Ação, que faz parte do programa Sanear DF, incluiu aplicação de hipoclorito de sódio em todos os ambientes da central de abastecimento
AGÊNCIA BRASÍLIA *
Sanitização foi feita tanto para proteção contra o coronavírus quanto para combate ao mosquito transmissor da dengue | Foto: Divulgação / Ceasa-DF
Todos os ambientes da Ceasa-DF passaram, na quarta-feira (22), por uma sanitização com hipoclorito de sódio. Além de visar ao enfrentamento ao coronavírus, causador da Covid-19, a ação, que integra o programa Sanear DF, teve como objetivo proteger o público contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
O trabalho é o resultado de uma parceria entre a administração do SIA e a Ceasa. “Nossa preocupação é preparar não só a Ceasa, como também a Feira dos Importados, para a população estar segura quando a situação se normalizar e o comércio voltar a funcionar”, destacou a administradora do SIA, Luana Machado.
“O intuito da Ceasa é proteger todo seu público e disponibilizar para a população do Distrito Federal um ambiente saudável, limpo e acolhedor”, resumiu o presidente da Ceasa, Onélio Teles.
Sanear DF
O programa foi elaborado pela Secretaria das Cidades (Secid) e pela Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde (Dival), com base no Decreto nº 40.550, de 23 de março deste ano, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus.
Participam desse projeto as administrações regionais do DF; as secretarias de Comunicação, Transporte e Mobilidade, Segurança Pública, Políticas Públicas, Educação e DF Legal; o Serviço de Limpeza Urbana (SLU); o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF); o Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER-DF) e a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb).
Adolescentes que estão internados na unidade de Planaltina escrevem textos e trechos de músicas principalmente para as mães
GIZELLA RODRIGUES, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
“Seu abraço retoma o pedaço que falta no meu coração. A senhora é a pessoa mais preciosa que alguém poderia ter nessa vida. Eu prometo que quando eu sair daqui vou me esforçar para ser o filho que a senhora sonha desde que eu era criança.” “Como estão as coisas aí em casa? Eu espero que vocês estejam bem. Dia dos Pais espero estar em casa comemorando com vocês”. “Mãe, não precisa se preocupar, eu estou bem. Só da senhora estar com saúde, eu agradeço a Deus”. “Te amo minha rainha”.
Na Unidade de Internação de Planaltina, o amor vai e volta por meio de cartas em tempos de isolamento social. As frases acima são trechos de correspondências dos internos para suas famílias escritas graças ao incentivo da escola e da direção da unidade, já que as visitas estão suspensas nas unidades prisionais e de internação de adolescentes infratores – medida adotada como parte das ações do GDF para combater a pandemia de Covid-19.
Os professores da escola da unidade criaram o projeto Conexão Família para incentivar que os jovens mantenham contato com seus familiares. Eles arrumaram papéis coloridos, cola, caneta, adesivos, purpurina, glitter, canetinhas e propuseram que os 97 internos tentassem matar a saudade por escrito.
“Foi uma maneira que encontramos de diminuir o impacto do isolamento social para eles. As visitas estão suspensas, eles estão sem aula, praticamente sem nenhuma atividade”, diz Cinthia Matos Monteiro, supervisora da escola da unidade de internação e coordenadora do projeto. “Nós temos a internet para falarmos com nossos pais. Eles não têm acesso a esses recursos”, enfatiza.
Os destinatários da grande maioria das correspondências, escritas do próprio punho, são as mães. Os adolescentes têm entre 15 e 17 anos e nos textos usam trechos de músicas, declaram o amor que sentem por elas, agradecem o esforço que fazem ao ir visitá-los, demonstram preocupação com as famílias e as acalmam dizendo que está tudo bem.
Também pedem desculpas e prometem trilhar caminhos diferentes quando saírem dali. “Eu venho por meio desta carta agradecer por tudo que a senhora tem feito por mim, o mundo da senhora sempre girando ao meu redor”, fala um interno. “Eu fiz besteira, mas prometo pra senhora que vou ficar de boa pra sair daqui logo”, escreve outro.
“São cartas lindas, bem emocionantes. Vamos repetir esse projeto e explorá-lo em outros momentos também. O resultado foi super positivo, os meninos encontraram uma forma de externar o que estão sentindo. Tem pessoas que não conseguem falar sobre o seu sentimento, mas eles colocaram no papel. Nos surpreendemos com tanta demonstração de carinho”, conta a coordenadora do projeto.
As mães responderão o carinho. Depois de lidas e aprovadas pela direção da unidade, as cartas estão sendo entregues em mãos para as famílias que vivem em cidades diferentes, até fora do DF. Elas são avisadas previamente e as mães também escreveram respostas que são entregues quando recebem a correspondência dos filhos. Até o final da semana que vem todas serão entregues aos adolescentes.
Além das correspondências dos filhos internados, as famílias recebem uma cesta básica que foi doada por empresários e entidades de assistência social. “Muitos adolescentes estão preocupados com a situação financeira das famílias. Há muitos autônomos e empregadas domésticas que estão sem trabalho nesse momento”, afirma Cinthia Monteiro.
Entidade também entregou caixas de álcool gel e líquido. Comitê deve destinar material àqueles que estão, mais próximos da comunidade, no atendimento público
LÚCIO FLÁVIO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
O Governo do Distrito Federal entendeu que a doação de 10 mil máscaras e 240 unidades de álcool em gel e álcool líquido pela Associação de Intercâmbio China-Brasil, ontem, foi grande demonstração de carinho e amor ao Brasil e, sobretudo, Brasília. A entrega oficial dos produtos aconteceu na manhã de hoje (23), no Salão Branco do Palácio do Buriti, e contou com a presença de integrantes do GDF e da entidade asiática.
Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
“O espírito que norteia a sociedade brasiliense é o da solidariedade – e a união dos povos é muito importante agora, é uma demonstração de carinho e amor do povo chinês à nossa causa aqui em Brasília”, agradeceu o secretário de Governo, José Humberto, também um dos representantes do Comitê Emergência Covid-19.
“Essa doação, com certeza, vai fazer muita diferença para as pessoas que estão no enfrentamento da doença”, fez coro Anucha Soares, subchefe de Políticas Sociais e Primeira Infância da Secretaria de Desenvolvimento Social e Secretária-Adjunta do Comitê Emergência Covid-19.
Todas as 10 mil máscaras descartáveis triplas vieram diretamente da China. As 48 unidades de álcool líquido e 200 de álcool em gel foram adquiridas aqui no Brasil.
O destino do material recebido ainda será avaliado pelo comitê social criado pelo governo com o intuito de ajudar pessoas que estão vulneráveis nesse momento de crise sanitária. A ideia é que os produtos atendam profissionais que estão no combate diário ao vírus letal.
“É uma demanda que ainda será avaliada pelo nosso comitê social, mas com certeza será destinado àqueles que estão na ponta, mais próximos da comunidade, no atendimento público, trabalhando na manutenção da nossa cidade”, sinalizou José Humberto.
Gratidão por BrasíliaCerca de 1,5 mil chineses vivem em Brasília. “Temos uma relação de amizade construída ao longo de pelo menos 50 anos de convivência”, conta o vice-presidente da Associação de Intercâmbio China-Brasil, Salti Sun, desde os 14 anos vivendo na capital.
Essa doação é uma forma de agradecer o acolhimento que recebemos dessa cidadeSalti Sun, vice-presidente da Associação de Intercâmbio China-Brasil
“Eu aqui criei meus filhos e netos; então, o que pudermos fazer para ajudar Brasília nesse momento vamos fazer”, disse Sun. “São produtos que estão faltando na cidade, é uma contribuição significativa”, pontua Wang Jing Yang, presidente da entidade.
Oficialmente criada em janeiro de 2016, a Associação de Intercâmbio China-Brasil nasceu com o objetivo de “solucionar problemas práticos e prestar assistência aos chineses que residem no Brasil, além de aprofundar ainda mais as relações bilaterais entre ambos os países em todos os campos”.
Também participaram do encontro Renata d’Aguiar, da Secretaria de Economia, além de cerca de 10 integrantes da associação que moram em Brasília.
Florent Sinama-Pongolle, avançado que representou o Sporting no decorrer da época 2009/10, revelou, numa entrevista ao diário Daily Mail, uma das relações mais tensas que se privaram no balneário do Liverpool, clube que também representou, entre Steven Gerrard e Hadji Diouf.
A relação entre a lenda dos reds e o avançado senegalês começou a azedar a partir do momento em que este último deixou Anfield Road em 2005, aproveitando depois a oportunidade para acusar o internacional de inglês de "matar" o clube e assumir "ter ciúmes do seu talento".
SinamaPongolle contou o que aconteceu, por exemplo, num encontro de pré-temporada: "Foi no intervalo de um amigável. Quando ele chegou ao balneário Stevie disse-lhe que ele precisava de passar a bola e o Diouf ignorou-o. Ele não falava inglês, mas tu sabe o que ele fez? Steven chegou ao pé dele e insultou-o. Como não pôde contestar-lhe ele virou-se para o treinador, Gerard Houllier, e disse: 'Diz-lhe que vou f* a mãe dele".
A rivalidade entre o britânico e o senegalês não ficou parou por aqui e, desde o cruzamento dos dois em Anfield, nenhum evitou a possibilidade de proferir declarações para desacreditar o seu adversário. Gerrard mencionou a Diouf na sua autobiografia, publicada em 2007, da seguinte forma: "Eu não era o fã número um de Diouf. Ao estar perto de Melwood e Anfield, eu sabia que jogadores tinham fome, que jogadores tinham o Liverpool no coração. Diouf estava interessado apenas em si mesmo. A sua atitude estava completamente errada".
Objetivo é manter os servidores com a mente saudável em meio ao estresse causado pelo enfrentamento ao coronavírus
AGÊNCIA BRASÍLIA *
Os heróis da saúde também se cansam, sentem medo e, por vezes, precisam de apoio para superar as dificuldades que a rotina de um atendimento em tempos de pandemia geram. Para ajudar estes profissionais a se manterem firmes, algumas unidades hospitalares têm oferecido atendimento psicológico aos servidores, tanto online quanto presencial.
O secretário de Saúde, Francisco Araújo, tem estimulado as equipes das unidades de saúde a oferecerem atendimento psicológicos aos profissionais que estão na linha de frente, “pois eles são os mais afetados pelo estresse causado no dia a dia pelo combate à Covid-19”. O secretário aproveitou para elogiar “o trabalho dos médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, enfim, a todos esses verdadeiros heróis que estão na linha de frente do atendimento à população num momento tão delicado da saúde pública”.
No Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no atendimento de pacientes com coronavírus, todos os 26 psicólogos, lotados em ambulatórios de diferentes frentes, se uniram para oferecer esse apoio. “Iniciamos os atendimentos presencialmente, nos andares, mas em razão da racionalização de EPIs, tivemos de readequar e fazer por teleatendimento, um desafio que estamos conseguindo superar”, conta o referência técnica assistencial de Psicologia do Hran, Iuri Bezerra.
Agora, o atendimento inicia-se por um formulário em que o profissional de saúde preenche online. A partir daí, é feita a triagem e o encaminhamento para um dos profissionais, que faz a escuta por telefone. “Na primeira ligação, a gente explica o serviço e verifica se ele está à vontade com a questão e inicia a escuta qualificada. A proposta é ouvir o servidor, levando em consideração o contexto da pandemia”, explica Iuri.
Depois de algumas escutas, o psicólogo dá o encaminhamento necessário, que pode incluir indicação de práticas integrativas ou até de atendimento presencial com psiquiatra. “De modo geral, os servidores estão trazendo questionamentos mais transversais, o isolamento, medo da contaminação, distância dos familiares, receio de ser vetor de contaminação”, enumera o psicólogo. Ele diz que o foco é fazer com que o profissional consiga lidar com os desafios de maneira mais sustentável.
Até o momento, cerca de 15 servidores estão inscritos e já recebendo ligações. Quem mais procura são os enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Regionais
Outras unidades também se mobilizaram para atendimento semelhante. No Hospital Regional de Ceilândia, o primeiro passo também é preencher um formulário. “A partir da avaliação da equipe, é realizado o contato com o servidor para agendar um horário de teleatendimento. Em poucos dias já tivemos 25 servidores interessados. A ideia, com essa ação, é prevenir adoecimento mental, reduzindo o número de afastamentos por problemas emocionais”, destaca a coordenadora do Serviço de Psicologia do HRC, Thatiana Gimenes.
O projeto é desenvolvido em parceria com a Medicina do Trabalho. “Consideramos fundamental manter a saúde mental dos servidores para auxiliar no processo de trabalho, garantindo atendimento ao paciente com qualidade e preservando o servidor que está sendo bastante exigido nesse momento”, complementa a psicóloga.
No Hospital Regional do Gama, o serviço de psicologia que já atende os servidores há cerca de oito anos passou por uma adaptação, dando preferência no atendimento ao profissional que está na linha de frente de enfrentamento ao Covid-19.
“O objetivo do trabalho é buscar o equilíbrio entre as necessidades do servidor e da Secretaria de Saúde. A gente recebe tanto demandas espontâneas quanto encaminhadas pelas chefias, para atendimento e orientação psicológica”, explica a psicóloga Laila Gonçalves. Em média, são 15 atendimentos semanalmente.
Em Samambaia, a escolha do hospital regional foi fazer uma parceria com psicólogos voluntários, que oferecem esse atendimento. “Percebemos que nossos colegas não ficam muito à vontade para falar conosco, psicólogas da unidade. Quando percebemos algum mais triste, até abordamos e conversamos, mas achamos melhor fazer o atendimento com profissionais de fora”, explica a psicóloga da unidade, Ingrid Queiros. Ela também conta com profissionais do Núcleo de Práticas Integrativas.
“Nosso papel não será fazer terapia em grupo ou psicoterapia, mas sim, uma escuta terapêutica, juntamente com as chefias de cada setor, conforme os dias e horários que elas acharem mais pertinentes, com os servidores que elas perceberam estar com estresse além do normal e que esteja prejudicando o desempenho das suas funções”, diz.
Os servidores da pediatria do Hospital Materno Infantil também estão recebendo este apoio. A psiquiatra Kyola Vale promove reuniões, com pequenos grupos multidisciplinares, respeitando distância e uso de máscaras e álcool em gel. “Realizamos dinâmicas que visam trabalhar a empatia e convocar para a atitude cidadã de valorizar ações que implicam os cuidados de todos”, informa.
Fazem parte desses grupos médicos, equipe de higiene, enfermagem, equipe do laboratório e vigilantes. “A ideia é provocar uma visão que inclua a atuação sinérgica que tem como objetivo cumprirmos com excelência nosso papel de profissionais da saúde”, destaca Kyola Vale.
Acompanhe a história dos músicos da velha guarda e da nova geração desse ritmo que ajudaram a criar o Clube do Choro na cidade
LÚCIO FLÁVIO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
Dilermando Reis, com o violão, em uma das rodas de choro que marcaram presença nos primeiros anos da capital | Foto: Divulgação / Arquivo Público do Distrito Federal
Antes de ser a capital do rock, Brasília foi a metrópole do choro. A cidade deve muito a esses artistas consagrados do gênero que aqui chegaram e fizeram história com trajetórias carregadas de paixão e muito talento. E, tendo sido Juscelino Kubitschek o presidente que foi um dínamo de simpatia, alegria e energia, tudo só poderia acabar mesmo em samba – ou melhor, em choro.
Já vinha sendo assim em 1956, na inauguração do primeiro prédio oficial da cidade, o Catetinho, palácio de tábuas projetado por Niemeyer para abrigar, provisoriamente, JK e seu séquito. Naquele 10 de novembro, a noite estrelada e fria do Planalto Central foi embalada pelo violão de Dilermando Reis, autor de Exaltação a Brasília, uma homenagem à então recém-criada capital federal.
Músico de prestígio, Dilermando era amigo do “presidente bossa nova”, a quem costumava acompanhar nas primeiras visitas ao Cerrado. A afinidade entre os dois deixava bem claro o amor que Juscelino sempre nutriu pela música popular brasileira.
A chegada dos músicos
Com a construção de Brasília e a mudança oficial da capital – que era o Rio de Janeiro – para o Brasil central, muitos servidores, vários deles instrumentistas, vieram transferidos para cá, sem contar aqueles que, de passagem pela nova cidade em temporadas profissionais, resolveram ficar definitivamente.
Foi o caso de Inácio Pinheiro Sobrinho, o Pernambuco do Pandeiro (1924 – 2011), que, depois de viver tempos gloriosos no Rio de Janeiro, tocando até com Carmen Miranda, decidiu tentar a sorte em Brasília, em 1959. Por interferência de JK, o artista conseguiu até um trabalho que não fosse ligado à boemia.
“Vim para ser músico da Rádio Nacional, mas não deu muito certo e aí fui fichado na Novacap, na qual me aposentei”, contou, em entrevista ao jornal Correio Braziliense publicada em janeiro de 2010.
“Vim para ser músico da Rádio Nacional, mas não deu muito certo e aí fui fichado na Novacap, na qual me aposentei”Inácio Pinheiro Sobrinho, o Pernambuco do Pandeiro, em declaração publicada no jornal Correio Braziliense em 2010
Jacob do Bandolim
A relação da cidade com esses eternos chorões parecia mesmo inevitável. Em novembro de 1967, sem tocar há quatro meses, entrevado numa cama em sua casa em Jacarepaguá (Rio de Janeiro) por conta de uma crise de coluna cervical, Jacob do Bandolim recebe a visita de dois médicos de Brasília.
Na verdade, tratava-se de dois chorões, que ali estavam para assistir a mais um dos marcantes saraus realizados pelo artista. Um era o cavaquinista Assis Carvalho, que se apresentou como “ginecologista”. O outro era o paraibano Arnoldo Velloso da Costa, que já conciliava o bandolim com o jaleco e não titubeou: foi logo aplicando no doente uma terapia neural recém-aprendida na Alemanha que se mostrou eficaz.
“No dia seguinte, para surpresa de todos, lá estava ele [Jacob do Bandolim] de pé”, lembra o médico e músico, atualmente com 91 anos. “Ficou tão animado que disse: ‘mas você é um grande esculápio [médico, doutor, terapeuta]!’. Como ele era escrivão da polícia, sempre tinha essas palavras diferentes na ponta da língua. O Jacob gostou tanto do tratamento que veio passar uns tempos em Brasília e ficou na minha casa. Para mim foi bom, porque de dia eu trabalhava no Hospital de Base e à noite tinha aulas de bandolim com ele. Foram oito meses assim.”
”“O
gostou tanto do tratamento que veio passar uns tempos em Brasília e ficou na minha casa. Para mim foi bom, porque de dia eu trabalhava no Hospital de Base e à noite tinha aulas de bandolim com ele. Foram oito meses assim”” assinatura=”Arnoldo Velloso da Costa, médico e bandolinista paraibano, pioneiro de Brasília” esquerda_direita_centro=”direita”]
Incentivador do choro
Morto aos 51 anos de idade, em agosto de 1969, duas semanas depois de deixar Brasília, Jacob do Bandolim marcou presença na capital e ajudou a fortalecer o gênero musical na cidade. Isso, sobretudo, graças às inúmeras rodas de que participou, arregimentando chorões que aqui já viviam – alguns deles considerados os melhores instrumentistas do pedaço.
Reza a lenda que os saraus comandados pelo artista, durante sua jornada em Brasília, alcançaram tanta fama que até o presidente Arthur da Costa e Silva chegou a programar uma apresentação exclusiva do bandolinista e seu grupo, o Época de Prata, no Palácio da Alvorada. Arnoldo Velloso da Costa sempre considerou a passagem de Jacob do Bandolim pela cidade como fundamental para o surgimento do Clube do Choro, anos depois.
“Ele deixou plantada uma semente com a sua memória”, sentencia Velloso, que o viu em apresentações na Rodoviária do Plano Piloto e no Beirute da 109 Sul. “Ele tocava maravilhosamente lindo”, diz, emocionado.
Minhas mãos, meu cavaquinho
Era para ser uma manhã de sol, como tantas outras em Brasília, mas naquele dia sombrio de 1971, no Lago Sul, um cortador de grama quase causou uma tragédia. Num momento de fúria, o homem, que manuseava o equipamento, teve o dedo anular esquerdo decepado. Era ninguém menos do que o mestre do cavaquinho Waldir Azevedo, autor de pérolas como Delicado, Pedacinho do céu e Brasileirinho.
Fazia pouco tempo que o artista, carioca do bairro da Piedade, morava na capital, à qual chegou acompanhando uma filha e o genro, funcionário transferido pelo Banco Central. Vivia deprimido e sem vontade de tocar depois de ter perdido outra filha, Míriam, de 18 anos, num acidente de carro. O grave episódio doméstico com o cortador de grama só fez piorar o estado de espírito do grande maestro do cavaquinho.
Mas, com o dedo reimplantado, amparado pelos cuidados da esposa Olinda e pelo constante incentivo e interesse de amigos, parceiros, admiradores e da imprensa – todos torciam por sua volta aos palcos –, Waldir Azevedo, aos poucos, se deixa levar pela chama da música que nunca adormecera dentro de si.
Cercado por vários chorões que aqui viviam, começou a participar de rodas de choro que pipocavam nos apartamentos do Plano Piloto e nas casas do Lago Sul – entre elas, a sua, onde um dia ele recebeu o futuro presidente Ernesto Geisel, amante do gênero. Finalmente, em 1975, como que renascendo das cinzas, Waldir e seu grupo se apresentam no Teatro Martins Pena. No ano seguinte, ele grava o disco Minhas mãos, meu cavaquinho, cuja música-título é praticamente um tratado de gratidão.
“Eu pensei que não ia poder mais tocar, mas fiquei curado, o pedaço do dedo foi reimplantado e eu fiz essa música em agradecimento a Deus por ter podido voltar…”, lembraria o músico, tempos depois.
“Eu pensei que não ia poder mais tocar, mas fiquei curado, o pedaço do dedo foi reimplantado e eu fiz essa música em agradecimento a Deus por ter podido voltar”Waldir Azevedo, cavaquinista
O burburinho em torno da criação de um espaço que reverenciasse os artistas do gênero e amantes do ritmo faz renascer, de vez, a carreira de Waldir Azevedo, falecido em 1980, aos 57 anos. “Nunca pensei que pudesse sustentar a minha família com um pedacinho de madeira e quatro arames esticados. Às vezes chego a pensar que foi uma ousadia muito grande”, confessou, certa vez.
Nasce o Clube do Choro
Foto: Divulgação / Bento Viana
É desses estilhaços da história e encontros marcantes que ficaram na poeira do tempo que aos poucos surgiu, entre instrumentistas da cidade, a ideia de um local para homenagear o mais brasileiro dos ritmos nascidos no Rio de Janeiro em meados do século 19. Sim, porque o choro está para o Brasil assim como o fado está para Portugal ou a música flamenca para a Espanha. É considerado a nossa mais genuína e autêntica identidade musical.
Assim, logo as festivas e culturais reuniões que aconteciam pela cidade ganharam um caráter mais sério. Em setembro de 1977, seria lavrada, no apartamento da flautista Odette Ernest Dias – uma francesa que caiu de amores pela música brasileira –, na 311 Sul, a ata de criação do Clube do Choro.
No documento, estava registrado que a agremiação se destinava “a promover a interação de músicos profissionais, amadores e pessoas identificadas com o choro e músicas brasileiras afins”, além da “organização de concertos, recitais, biblioteca e discoteca do gênero, com intenção de estimular a formação de grupos e intercâmbio com associações similares dentro e fora do país”.
Participaram desse encontro antológico, entre outros, o percussionista Pernambuco do Pandeiro, o flautista Bide – primo do mestre Pixinguinha – e o bandolinista e médico Arnoldo Velloso da Costa, além de vários jornalistas e entusiastas do gênero, que aclamaram como primeiro presidente da entidade o citarista Avena de Castro, grande amigo de Jacob do Bandolim. Como os apartamentos e residências dos chorões começaram a ficar pequenos para tantos instrumentistas e convidados, a alternativa foi organizar apresentações pagas no Teatro Galpão e no Teatro da Escola Parque.
“Numa dessas apresentações no Teatro da Escola Parque, o governador Elmo Serejo compareceu e amoleceu o coração ao assistir aos chorões, que faziam uma homenagem ao Pixinguinha”, recorda hoje Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim. “Foi quando ele cedeu o vestiário do Centro de Convenções para apresentações do grupo.”
Foram seis anos de intensas atividades e interatividade fervilhante entre a velha guarda de chorões e jovens artistas que passaram a conhecer aquele gênero centenário que fazia sucesso na mais moderna das cidades do país. Numa época em que as guitarras ditavam moda no cenário musical na cidade, foi fundamental a fusão criada entre o rock e outros ritmos bem brasileiros pelo revolucionário grupo Os Novos Baianos. “O Pepeu Gomes foi o cara que colocou guitarra no samba”, analisa Reco do Bandolim, na época conhecido como Jimi Reco. “A turma dos Novos Baianos apresentou para as novas gerações gente como Assis Valente, Ary Barroso e Dorival Caymmi”.
Movimento e queda
Após um começo promissor, o Clube do Choro mergulharia em franca decadência durante quase uma década, sendo alvo de vandalismo, roubos frequentes e falta de estrutura – o que afastou tanto os músicos quanto o público. “O governo ia retomar a sede, caso algo não fosse feito”, conta Reco, que assumiu a presidência do clube em 1993, arregaçando as mangas no processo de revitalização do espaço.
“Nos quatro anos em que ficou à frente da instituição, o músico trabalhou para adequar o clube às exigências legais e estruturais e receber apoio cultural”, conta Fátima Bueno no livro Do Peixe Vivo à Geração Coca-Cola, sobre a história da música em Brasília. “Além da reforma do espaço para apresentações, ele estabeleceu agenda de eventos e superou divergências entre os defensores da roda tradicional e os partidários da abertura para a incorporação de música popular brasileira afinada com o choro.”
Patrimônio Imaterial
Elevado à condição de Patrimônio Imaterial de Brasília em 2007, o Clube do Choro, hoje, é uma referência nacional e internacional. Seu complexo cultural, projetado por Oscar Niemeyer em 2006, abriga ainda o clube, uma escola de música – inaugurada em 1998 – e um centro de referência e memória do choro.
Sem qualquer “filiação ideológica ou partidária”, como gosta de frisar Reco, o espaço é um dos projetos de música instrumental brasileira mais longevo e bem-sucedido da história da MPB, com mais de 2,5 mil showsapreciados por um público superior a 750 mil pessoas. Uma experiência de sucesso que tem despertado interesse de outros entusiastas da música e do choro em vários países.
“Já viajamos o mundo inteiro dando palestras sobre o Clube do Choro, contando a história do gênero por meio do repertório de vários artistas”, orgulha-se Reco do Bandolim. “É um ponto de encontro democrático da cidade que prima pela qualidade da música apresentada e excelência dos músicos brasileiros, hoje, por meio da nossa escola, exportando seus talentos para todos os lados.”
Ao todo, 3.359 testes foram realizados por drive thru
AGÊNCIA BRASÍLIA
O Segundo dia de testagem em massa, na população do Distrito Federal, para diagnóstico da Covid-19, registrou 41 resultados positivos. Ao todo, 3.359 testes foram realizados por drive thru nos oito pontos situados no Plano Piloto e Águas Claras.
A testagem está disponível de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, no Estádio Mané Garrincha, nos estacionamentos 4, 6, 11 e 13 do Parque da Cidade, na Residência Oficial do Governador e nas universidades Unieuro e Uniplan, em Águas Claras.
A expectativa é que mais pontos de testagem, pelo mesmo sistema drive thru, sejam abertos nos próximos dias. Para quem for comparecer aos locais, é necessário levar documento de identidade e comprovante de residência.
Mudança vale para três cargos da Carreira Atividades de Trânsito do quadro de pessoal da autarquia
JÉSSICA ANTUNES, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
Três cargos da Carreira Atividades de Trânsito do quadro de pessoal do departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) terão nomenclatura alterada. O Projeto de Lei 1.109/2020, elaborado pelo Executivo local após proposta da categoria, foi aprovada pela Câmara legislativa (CLDF) em sessão remota nesta quarta-feira (22).
Passará a chamar Especialista em Atividades de Trânsito o cargo que, atualmente, chama-se Analista de Trânsito. Além disso, Assistente de Trânsito passará a ser conhecido por Analista em Atividades de Trânsito. Por fim, Técnico de Trânsito torna-se Técnico em Atividades de Trânsito.
A demanda foi levada ao Detran-DF pelo Sindicato dos Trabalhadores em Atividades de Trânsito, Policiamento e Fiscalização de Trânsito das Empresas e Autarquia do DF (SIindetran), visando a padronização, modernização e adequação das carreiras.
Na exposição de motivos que acompanhou a proposta enviada ao Legislativo, a direção-geral do Detran relatou que a alteração exclui as desigualdades e ajusta as necessidades da carreira, com intuito de tê-la padronizada, enxuta, adequada, profissionalizada e eficiente.
Além disso, a direção ressaltou que a reformulação aponta para formação de servidores qualificados, com atribuições específicas de implementação, avaliação, desenvolvimento e controle de políticas públicas de trânsito, com estrutura remuneratória diferenciada, ingresso por concurso público e formação em trânsito.
Com o registro prévio será possível reduzir aglomerações e elaborar estatísticas mais precisas
AGÊNCIA BRASÍLIA
A partir de amanhã, 23 de abril, a população do Distrito Federal poderá contar com mais uma ferramenta no combate à pandemia de Covid-19: o TestaDF. Através dela, o cidadão poderá acessar um sistema e realizar o cadastro antecipado para participar da triagem na modalidade drive thru.
O sistema vai direcionar para um agendamento de acordo com o local de moradia, e ainda mostrar a quantidade de vagas disponíveis para o teste naquela data. Com o registro prévio será possível reduzir aglomerações e manter a ordem e controle dos testes. O sistema também vai gerar dados estatísticos importantes para a Secretaria de Saúde, como ponto com mais registros de casos e faixa etária dos testados. Também será possível utilizar QRCode para confirmar o agendamento na triagem e conferir o resultado do exame.
O sistema poderá ser acessado a partir de amanhã (23) pelo endereço testa.df.gov.br e é responsivo para smartfones.
Vale ressaltar que mesmo com o cadastro realizado de forma online, todos passam por triagem de temperatura realizada pelo Corpo de Bombeiros, que utiliza câmeras térmicas. Aqueles que não apresentam sintomas não fazem a testagem.
O sistema foi criado pela Secretaria de Economia do DF – SEEC , por meio da Subsecretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação – SUTIC. Trata-se de um avanço em termos globais, tendo em vista que o Distrito Federal é um dos poucos lugares no mundo a utilizar ferramentas tecnológicas específicas para testes em massa.
Sistema de testagem em massa O serviço está disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, nos pontos determinados pela Secretaria de Saúde e a expectativa é de que mais locais sejam abertos nos próximos dias. Para a triagem nos locais de testagem, é necessário levar documento de identidade, comprovante de residência e QRCode registrado no TestaDF. É recomendado que a população utilize máscaras faciais desde a saída de suas residências, e que cada carro tenha, no máximo, quatro pessoas.