segunda-feira, 18 de maio de 2020

Basílica de São Pedro reabre no Vaticano; Itália 'acende as luzes'

MUNDO
País volta, aos poucos, a uma relativa normalidade após ser um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus

Foto: AFP
A Basílica de São Pedro, em Roma, abriu suas portas ao público nesta segunda-feira (18) de manhã, símbolo do retorno a uma relativa normalidade à Itália, onde o desconfinamento se acelera, com a retomada das missas e reabertura tímida de lojas e cafés.
Na presença de vários policiais usando luvas e máscaras cirúrgicas, um punhado de visitantes, seguindo as marcações no chão para respeitar uma distância mínima de 1,5 m, entrou na Basílica, fechada desde 10 de março, depois de medir a temperatura e desinfetar as mãos com álcool em gel.
Sob a enorme cúpula com mármore esculpido e policromado, os fiéis podiam ser contados com os dedos de uma mão, alguns recolhidos em oração de joelhos diante do túmulo do falecido papa João Paulo II. 
"Máscara no nariz!", ordena um membro da gendarmeria do Vaticano aos fiéis tentados a abaixar um pouco a máscara obrigatória para respirar melhor. 
Primeiro país a confinar há mais de dois meses toda a sua população para conter a pandemia de coronavírus, a península lamenta a morte de aproximadamente 32.000 pessoas. No entanto, o país experimenta desde 4 de maio um pouco de liberdade, graças ao primeiro levantamento parcial das restrições.
No domingo, os romanos pareciam se reapropriar da cidade eterna, sem nenhum turista estrangeiro e com poucos carros, mas atravessada por um número crescente de corredores, caminhantes e ciclistas, a maioria com máscaras.
Em Veneza, as gôndolas compareceram para oferecer seus serviços aos habitantes da cidade na ausência de turistas. Em Milão, as luxuosas lojas de moda abriram novamente suas portas, embora com poucos clientes. 
Vários pequenos e grandes comércios, salões de beleza, bares e restaurantes, foram autorizados a reabrir. "A Itália acende as luzes após 69 dias de fechamento", resumiu o jornal La Repubblica.
"Sinal de esperança" para o papa Francisco, as missas e as celebrações religiosas foram retomadas nas igrejas de Roma e no resto do país, com medidas adequadas de distanciamento social. 
Algumas lojas penduraram cartazes de protesto pelo fechamento prolongado e o atraso na atribuição de ajuda econômica: "Sem a ajuda do governo, não podemos abrir", dizia a porta de uma conhecida loja de eletrodomésticos da capital.

"AINDA É UM POUCO CEDO" 

"Não podemos nos dar ao luxo" de esperar pela descoberta de uma vacina para reabrir o país, justificou no sábado à noite o presidente do Conselho Italiano, Giuseppe Conte. "Nossos princípios permanecem os mesmos: proteger a vida, a saúde dos cidadãos. Mas devemos fazê-lo de maneira diferente", argumentou ele, enquanto a epidemia parece estar sob controle.
A propagação da pandemia parece estar sob controle e o saldo de mortos voltou a cair nesta segunda-feira para menos de 100 nas últimas 24 horas, pela primeira vez em dois meses.
Em Roma, pizzarias, confeitarias e outros comércios se prepararam para a reabertura nos últimos dias. Nesta segunda, algumas fachadas estavam abertas, mesas reapareceram nos terraços, mas a retomada parece limitada. "Ainda é um pouco cedo, vai ficar agitado esta tarde", quer acreditar Elena, que veio tomar seu café da manhã perto da praça Campo dei Fiori. 
Essa etapa do desconfinamento deixa a cada uma das 20 regiões uma ampla margem de manobra, às vezes alimentando "confusão" segundo certas vozes críticas.
Como em toda a Europa, à medida que o levantamento das restrições avança, a imprensa italiana se debruçou sobre as medidas planejadas, decifrando o que é autorizado e "o que permanece proibido". 
Família, amigos, colegas, agora os italianos poderão ver quem quiserem, em casa ou fora. No entanto, grandes reuniões seguem proibidas, como festas particulares. A máscara é obrigatória em espaços fechados com público. 
A próxima etapa está prevista para 25 de maio, com a reabertura de academias, piscinas e centros esportivos. Em 3 de junho, o país reabrirá suas fronteiras aos visitantes do espaço Schengen e, portanto, aos turistas europeus, a fim de relançar o setor do turismo o mais rápido possível.
 
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FONTE: AFP

Apple vai chegar em breve a 100 lojas reabertas no mundo

TECNOLOGIA

Em nosso último apanhado de notícias sobre Apple relacionadas ao novo Coronavírus (COVID-19), cobrimos os planos de reabertura de algumas lojas na Itália. Com mais umas 25 localidades que reabrirão esta semana nos Estados Unidos e 12 no Canadá, a Apple terá de volta funcionando quase 100 lojas espalhadas pelo mundo.
Diante do cenário atual, a vice-presidente sênior de varejo + pessoas Deirdre O’Brien publicou uma carta aberta no site da Apple falando sobre as mudanças que foram e estão sendo feitas em suas lojas para conter a disseminação do Coronavírus.
Eis um resumo geral das medidas:
  • Todos os visitantes a Apple Stores serão obrigados a usar máscaras ou protetores faciais, e a Apple pretende prover isso a consumidores que não tiverem.
  • Todos os visitantes terão sua temperatura medida na entrada às lojas, e caso apresentem algum sintoma suspeito (como tosse ou febre) ou tenham tido contato recente com alguém contaminado (graças ao framework desenvolvido pela Apple e pelo Google) passarão por um questionário com orientações sobre o que fazer.
  • Haverá um limite de pessoas permitidas ao mesmo tempo dentro das lojas, de maneira a dar espaço/distanciamento para os clientes que lá estiverem.
  • A Apple implementou medidas extras de limpeza/desinfecção de todas as áreas e produtos expostos nas lojas, feitas algumas vezes ao dia.
  • Consumidores que forem buscar produtos comprados online ou deixar produtos para reparo poderão fazê-lo sem ter que entrar na loja de fato, em algumas localidades.
De acordo com O’Brien, a Apple não está com pressa para reabrir nenhuma loja:
Nosso compromisso é apenas avançar com a reabertura quando estivermos confiantes de que podemos retornar com segurança ao atendimento aos clientes de nossas lojas. Analisamos todos os dados disponíveis — incluindo casos locais, tendências de curto e longo prazo, e orientações de autoridades nacionais e locais de saúde. Essas não são decisões em que nos apressamos — e a abertura de uma loja de maneira alguma significa que não daremos o passo preventivo de fechá-la novamente, se as condições locais o justificarem.
Por ora, não há nenhuma previsão de quando as duas lojas brasileiras — a Apple Morumbi, em São Paulo; e a Apple VillageMall, no Rio de Janeiro — reabrirão, até porque isso só poderá acontecer quando os shoppings forem liberados a funcionar.
A Apple tem hoje 510 lojas em todo o mundo, ou seja, cerca de 80% ainda permanecem fechadas.

FONTE: MAC MAGAZINE

China pede que empresas de alimentos elevem estoques, com medo de nova onda Covid-19

MUNDO
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Os residentes recebem teste de ácido nucleico em um posto instalado em uma escola primária no distrito de Dongxihu, em Wuhan, Província de Hubei, no centro da China, em 15 de maio de 2020. (Xinhua/Xiao Yijiu).
CINGAPURA/PEQUIM (Reuters) - A China pediu que empresas de comércio e processadoras de alimentos aumentem os estoques de grãos e oleaginosas diante de uma possível segunda onda do coronavírus e o agravamento das taxas de infecção em outros lugares levantam preocupações sobre as linhas de suprimento globais.
Negociadores estatais e privados de grãos, assim como produtores de alimentos, foram orientados a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho durante conversas com o Ministério do Comércio da China nos últimos dias, disseram três fontes comerciais à Reuters.
-- "Existe possibilidade de um colapso no fornecimento devido às infecções por coronavírus. Por exemplo, um porto de origem ou destino pode fechar", disse um trader sênior de um dos maiores processadores de alimentos da China, que conversou na semana passada com autoridades para discutir compras.
 -- "Eles nos aconselharam a aumentar os estoques, manter os suprimentos mais altos do que normalmente temos. As coisas não parecem bem no Brasil", acrescentou, referindo-se ao principal fornecedor de soja da China e importante exportador de carne, cujo número de casos da Covid-19 superou os de Espanha e Itália.
Uma segunda fonte na China informada por uma pessoa que participou de uma das reuniões disse que o Ministério do Comércio da China se reuniu com algumas estatais na terça-feira para discutir como garantir suprimentos durante a pandemia.
 -- "Uma das principais preocupações é como a epidemia na América do Sul pode impactar o fornecimento (de soja) para a China", afirmou a fonte.
 O Ministério do Comércio da China não respondeu a um pedido de comentário sobre planos para aumentar estoques de alimentos. Mas negociadores estatais e privados de grãos, assim como produtores de alimentos, foram orientados a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho durante conversas com o Ministério do Comércio da China nos últimos dias, disseram três fontes comerciais.
Os embarques brasileiros de soja foram reduzidos ​​em março e abril devido à uma combinação de fortes chuvas e mão de obra reduzida, à medida que entraram em vigor regras de contenção por causa do coronavírus, levando a uma queda nos estoques chineses de soja para baixas recordes.
As chegadas do Brasil desde então se recuperaram, mas autoridades continuam cautelosas com novas interrupções.
Nas últimas semanas, o conglomerado agrícola estatal chinês COFCO e o distribuidor de grãos Sinograin aumentaram as compras de soja e milho nos EUA.
Pequim também aumentou suas alocações de cotas de importação para os principais compradores de grãos, abrindo caminho para novas compras em potencial.

Economia da China está se recuperando apesar dos desafios, diz Xinhua

Beijing, 15 mai (Xinhua) -- As atividades econômicas da China continuaram se normalizando, uma vez que os dados mais recentes sobre produção industrial, vendas no varejo e investimento indicaram melhorias no geral, embora a recuperação ainda enfrente incertezas e desafios devido à disseminação global do novo coronavírus.
O setor industrial foi um dos mais rápidos a se recuperar do impacto do vírus, com a produção industrial de valor agregado retornando a crescer no mês passado, a primeira expansão desde o surto da COVID-19, ao passo que as atividades de manufatura se recuperaram após o abrandamento das medidas de controle.
Em abril, a produção industrial de valor agregado aumentou 3,9% em termos anuais, recuperando-se da queda de 1,1% em março e da queda de 13,5% no primeiro bimestre do ano, mostraram os dados do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) divulgados nesta sexta-feira.
Sendo outros sinais de recuperação, o índice para a produção de serviços caiu 4,5% no mês passado, menor que a queda de 9,1% em março, enquanto as vendas no varejo de bens de consumo baixaram 7,5%, recuperando-se de uma queda de 15,8% no mês anterior.
O investimento em ativos fixos caiu 10,3% nos primeiros quatro meses, 5,8 pontos percentuais menor que a queda no primeiro trimestre.
Com os esforços consolidados de controle epidêmico e a restauração das atividades econômicas, os principais índices têm sustentado uma tendência de melhora desde março, informou o DNE em um comunicado.
"Mas ainda é um desafio para a economia anular o grave impacto causado pela epidemia", disse a porta-voz do DNE, Liu Aihua, em uma entrevista coletiva, ao responder sobre quando a economia chinesa poderia voltar a crescer.
A economia chinesa recuou 6,8% ao ano no primeiro trimestre, quando o surto do coronavírus causou um grande golpe na atividade econômica. Embora a epidemia tenha sido basicamente controlada dentro do país, a disseminação global do vírus e o colapso da demanda externa complicarão a futura recuperação da segunda maior economia do mundo.
Apesar das incertezas, Liu enfatizou a confiança na economia, uma vez que os fundamentos e a tendência de crescimento a longo prazo não mudaram, citando a escala econômica, a forte resiliência, os novos motores de crescimento e as macropolíticas flexíveis do país como os principais fatores que sustentam o crescimento.
À medida que o vírus continua a se espalhar pelo exterior, a China ajustará oportunamente suas políticas de resposta para buscar a normalização total de sua economia, assinalou Liu.
Diante dos choques econômicos da epidemia, a China aumentou o apoio político às frentes monetária e fiscal para retomar a economia e ajudar as empresas, especialmente as de pequeno porte, a superar as dificuldades.
Sobre os dados, Wen Bin, analista-chefe do China Minsheng Bank, comentou que o gargalo na recuperação econômica da China mudou da retomada dos negócios e da produção ao longo da cadeia da indústria para a demanda ainda não totalmente recuperada.
Macropolíticas mais fortes devem ser adotadas para estimular a recuperação da demanda, incluindo novos cortes de depósitos compulsórios para os bancos comerciais e o aumento da escala dos títulos de governos locais, destacou Wen.
Em uma nota de pesquisa divulgada antes da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN) agendada para 22 de maio, o China International Capital Corporation Limited (CICC), um banco de investimento, disse esperar metas mais flexíveis para o crescimento econômico e uma política macroeconômica anticíclica mais forte.
O CICC prevê que a proporção do deficit aumentará de 3 a 4 pontos percentuais e a estabilização do emprego provavelmente será a máxima prioridade do governo em 2020.
Os dados de sexta-feira também mostraram que o mercado de trabalho da China permaneceu em geral estável no mês de abril, com a taxa de desemprego pesquisado nas áreas urbanas em 6%, 0,1 ponto percentual a mais do que em março.

China realiza diariamente 1,5 milhão de testes COVID-19

Beijing, 16 mai (Xinhua) -- A China é capaz de realizar 1,5 milhão de testes de ácido nucleico para COVID-19 todos os dias. Essa capacidade precisa ser melhorada à medida que o trabalho e a produção estão sendo retomados, declarou no sábado Guo Yanhong, funcionária da Comissão Nacional de Saúde, em uma coletiva de imprensa em Beijing.
A Comissão pediu que todas as instituições médicas qualificadas e registradas no país realizassem testes de ácido nucleico desde o final de janeiro, para lidar com o rápido crescimento dos casos de COVID-19, disse Guo Yanhong.
O próximo passo será intensificar a construção e a gestão dos laboratórios, a gestão da biossegurança e a formação de pessoal médico, revelou Guo.
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Fonte:
 Reuters/Xinhua

Carne brasileira está entre as mais baratas no mundo com US$ 33,00/@ e país é o único com volume para atender grandes demandas

MUNDO
Embrapa lança guia de melhoramento genético em gado de corte ...
FOTO: REPRODUÇÃO
O Consultor de Agronegócio do Itaú BBA, César de Castro Alves, destacou que está surpreendido com a firmeza os preços da arroba. “As carnes de frango e suínas estão se recuperando, porém a carne bovina não sentiu o efeito desde o início da quarentena no Brasil e isso mostra como o mercado está organizado”, ressaltou.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que no primeiro trimestre houve uma redução de 9,2% nos abates de animais que foi motivada por uma oferta restrita de animais e pelo fato dos pecuaristas terem segurado os animais nos pastos.
 “Eu acredito que tem um pouco de gado represado à espera de preços melhores para o segundo semestre, mas essa resistência do produtor vai diminuindo à medida que inicia a comercialização. Se a indústria tentar pressionar o mercado, os pecuaristas não vão negociar”, relata Alves.
Do lado da demanda interna, o consultor explica que não deve quedas de preços ofertados pela a arroba e que não deve estimular o consumo. "O mercado interno está muito enigmático de se entender e todos os setores de proteínas foram afetados", diz. 
Por:
 Aleksander Horta
Fonte:
 Notícias Agrícolas

OMS registra 100 mil casos de coronavírus no mundo em um dia pela primeira vez

COVID-19

Número ocorre na véspera da assembleia geral da entidade, com reuniões virtuais por causa da pandemia 

Por Leandro Lessa



Assembleia geral da Organização Mundial de Saúde
Assembleia geral da Organização Mundial de Saúde
(Foto: )

Pela primeira vez, o número de casos registrados do novo coronavírus em um único dia superou o número de 100 mil em todo o planeta. O fato ocorreu neste domingo (17), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que realiza a sua 73ª Assembleia Geral com os países membros da entidade, reduzida em dois dias e com reuniões de forma virtual devido à pandemia.

FONTE:NSC


Covid-19: EUA fará estudo extenso para comprovar eficácia da hidroxicloroquina

  • MUNDO
  • Hidroxicloroquina é um dos medicamentos promissores contra a Covid-19 CADU ROLIM/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO














O Instituto Nacional da Saúde (NIH), órgão do Ministério da Saúde dos Estados Unidos, lançou um teste clínico extenso para avaliar a eficácia da combinação entre a hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina para evitar a hospitalização e mortes por Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Estudos menores da China – e do Brasil, como no Piauí – sugerem que o tratamento alivia a infecção respiratória, diminuindo a letalidade da doença. No entanto, ao mesmo tempo, há pesquisas que apontam para nenhuma melhora após o uso da hidroxicloroquina e, até mesmo, que seu uso pode causar efeitos colaterais como parada cardíaca.
Hoje, a aplicação da hidroxicloroquina só pode ser feita em pacientes hospitalizados, para que haja acompanhamento médico de perto para efeitos colaterais.
Muitos testes clínicos estão sendo realizados ao redor do mundo, mas este novo é o maior até então: randômico, com 2 mil participantes em 30 locais diferentes dos Estados Unidos.

FONTE: JOVEM PAN

Cidade da França celebra primeira missa drive-thru do mundo

MUNDO

As medidas de distanciamento social em vigor na França preveem que as reuniões religiosas não possam ser celebradas presencialmente até o dia 2 de julho
No primeiro final de semana após suspender as medidas da quarentena, os parisienses saíram as ruas e aproveitaram o domingo (17) de sol em nos canais da cidade.
Cerca de 500 fiéis celebraram, neste domingo, a primeira missa acompanhada de dentro dos carros — no esquema drive-thru. O feito inédito no mundo aconteceu em Champagne, cidade que fica a 528 km de Paris.
Mais de 200 veículos se juntaram à Eucaristia convocada pelo bispo local, François Touvet, no estacionamento do Capitólio da cidade. A iniciativa será repetida pelo menos nos próximos dois domingos, conforme relatado no site da Diocese de Châlons.
As medidas de distanciamento social em vigor na França preveem que as reuniões religiosas não possam ser celebradas presencialmente até o dia 2 de julho.
Assim, os líderes da diocese disponibilizaram aos seus fiéis um protocolo de saúde e segurança para a celebração da missa, como permitir até 4 pessoas por carro e proibir a saída do veiculo. Quem quisesse se comunicar, tinha de acender as luzes de emergência para avisar os padres encarregados de dar a comunhão.
Os organizadores publicaram em no site as músicas planejadas para a Eucaristia e os fiéis levaram as letras impressas de casa. Eles também exigiram que os participantes desinfetassem as mãos antes de comungar, o que foi feito sem sair do carro.
A França permite que as pessoas viajem até 100 quilômetros ao redor de suas casas, algo que a diocese de Châlons não quis desperdiçar para “mostrar criatividade, em conformidade com as normas de saúde, e reunir os fiéis de uma maneira que lhes permita ser estritamente separados”.
*Com informações do repórter Victor Moraes

FONTE: JOVEM PAN



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A fome atormenta cada canto do mundo

PANDEMIA

Imagem de perfil do Colunistaesd

James Ensor, Comical Repast (Banquet of the Starved) [Refeição cômica (banquete dos famintos)], 1917-18. - James Ensor
Em muitos países, os Estados estão respondendo por meio da força militar, com tiros em vez de pão
Em 21 de abril, o chefe do Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), David Beasley, disse que o mundo estava passando por uma “pandemia de fome”. Nesse dia, a Rede Global Contra Crises Alimentares e a Rede de Informações sobre Segurança Alimentar divulgaram o Relatório Global 2020 sobre Crises Alimentares, em que apontam que 318 milhões de pessoas em 55 países sofrem da insegurança alimentar aguda e estão à beira da fome severa.
Esse número é uma subestimação grosseira: o número real – antes da pandemia global – estaria mais próximo de 2,5 bilhões, se levarmos em consideração a ingestão calórica.
As razões para a fome, dizem eles, são conflitos armados, condições climáticas extremas e turbulências econômicas. Mais pessoas podem ser afetadas pela situação de aguda insegurança alimentar, diz o relatório, como resultado de um “choque ou estressor, como a pandemia de covid-19”. Metade da população do mundo tem medo de passar fome como consequência da pandemia.
No Instituto Tricontinental de Pesquisa Social estamos em alerta em relação ao perigo dessa “pandemia de fome”. O informe abaixo, elaborado por nosso membro sênior P. Sainath (fundador do Arquivo Popular da Índia Rural), Richard Pithouse (coordenador do escritório da Tricontinental na África do Sul) e eu, foca no enorme peso dessa “pandemia de fome”. No final, propomos uma agenda com dez pontos. Gostaríamos de saber sua opinião sobre essa lista.

Naufrages [Naufragios], 1948 / Salim al-Habschi (Mogli)
O que o Fundo Monetário Internacional (FMI) chama de grande lockdown colocou 2,7 bilhões de pessoas no desemprego ou na informalidade, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), deixando essas pessoas à beira da fome e da miséria. A carestia já se faz notar em muitas regiões do mundo.
Os movimentos populares estão fazendo o que podem para organizar modelos horizontais de solidariedade a partir de suas bases, mas os incidentes vinculados à questões alimentares já são uma realidade na Índia, África do Sul, Honduras – em toda parte, na verdade. Em muitos países, os Estados estão respondendo por meio da força militar, com tiros em vez de pão.
Antes da pandemia, em 2014, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) escreveu: que “os atuais sistemas de produção e distribuição de alimentos estão falhando em alimentar o mundo”.
Essa é uma afirmação forte que precisa ser levada a sério. Medidas paliativas não são suficientes. Precisamos de uma revolução social no mundo dos alimentos que quebre o controle do capital sobre a produção e distribuição de alimentos.
A fome é uma realidade inaceitável que a civilização moderna deveria ter extirpado há um século. Qual o sentido, para os seres humanos, aprender a construir um carro ou pilotar um avião e não abolir a fome?
 

Coronavírus, 2020 / Kanat Bukezhanov
O antigo reverendo inglês Thomas Malthus estava errado quando escreveu que, por toda a eternidade, a produção de alimentos aumentaria aritmeticamente (1-2-3-4) e que as populações cresceriam geometricamente (1-2-4-8), com as necessidades da população superando facilmente a capacidade dos humanos de produzir alimentos.
Quando Malthus escreveu seu tratado em 1789, havia cerca de um bilhão de pessoas no planeta. Atualmente, existem quase oito bilhões de pessoas, e, no entanto, cientistas afirmam que há comida mais do que suficiente para alimentar a todos. No entanto, há fome. Por quê?
A fome persiste e assombra o planeta porque muitas pessoas nada têm. Se não há acesso à terra, no campo ou na cidade, não é possível produzir a própria comida. Se há acesso à terra, mas não às sementes e fertilizantes, os agricultores têm suas capacidades limitadas. Se não há terra para plantar e não há dinheiro para comprar comida, passa-se fome.
Essa é a raiz do problema, simplesmente não enfrentada pela ordem burguesa segundo a qual o dinheiro é Deus, a terra – rural e urbana – é mercadoria e os alimentos são vistos como mais uma fonte de lucro para o Capital.
Quando os modestos programas de distribuição de alimentos são implementados para evitar a fome generalizada, quase sempre funcionam com subsídios estatais em um sistema alimentar capturado pelo capital, que vai desde a fazenda corporativa ao supermercado.

Jose Tence Ruiz, The Pro-Rated Wage of the Abang Guard [O salário proporcional da Guarda Abang], 2011.> / Jose Tence Ruiz
Ao longo das últimas décadas, a produção de alimentos se inseriu em uma cadeia de suprimentos global. Os agricultores não podem simplesmente levar seus produtos ao mercado; devem vendê-los a um sistema que processa, transporta e depois empacota os alimentos para distribuí-los em uma variedade de locais.
É ainda mais complexo que isso, pois o mundo financeiro envolveu o agricultor em especulações. Em 2010, o ex-relator especial das Nações Unidas sobre o direito à alimentação, Olivier De Schutter, escreveu sobre a maneira como fundos de cobertura, fundos de pensão e bancos de investimento dominavam a agricultura com especulações por meio de derivativos de commodities. Essas casas financeiras, “geralmente não se preocupam com os princípios do mercado agrícola”, disse.
Se houver algum choque no sistema, toda a cadeia colapsa e os agricultores frequentemente se veem forçados a queimar ou enterrar seus alimentos, em vez de permitir que sejam comidos. Como Aime Williams escreveu no Financial Times sobre a situação dos Estados Unidos, essas são “cenas da Grande Depressão: agricultores destruindo seus produtos enquanto os americanos se enfileiram aos milhares para conseguir comida”.
Se você escutar os trabalhadores agrícolas, agricultores e movimentos sociais em todo o mundo, descobrirá que eles têm lições para nos ensinar sobre como o sistema deve ser reorganizado durante essa crise. Aqui está um pouco do que aprendemos com eles. É um apanhado de medidas de emergência que podem ser implementadas imediatamente e medidas de longo prazo que podem ser construídas para garantir a segurança alimentar e, em seguida, a soberania alimentar: em outras palavras, o controle popular sobre o sistema alimentar.

Hungry Bengal [Bengala faminta], 1943 / Chittaprosad
- Promover a distribuição de alimentos em caráter de emergência. Os excedentes de alimentos controlados pelos governos devem ser destinados ao combate à fome. Os governos devem usar seus recursos para alimentar o povo;
- Expropriar excedentes de alimentos mantidos pelo agronegócio, supermercados e especuladores e colocá-los no sistema de distribuição de alimentos;
- Alimentar as pessoas. Não basta distribuir mantimentos. Os governos, juntamente com a ação pública, devem construir cadeias de cozinhas comunitárias onde as pessoas possam acessar alimentos;
- Exigir apoio governamental aos agricultores que enfrentam desafios para obter suas colheitas; os governos devem garantir que a colheita ocorra de acordo com os princípios de segurança da Organização Mundial da Saúde;
- Exigir salários dignos para trabalhadores agrícolas, agricultores e outros, independentemente de poderem trabalhar ou não durante o grande lockdown. Isso deve ser mantido após a crise. Não há sentido em considerar os trabalhadores essenciais durante uma emergência e depois desdenhar suas lutas por justiça em um momento de “normalidade”;
- Incentivar o apoio financeiro aos agricultores, em vez de recorrer à produção em larga escala de culturas não alimentares. Milhões de agricultores pobres nos países mais pobres produzem alimentos que os países ricos não podem cultivar em suas zonas climáticas; é difícil cultivar pimenta ou café na Suécia. O Banco Mundial “aconselhou” os países mais pobres a se concentrarem nas culturas comerciais para obterem dólares, mas isso não ajudou nenhum dos pequenos agricultores que não estão conseguindo sustentar suas famílias. Esses agricultores, como suas comunidades e o resto da humanidade, precisam de segurança alimentar;
- Reconsiderar a estrutura da cadeia de suprimento de alimentos, que injeta enormes quantidades de carbono em nossos alimentos. Reconstruir as cadeias de suprimento de alimentos com base na distribuição regional e não global;
- Proibir a especulação sobre os alimentos, restringindo os derivativos e o mercado futuro;
- A terra – rural e urbana – deve ficar fora da lógica do mercado, e os mercados devem ser estabelecidos para garantir que os alimentos possam ser produzidos e o excedente distribuído sem o controle dos supermercados corporativos. As comunidades devem ter controle direto sobre o sistema alimentar em que vivem;
- Construir sistemas universais de saúde, conforme exigido pela Declaração de Alma-Ata de 1978. Sistemas sólidos de saúde pública estão melhor preparados para emergências de saúde. Tais sistemas devem ter um forte componente rural e devem ser abertos a todos, inclusive pessoas sem documentos.
O fato de tantas pessoas ao redor do planeta, incluindo as que vivem nos países mais ricos, passarem fome mesmo antes desta crise, é uma prova de como o capitalismo é falho. O fato de a fome explodir exponencialmente durante esta crise é mais um problema do capitalismo.
A alimentação é uma das necessidades humanas mais urgentes e é preciso tomar medidas imediatas para levar comida às pessoas nesta crise. Mas também é vital que o valor social da terra, rural e urbana; os meios para produzir alimentos, como sementes e fertilizantes, e a própria comida, sejam vistos fora da lógica de mercantilização e do lucro, que tanto dano causa.

Sukanta Bhattacharya, membro do Partido Comunista da Índia (1926 - 1947) / Tricontinental
Em 1943, os burocratas do Império Britânico levaram os grãos de Bengala e deixaram as pessoas sob uma terrível fome que matou entre um e três milhões de pessoas. Sukanta Bhattacharya, um membro do Partido Comunista da Índia que tinha 19 anos na época, editou uma antologia de poesia chamada Akal (Fome) para a Associação Anti-Fascista de Escritores e Artistas. Neste livro, Bhattacharya publicou um poema chamado Hey Mahajibon [Ó, Grande Vida!].

 
Ó grande vida! Chega dessa poesia.
Traga agora a prosa dura e áspera.
Dissolva a delicada harmonia poética.
Golpeie com o martelo robusto da prosa hoje.
 
Não precisamos da ternura da poesia.
Poesia, hoje você pode descansar.
Um mundo devastado pela fome é prosaico.
A lua cheia parece pão queimado.
 

Cordialmente, Vijay.
Edição: Leandro Melito

FONTE: BRASIL DE FATO