segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Sarjeta

DROGA - Filhinho de papai milionário vira mendigo, hoje pede esmola e mora na sarjeta

Filhinho de papai milionário vira mendigo, hoje pede esmola e mora na rua O homem que já teve tudo na vida, do bom e do melhor. Que só bebia uísque importado, hoje dorme na sarjeta, pede esmola, lava e cuida de carro par sobreviver. Aliás, para comprar crack e gorotinho. NUNCA EXPERIMENTE DROGA, PELO AMOR DE DEUS



EXCLUISIVA - Um homem que já teve tudo na vida. Chegou a morar por mais de um ano na Europa. Uma pessoa de família de classe média alta, estudiosa, de laços familiares  cuiabanos, daqueles bem  tradicionais. Um homem que estudou nos melhores colégios do Brasil, formado em dois cursos universitários. Hoje aos 48 anos, ele está na sarjeta. Morador de rua há quase 20 anos, nosso personagem de um Reportagem Especial não terá seu nome revelado. Não por ele, mas pela família. Família que tentou retirá-los das ruas por mais de duas dezenas de vezes, mas não  conseguiu. A droga venceu. Da maconha à cocaína. Do “pó” ao crack, misturados com todas as drogas possíveis, inclusive, antes uísque do bom e do melhor, hoje cachaça. O homem que nasceu em berço de ouro, só viajava de avião, se hospedava em hotel de luxo e morava em mansão em bairro nobre, hoje perambula pelas ruas, dorme nas calçadas da vida e só bebe “gorotinho”. Vamos tratá-lo na entrevista como “Amigo”, pois o cara, além de falar um português e um inglês perfeitos, ainda tenta manter a linha, principalmente quando está sóbrio. Ou seja, sem usar droga ou álcool, o que hoje em dia para ele é coisa rara. Tudo por causa das drogas e das más companhias.
Quando toda essa decadência começou?
Amigo – Quando eu ainda estava no colégio. Comecei a usar maconha em 1984, aos 15 anos de idade. Eu tinha dinheiro no bolso todos os dias, pois meus pais eram muito ricos e minha mesada não tinha limites. Na época eu levava o equivalente a R$ 100 por dia hoje para o meu lanche. Dai em diante, de menino educado, quieto e tímido, eu comecei a criar coragem para tudo, até para brigar dentro e fora do colégio.

24 Horas
Quais os colégios que você estudou?
Amigo – Na época nos dois principais colégio de Cuiabá, cujos nomes eu não vou citar. Mas também estudei em colégios de São Paulo (SP). Apesar de já fumar maconha aos 15 anos, eu era e sempre fui um bom aluno. Só tirava nota altas. Eu era o orgulho da família, principalmente até completar 18 anos, quando comecei a frequentar casas noturnas. Boates caras de luxo, em Cuiabá, fora de Cuiabá e até em outros países europeus para onde nossa família sempre viajava. Foram nesses lugares que eu comecei a beber uísque do bom e do melhor junto com a maconha.
Quando você começou a dormir na rua?
Amigo – Essa é uma longa história. Dos 18 anos, quando eu comecei a beber uísque, pois eu já fumava maconha tive poucos problemas com a minha família, que até então não sabia de nada. Só que dai em diante minha vida começou a mudar. Eu estudei muito, mas meus estudos não serviram de nada. Trabalhava nas empresas do meu pai certinho, mas aos poucos, minha vida começou a mudar, pois além do uísque e da maconha, eu passei a usar cocaína. Dormia muita e as minhas idas às empresa foram ficando distantes. Aos 23 anos parei de trabalhar.
24 Horas
E você vivia como? Tua família passou a saber de tua vida, já nas drogas e no álcool quando?
Amigo
Pior. Soube, mesmo assim ainda me apoio em determinados períodos. Passei por mais de dez casas de recuperação em Cuiabá e fora de mato Grosso para tratamento. Só que, em menos de cinco dias eu voltava a fazer tudo errado de novo.
Jornal
Da maconha, do uísque e da cocaína veio mais o que de ruim na tua vida?
Amigo
Comecei a usar crack aqui em Cuiabá, mas não faz muito tempo não. Além da maconha e da cocaína, e do uísque, é claro, eu usei outros tipos de drogas fora do Brasil. Drogas pesadas, que muitas vezes me deixavam vários dias dormindo. Lerdo, eu voltava a usar e voltava a dormir.
Jornal
Quando começastes a ser colocado delado pela família?
Amigo
Da última vez que morrei na Europa e voltei para Cuiabá por causa da minha gastança de dinheiro, meus pais começar a me apertar, pois eu não queria trabalhar, mas queria dinheiro todos os dias. Eles começaram a cortar a grana e ai as coisas viraram um bicho para o meu lado. Comecei furtando as copisas de dentro de casa. De uma vez só torrei mais de um milhão de reais em joias da minha mãe. Vendi para um conhecido joalheiro por menos de 200 mil. Passei quatro dias fora de casa, e quando voltei tudo estava, ou no cofre ou no cadeado. Ai meus pais me colocaram numa clínica em São Paulo, onde passei mais de seis meses. Mas meu amigo, quando sai, não segurei a barra e em menos de um mês eu estava nas bocas outras vez. E ainda comecei a fazer pior: comecei ficar vários dias fora de casa, drogado e sem dinheiro. Recebi convites para fazer assaltos, mas nunca topei. Voltei a pegar coisas da minha casa, foi quando meus pais passaram e me hostilizar, pois já não aguentavam mais me ver sujo, sem tomar banho e maltrapilho.
Jornal
Chegaste à rua quando? Fizeste algum assalto para levantar dinheiro
Amigo
Eu já estava quase completando 30 anos quando comecei a usar crack. Comecei a me afastar definitivamente da minha família, que também, depois de tanta luta para me limpar do vício, também começou não ligar muito para mim. Com o crack comecei a beber cachaça junto. Já passava mais de dois meses na rua, até que minha ausência de casa começou a se tornar cada vez mais longas. Meus pais e meus irmãos choravam muito, mas também começaram a se acostumar com a minha ausência de casa. Passei 18 meses sem ir na minha casa. Quando voltei minha mãe, que já tinha mais de 60 anos havia falecido de câncer e o resto da minha família vendeu a casa logo em seguida e foi morar numa cidadezinha do São Paulo. Sem casa em Cuiabá e sem dinheiro para nada, passei a morar definitivamente nas ruas. Só que nunca sequer arrisquei a fazer um assalto.
Jornal 
Daí em diante viraste morador de rua?0
Amigo
Antes eu tinha um cartão de banco que sempre tinha um dinheirinho. Meu pai antes de deixar Cuiabá, sem eu saber, colocou um bom dinheiro na minha conta, coisa que eu não sabia que existia. Um dia sem querer eu achei o cartão na minha mochila velha e arrisquei ver se tinha algum dinheiro na minha conta. Esqueci minha senha e fui até o banco falar com o gerente, que sem me conhecer porque eu estava um farrapo de gente, mandou o segurança me colocar para fora. Eu comecei a gritar alegando que era um cidadão, eu tinha dinheiro na conta e só queria a senha. O gerente mandou me levar até ele, foi quando ele teve a maior surpresa, eu era filho de um dos maiores correntistas do banco. Ele soube porque ligou para o meu pai e ele confirmou que aquele mendigo era filho dele que virou morador de rua. Meu pai morreu uma semana depois.
Jornal
O que fizeste com esse dinheiro?
Amigo
Isso já faz mais de dez anos. Juro. Tentei voltar a ser uma pessoa normal, mas outra vez fracassei e fui parar na cracolândia de São Paulo. Lá encontrei um casal de amigos de Cuiabá, que também tinham famílias abastadas, mas deixaram tudo para trás por causa da droga. Antes de voltar para Cuiabá em uma carona que peguei com um caminhoneiro no Ceasa paulista, fiquei sabendo que a moça amniga minha havia sido morta por outro morador da cracolândia por causa da divisão de uma pedra de crack.
Jornal
Quanto tempo estais nas ruas?
Amigo
Quase 20 anos ou mais, não sei. Só sei que perdi totalmente o contato com a minha família. Um dia eu fui ao banco para tentar falar com meus irmãos em São Paulo e já era outro gerente. Mais uma vez foi aquela confusão, que só se revolveu porque uma funcionária se lembrou da outra vez que quiseram me expulsar do banco. Falei com o gerente e ele ligou para o meu irmão mais velho, que já estava morando junto com a outra minha irmã nos Estados Unidos. Ele falou para o gerente que o irmão dele de Cuiabá havia morrido fazia mais de cinco anos e que ele não falaria com um fantasma.
Jornal 
E agora “Amigo”, o que tu vai fazer daqui para frente?
Amigo 
O que tenho feito sempre desde os meus 15 anos: muita besteira.
Jornal 
Como você está sobrevivendo?
Amigo
Às vezes eu peço esmola, outras vezes eu trabalho lavando e guardando carro. Minha vida é usar droga, beber gorotinho. Aliás ultimamente estou mais me embriando do que me drogando por falta de dinheiro, pois não gosto de comprar doga fiado, pois se tui não paga, os caras mandar te matar.
24 Horas -  Para finalizar. Se você morresse e tivesse uma chance de ressuscitar. Ou seja, voltar de nova à terra e á vida, você faria a mesma coisa?. Você hoje tenta levar alguém para o mundo das drogas?
Amigo
É claro que não. Nunca, jamais em tempo algum. Que uma coisa fique bem claro, eu fui para a droga, ninguém me levou. Alguém me ofereceu, eu usei porque quis experimentar. Gostei e fiquei. Fiquei e hoje sou um farrapo humano. Graças a Deus eu ainda posso falar, mas apesar de ainda ser um homem novo, de apenas 48 anos, meu corpo já está deformado, velho, como se eu tivesse mais de 70 anos. Por isso não ofereço droga para ninguém. Agora outra coisa eu quero deixar bem claro. Droga, qualquer droga, não é ruim. Ela se fosse ruim ninguém usaria. O barato é não experimentar. Não experimente, pois com certeza tu vai gostar e com certeza tu vai virar um. Amigo da vida como eu. Amigo é meu nome, virei um lixo por causa da droga. Essa droga que mata e morre. Essa droga que me destruiu e destruiu a minha família. Essa droga que apressaram a morte de meu pai e de minha mãe e afastaram meus irmãos para sempre. A palavra correta é não experimente. Nunca, pelo amor de Deus.
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