Ministério da Saúde preconiza diagnóstico de seis doenças. Exame na capital federal consegue identificar 30 FOTO:Divulgação
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O
Distrito Federal é a única Unidade da Federação a oferecer a triagem
neonatal (teste do pezinho) de forma ampliada na rede pública de saúde.
Enquanto no resto do país - e também na rede privada do DF - o
procedimento detecta seis tipos de doença, o que é preconizado pelo
Ministério da Saúde, na capital federal o exame pode encontrar 30 tipos
de enfermidades.
A
ampliação foi garantida em lei publicada em 2008, válida para hospitais
da rede pública de saúde do DF. "Isso significa que as crianças
nascidas em nossas unidades têm a chance de receberem o tratamento,
precocemente, evitando complicações, sequelas neurológicas e até mesmo o
óbito decorrentes dessas doenças. Quando a gente descobre a enfermidade
antes de ela apresentar sintomas, a criança leva uma vida normal",
explica a coordenadora do Programa de Triagem Neonatal do DF, Juliana de
Vasconcellos Thomas.
Na
rede pública do DF, a cobertura do teste do pezinho é de 100%. Todos os
hospitais da rede e unidades básicas de saúde estão habilitados a fazer
a coleta do sangue das crianças entre o seu segundo e quinto dia de
vida. "As crianças que ainda não receberam alta fazem a coleta ainda na
maternidade. As que saem do hospital antes do segundo dia de vida, podem
ser levadas a qualquer unidade da rede, sem necessidade de
encaminhamento médico ou agendamento", esclarece Juliana Thomas.
DIAGNÓSTICO - A
rede pública de saúde faz uma média de cinco mil testes por mês. Desse
total, pelo menos 0,3% apresenta alguma alteração. "Quando acontece, a
Secretaria de Saúde entra em contato com a família e solicita a
realização de uma segunda coleta, para confirmar ou descartar a doença",
diz a chefe da Unidade de Genética do Hospital de Apoio, Maria Teresa
Rosa.
Ela
explica que uma alteração no primeiro teste pode não indicar
necessariamente uma doença. "Pode acontecer por causa de prematuridade,
baixo peso ou ainda uso de alimentação auxiliar além do leite materno",
enumera Maria Teresa. "Caso dê positivo no segundo exame, a criança é
encaminhada para consulta na unidade de genética, onde são solicitados
exames confirmatórios. Uma vez confirmada, é iniciado o tratamento com
equipe de saúde multidisciplinar", detalha a médica geneticista.
Entre
as doenças mais comumente encontradas está a deficiência de
Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD), enzima presente nas células do
corpo que auxilia na produção de substâncias que as protegem de fatores
oxidantes. A doença só pode ser diagnosticada no teste do pezinho
ampliado. O não tratamento pode acarretar sequelas neurológicas.
Porém,
quando descoberta, a doença não impede um desenvolvimento saudável da
criança. Que o diga o mecânico Josélio Barros, cujos dois filhos foram
diagnosticados com a ausência da G6PD. "Descobrimos no teste do pezinho e
logo iniciamos o tratamento. A cada consulta, a médica vai instruindo o
que eles podem comer ou não e, assim, vivem normalmente. Como seguimos
certinho, eles não têm sintomas", diz o pai de Alice, de 1 ano e seis
meses, e de Samuel, de 4 anos.
O
tratamento para a doença inclui restrição à proteína e a inclusão de
uma fórmula metabólica especial durante toda a vida. "O objetivo do
tratamento é evitar as complicações da doença e as sequelas
neurológicas. Caso não seja tratada, a criança pode ter microcefalia,
convulsões, atraso de desenvolvimento e retardo mental", explica Maria
Teresa Rosa.
TECNOLOGIA – A
G6PD é uma das 30 doenças diagnosticas pela rede pública do DF. O teste
ampliado no DF é possível graças a uma tecnologia chamada
espectrometria de massas, feita em um aparelho que permite fazer a
análise das amostras de sangue de 1,2 mil crianças de uma única vez e
diagnostica 23 exames. O diagnóstico das outras sete doenças é feito em
outros tipos de aparelhos, de última geração, chegados à Secretaria de
Saúde no início deste ano.
CONSCIENTIZAÇÃO – Nesta
terça-feira (6) é Dia Nacional do Teste do Pezinho, data criada com o
objetivo de alertar a população para a importância de se realizar o
exame de prevenção.
Segundo
o Ministério da Saúde, em sua versão mais simples, o teste do pezinho
foi introduzido no Brasil na década de 1970 para identificar duas
doenças: a fenilcetonúria e o hipotireoídismo congênito. Ambas, se não
tratadas a tempo, podem levar à deficiência mental. Desde 1992, o teste
se tornou obrigatório em todo o país e, em 2001, o Ministério da Saúde
criou o Programa Nacional de Triagem Neonatal.
Fonte: Agência Saúde
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