quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Miss Minas Gerais não se deixa abater por doença que pode causar cegueira

Janaína Barcelos ficou em segundo lugar no concurso Miss Brasil 2013 e vive superando as dificuldades impostas pela retino se pigmentar, uma doença sem cura que leva à cegueira. Uma a cada cinco mil pessoas no mundo sofre do problema que degenera gradativamente a retina

 
  
Janaína já perdeu a visão periferial e diz enxergar pouquíssimo com pouca luz. A mineira relatou ter tido dificuldade para caminhar durante a final do Miss Brasil 2013. Segundo ela, para não fazer feio durante o concurso teve de memorizar durante os treinos o caminho a ser percorrido
Janaína já perdeu a visão periferial e diz enxergar pouquíssimo com pouca luz. A mineira relatou ter tido dificuldade para caminhar durante a final do Miss Brasil 2013. Segundo ela, para não fazer feio durante o concurso teve de memorizar durante os treinos o caminho a ser percorrido
O auditório está escuro. Os holofotes que iluminam o lugar deveriam ser suficientes para as câmeras de TV e para pessoas com visão normal transitarem sem problema pelo palco, mas esse não é o caso para Janaína. Durante o dia ela só enxerga o que está no centro de seu campo de visão e quando a luz é baixa a situação se complica ainda mais. Tudo parece como uma tela de celular sem brilho, cercada por uma borda, como aquela criada pela iluminação de uma vela. Persistente, ela decora o caminho que terá de percorrer enquanto a luz lhe permite ver e, à noite, quando a visão começa a falhar, ela se foca no pouco que consegue enxergar e no trajeto que memorizou.

Pela televisão pode não ter dado para perceber, mas foi assim que a miss Minas Gerais, a estudante de jornalismo Janaína Barcelos, de 25 anos, se preparou para a final do concurso Miss Brasil, que aconteceu no último final de semana em Belo Horizonte.

 

A mineira de Betim, na Grande BH, faz parte de um grupo significativo de cerca de 50 mil brasileiros diagnosticados com retinose pigmentar, uma doença degenerativa e irreversível na retina. Apesar do número ser pequeno diante do tamanho da população brasileira, a gravidade da doença torna essa marca muito expressiva. “Essa é uma doença com um impacto social grande na vida de seus portadores, por isso esse número deve ser considerado grande. E a nossa percepção é de que o número real deles seja ainda maior”, afirma o oftalmologista e diretor do Hospital de Olhos de BH, Ricardo Guimarães.
 
Janaína descobriu que tinha a doença aos 23 anos, mesma faixa etária em que a maioria dos portadores são diagnosticados com retinose pigmentar. Há algum tempo ela já se achava um pouco desengonçada por sempre tropeçar em objetos no chão. À noite, em baladas ou na rua, a visão deixava muito a desejar. E foi depois de ter chutado um hidrante, que não viu na rua, que ela decidiu procurar ajuda especializada.

O que é?
Um erro genético na formação do DNA é o responsável pela perda gradual da visão. O problema acontece na retina, a 'lente' que capta luz no olho. Ela é composta por células fotoconversoras, chamadas cones e bastonetes. As primeiras são responsáveis pela nossa visão de detalhes (usada para leitura, por exemplo) e as últimas, pela visão de navegação. “Ambas traduzem a luz captada pelos olhos em impulsos nervosos levados a diversos pontos do nosso cérebro através do nervo óptico. Nas pessoas com retinose pigmentar, essas células morrem gradualmente, o que leva à perda da visão”, explica Guimarães.
Para uma pessoa com os primeiros sintomas de retinose pigmentar, o campo de visão fica parecido com uma imagem iluminada por uma vela, com o centro nítido e as bordas nebulosas (Reprodução Instagram)
Para uma pessoa com os primeiros sintomas de retinose pigmentar, o campo de visão fica parecido com uma imagem iluminada por uma vela, com o centro nítido e as bordas nebulosas.
 
Fonte: Uai.com
 

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