De
cabelo raspado, Loures presta
depoimento à PF e fica em silêncio
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Ex-deputado tinha pedido para não passar pelo procedimento típico dos presos Créditos: André Coelho/O Globo |
A defesa de Loures havia apresentado na terça-feira (6) um pedido para garantir acesso integral a todos os documentos, áudios e vídeos do inquérito a que o ex-assessor do presidente Michel Temer responde, antes de ele depor. A defesa do ex-deputado também pleiteou que ele não tivesse o cabelo raspado caso fosse transferido para o presídio da Papuda, destinado a presos provisórios.
“Aproveita-se a oportunidade para requerer à vossa excelência que determine, com urgência, que lhe seja assegurado o máximo respeito aos seus direitos e garantias fundamentais, especialmente que não lhe seja imposto tratamento desumano e cruel, respeitando e assegurando a sua integridade física, especialmente que não lhe raspe o cabelo como fizeram no Rio de Janeiro com Eike Batista”, afirmou na ocasião o advogado Cezar Bittencourt.
No termo de declaração, o ex-deputado disse, nesta sexta-feira (9) que “por orientação da sua defesa técnica, o declarante deste ato lança mão de permanecer em silêncio”. O termo de declaração ocorreu nas presenças dos delegados Thiago Machado Delabary e Josélio Azevedo Souza e dos advogados Cezar Bitencourt e Michelanelo Cervi Cosrsetti.
O ex-deputado ficou detido na carceragem da PF até a quarta-feira (7), quando foi transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, também em Brasília. Loures está detido no mesmo bloco onde estão políticos condenados, ex-policiais e detentos com ensino superior – os chamados presos especiais. Ele divide uma cela com outros oito presos.
Acusação
Loures é acusado de receber R$ 500 mil em propina da JBS em nome de Temer. O suposto suborno seria a primeira parcela de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga ao longo de 20 anos, conforme o sucesso das transações da empresa. A defesa de Loures nega as suspeitas e afirma que Rocha Loures foi vítima de "coação ilegal". Diz ainda que a prisão preventiva tem como objetivo forçar uma delação premiada.
Temer e Loures são investigados por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa em inquérito aberto no STF a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot. O ex-deputado perdeu o foro privilegiado, mas continua investigado no STF por responder ao inquérito junto com Temer. O inquérito também relacionava o senador afastado Aécio Neves (PSDB), que conseguiu ser julgado de forma separada.
Rocha Loures perdeu o mandato de deputado quando o ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio negou o convite de Temer para assumir o Ministério da Transparência, e retornou à Câmara. Loures era suplente da bancada do PMDB, e ocupava o posto de Serraglio enquanto este estava no Ministério da Justiça.
Fonte: Jornal do Brasil