quinta-feira, 18 de junho de 2020

Secretário do Esporte do RS analisa volta do Gauchão: "Não podemos brincar com vidas"

ESPORTES
Francisco Vargas conversou com o GloboEsporte.com antes da reunião desta quinta e disse que FGF "precisa convencer"

Na semana passada a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) apresentou um protocolo para o governo do Rio Grande do Sul para retomar o Gauchão. Antes da reunião entre FGF e autoridades estaduais nesta quinta, o secretário do Esporte e Lazer, Francisco Vargas, falou sobre as possibilidades de retorno da competição, as dificuldades desta iniciativa e quando isso poderá ocorrer.
Afinal, será possível o Campeonato Gaúcho ser disputado em uma sede única? E há como prever uma nova data para o reinício da competição? Esses e outros assuntos acerca do Gauchão você confere em trechos da entrevista exclusiva com o secretário.
O governo estadual, representado pela integrante do comitê de crise, Leany Lemos, e demais representantes, se reunirá com membros da Federação Gaúcha de Futebol às 14h desta quinta-feira. O objetivo é avançar na pauta para retomar a competição. Ainda que não seja uma reunião definitiva.
Secretário de Esportes do RS, Francisco Vargas, em dia de sua posse — Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
Secretário de Esportes do RS, Francisco Vargas, em dia de sua posse — Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Confira trechos da entrevista:

GloboEsporte.com: Como tem sido o trabalho da secretaria junto a demais entidades, como a Federação Gaúcha de Futebol e a dupla Gre-Nal?
Secretário de Esportes Francisco Vargas: Os problemas não são poucos, a crise é mundial, todos país praticamente passando por extremas dificuldades. Para nós não é diferente. Afora as reuniões com a FGF, trabalhamos de forma intensa na secretaria, recebemos diferentes profissionais e presidentes de federações. Todos preocupados pensando no retorno. Infelizmente as noticias não são boas. No final de semana que passou tivemos a mudança de bandeiras. Isso é muito ruim para todos os setores do nosso estado, economia, Secretaria de Saúde, para o comércio em geral, e isso abrange também o esporte.
Está confiante na retomada do Campeonato Gaúcho?
É uma pergunta complexa de responder. Houve mudança para bandeiras vermelhas que atingem inclusive a possibilidade de se utilizar algumas dessas sedes, como a Serra. Portanto a notícia não é alentadora. Como disse o governador, a FGF precisa convencer o nosso comitê gestor que trata dessas questões. O governador na melhor das vontades tem interesse na recuperação econômica. Mas não podemos brincar com vidas humanas.
Se falou muito datas de reinício para meados de julho. Há como prever uma nova data?
Não posso responder pela FGF. Nos foi colocado quando nos reunimos que 15 ou 19 de julho. Posteriormente conversando com o presidente (da FGF) ficou meio que certa a data de 19 de julho. Acredito que com essas questões negativas que se apresentam no momento, possa sim se retardar um pouco mais o início das atividades esportivas e o futebol em particular.
Data de retorno do Gauchão deve ser alterada; previsão de retomada era em julho


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Data de retorno do Gauchão deve ser alterada; previsão de retomada era em julho
O que você quer dizer com “pouco mais”?
Considerando que retornar uma bandeira de maior periculosidade para uma de menor leva duas semanas, acho que o tempo de se pensar o retorno seriam duas semanas após 19 de julho.
Já vimos que a redução de sedes no campeonato se torna uma saída. O assunto sede única surge nesse debate também?
A ideia inicial não era sede única. Possivelmente essa possibilidade esteja sendo pensada pela FGF. Pela perspectiva que se apresenta hoje, é talvez uma saída. Inclusive optando por uma sede, por exemplo, de Pelotas. Poderia a 60km utilizar a sede de Rio Grande. Porto Alegre é bandeira laranja e me parece que o comitê gestor esteja irredutível em realizar eventos esportivos em bandeira laranja.
Mas você enxerga viabilidade para sede única para o restante do Gauchão em termos de uma cidade só, por exemplo?
Não posso te responder isso. Tem que estar presente no projeto que a FGF apresentará. A Federação terá que ter muita criatividade e um poder de convencimento muito grande. Poder? Pode, sim. Nos Estados Unidos a NBA vai se reunir em sede única. Mas é um lugar imenso, com vários hotéis, muitas quadras e que possibilita o encontro de um número considerável de jogadores. Não creio que o nosso estado tenha essa capacidade de absorção de um número tão grande de delegações. São 12 delegações em um primeiro momento. É possível, mas é difícil.
Que pontos você poderia destacar no protocolo apresentado pela FGF para a volta do Gauchão?
Reduz o número de pessoas no estádio, lógico que sem torcida. Serão feitos testagem em atletas, comissão, membros da FGF, até gandulas serão reduzidos, imprensa reduzida drasticamente. Equipes e jogadores reservas utilizando máscaras, distanciamento entre essas pessoas.
Entenda como distanciamento controlado do RS afeta retorno do Gauchão

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Entenda como distanciamento controlado do RS afeta retorno do Gauchão
O que você viu de positivo?
Chama atenção a redução de sedes, é fundamental. É importante a redução de quilometragem rodada pelas equipes, quanto mais diminuirmos a distância melhor será, evitando longas viagens. O mínimo contato entre as delegações. A testagem dos atletas é importantíssima, de todos envolvidos na partidas. A diminuição do número de clubes após três rodadas. Aí terminamos a fase inicial do Gauchão e vamos para a final. Possivelmente, creio eu, a FGF possa alterar a normativa dessa parte final. Se fossem exigidas, a FGF poderia pensar a diminuição desses números de jogos.
Menos jogos nas fases finais, diminuiria mais ainda as sedes ou não?
Já ouvi declarações do pessoal de Pelotas: “Por que eu, de sede amarela, vou me deslocar até Porto Alegre para bandeira laranja para disputar um jogo?”. Lógico que na perspectiva de Pelotas o jogo tem que ser disputado lá. Uma coisa importante que não podemos esquecer, a palavra final ainda diz respeito aos prefeitos dos municípios, cada um tem seu regramento, que poderão ou não aceitar esses jogos em suas cidades.
Há pontos que você enxerga que possam evoluir?
O número de pessoas no campo. Talvez uma redução ainda maior se possível. Temos indicadas pela FGF, há 12 dias, 200 pessoas. Já reduziu muito. Entravam 500 pessoas no campo de jogo antes. Não existe a possibilidade de reduzir ainda mais? Seria um ponto bastante positivo. Também em relação a testagem. Quem sabe ser feita com maior antecedência. Em vista de que um negativo pode ser falso negativo. Ou seja a pessoa pode ser assintomática e dar negativo. Se a testagem for feita com antecedência, possivelmente teríamos garantia maior. Não sou médico. Creio que essas questões têm que ser discutidas. A Secretaria da Saúde do RS seguramente estará muito atenta quanto isso.
Secretario Francisco Vargas em encontro cm presidente do Grêmio, Romildo Bolzan — Foto: Jessica Maldonado/Grêmio
Secretario Francisco Vargas em encontro cm presidente do Grêmio, Romildo Bolzan — Foto: Jessica Maldonado/Grêmio
Há como o futebol voltar a ser praticado sem levar em conta as bandeiras de distanciamento controlado adotadas no RS?
Que o futebol é uma bolha nós sabemos, de salários altíssimos, de satisfação na sociedade. Mas eu não vejo a mínima possibilidade dessa bolha prosperar em relação ao futebol, tendo em vista que o governador é irredutível em questões de vida humana.
Qual sua projeção de resultado após a reunião desta quinta-feira com a Federação Gaúcha de Futebol? Ou é apenas mais uma reunião, mais um degrau?
É um degrau alto de uma escada íngreme. A doutora Leany levará essa questão para o comitê de gestão de crise. A decisão não é instantânea ao final da reunião. O governador será consultado, possivelmente não estará presente. Não teremos a resposta quinta com certeza.


    FONTE: GLOBOESPORTE

Campeão olímpico exonerado diz que troca de comando paralisou Secretaria do Esporte

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Campeão olímpico exonerado diz que troca de comando paralisou Secretaria do Esporte
Foto: Reprodução
Exonerado da Secretaria Especial de Esportes do Governo Federal (veja aqui) na última segunda-feira (15), pelo Diário Oficial da União (DOU), o campeão olímpico Emanuel Rego disse à coluna Painel o jornal Folha de S. Paulo que as ações da pasta foram paralisadas desde a chegada de Marcelo Magalhães ao comando no lugar do general Décio Brasil em março. O novo chefe foi padrinho de casamento do senador Flávio Bolsonaro (sem partido).

"A mudança causou uma parada na Secretaria. A liderança do General Décio Brasil foi importante para compor o corpo técnico nas secretarias nacionais e colocar em prática as políticas públicas esportivas, orientadas pelo plano estratégico. Com a mudança de liderança, a execução foi interrompida e trouxe expectativas pela nova proposta de gestão que, por causa da pandemia, ainda não foi apresentada pelo novo secretário especial", declarou.

Na Secretaria Especial do Esporte, Emanuel ocupava o cargo de secretário nacional de alto rendimento desde maio do ano passado. Ele fazia parte do governo desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em janeiro de 2019. Ex-jogador de vôlei de Praia, ele foi exonerado da pasta na última segunda, cinco dias após a sua esposa, a ex-jogadora de vôlei e senadora, Leila Barros (PSB-DF) criticar o ministro da Educação Abraham Weintraub. Desde a última segunda, Emanuel ainda não recebeu nenhuma explicação sobre sua exoneração, que ficou sabendo apenas pela publicação no DOU.  

"Não tive explicação ainda sobre a decisão", disse. "Prefiro acreditar que os motivos tenham sido outros. Eu e Leila sempre tivemos trajetórias independentes, sem influências em nossas decisões. Sempre priorizei as questões técnicas para realizar as políticas públicas esportivas", completou.

Na carreira de jogador, Emanuel conquistou a medalha de ouro no Vôlei de Praia nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004.

FONTE: BAHIA NOTÍCIAS