terça-feira, 2 de março de 2021

Com retração econômica em 2020, Brasil perto de outra ‘década perdida’

 ECONOMIA

Com retração econômica em 2020, Brasil perto de outra ‘década perdida’

O ministro da Economia, Paulo Guedes, em 5 de fevereiro de 2021 - AFP



O Brasil anunciará nesta quarta-feira (3) uma das maiores retrações econômicas anuais de sua história, prevista em mais de 4% em 2020, fechando uma nova “década perdida”, e enfrenta este ano a “volatilidade e incerteza” por causa de sua gestão da pandemia, segundo analistas.


A queda da principal economia latino-americana foi de 4,2%, segundo estimativa média de 40 especialistas consultados pelo jornal Valor Econômico. Se confirmada, marcaria o terceiro maior colapso anual desde o início do século XX, após o de 1981 (-4,25%) e 1990 (-4,35%), na chamada “década perdida” da América Latina, atingida pela crise da dívida.

O Brasil tentava se recuperava da crise de 2015-2016 (quando seu PIB teve retração de 6,7% em dois anos), mas a pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de 255 mil mortos no país, frustrou esses esforços.

Se as projeções se confirmarem, o crescimento médio anual do Brasil no período 2011-2020 será de 0,29%, inferior ao de 1981 a 1990 (1,66%).

A queda registrada no último ano foi bem menor do que a prevista pelo FMI em junho (-9,1%) e do que a de outras economias regionais, como México (-8,5%) ou Argentina (-10%), graças à ajuda concedida pelo governo de abril a dezembro para um terço dos 212 milhões de brasileiros.

Assim, o país saiu com força da recessão no terceiro trimestre (+7,7%) e registrou no quarto, de acordo com as projeções, uma expansão de 2,8% frente ao trimestre anterior.

Mas o auxílio foi interrompido em janeiro, e junto com ele também se reduzira a atividade econômica, tudo isso em meio a uma nova fase de agravamento da doença – que pela primeira vez deixa mais de 1.100 mortes por dia, em média semanal.

Os analistas preveem uma nova queda do PIB no primeiro trimestre deste ano, seguido de um segundo trimestre de dúvida e uma recuperação apenas no segundo semestre, com fechamento do ano com expansão de 3,29%, de acordo com as projeções do mercado.

Mas a retomada econômica depende do avanço da campanha de vacinação, ameaçada pela falta de suprimentos provocada, segundo analistas, pela caótica gestão da pandemia por parte do governo de Jair Bolsonaro.

“O crescimento em 2021 dependerá muito do ritmo e da eficácia da vacinação”, afirma o Boletim Macro de fevereiro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE).

O país se depara com um cenário de “heterogeneidade, volatilidade e incerteza” e “possíveis atrasos no processo de imunização da população, piora na percepção do risco fiscal e os desafios do cenário político são alguns fatores que podem abalar a frágil retomada econômica”, acrescenta.

O consultor Sergio Vale, da MB Associados, também alerta que, por conta de uma retomada inflacionária, o Banco Central (BCB) pode aumentar sua taxa básica em março, que se mantém na baixa histórica de 2% desde agosto para estimular o consumo e o investimento.

Vale ressalta que a prudência dos investidores aumentará, após a decisão de Bolsonaro de substituir o presidente da Petrobras, provocando o colapso das ações da empresa, que é controlada pelo Estado, mas tem capital aberto.

Nesse contexto, em 2021 “as commodities serão o carro-chefe”, as matérias-primas exportadas, impulsionadas pela demanda chinesa e pela desvalorização do real frente ao dólar, explica Vale.


AFP


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Embaixador diz que Reino Unido continua apoiando entrada do Brasil na OCDE


ECONOMIA


CRÉDITO: INFOMONEY



O embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, parabenizou nesta terça-feira os “esforços” empenhados pelo País para adotar as recomendações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na qual o Brasil deseja ingressar. Em evento de lançamento oficial do relatório da OCDE sobre a governança das estatais brasileiras, Wilson afirmou que o Reino Unido continua apoiando o processo de entrada do Brasil na organização.

“O Reino Unido tem desempenhado um papel importante na cooperação OCDE/Brasil”, disse o embaixador. “O relatório que será discutido é um trabalho impressionante. Parabenizamos o Brasil pelos esforços empenhados nesse projeto”, continuou Wilson.

O evento é realizado em meio a um clima de desconfiança sobre a ingerência do governo Bolsonaro em estatais, após o presidente mostrar insatisfação com a política de reajustes adotada pela Petrobras, e indicar o general Joaquim Silva e Luna para comandar a petroleira no lugar de Roberto Castello Branco.

A situação ainda é marcada por mais uma baixa na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, com a saída do secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), Amaro Gomes. No seu lugar, assumirá o secretário-adjunto, Ricardo Faria, que coordenou a elaboração de relatório sobre benefícios e auxílios para os empregados das estatais federais, divulgado no início do mês.

O governo brasileiro tem adotado uma série de medidas que se traduzem num esforço para fazer vingar sua candidatura a membro pleno da OCDE.

No âmbito das estatais, um passo recente foi dado quando o Ministério da Economia lançou o ‘Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais’, que reúne dados das 46 estatais de controle direto da União e consolida informações contábeis, de gastos com pessoal e reajustes salariais de pelo menos os últimos cinco anos, entre outros números.



ESTADÃO CONTEÚDO


Sony encerra atividades no Brasil. Câmeras, TVs e equipamentos de áudio deixam de ser vendidos

 MERCADO TECNÓLOGICO

Gigante de tecnologia antecipou encerramento de atividades comerciais em setembro de 2020. Venda do PlayStation continua


SÃO PAULO – A Sony anunciou nesta segunda-feira (1) o encerramento de suas atividades comerciais no BrasilCâmerasTVs e equipamentos de áudio estão entre os produtos que deixarão de ser vendidos por aqui. Outras categorias, como consoles para jogos, seguirão “atuando no mercado local sem nenhuma mudança”, disse a Sony em comunicado postado em suas próprias redes sociais.

A empresa japonesa de produtos eletroeletrônicos já havia anunciado, há alguns meses, o encerramento das operações em março de 2021. Em setembro de 2020, essa promessa surgiu junto do anúncio de fechamento da sua única fábrica brasileira, em Manaus (Amazonas).

A companhia afirmou na época que a decisão “visa fortalecer a estrutura e a sustentabilidade de seus negócios, para responder às rápidas mudanças no ambiente externo.”

Além da venda e distribuição do console para games PlayStation, a Sony Music e Sony Pictures também vão continuar operando no país. A marca, que atua há 48 anos no Brasil, também afirmou que manterá serviços de atendimento após a venda e assistência técnica para todos os seus produtos.

Veja o comunicado completo:

Como anunciado em setembro de 2020, a Sony Brasil irá encerrar suas atividades comerciais ao final do mês de março de 2021. Com isso, iremos interromper as vendas de produtos eletrônicos como TVs, câmeras e equipamentos de áudio. Os demais negócios do grupo Sony (Games, Soluções Profissionais, Music e Pictures) seguirão atuando no mercado local sem nenhuma mudança.

Queremos reiterar que manteremos a alta qualidade de pós-venda e suporte de reparo para todos os produtos sob nossa responsabilidade comercial pelo tempo necessário, estando em conformidade com os regulamentos e requisitos locais de proteção aos consumidores, política e garantia de produtos.

Também queremos agradecer por todo apoio e confiança que vocês depositaram em nossa marca ao longo de todos esses anos. Juntos, tivemos vários momentos conectados através da arte, do entretenimento e do amor pela tecnologia.



Muito obrigado!

Sony Brasil.

Brasil está na contramão do mundo, afirma colunista

 MUNDO

Alberto do Amaral não vê perspectivas para o fim da pandemia, “em virtude de um governo omisso e da condenação sistemática da ciência, o chamado negacionismo”



FOTO: REPRODUÇÃO


O Brasil segue na contramão do mundo um ano após a pandemia de covid-19.  Os países do hemisfério norte, como os Estados Unidos, Reino Unido e Portugal, já têm perspectivas de finalizar a pandemia. Nos Estados Unidos, provavelmente em julho ou agosto, final do verão, o país terá condições de imunizar a maior parte da população; o mesmo deverá ocorrer com o Reino Unido e até com Portugal, que adotou um “lockdown” severo. O Brasil,  ao contrário,  se encontra no auge da pandemia e em situação pior que a registrada em igual período do ano passado.

O número de mortes já passa dos 250.000,  isso sem falar dos milhões de contaminados. “Não há perspectiva à vista para o final da pandemia e isto em virtude de um governo omisso e da condenação sistemática da ciência, o chamado  negacionismo”, afirma Alberto do Amaral Jr.. Além do mais “o Ministério da Saúde hoje está colonizado por militares sem qualquer conhecimento específico sobre medidas sanitárias”. O Brasil só começou a vacinar após o governo do Estado de São Paulo impor uma data, 25 de janeiro, para dar início à vacinação no Estado, e então o governo federal foi atrás. Por todas essas questões,de acordo com o colunista, o Brasil está hoje na contramão do mundo.


Um Olhar sobre o Mundo A coluna Um Olhar sobre o Mundo, com o professor Alberto Amaral, vai ao ar toda terça-feira às 10h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.


Mais da metade dos rios do mundo estão poluídos por humanos

 MUNDO

Em um estudo recentemente publicado, os investigadores revelam algumas estatísticas alarmantes, segundo as quais mais de metade dos rios do mundo foram afetados pela atividade humana.



Espécies de peixes de rio
As espécies de peixes são afetadas pelos efeitos da atividade humana nos habitats de água doce.

Apenas 1% da Terra está coberta de lagos, riachos e rios, mas estes ambientes são o lar de milhares de espécies de peixes - constituindo um quarto de todos os peixes do mundo. São também ecossistemas importantes para a vida circundante, fornecendo alimento e água limpa.

As provas mostram que desde o início da revolução industrial em particular, os seres humanos têm tido um impacto negativo nos ambientes de água doce. No início da revolução industrial, as fábricas começaram a despejar resíduos nos cursos de água.

Investigação dos impactos humanos na biodiversidade fluvial

Investigadores de diferentes instituições em França e na China completaram um estudo sobre o impacto humano nos sistemas fluviais do mundo ao longo dos últimos dois séculos. Os resultados do projeto de uma década foram publicados na revista académica Science.

Começando o seu estudo há uma década, recolheram dados de cerca de 2.500 bacias hidrográficas, com mais de 10.000 espécies de peixes examinadas. Ao considerar o número de espécies numa área e as ligações evolutivas entre elas, os investigadores determinaram o nível de impacto humano sobre a biodiversidade, utilizando uma escala de 1 a 10.

Mais de metade das bacias hidrográficas a nível global parece ter sido afetada negativamente pela atividade humana - especialmente na Europa e América do Norte.Os resultados mostraram que mais de 50% de todas as bacias hidrográficas do mundo sofreram enorme impacto da atividade humana. Grandes rios na Europa e América do Norte foram extremamente afetados, incluindo o Tamisa em Londres, que foi classificado como extremamente, com 10.


Apenas 14% dos rios globais foram considerados como menos afetados, e estes estavam em regiões subdesenvolvidas em África e em partes remotas da Austrália. Pensava-se que séculos de atividade industrial, como a pesca excessiva, a poluição da água e as alterações climáticas, ameaçaram estes habitats aquáticos.

Rios mais modificados nos países temperados e desenvolvidos

Os rios de climas temperados, como no Reino Unido, foram considerados os mais perturbados, onde se pensava que as alterações na biodiversidade se deviam principalmente à fragmentação dos rios e à introdução de novas espécies invasoras. Estes podem soar como processos naturais, mas não são. A fragmentação dos rios é frequentemente o resultado de modificações causadas pela atividade humana, potencialmente ocorridas devido a barragens ou outras modificações que podem interromper o fluxo natural de um rio. As espécies invasoras não são nativas da zona, e foram introduzidas pela intervenção humana.

Um ativista de Exeter, pertencente à Youth Climate Coalition, Frankie Mayo, ficou triste com os resultados do estudo, contando à Radio 1 Newsbeat: "Diz que nós, como sociedade, não valorizamos o que devemos e isso está a causar uma rutura climática. Estamos a perder a nossa vida selvagem, os espaços naturais e a nossa ligação com a natureza".

Com veto, Bolsonaro sanciona MP que facilita compra de vacinas contra Covid-19

 PANDEMIA

Medida Provisória diz que Anvisa tem que dar autorização em cinco dias

Anna Gabriela Costa, da CNN, em São Paulo


FOTO: REPRODUÇÃO AGÊNCIA BRASIL


presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou, nesta segunda-feira (1), com vetos, a Medida Provisória das vacinas. De acordo com o governo, a lei autoriza o Poder Executivo federal a aderir ao Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19 , o Covax Facility, e estabelece diretrizes para a imunização da população.

A Medida Provisória prevê dispensa de licitação e contém regras mais flexíveis para os contratos. O texto também determina que a aplicação de vacinas nos brasileiros deverá seguir o previsto no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 do Ministério da Saúde. 

"A medida se justifica ante a situação de crise sanitária mundial decorrente da Covid-19, para atender a necessidade da realização de ações que assegurem a imunização da população mediante a adesão do Brasil ao Covax Facility e aquisição de vacinas por meio desse instrumento", informou o Ministério da Saúde. 

Após a manifestação técnica dos ministérios competentes, o presidente decidiu vetar alguns pontos, o primeiro deles tratava sobre o dever da Anvisa de conceder autorização temporária de uso emergencial para a importação, a distribuição e o uso de qualquer vacina contra a Covid-19 pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, em até cinco dias após a submissão do pedido.

"Dispensada a autorização de qualquer outro órgão da administração pública direta ou indireta, e desde que pelo menos uma das autoridades sanitárias estrangeiras elencadas no dispositivo tenha aprovado a vacina e autorizado sua utilização em seus respectivos países", inclui o veto. 

Em nota, o ministério da Saúde afirma que "a medida contrariava o interesse público ao tornar compulsória a autorização temporária de uso emergencial para a importação, de forma a dispensar a prévia análise técnica por parte da Anvisa acerca da segurança, qualidade e eficácia em cada caso, em prejuízo das competências legais da Agência para garantir o acesso a vacinas com qualidade, segurança e eficácia em território nacional, por meio de avaliação eventual risco de doença ou agravo à saúde da população". 

Outro ponto de veto foi o que previa que, "no caso de omissão ou de coordenação inadequada das ações de imunização de competência do Ministério da Saúde referidas neste artigo, ficam os estados, os municípios e o Distrito Federal autorizados, no âmbito de suas competências, a adotar as medidas necessárias com vistas à imunização de suas respectivas populações, cabendo à União a responsabilidade por todas as despesas incorridas para essa finalidade". 

Covax Facility

A Covax Facility é uma aliança internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS), Gavi Alliance e da Coalition for Epidemic Preparedeness Innovations (CEPI), que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a Covid-19 a partir da alocação global de recursos para que todos os países aderentes à iniciativa tenham acesso igualitário à imunização.

Trata-se de uma plataforma colaborativa, subsidiada pelos países-membros, que também visa possibilitar a negociação de preços dos imunizantes.