No último dia 11, uma jovem de 23 anos teria sido ameaçada pelo motorista, após pegar um transporte "pirata" no Terminal Rodoviária de Planaltina. Com o veículo em movimento, segundo relato da vítima, o suspeito teria tentado estuprá-la. A jovem pulou do carro em movimento. Ela procurou a polícia depois de reconhecer Marinésio por uma foto, após a divulgação da prisão e da morte de Letícia.
Uma adolescente de 17 anos também procurou a polícia na companhia da mãe para contar que reconheceu o cozinheiro como o homem que a teria estuprado em abril deste ano. Conforme o relato, a garota seguia para um ponto de ônibus, após as aulas, em Paranoá, quando foi abordada pelo suspeito. Com uma faca, ele teria obrigado a jovem a entrar em um carro e a violentou. Marinésio ainda tentou estrangular a garota. O boletim de ocorrência do estupro foi registrado em julho.
Sequestro
Marinésio também é investigado como o possível sequestrador da doméstica Gisvania Pereira dos Santos, de 33 anos, desaparecida em 6 de outubro do ano passado, em Sobradinho, região administrativa do Distrito Federal. Uma irmã dela procurou a polícia depois de ver o noticiário sobre os crimes do cozinheiro. Uma câmera de um posto de gasolina flagrou quando o motorista de um carro branco insistiu para que ela entrasse no veículo. A mulher nunca mais foi vista.
No bairro em que morava com a mulher e uma filha de 16 anos, no Vale do Amanhecer, em Planaltina, o cozinheiro era considerado um homem pacato. De acordo com a polícia, no entanto, os moradores mais antigos relatam que há dez anos ele teria tentado estuprar uma vizinha, para quem deu carona. Desde a prisão, a casa está fechada. Sentindo-se ameaçadas, a mulher e a filha se mudaram.
Nesta quarta-feira, 28, a Polícia Civil do DF pediu que mulheres ou familiares de possíveis vítimas do maníaco procurem os órgãos policiais para registrar boletim de ocorrência. Segundo o órgão, será garantida toda privacidade. De acordo com o delegado Veluziano de Castro, que investiga a morte de Letícia, casos de ataques contra mulheres sem autoria conhecida estão sendo revistos. "Estamos revendo inquéritos de 2014 e 2015 que estavam em vias de arquivamento por falta de indícios dos suspeitos", disse.
Carona
Segundo o delegado, o cozinheiro teria um padrão de agir, atraindo vítimas que estão à procura de transporte. Foi o que teria acontecido no caso de Genir e no mais recente, que culminou com a morte de Letícia. As duas foram mortas por asfixia, após terem aceitado a "carona" oferecida pelo suspeito. De acordo com a investigação, a funcionária do MEC foi atacada quando saiu para trabalhar. A advogada morava com o marido e o filho de 3 anos em um apartamento do Setor Arapoanga, em um bairro de Planaltina.
O delegado disse que Letícia conhecia Marinésio de vista, pois às vezes eles tomavam o mesmo ônibus. Ainda de acordo com a polícia, Marinésio viu a jovem no ponto de ônibus e ofereceu uma carona. Durante o trajeto, ele a teria assediado e, como a jovem rejeitou a investida, foi estrangulada. A perícia vai esclarecer se o estupro foi consumado, crime que Marinésio nega. O corpo foi abandonado à margem da rodovia DF-250. Letícia foi sepultada nesta terça-feira, 27, em Planaltina, em meio a manifestações contra os abusos. Ainda segundo o delegado, assim que Marinésio foi preso pelo assassinato da advogada, os policiais estabeleceram a ligação dele com a morte de Genir. Ela trabalhava em uma pizzaria e, no dia 2 de junho, saiu de casa e não chegou para o trabalho. O corpo foi achado dez dias depois em uma mata, entre a pizzaria e o local em que ela morava, em Planaltina. Imagens de câmeras mostram o veículo do cozinheiro passando pelo local em que Genir desapareceu.
O cozinheiro foi transferido nesta quarta-feira, 28, para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada. Ele será submetido ao reconhecimento por outras possíveis vítimas. Ele deve responder por homicídio qualificado, pelos assassinatos de Genir e Letícia, podendo receber pena de 12 a 30 anos em cada caso. Marinésio também pode responder por estupro nos casos de mulheres que relataram as violências, com penas previstas de de 6 a 10 anos por crime.
O jornal O Estado de S. Paulo procura pelos defensores de Marinésio dos Santos Olinto