Senado
rejeita suspensão de Renan e aprofunda guerra entre poderes
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O senador Renan Calheiros (C) chega no Congresso Nacional acompanhado pelo vice-presidente do Senado, Jorge Vianna (D), em Brasília, no dia 6 de dezembro de 2016 |
O
Senado decidiu nesta terça-feira (6) manter o presidente Renan
Calheiros (PMDB-AL) no cargo, desconsiderando a decisão do ministro
Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na véspera
havia ordenado sua suspensão por acusação de peculato - uma medida que
aprofunda a guerra entre os poderes.
A
Mesa Diretora do Senado rejeitou a decisão "monocrática" do magistrado e
informou que aguardará que o plenário de 11 juízes da máxima corte se
manifeste a respeito, antes de suspender Renan da presidência da Casa.
"Ao
tomar a decisão a nove dias do fim do mandato de um presidente de
poder, em decisão monocrática, a democracia, mesmo no Brasil, não merece
esse fim", declarou Renan, em breve entrevista, após uma reunião de
várias horas com membros da Mesa Diretora e com líderes de partidos.
Na
segunda-feira (5), Marco Aurélio acolheu medida cautelar apresentada
pelo partido Rede Sustentabilidade, alegando que quem estiver
enfrentando um processo judicial - caso de Renan Calheiros - não pode se
manter na linha de sucessão presidencial.
O
STF decidiu na semana passada julgar Renan por peculato por desviar
dinheiro público para pagar uma pensão alimentícia de uma filha nascida
de um relacionamento extraconjugal.
O
caso remonta a 2007 e é o primeiro processo aberto pelo STF contra o
poderoso senador em meio à dúzia de investigações de que é alvo, muitas
delas relacionadas com o processo sobre o esquema de corrupção na
Petrobras.
Os
demais juízes do STF analisarão nesta quarta-feira se mantêm ou
revertem a suspensão decidida pelo colega, confirmou o Supremo.
Por
meio de seus advogados, o Senado já tinha rejeitado nesta terça a
medida cautelar, alegando que viola "a separação de poderes" e
representa "um enorme risco para o andamento normal dos trabalhos
legislativos".
Aliado-chave do governo
Renan
tem sido um aliado-chave para assegurar que o plano de austeridade do
governo Temer, que visa a cortar as despesas do Estado, avance a todo
vapor.
Às
vésperas do recesso, o Senado ainda tem na agenda votações cruciais
para o plano de ajuste, como a votação final na próxima terça-feira da
emenda constitucional para congelar os gastos públicos nos próximos 20
anos.
A proposta já foi aprovada pelos deputados em duas votações e ainda deve passar por mais uma votação no Senado.
Os
planos do governo de acelerar as reformas poderiam se complicar se
Renan acabar sendo afastado do cargo do presidente do Senado.
Velho
cacique da política nacional e eleito senador pela primeira vez em
1994, Renan foi nomeado quatro vezes à presidência da Câmara alta, de
onde sempre foi um interlocutor de primeira linha nas esferas de poder.
Até
agora, nenhum dos escândalos que o circundaram ao longo de sua carreira
o impediu de ser reeleito e voltar a ocupar a cadeira principal do
Senado.
Mas
no começo de novembro, seis dos 11 juízes do STF votaram a favor de
proibir que políticos processados possam aparecer na linha sucessória da
Presidência da República. A votação não foi concluída porque o juiz
Dias Toffoli pediu mais tempo para analisar o caso.
Mello,
no entanto, considerou que essa maioria "absoluta já formada" era
suficiente para acolher a medida cautelar contra Renan até que a votação
seja concluída.
Guerra de poderes?
O presidente do Senado é apontado como um dos principais promotores de uma "guerra" entre os poderes da República.
Enquanto
os legisladores denunciam abusos de parte do Poder Judiciário - que
mantém muitos deles sob a mira por envolvimento em casos de corrupção -,
juízes afirmam que o Legislativo tenta cercear seu trabalho, criando
normas para intimidá-los.
Fonte: AFP
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