Várias
áreas nobres de Brasília
estão sob o risco de favelização
Júlia*, 24 anos, chega a passar 15 dias em uma área de cerrado no
Noroeste, vivendo em um barraco feito de lona e tábuas, sob uma árvore,
cercada por papelão, ferro fundido, arames, galões de água e sacos com
latas de alumínio. Tira o sustento do material reciclado enquanto a
filha, de 2 anos, caminha entre o lixo. Apesar dessas condições, ela tem
um apartamento conquistado por meio de programas habitacionais do
Governo do Distrito Federal. E lamenta a falta de um galpão de
reciclagem que deveria ser construído no Paranoá. “Para conseguirmos
pagar as contas e não perder a moradia, temos de trabalhar. A única
saída é ficar aqui. O governo não pode saber ou perdemos o benefício,
mas não tenho como ficar em casa, e a minha filha não ficará longe de
mim”, afirma.
A
jovem faz parte dos cerca de 2,8 mil catadores de materiais recicláveis
do DF, segundo a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social,
Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh). Ela e os
vizinhos, que moram nos arredores de um bairro nobre da capital federal,
integram outra estatística da Secretaria: estão entre os 3 mil em
situação de rua de Brasília. A interseção entre os grupos acontece
justamente quando os catadores precisam deixar seus endereços para viver
em pequenas favelas móveis, onde é mais fácil encontrar rejeitos para
serem vendidos a empresas de reciclagem. O ganho mensal varia, mas,
geralmente, não chega a um salário mínimo após jornada de quase 14 horas
diárias.
Fonte: CB
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