quinta-feira, 21 de maio de 2020

Ciclone Amphan devasta Índia e Bangladesh

MUNDO
Até o momento, Índia registrou 72 mortes e Bangladesh, 12. Milhares de pessoas foram deslocadas para abrigos preventivamente.
Vista aérea mostra voluntários e moradores trabalhando , nesta quinta-feira (21) para reparar uma barragem danificada após
 a passagem do ciclone Amphan em Burigoalini, em Bangladesh — Foto: Munir uz Zaman / AFP

Centenas de vilas costeiras ficaram inundadas, colheitas foram perdidas e milhares de casas foram destruídas na passagem do ciclone Amphan, na Índia e Bangladesh, nesta quinta-feira (21). A tempestade, que provocou uma "devastação sem precedentes", ainda deixou 84 mortos.
Quase 24 horas após a chegada à terra do ciclone, que se formou na Baía de Bengala, a perda de vidas humanas parece provisoriamente muito menor do que a causada no passado recente por outros ciclones na região.
A Índia contabilizou 72 mortes no estado de Bengala Ocidental e Bangladesh registrou 12 pessoas mortas em seu território, segundo balanços oficiais ainda provisórios.
Experientes no gerenciamento de ciclones e com sistemas eficazes de monitoramento climático, os dois países do sul da Ásia retiraram preventivamente mais de três milhões de pessoas de suas casas.
"Foi uma tempestade poderosa. Mas gradualmente perdeu força nos três dias antes de atingir o estado indiano de Bengala Ocidental", declarou à AFP Nayeem Wahra, especialista em desastres naturais em Bangladesh.
Homem se protege com plástico enquanto caminha provocada pelo ciclone Amphan, no distrito de Bhadrak, no estado indiano de Orissa, na quarta-feira (20) — Foto:  Associated Press
Homem se protege com plástico enquanto caminha provocada pelo ciclone Amphan, no distrito de Bhadrak, no estado indiano de Orissa, na quarta-feira (20) — Foto: Associated Press
Depois de surgir no último fim de semana na Índia, Amphan alcançou na quarta-feira à tarde o sul da grande cidade de Calcutá, acompanhado por ventos de 165 km/h e chuva torrencial.
Enquanto os ventos varriam a cidade de Tala, em Bangladesh, Shafiqul Islam passou três horas intermináveis escondido debaixo da cama com sua esposa e dois filhos, consumido pelo remorso de ter cometido o "grande erro" de não ir com a família para um abrigo.
Quando finalmente saiu, a casa estava destruída. "A maioria das casas de nossos vizinhos estava no chão."Estivemos à beira da morte", relatou o agricultor de 40 anos.
Ao derrubar postes e destruir cabos e transformadores, o ciclone provocou cortes de energia que afetaram 15 milhões de pessoas em Bangladesh.
Na manhã desta quarta, 10 milhões seguiam sem energia.
Na cidade de Buri Goalini, em Bangladesh, uma das mais afetadas, "o ciclone não matou pessoas. Mas destruiu nossos meios de subsistência", disse à AFP Bhabotosh Kumar Mondal. Esse funcionário municipal descreveu "um rastro de devastação".
Um aumento abrupto do nível do mar causado pelos ventos - às vezes de três metros de altura - submergiu parte da costa e fez com que ondas de água salgada alcançasse os vilarejos.
Segundo Nayeem Wahra, a "onda de tempestade" causada pelo ciclone Amphan foi, no entanto, menor do que o temido pelos meteorologistas.

Noite de terror

Na Índia, a situação é idêntica e os danos de grande magnitude.
"O ciclone Amphan devastou a costa de Bengala Ocidental. Milhares de casas foram derrubadas, árvores arrancadas, estradas submersas e colheitas destruídas", disse a repórteres Mamata Banerjee, a ministra-chefe do estado.
Depois de uma noite de terror, os 15 milhões de habitantes de Calcutá acordaram com o espetáculo de uma cidade com ruas inundadas, carros cheios de água e avenidas interditadas por árvores e postes elétricos derrubados.
As imagens mostram a pista do aeroporto internacional da cidade coberta de água.
Nesta quinta, ciclone Amphan perdia força e seguia na direção norte, degradado para uma depressão tropical. Na segunda, ele alcançou a categoria 4 de 5 na escala Saffir-Simpson, com ventos de 200 a 240 km/h.
É o ciclone mais poderoso a nascer na Baía de Bengala desde 1999, quando um ciclone matou 10 mil pessoas em Odisha, um estado costeiro no leste da Índia.
Os países da região aprenderam as lições dos devastadores ciclones das décadas anteriores: construíram milhares de abrigos para a população e implementaram políticas de evacuação rápida.
A pandemia de coronavírus, no entanto, tornou seu trabalho muito mais difícil este ano.
Para impedir a propagação do vírus, as autoridades pediram aos deslocados que respeitassem a distância física nos abrigos e usassem máscaras.
Na prática, essas medidas de precaução foram, no entanto, pouco observadas, constataram jornalistas da AFP.

FONTE: AFP

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Médicos atenderão on-line pessoas em situação de vulnerabilidade

SAÚDE
Pelo menos 250 voluntários da área de saúde irão ‘consultar’ e orientar idosos, mulheres e crianças – boa parte em regime de internação – de cinco instituições do DF

Projeto-piloto de teleatendimento desenvolvido entre o GDF e a entidade social Glória terá 250 profissionais de saúde em contato virtual com idosos, crianças e mulheres em situação de vulnerabilidade e medidas socioeducativas do DF. 
Criado por médicos voluntários, o Rede Convida, lançado na manhã de hoje (20) no Palácio do Buriti, é mais uma iniciativa do governo contra o coronavírus. O objetivo da parceria – que conta com o apoio das secretarias de Juventude, Projetos Especiais e Casa Civil – é evitar a corrida de pacientes a hospitais e postos de saúde. Os primeiros atendimentos serão realizados na próxima semana.
Foto: Renato Alves/Agência Brasília
“Trata-se do sonho de levar a medicina onde ela é difícil de chegar, com profissionais de saúde doando algo tão precioso para eles, como o seu tempo”, agradeceu Natália Polidorio, uma das idealizadoras do Rede Convida. “Nesse momento de pandemia, é necessário muita solidariedade, cumplicidade e amor”, avaliou o secretário de Juventude, Léo Bijos – o primeiro representante do GDF a abrir as portas para o projeto. 
Participaram também do evento no Palácio do Buriti o vice-governador, Paco Britto, e as secretárias Mayara Noronha Rocha (Desenvolvimento Social), Marcela Passamani (Justiça e Cidadania), e Éricka Filippelli (Mulher). O secretário-executivo de Projetos Especiais, Roberto Andrade, representou o titular da pasta, Everardo Gueiros.
Para o vice-governador, “a saúde é um direito fundamental do ser humano e o Estado não pode se omitir, principalmente nesse momento”, destacou.
 Trabalho em conjuntoCinco instituições de apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade foram convidadas a participar do projeto-piloto. A Unidade de Acolhimento para Idosos (Unai), Unidade de Acolhimento para Família (Unaf), Unidade de Acolhimento para Mulheres (Unam), Unidade de Internação Provisória São Sebastião (UIPSS) e a Casa Abrigo. 
O atendimento online será realizado por meio de uma plataforma digital que conecta os profissionais voluntários da área de saúde aos acolhidos dessas cinco instituições. Especialmente aquelas que estão em regime de internação.
A secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, enfatizou que a união de forças é a grande marca deste governo a solidariedade dos médicos. “É um investimento de amor”, declarou a secretária.
Em mensagem, o secretário de Projetos Especiais, Everardo Gueiros, disse que o DF agradece e elogia essa iniciativa pioneira. “Tenho certeza que estamos saindo na frente com muita responsabilidade”, defendeu.
Assista à íntegra da cerimônia


A plataforma conecta o profissional da saúde a pessoas localizadas em instituições de acolhimento, especialmente em regime de internação. “Estamos treinando um servidor dentro de cada instituição que irá fazer a intermediação entre essas casas de acolhimento e a nossa plataforma”, explica Cristina Castro, coordenadora do Projeto Rede Convida.

 VoluntariadoO banco de dados da Rede Convida já conta com 250 voluntários inscritos. São profissionais e estudantes de medicina, psicologia, enfermagem, fisioterapia e odontologia. Profissionais de diversas áreas para comunicação, logística, gestão e suporte de Tecnologia da Informação também estão participando do projeto, que aceita novas adesões. A Rede Convida conta ainda com o apoio da Universidade de Brasília (UnB), Projeto The Medical Explorer (Instagram)
e Projeto Ciranda Sertaneja (Instagram).


FONTE: AGÊNCIA BRASÍLIA

Caseiro é preso suspeito de estuprar menino de sete anos no DF

VIOLÊNCIA SEXUAL
Criança foi encaminhada para o Hospital Regional Brazlândia, onde precisou ser internada
Falta de energia em Hospital de Brazlândia quase levou pacientes a ...

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) prendeu um caseiro, de 48 anos, acusado de estuprar um menino de sete anos, em Brazlândia, na noite dessa terça-feira (19). Uma testemunha moradora do Núcleo Rural Chapadinha informou que o suspeito havia abusado sexualmente da criança. O homem trabalhava para a família da vítima.
O homem foi encontrado às 23h, em casa, na Quadra 08 Norte. A criança foi encaminhada para o Hospital Regional Brazlândia, onde precisou ser internada. O acusado foi autuado em flagrante por estupro de vulnerável.

FONTE: JORNAL DE BRASÍLIA

Vídeos. Sirene toca na Papuda, familiares ouvem tiros e entram em desespero

COVID-19


A confusão ocorre três dias depois de uma tentativa de fuga em massa no presídio


PapudaGLÁUCIO DETTMAR/AG.CNJ
MIRELLE PINHEIROPenitenciária do Distrito Federal (PDF 1), para entregar mantimentos aos seus respectivos parentes, entraram em pânico quando a sirene tocou, na manhã desta quarta-feira (20/05). Barulhos de tiros também foram ouvidos do lado de fora.
A confusão ocorreu três dias depois de uma tentativa de fuga em massa no presídio, que é o principal foco de coronavírus no Distrito Federal. Os últimos dados apontam que, entre servidores e detentos, há 758 testes positivos para Covid-19 no sistema. Como medida de prevenção, os internos estão sem receber visitas há mais de dois meses.
Ao Metrópoles, o subsecretário do Sistema Penitenciário do DF (Sesipe), Adval Cardoso de Matos, disse que detentos brigaram durante o banho de sol e, por isso, o efetivo disparou tiros de borracha para o alto.
“Alguns internos se desentenderam e os policiais, conforme os protocolos do presídio, pediram reforços do grupo especializado — o Dpoe. Os envolvidos foram identificados e responderão disciplinar e criminalmente”, explicou Adval Matos.
A sirene só toca em casos extremos na Papuda. É um sinal de pedido de socorro. O acionamento é feito apenas em episódios de brigas fora do controle dos policiais, bem como em rebeliões.
Por meio de nota à imprensa, a Sesipe acrescentou que os tiros disparados, com munição não letal, foram de advertência e para “controlar a situação”. “Os envolvidos sofreram lesões leves, sem a necessidade de atendimento hospitalar, decorrentes do desentendimento entre eles. Eles foram encaminhados à delegacia de polícia. O órgão esclarece que será instaurado procedimento administrativo para verificar as circunstâncias do ocorrido”, diz o texto.
Tentativa de fuga em massa
Presos do Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo Penitenciário da Papuda, tentaram fuga em massa na madrugada de domingo (17/05). A ação ocorreu por volta de 1h. Segundo informações obtidas pelo Metrópoles, os internos quebraram todos os cadeados das celas da Ala B.
Os detentos ficaram soltos pelos corredores e tentaram quebrar a parede do Pavilhão de Segurança Máxima (PSM). No local, há vários criminosos ligados a facções – eles são chamados de “faccionados”.
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Ainda de acordo com as informações obtidas pela reportagem, quando os policiais do plantão passaram por perto, viram os presos soltos na galeria e acionaram todos os diretores para comparecer ao local.
Os policiais penais também pediram reforço da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE) – a situação foi controlada. “Durante ronda rotineira nas alas na madrugada deste domingo, policiais penais flagraram internos nas galerias do Centro de Detenção Provisória, onde foram capturados pelos policiais penais”, pontuou a Sesipe.
Ainda de acordo com a subsecretaria, “os internos foram reconduzidos para outra cela e os detalhes da tentativa de fuga serão devidamente apurados. Os autores foram identificados e responderão administrativa e criminalmente pelos atos cometidos”.
Coronavírus
O sistema penitenciário do Distrito Federal registrou, nessa terça-feira (19/05), 10 novos casos confirmados do coronavírus. Com isso, o número de infectados subiu para 758. Também foram computadas duas mortes: de um servidor e de um interno.
Do total de contaminados, 555 são detentos e outros 203, policiais penais. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), 105 dos servidores infectados já se encontram recuperados.
Quatro policiais penais estão internados, sendo um no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e outros três em hospitais particulares do DF. Os demais apresentam sintomas moderados e foram afastados das atividades.
A SSP-DF ainda frisa que já foram aplicados, pela Secretaria de Saúde, mais de 3,2 mil testes em internos e policiais penais no DF.

FONTE: METRÓPOLES



Ceilândia e Sol Nascente têm maior número de mortes por Covid-19 no DF

COVID-19
Apesar da letalidade nessas regiões, incidência da infecção é mais alta no Plano Piloto e Lago Norte. Ao todo, 68 pessoas morreram por coronavírus na capital.
Rua 7 do Sol Nascente, no Distrito Federal — Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília
Ceilândia e Sol Nascente lideram o triste ranking de mortes por Covid-19 no Distrito Federal. Até a manhã desta quarta-feira (20), as duas regiões contabilizavam 15 óbitos pela doença. No total, 68 pessoas morreram pelo agravamento da infecção pelo novo coronavírus na capital.
No boletim da Secretaria de Saúde (veja abaixo), os casos de contaminação nas duas cidades são somados. O levantamento aponta ainda que, apesar da alta letalidade, juntas, essas regiões têm 379 casos registrados, atrás do Plano Piloto, com 515 ocorrências.
  • Segundo a Companhia de Planejamento (Codeplan), Ceilândia e Sol Nascente têm 456,1 mil habitantes e renda per capita de R$ 720,49.
Já no Plano Piloto e no Lago Norte – consideradas áreas nobres e com alta incidência do coronavírus – a população é bem menor, com 216,5 mil e 34,5 mil moradores respectivamente. Nessas localidades, a renda média é de R$ 4,5 mil.
Para o médico infectologista ouvido pelo G1, José David Urbaéz, na capital, o impacto de casos importados de Covid-19 pode ter relação com essa alta incidência em determinadas regiões.
"A proporção de moradores do DF que viajam para o exterior é enorme. E nas regiões onde a renda da população é maior, existe mais casos importados da doença", afirma o médico.
Para Urbaéz, o cenário também influencia o resultado dos registros. "Nas regiões de baixa renda há questões da estrutura da casa em isolamento, que pode não ser adequada. Eles [os moradores] não conseguem ficar sem trabalhar. A propagação, neste caso, é mais expressiva", explica.

Mortes por região

Entre as mortes registradas no DF, o grupo de média-baixa renda lidera o ranking. Entre 11 de abril e 19 de maio foram 34 óbitos:
  • Ceilândia (inclui Sol Nascente): 15 mortes
  • Samambaia: 7 mortes
  • Riacho Fundo I: 3 mortes
  • Santa Maria: 4 mortes
  • Planaltina: 4 morte
  • São Sebastião: 1 morte
Veja total de óbitos por região no DF — Foto: SES/Reprodução
Veja total de óbitos por região no DF — Foto: SES/Reprodução
No grupo de renda média-alta foram 21 mortes no mesmo período:
  • Águas Claras: 7 mortes
  • Guará: 6 mortes
  • Gama: 4 mortes
  • Taguatinga: 3 mortes
  • Núcleo Bandeirante: 1 morte
De acordo com a Secretaria de Saúde, o DF registra 4,3 mil casos do novo coronavírus. Na proporção por 100 mil habitantes, a incidência da doença

Sistema prisional no DF: bomba biológica prestes a explodir

COVID-19

Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal

 (CDH-DF) vem recebendo denúncias sobre descaso

Foto: Ministério Público / Divulgação

Até a data de ontem (19), 548 internos e 200 policiais penais foram infectados, totalizando 748 casos oficiais, segundo apurou reportagem do Metrópoles. No último domingo (17), a Papuda, maior presídio do DF, registrou a primeira morte, de um policial penal. Cerca de 3,1 mil testes foram aplicados nos presídios, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do GDF (Governo do Distrito Federal). A cada quatro testes, um dá positivo.
Superlotação
O Distrito Federal possui quase 17 mil pessoas em privação de liberdade e,  destas, 3.390 não têm condenação; há ainda um déficit de, pelo menos, 5.400 vagas. Em artigo disponível no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Camila Prando – Professora da Faculdade de Direito da UNB, afirma que mais de 15% das pessoas em privação de liberdade na Papuda estão contaminadas pela COVID-19, uma taxa 36 vezes maior que no restante do país, e 31 vezes a proporção de contaminação do Distrito Federal, segundo cálculos do Projeto Infovírus. (dados de 26.04/2020).
Familiares sem notícias 
“NÃO QUEREMOS IMPUNIDADE, LUTAMOS POR DIGNIDADE HUMANA; HÁ CLARA SUBSTITUIÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE POR PENA DE  (IMINÊNCIA) MORTE” (FAMILIAR DE PESSOA EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NA PAPUDA, DF).
Desde que as medidas de isolamento social foram tomadas pelo GDF, as visitas no sistema prisional foram canceladas, e os familiares estão sem qualquer notícia sobre situação de seus parentes privados de liberdade. Nem mesmo os representantes da sociedade civil, responsáveis por fiscalizar as condições dentro dos presídios, estão podendo entrar, afirmou um familiar (que não quis se identificar) à reportagem dos Jornalistas Livres. 
Descaso: justiça nega pedido de liberação para pessoas do grupo de risco
No começo de março – antes do surgimento do primeiro caso de Covid-19 no sistema prisional do DF, a Defensoria Pública do Distrito Federal ingressou, no Tribunal de Justiça do DF,  pedido de soltura das pessoas pertencentes ao grupo de risco com comorbidades, além da  progressão de regime, determinando a soltura das pessoas, cuja progressão para o regime semiaberto e aberto estivesse próxima. 
No dia 21 de março, a Juíza titular da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, Dra. Leila Cury, decidiu isolar ainda mais as pessoas privadas de liberdade. Veja o despacho da juíza aqui
Como medida preventiva, a juíza  também determinou a suspensão das visitas nas unidades prisionais, o que criou outro problema: apesar de ser obrigação do Estado fornecer  materiais de higiene pessoal, atualmente são os familiares das pessoas presas que fazem isso e, sem acesso de familiares aos presídios, há falta de abastecimento de produtos de higiene pessoal, segundo relatório da comissão de direitos humanos. 
Apenas no dia quatro de maio, quase um mês depois do sistema prisional do DF registrar os primeiros casos de Covid-19, é que a justiça tomou providências quanto ao restabelecimento de acesso, por parte das pessoas privadas de liberdade, a itens de higiene pessoal e outras necessidades, que seriam obrigação do estado, mas que são providas pelos familiares dessas pessoas. Veja determinação da juíza Leila Cury aqui.
Mesmo após o surgimento dos primeiros casos de covid-19 em prisões do DF, e apesar de ter sido apresentado novo pedido de providências pela Defensoria Pública à Vara de Execuções Penais para liberação de pessoas pertencentes ao grupo de risco, requerendo a concessão de prisão domiciliar em caráter humanitário,  a juíza titular Leila Cury negou o pedido, afirma o relatório da CDH-DF a que tivemos acesso. 
Canal de denúncias
Para ajudar no enfrentamento da pandemia nos presídios, a CDH-DF criou um canal de atendimento ​via ​Whatsapp (61-999041681), para o recebimento das demandas da população, além de um formulário na página web da Câmara Legislativa, para o recebimento de denúncias acerca da violação de direitos no sistema carcerário do DF. 
Até o momento, foram registradas 215 denúncias. As mais comuns, dizem respeito a: 
    • insatisfação dos familiares sobre a proibição das visitas e solicitação de canal ágil de comunicação com os internos;
    • insatisfação com as condições de salubridade das unidades prisionais;
    • insatisfação com a qualidade e a quantidade de alimentação fornecidos;
    • solicitação de atendimento às pessoas com problemas crônicos e graves de saúde;
    • insatisfação com o fato de os presos que estavam no semi-aberto terem sido colocados, na prática, no regime fechado;
    • solicitação de entrega de material de limpeza;
    • solicitação de prisão domiciliar nos casos das pessoas que estão em regime semi-aberto, ou que apresentam problemas de saúde ou são idosas;
    • incomunicabilidade com as pessoas em restrição de liberdade;
    • falta de informações e disponibilização de dados, como  nomes das pessoas contaminadas;
    • mesmo após a determinação judicial, as sacolas de alimentos não estão chegando aos presos.
“AS UNIDADES SUPERLOTADAS TORNARAM-SE BOMBAS BIOLÓGICAS”
A situação nos presídios do DF é grave, e tende a explodir. Em artigo publicado no Correio Braziliense, Camila Prando – professora de direito da Universidade de Brasília, afirma que as unidades prisionais do DF se tornaram verdadeiras bombas biológicas.
 “COM A SUSPENSÃO DAS VISITAS DOS FAMILIARES DESDE O DIA 13 DE MARÇO E, MAIS RECENTEMENTE, DOS ATENDIMENTOS PRESENCIAIS DE ADVOGADOS, AS UNIDADES SUPERLOTADAS TORNAM-SE BOMBAS BIOLÓGICAS DE EXPOSIÇÃO À MORTE, QUE NÃO CONTAM COM O NECESSÁRIO CONTROLE SOCIAL DE AVERIGUAÇÃO DAS CONDIÇÕES REAIS DO SISTEMA PRISIONAL. A ISSO SE AGREGA O FATO DE QUE O JUÍZO TENHA INSTITUÍDO UM GRUPO DE MONITORAMENTO EMERGENCIAL DA COVID-19 SEM QUE NENHUMA DAS ASSOCIAÇÕES DE FAMILIARES DE PRESOS ESTEJA EM SUA COMPOSIÇÃO, DESCUMPRINDO ASSIM O ART. 14 DA RECOMENDAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA.” (CAMILA PRANDO)
Para o deputado Fábio Félix (PSOL-DF), presidente da CDH-DF, “O DF virou a grande vergonha nacional em número de pessoas infectadas no sistema prisional”. 
“O DF VIROU A GRANDE VERGONHA NACIONAL EM NÚMERO DE PESSOAS INFECTADAS NO SISTEMA PRISIONAL. QUERO LAMENTAR MUITO A MORTE DO POLICIAL PENAL FRANCISCO PIRES, NO FINAL DE SEMANA, E A MORTE HOJE DO INTERNO ÁLVARO HENRIQUE. ESTAMOS VIVENDO UMA SITUAÇÃO DE ALERTA MÁXIMO, E OS FAMILIARES SEQUER TÊM TIDO INFORMAÇÃO SOBRE AQUELES QUE ESTÃO LÁ DENTRO. O MANDATO CONTINUARÁ ACIONANDO O PODER PÚBLICO E SE ARTICULANDO COM A SOCIEDADE CIVIL, FAMILIARES, FRENTE PELO DESENCARCERAMENTO E A OAB COM O INTUITO DE GARANTIR A COMUNICABILIDADE ENTRE APENADOS E SUAS FAMÍLIAS E NA BUSCA DE GARANTIA DE CONDIÇÕES MÍNIMAS PARA ESTAS PESSOAS QUE ESTÃO SOB A RESPONSABILIDADE DO ESTADO. NESSE SENTIDO, QUERO RESSALTAR O EXCELENTE TRABALHO QUE TEM FEITO A DEFENSORIA PÚBLICA, A QUEM RECENTEMENTE APOIAMOS, VIA EMENDA PARLAMENTAR, COM 120 MIL REAIS PARA COMPRA DE EQUIPAMENTOS DE VIDEOCONFERÊNCIA QUE IRÃO GARANTIR A COMUNICAÇÃO DOS INTERNOS COM SEUS FAMILIARES.” (FÁBIO FÉLIX)
Depoimentos de familiares de pessoas em privação de liberdade em diversas regiões do Brasil
“o estado leva nosso filho bom para prisão e, no momento, a gente sabe que ele tá ruim de saúde”
FONTE:Jornalistas Livres