigo de Grandis considerou os indícios apontados insuficientes e pediu novas diligências à Polícia Federal, antes de denunciar Matarazzo. Para o ex-ministro José Dirceu, com essa atitude, ele contradiz toda a sua atuação anterior. Leia, abaixo, texto postado por Dirceu em seu blog:
No caso Alstom, procurador de Grandis contradiz atuação anterior
O Ministério Público Federal (MPF), em processo no qual tem à frente o procurador da República Rodrigo de Grandis, considerou prematuro o relatório da Polícia Federal (PF) que indiciou políticos tucanos. Ele solicitou novos depoimentos de envolvidos no caso do pagamento de propinas a integrantes do PSDB e a servidores do governo tucano paulista pelo grupo francês Alstom (contratos na área de transportes e de energia elétrica).
Concluído em agosto de 2012, o relatório partiu de informações obtidas pelo Ministério Público da Suíça, que até bloqueou contas de tucanos paulistas naquele país, suspeitas de resultarem de corrupção e propina paga mediante contratos em que a multinacional foi favorecida por membros do PSDB e da administração estadual tucana de 1995 a 2003.
Mas, agora, está na Folha de S.Paulo de hoje: o procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pelo caso, cobra novas investigações porque, segundo ele, é preciso "aprofundar o que já é conhecido em termos de extensão. (...) Isso não é excepcional, faz parte da dinâmica da própria investigação". De Grandis pediu à Receita Federal e ao Banco Central novos dados de envolvidos e indiciados no escândalo.
A PF, conforme já foi divulgado antes, registra no inquérito que "foi produzido um conjunto robusto de provas, que demonstrou indícios de materialidade e autoria nos crimes pelos quais os investigados foram indiciados".
E agora, quem diria, o antes Torquemada procurador federal Rodrigo De Grandis pede novas investigações no caso das denúncias e investigações da corrupção tucana em Sao Paulo. Esse seu comportamento contradiz toda a sua atuação nos últimos anos em São Paulo. Ele está sob suspeição e deveria se declarar impedido de continuar no caso.