terça-feira, 19 de junho de 2018

Empresas terceirizadas viram cabide de emprego em municípios do Brasil

Empresas terceirizadas viram cabide de emprego em municípios do Brasil
POLICIA
Um esquema envolvendo terceirizadas contratadas por prefeituras do Rio Grande do Sul está sendo investigado. Ex-funcionários denunciam que as empresas são utilizadas como cabides de empregos para acomodar indicados por políticos e seus aliados. Fraudes em licitações e até pagamento de propinas são algumas das suspeitas levantadas.

A investigação descobriu casos assim nas cidades de Canoas e Triunfo, como mostra a reportagem de Giovanni Grizotti, da RBS TV, exibida no Fantástico neste domingo (17) (veja no vídeo acima).

Em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, as denúncias partiram da ex-diretora de uma secretaria da administração municipal. Ela era responsável pelos contratos na área de assistência social.

A ex-diretora revelou que recebeu currículos de trabalhadores enviados por vereadores e assessores ligados ao prefeito Luiz Carlos Busato (PTB).

"Não existia processo seletivo nenhum", afirmou a mulher, que não quis se identificar.

A reportagem identificou apadrinhados de políticos em locais como escolas e até no Hospital de Pronto Socorro da cidade. Entre os indicados, também localizou uma ex-cadastradora do Bolsa Família. Ela também não quis ter o nome revelado.

A mulher diz que fazia parte de um grupo de 15 ex-funcionários, todos supostamente indicados às vagas por políticos. Segundo ela, eles teriam ingressado na justiça porque sequer receberam parte dos salários.

Ela disse que somente conseguiu o emprego porque fez campanha para um vereador e para o prefeito da cidade.

"Não quero mais ouvir de partido nenhum, não quero fazer mais parte de corja nenhuma. (...) vou continuar desempregada, fazendo um bico aqui, um bico ali", desabafou.

Com uma câmera escondida, a reportagem conseguiu comprovar que o grupo Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp) aceita indicações políticas em seu quadro de servidores. No ano passado, o Gamp recebeu da prefeitura de Canoas R$ 190 milhões para administrar unidades de saúde e de assistência social do município.

Embora admita que por ser uma Organização Social o Gamp é obrigado a realizar um processo seletivo transparente, o diretor da empresa, Régis Marinho, afirmou que no recrutamento são criados critérios subjetivos para que esses apadrinhados possam ser acomodados.

"Eu tenho várias formas de criar critérios. Aí a gente bota: 'o processo seletivo vai se dar de tal forma', até pra poder garantir essas pessoas de confiança de vocês dentro do processo", declarou o diretor.

Perguntado sobre se haveria alguma contrapartida, ou seja, pagamento de propina ao contratante, ele disse que esse assunto "teria que ser discutido com superiores".

A postura do diretor, na opinião do Procurador Geral do Ministério Público de Contas (MPC) do estado, Geraldo da Camino, configura uma fraude, e fere os princípios da impessoalidade e da moralidade do serviço público.

"Evidentemente está sendo confessada uma fraude. E uma fraude deve ser coibida pelos meios legais", declarou Da Camino. Ele vai pedir abertura de investigação ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).

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