terça-feira, 7 de maio de 2019

Papa visita a Macedônia do Norte para pregar a unidade

MUNDO

Foto: AFP/PHOTO
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O papa Francisco desembarcou nesta terça-feira na Macedônia do Norte, onde pregará a unidade neste pequeno país, mosaico de nacionalidades e confissões, com maioria ortodoxa.

Diante das autoridades locais, Francisco elogiou o patrimônio e a "composição multiétnica e multirreligiosa" do pequeno país de 2,1 milhões de habitantes, fruto, segundo o papa, de uma "historia rica e, por quê não, também complexa de relações interligadas no decorrer dos séculos".

Desta combinação, comum na região, o papa pediu para ser feita "uma referência para a convivência serena e fraternal". 

Como na Bulgária, por onde passou antes em sua viagem de três dias aos Bálcãs, concluída nesta terça-feira, a Macedônia do Norte é majoritamente ortodoxa - dois terços da população, enquanto um terço é muçulmano.

No país de maioria eslava, os albaneses representam entre 20% e 25% da população.

Os católicos, uma pequena comunidade que representa menos de 1% dos 2,1 milhões de habitantes do país, contam, no entanto, com a força da herança de Madre Teresa.

Nascida em 1910 em Skopje, então sob a tutela do Império Otomano, ela se tornou o que o papa descreveu em uma mensagem de vídeo divulgada antes da viagem como "uma corajosa missionária da caridade de Cristo no mundo, dando consolo e dignidade aos mais pobres entre os pobres”.

Francisco rezou no memorial dedicado à Madre Teresa, situado no museu mais visitado do país, na presença de representantes ortodoxos, muçulmanos, judeus e metodistas.

Milhares de moradores de todas as religiões compareceram nesta terça-feira à missa do papa na praça central, perto do local em que nasceu Madre Teresa. Ela deixou o país em definitivo no fim dos anos 1920.

Os fiéis vieram de Albânia, Bósnia, Grécia, Hungria, Eslovênia e até Croácia, único país dos Bálcãs majoritariamente católico.

Em sua homilia, o papa citou a Madre Teresa, mas em um país que foi um dos centros de produção de "fake news", optou por alertar contra "a desinformação".

A Macedônia do Norte é um dos países mais pobres da Europa, com um salário médio de quase 400 euros e mais de um terço dos jovens desempregados.

No fim da visita, um sacerdote católico do rito oriental, acompanhado por sua esposa e filhos, aproveitou a oportunidade para louvar a vida conjugal diante do papa Francisco, que se reuniu com o clero do norte da Macedônia. 

"Como sacerdote, Deus me deu a graça de sentir a paternidade do corpo, dentro da minha família e, ao mesmo tempo, a paternidade espiritual, na minha paróquia. Tive a experiência de que essas duas coisas são complementares", disse o padre Goce Kostov, sacerdote do rito bizantino, acompanhado por sua esposa Gabriela e seus quatro filhos.

Diáspora e conciliação
A visita "significou muito para nós, os fiéis católicos aqui", disse Dragi Bodjaziski, um fiel de 46 anos, enquanto o bispo de Skopje, Kiro Stojanov, agradeceu ao papa por ter se encontrado com "a pequena comunidade católica que vive na diáspora". 

A antiga República Iugoslava da Macedônia do Norte evitou as guerras dos Bálcãs nos anos 90, mas esteve perto de um conflito interétnico em 2001.

A mensagem de unidade do pontífice chega poucos meses depois do país aceitar a mudança de nome para Macedônia do Norte, abandonando o simples Macedônia, para encerrar uma antiga disputa com a Grécia.

O primeiro-ministro Zoran Zaev, que liderou o processo de reconciliação e é ortodoxo, considera a visita especialmente simbólica "na cidade natal da santa Madre Teresa, símbolo de reconciliação e solidariedade".

O arcebispo da Macedônia do Norte, Kiro Stojanov, considera a visita um "estímulo poderoso" para continuar com "a democratização da sociedade e promover justiça e igualdade".


AFP

Toffoli diz que mundo passa por momento de ‘ataque às instituições’

ECONOMIA
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JP Rodrigues/ Metrópoles
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Dias Toffoli, disse nesta terça-feira, 7, que o mundo passa por um momento de “ataque às instituições”, em que os “nacionalismos, os preconceitos, os rancores e o medo que leva ao ódio” passam a integrar a sociedade. Toffoli ressaltou que o Judiciário não pode querer ser “maior que a sociedade” e defendeu a criação de grupo de trabalho, no âmbito do CNJ, para discutir o uso de redes sociais, negando que a medida represente “censura” ou “mordaça”.
“Nós vivemos um momento, o que não é uma especificidade do Brasil. É um momento mundial de ataque às instituições. De tentativa de desmontar aquilo que foi criado no pós-Segunda Guerra: o valor da universalidade, o valor da pluralidade e o valor da democracia como algo que é o caminho a seguir para se fazer uma sociedade melhor. Nós estamos vivendo um momento em que os nacionalismos, os preconceitos, os rancores e o medo que leva o ao ódio passam a integrar a sociedade”, disse o presidente da Suprema Corte, ao discursar em seminário sobre direito e democracia da Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas), em Brasília.
“Nós temos que ter muito cuidado com as tentativas de excessos que são cometidos, às vezes dentro das nossas próprias instituições, exatamente porque ali está o ovo da serpente da criação de uma desestabilização institucional que na verdade quer implementar o medo e a partir do medo criar o ódio, e a partir do ódio desestruturar os tecidos sociais necessários para o desenvolvimento de um país, para o desenvolvimento da nação e para o desenvolvimento do próprio globo”, prosseguiu o presidente da Suprema Corte.
Dentro do Supremo, foi instaurado um inquérito – por decisão do Toffoli – para apurar ameaças, ofensas e a disseminação de “fake news” contra ministros da Corte e seus familiares. O inquérito, no entanto, levou à censura da revista digital “Crusoé” e “O Antagonista”, que acabou revogada, e é contestado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta que o Ministério Público foi escanteado das investigações.
Redes Sociais
Durante o seminário, Toffoli destacou ainda a criação de um grupo de trabalho para avaliar os parâmetros para o uso adequado das redes sociais por juízes e desembargadores. Segundo a portaria que cria o grupo, publicada na semana passada, a liberdade de expressão dos magistrados deve ser conciliada com “preservação da imagem institucional do Poder Judiciário”.
“Nós, enquanto instituições temos que ter nossos parâmetros de conduta. Isso não significa mordaça, isso não significa censura, isso significa defesa das nossas carreiras, isso significa defesa das nossas instituições. Os juízes não podem ter desejo. O seu desejo é cumprir a Constituição e as leis”, afirmou.
“Se ele tiver desejo ele que vá sair da magistratura e vá ser candidato para poder estar no parlamento querendo trabalhar no sentido de melhorar o país e trazer novidade. Mas o Judiciário julga o passado. Nós temos que deixar o Legislativo cuidar do futuro, Executivo cuidar o presente e nós cuidarmos do passado. Não podemos querer ser maior que a sociedade. Ser um alter ego da sociedade, nos acharmos melhor que a sociedade ou moralmente acima da sociedade e ficar apontado para onde a sociedade deve ir”, completou.


Os EUA podem realmente invadir a Venezuela?

MUNDO
Representantes do governo americano deram, nesta semana, sinais mais evidentes sobre a possibilidade de uma ação militar no país sul-americano.
O presidente Donald Trump repetidas vezes declarou seu apoio a Juan Guiadó — Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Os Estados Unidos deram novo impulso às ameaças de uma ação militar na Venezuela, agora de forma mais explícita do que os avisos repetidos de que "todas as opções estão na mesa" na conduta de Washington sobre Caracas.
Com Nicolás Maduro ainda no poder na Venezuela, um dia depois de seus opositores terem convocado um levante para derrubá-lo, os EUA encararam a crise no país sul-americano como um assunto prioritário.
Embora o discurso geral seja o de que Washington prefere que Maduro deixe o poder em uma transição pacífica, representantes da cúpula da Casa Branca fizeram nos últimos dias declarações mais abertas sobre a possibilidade de uma invasão militar da Venezuela.
"A ação militar é possível. Se isso for necessário, é o que os Estados Unidos farão", afirmou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, ao canal Fox Business.
Ele acrescentou que "o presidente [Donald Trump] finalmente terá que tomar essa decisão e está preparado para fazê-lo se for necessário".
A partir da esquerda: John Bolton (de bigode), Mike Pompeo e Donald Trump — Foto: Leah Millis/ReutersA partir da esquerda: John Bolton (de bigode), Mike Pompeo e Donald Trump — Foto: Leah Millis/ReutersA partir da esquerda: John Bolton (de bigode), Mike Pompeo e Donald Trump — Foto: Leah Millis/Reuters
O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, disse que os militares devem estar "prontos" para atuar na Venezuela, se preciso.
O Pentágono negou que tenha ordens para uma ação militar naquele país, mas o secretário interino de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, precisou cancelar no fim de abril uma viagem à Europa para "coordenar efetivamente" com as equipes de Bolton e Pompeo sobre a Venezuela e a fronteira com o México, de acordo com um porta-voz.
"Fizemos um planejamento minucioso [em relação à Venezuela], de forma que não haja situação para a qual não tenhamos nos preparado", disse Shanahan em uma audiência no Congresso.
Então, tudo isso significa que Washington está de fato mais perto de enviar tropas para a Venezuela?
Não necessariamente, dizem especialistas.

Maior pressão

O que Washington busca é convencer os militares venezuelanos a apoiarem Juan Guaidó, líder da oposição e autoproclamado presidente interino, segundo explica Alan McPherson, professor de História e diretor do Centro de Estudos sobre Força e Diplomacia na Universidade Temple, nos Estados Unidos.
"Parece que não funcionou ontem, mas acho que o Departamento de Estado está usando uma linguagem mais forte em suas advertências para pressionar mais pessoas", disse McPherson à BBC.
Na opinião de McPherson, o Pentágono é relutante sobre uma intervenção militar na Venezuela, mas Trump pode fazê-lo apesar das importantes consequências que isso pode ter no tabuleiro da América Latina - como a acusação, por países aliados na região, de que a intervenção americana seria ilegal.
De fato, o militar de mais alta patente dos EUA, o general Joseph Dunford, afirmou que o Pentágono está focado em reunir informações sobre a Venezuela por meio de seus serviços de inteligência.
Segundo o jornal americano Washington Post, a questão causou atrito entre o Pentágono e a equipe de John Bolton. Na semana passada, o general Paul Selva, segundo militar mais graduado do país, teria ficado furioso com os conselheiros de Bolton, que o pressionaram por ações militares na Venezuela.
Os EUA têm procurado enfraquecer Maduro com sanções econômicas e com a formação de uma coalizão de dezenas de países, incluindo o Brasil, que reconhece Guaidó como o líder legítimo da Venezuela e qualifica Maduro como ditador.
Washington também pediu aos militares venezuelanos que apoiem Guaidó.
Nicolás Maduro tem o apoio dos principais chefes militares da Venezuela — Foto: Miraflores Palace/Handout via ReutersNicolás Maduro tem o apoio dos principais chefes militares da Venezuela — Foto: Miraflores Palace/Handout via ReutersNicolás Maduro tem o apoio dos principais chefes militares da Venezuela — Foto: Miraflores Palace/Handout via Reuters
Mas Maduro permanece no poder em meio a uma enorme crise política e econômica, com o apoio dos principais comandos das Forças Armadas da Venezuela. Rússia e China também apoiam seu governo.
Isso parece frustrar os EUA, que, segundo analistas, podem levar a rupturas na coalização em torno de Guaidó a depender do rumo que tomar.
Por esses riscos, as declarações de Pompeo ou Bolton têm termos "vagos" sobre quando ou como uma ação militar aconteceria, destaca McPherson.
"Não acho que eles estão mentindo", diz, "mas estão enviando um aviso de que estão se aproximando dessa decisão".

O fator Rússia

Washington também parece estar enviando recardos mais firmes para a Rússia sobre a Venezuela.
Em março, o envio de aviões militares russos a Caracas foi encarado pelos americanos como uma afronta à sua influência na região.
Pompeo disse nesta terça-feira que Maduro estava pronto para deixar a Venezuela, mas desistiu de fazê-lo a pedido da Rússia, que negou essa versão.
No início da semana, Pompeo telefonou para o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, e disse que "a intervenção da Rússia e de Cuba está desestabilizando a Venezuela e as relações bilaterais EUA-Rússia", disse um porta-voz do Departamento de Estado.
Mas o Ministério das Relações Exteriores da Rússia emitiu uma declaração onde afirmou que "a interferência de Washington nos assuntos internos de um Estado soberano, a ameaça contra sua liderança, é uma violação grave do direito internacional".
"Indica-se que a continuação desses passos agressivos viria acompanhada de consequências mais sérias", acrescentou o texto russo.
Kimberly Marten, professora do Barnard College da Universidade de Columbia University e especialista em segurança internacional e na Rússia, acredita que Washington e Moscou buscam firmar suas posições na Venezuela.
"O perigo é que isso possa chegar a um ponto em que os EUA vão ceder ou iniciar operações militares, o que seria uma tragédia", disse Marten à BBC.
"Podemos esperar que ambas as partes tentem, em vez disso, usar essa jogada simplesmente para fomentar suas reivindicações em direção a uma solução pacífica", acrescenta, "e para que as cabeças mais frias prevaleçam".

FONTE: BBC

Meia hora de exercícios físicos diminui riscos à saúde, diz estudo

SAÚDE

Estudo diz que é possível diminuir os riscos à doenças cardiovasculares ao se exercitar de 20 a 40 minutos

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Academia: Se você fechou um pacote e quer desistir, o estabelecimento é obrigado a devolver o dinheiro  Foto:REPRODUÇÃO


Um estudo publicado no Jornal do Colégio Americano de Cardiologia indica que, com apenas de 20 a 40 minutos por dia de alguma atividade física, é possível eliminar a maioria dos riscos de saúde relacionados a ficar muito tempo sentado na mesma posição. Um estudo anterior dizia que o tempo necessário era de uma hora.

O impacto que ações como andar, correr e se exercitar têm na saúde do corpo humano são diferentes em cada caso: ficar em pé durante muito tempo pode resultar em dores na parte inferior das costas, e até aumentar o risco para doenças cardiovasculares. No entanto, permanecer sentado por tempo demais pode prejudicar a saúde.

Um exemplo de pessoas que alcançam o nível básico de atividade física recomendada – mesmo permanecendo sentadas pela maior parte do dia – são os indivíduos que possuem um trabalho de escritório e andam cerca de 20 minutos para ir e voltar, além de correr cerca de três vezes por semana.

O estudo contou com a participação cerca de 150 mil australianos de meia-idade e adultos beirando os 50 anos.

O que o estudo diz

Pessoas que não realizavam nenhum tipo de atividade física regular e permaneciam sentadas por mais de 8 horas por dia – a jornada de trabalho comum no Brasil – possuem cerca de duas vezes mais chances de falecerem por doenças ligadas ao coração do que pessoas que fazem pelo menos uma hora de atividade física por dia e ficam sentadas por, no máximo, 4 horas.

Porém, apenas permanecer menos tempo sentado não basta: pessoas que realizavam menos de 150 minutos (2 horas e 30 minutos) de atividade física por semana e sentavam cerca de 4 horas por dia ainda possuíam 44%-60% de chance de morrer por problemas cardiovasculares, em comparação ao grupo citado acima.

Ao trocar a ação de ficar uma hora sentado por esportes como natação, aeróbico e tênis, os benefícios são muito maiores: existe 64% de chance do risco de morte por doença cardiovascular e os problemas na saúde diminuírem.

Qual é a mensagem que o estudo quer passar?

O estudo apoia a ideia de que sentar e se exercitar representam os equilíbrio da saúde. Para aqueles que sentam durante bastante tempo, o ideal é buscar meios de reduzir a frequência e também procurar alterar o estilo de vida para algum com oportunidades mais saudáveis e que inclua algum tipo de exercício físico.

No entanto, nem todo mundo vive em um ambiente onde exista a possibilidade de criar meios de ser saudável, especialmente por falta de tempo. Não existem remédios que curem falta de tempo ou de motivação. Portanto, o mais recomendado para essas pessoas é incorporarem pequenos exercícios no meio de sua rotina, como: ir trabalhar de bicicleta, se acostumar a andar rápido ou utilizar escadas ao invés de elevadores.

Moradores de Brumadinho correm riscos de desenvolver doenças cardiovasculares

BRASIL
Liberados com a lama, metais pesados podem ter contaminado sobreviventes, profissionais de resgate e até jornalistas que acompanharam a tragédia de perto


Brumadinho (MG) foi invadida por lama contaminada com metais pesados depois do rompimento de barragem da Vale (Foto: Flickr/Felipe Werneck/Ibama/Creative Commons)
O rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, ocorreu em 25 de janeiro deste ano, mas as consequências da tragédia se alastram com o tempo. Uma nova pesquisa do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília aponta que os moradores e os visitantes da região – principalmente na época do desastre – apresentam maiores riscos de desenvolver doenças cardiovasculares como acidentes vasculares cerebrais (AVC), infarto e insuficiência cardíaca. 
O problema é a exposição aos metais pesados liberados com a lama da barragem. "Pesquisas mostram que a área está contaminada com níquel, rádio, alumínio e manganês", diz à GALILEU Vitor Engrácia Valenti, professor da Unesp e um dos autores do estudo. "O valor de chumbo e mercúrio já é 21 vezes mais alto do que o aceitável para a saúde humana. É uma situação bem grave." 
Cerca de um mês depois da tragédia, uma expedição no Rio Paraopeba – um dos principais da região – encontrou níveis altíssimos de metais nas águas. A resolução Conama 357 de março de 2015, que classifica a qualidade das áreas fluviais no país, indica que a concentração de cobre pode ser, no máximo, de 0,009 mg/L. Na análise, o Paraopeba chegou a ter mais de 4 mg/L. 
Segundo Valenti, a contaminação, a curto prazo, compromete o sistema nervoso central e o aparelho digestivo, podendo causar tontura, vômitos e diarreia. Mas a longo prazo, as pessoas expostas podem apresentar problemas cardíacos. 
As enfermidades podem ocorrer em moradores e nos visitantes de Brumadinho e arredores do Rio Paraopeba após a tragédia. Isso inclui sobreviventes, bombeiros, trabalhadores de resgate e até profissionais de imprensa. 
Contaminação
A exposição aos metais pesados pode ocorrer de duas maneiras: por via oral ou respiratória. Na primeira, o perigo está no consumo de alimentos ou água contaminada. "Isso chega no intestino, que absorve tudo o que a pessoa comeu", explica o professor. "Os metais vão para os vasos sanguíneos, chegando no coração."  
Já pela via respiratória, os metais entram no sangue por meio do contato dos alvéolos (estruturas pulmonares onde ocorre troca gasosa). "Há prejuízo no funcionamento dos reflexos cardiovasculares", detalha. "E quando isso acontece, pode causar hipertensão." 
Trabalhadores que foram até Brumadinho (MG) também podem sofrer com doenças do coração por causa dos metais pesados (Foto: Diego Baravelli/Wikimedia Commons)
Leia também:
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+ Tragédia de Brumadinho: por que a história se repete em Minas Gerais?

Uma vez dentro dos vasos sanguíneos, os metais aumentam o estresse oxidativo (excesso de radicais livres) e ocasiona a degradação dos lípidos, compostos químicos do organismo. Diante disso, todos os órgãos do corpo podem ser comprometidos. 
Desastre sem fim 
De acordo com Valenti, a contaminação via respiratória aconteceu de forma mais intensa na primeira semana após o rompimento da barragem. O problema ainda pode afetar quem reside ou passa por Brumadinho. "Tudo vai depender de como foi feita a limpeza da região", pondera. 
Para detectar uma possível contaminação, o professor indica que as pessoas façam exame de sangue. Contudo, nem todos os metais podem ser detectados como acima do limite: "É importante marcar uma consulta com um cardiologista, endocrinologista ou pneumologista".
O pesquisador ressalta que não existem tratamentos que removam completamente os metais do organismo. No entanto, o acompanhamento médico pode garantir terapias farmacológicas para melhorar a circulação sanguínea e a quantidade de metais presentes no corpo. Além disso, o profissional de saúde tem papel essencial no aconselhamento dos melhores hábitos de alimentação e atividades do paciente para que as enfermidades não piorem. 
"A melhor maneira de prevenção é não ter contato com o que é originado da região", afirma. "Mas o grande estrago já foi feito. Agora é importante que o poder público tenha consciência de fazer a limpeza correta do meio ambiente, além de cuidar da saúde preventiva das pessoas." 
GALILEU