sexta-feira, 26 de agosto de 2016

MUNDO

Mais de 9 milhões vacinados contra febre amarela em Angola e na RD Congo




Organização Mundial da Saúde disse que somente na capital da República Democrática do Congo, Kinshasa, 91 por cento dos cidadãos já foram imunizados.
Vacina contra a febre-amarela. Foto: OMS

A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou esta sexta-feira em Genebra que a imunização contra a febre amarela está a avançar em dois países africanos.
O porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, disse que a campanha de vacinação já atingiu 9,1 milhões de pessoas em Angola e na República Democrática do Congo, RD Congo.
Somente na capital congolesa, Kinshasa, foram imunizados quase 7 milhões de pessoas, o que representa 91 por cento da população da cidade.


Em Angola, a vacina contra a febre amarela já foi aplicada em 2,1 milhões de pessoas, o que equivale a 72 por cento da população alvo para receber a imunização.


Fonte: Rádio das Nações Unidas

MUNDO

Secretário-geral pede participação de todos os civis nas eleições do Gabão




Pleito será neste sábado e chefe da ONU lembra que votar é uma responsabilidade cívica que precisa ser exercida; Ban Ki-moon elogia organização das presidenciais.
Ban Ki-moon com o Presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba, em visita ao país em 2010. Foto: ONU/Evan Schneider
Leda Letra, da 
O Gabão tem eleições presidenciais marcadas para este sábado e à véspera do pleito, o secretário-geral das Nações Unidas divulgou um comunicado a pedir que tudo decorra de forma pacífica e de maneira confiável.
Ban Ki-moon pede a todos os cidadãos do país para exercerem sua "responsabilidade cívica e participarem da votação". O chefe da ONU elogia o governo do Gabão e a Comissão Eleitoral Nacional pelos preparativos para as eleições.
Media
Ban também mencionou a ida ao Gabão de observadores internacionais e regionais que acompanharão o processo eleitoral. Segundo o secretário-geral, é importante que seja respeitado também a participação livre dos media durante o pleito.
Aos políticos, em especial aos candidatos, o pedido é para que sejam contidos, evitem discursos que possam incitar violência e mantenham uma atmosfera pacífica antes, durante e depois das eleições.


Ban Ki-moon destaca que todos os candidatos do Gabão podem contribuir para o processo eleitoral tratando problemas que possam surgir por meio de canais legais e constitucionais.


Fonte: Rádio das Nações Unidas

MUNDO

ONU diz que não foi consultada sobre evacuação de civis na Síria




Em nota, Staffan de Mistura afirmou que foi avisado durante a madrugada de um acordo que permite a saída de residentes esta sexta-feira da cidade de Daraya, sob cerco desde novembro de 2012.
Agências da ONU entregam itens de assistência em Daraya, na Síria. Foto: OMS/Azret Kalmykov 2016

As Nações Unidas informaram que não foram consultadas sobre uma negociação para evacuar os civis da cidade de Daraya, na Síria.
O local está sob cerco desde novembro de 2012.
Apelos
Em nota, o enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura, disse que foi avisado de um acordo, durante a madrugada. A evacuação ocorre nesta sexta-feira.
De Mistura lembrou que vários apelos para retirar os sírios da cidade haviam sido feitos até agora sem sucesso.
Segundo ele, é fundamental que as pessoas de Daraya sejam protegidas em qualquer ação de evacuação, e que a mesma seja de forma voluntária.
O enviado especial voltou a pedir aos co-presidentes do Grupo Internacional de Apoio à Síria e a outros integrantes que assegurem a implementação desse acordo para que todos os passos sejam dados respeitando os padrões internacionais de proteção e das leis humanitárias.


Ele afirmou que uma equipe de ajuda humanitária da ONU está em contato com todas as partes, incluindo a população local, e avisou que o mundo está de olho.


Fonte: Rádio das Nações Unidas

DISTRITO FEDERAL

Áudios sobre suposto esquema de corrupção foram editados, diz Celina

Gravações feitas por Liliane Roriz sugerem acordo para desvio de verba.
Celina Leão disse que vai recorrer de decisão que a tirou da presidência.


A deputada Celina Leão (PPS), presidente afastada da Câmara Legislativa do Distrito Federal desde a última terça-feira (23), acusou a ex-vice presidente da Casa Liliane Roriz (PTB) de editar os áudios de uma conversa entre as duas cujo assunto seria sobre um suposto esquema de corrupção. "É uma acusação mentirosa", disse. Ela disse que vai pedir perícia das gravações.
Celina afirmou que somente no dia 25 teve acesso ao inquérito da denúncia. "Nós não tínhamos acesso ao processo e isso dificultou nossa defesa. De posse do inquérito, nós temos condições de ver do que somos acusados." Ela disse que utilizará a defesa para recorrer ao afastamento da presidência da Câmara Legislativa e tentará retomar o cargo.
A deputada também disse que Liliane Roriz ficou com os áudios por mais de seis meses antes da divulgação. "No mínimo, ela prevaricou", declarando que a emenda parlamentar é da autoria da própria Liliane.
No trecho que Celina afirma que Liliane "está no projeto", a presidente afastada disse que "projeto é a palavra mais falada na Câmara", e que estavam conversando sobre outro assunto. Celina também acusou Liliane de persegui-la pessoalmente por um ano e meio e que a própria Liliane se declarava "inimiga pessoal" de Celina para outros deputados.
A deputada afirmou que não cogita renunciar da presidêndia da Câmara e que não está preocupada com as representações feitas contra ela por outros parlamentares. "Completamente normal, estamos em uma democracia. É muito mais um ato político e simbólico do que jurídico e administrativo. Quem tinha que renunciar é a Liliane, que já o fez."
É uma acusação mentirosa. Nós não tínhamos acesso ao processo e isso dificultou nossa defesa. De posse do inquérito, nós temos condições de ver do que somos acusados"
Celina Leão (PPS), presidente afastada da Câmara do DF, sobre suposta ligação dela com corrupção
Celina afirmou também que a própria assessoria irá disponibilizar trechos da conversa com Liliane Roriz que supostamente seriam editados, a fim de apontar as "contradições" da deputada do PTB. Ela disse que não passará os áudios na íntegra por envolver outros assuntos e pessoas.
Após a entrevista, a assessoria da deputada enviou dois trechos de áudio nos quais ela e Liliane Roriz conversam a respeito da troca da destinação da emenda.

Celina Leão:
– Cês fazem, a Liliane tinha combinado uma coisa, cês descombinam uma coisa sem avisar ela e ainda quer que eu assine. O que eu tinha assinado, cê pode perguntar pro [José] Adenauer (ex-secretário executivo da vice-presidência da Câmara e chefe de gabinete de Liliane], eu tinha assinado o que o Adenauer tinha me dado.
Liliane Roriz:
– Mas em nenhum momento eu conversei com o presidente da Asbraco [Luiz Afonso Assad] e falei de nada, sabe, falei do intuito de fazer reforma na escola, era bom pra gente politicamente, e você ia fazer propaganda...
Celina:
– Bom pra instituição, mas eu posso te falar? Eu também não falei nada, mas trocaram as emendas...
Celina:
– Eu não falei nada, eu não conversei com ninguém, eu não quero nada de nada entendeu, por isso que eu falei, entendeu, por isso que eu falei o seguinte [corta]
A convesa cita José Adenauer, ex-chefe de gabinete de Liliane Roriz, e o presidente da Associação  Brasilisense de Construtores (Asbraco), Luiz Afonso Assad. Ao Ministério Público, Assad disse ter sido sondado por dois deputados da Câmara Legislativa para agilizar liberação de verbas para obras, em troca de propina.
Segundo ele, o tema foi debatido em três reuniões em encontros com os deputados Bispo Renato Andrade (PR) e Julio Cesar (PRB), que teriam colocado as emendas parlamentares "à disposição" para investimentos. O empresário diz ter sugerido a aplicação das verbas em obras de manutenção predial – reforma de escolas e unidades de saúde, por exemplo.
Celina foi afastada do cargo após denúncias de envolvimento com supostos desvios de R$ 30 milhões de "sobras" parlamentares, provenientes de uma emenda destinada ao pagamento de empresas de gestão de UTIs.
Os alvos da operação policial são os membros da Mesa Diretora: Celina Leão, o primeiro-secretário, Raimundo Ribeiro (PPS), o segundo, Júlio César (PRB), e o terceiro, Bispo Renato Andrade (PR). Todos eles foram afastados das funções na Câmara, mas não perderam o mandato. Além dos membros da Mesa, o deputado Cristiano Araújo (PSD) também é investigado.
A deputada Liliane Roriz (PTB) durante sessão na Câmara Legislativa do DF (Foto: Câmara Legislativa/Divulgação)A deputada Liliane Roriz (PTB) durante sessão na Câmara Legislativa do DF (Foto: Câmara Legislativa/Divulgação)
Exoneração
As declarações de Celina acontecem depois da exoneração de José Wilson Porto e do afastamento de Alexandre Braga Cerqueira, ambos servidores comissionados que assessoravam a Mesa Diretora da Casa.

O Sindicato dos Servidores da Câmara Legislativa e do Tribunal de Contas (Sindical) pediram ao Ministério Público do Distrito Federal nesta quinta-feira (25) que solicite à Justiça o afastamento cautelar dos servidores membros da Mesa Diretora que assessoram os deputados suspeitos de receber propina em contratos com prestadoras de serviço de UTIs. Entre os alvos dos pedidos de afastamento do Sindical estavam Alexandre Braga Cerqueira e José Wilson Porto.
A lista é completada pelos secretários-executivos da primeira e segunda secretarias da Casa, Leila Barreto Ornelas e Rusembergue Barbosa de Almeida, respectivamente. “Para o Sindical, a decisão judicial que afastou os parlamentares da Mesa Diretora foi inócua e sem efeito prático, uma vez que os assessores diretos dos parlamentares, que compõem a Mesa, continuam agindo livremente”, afirmou a entidade.
Investigação
As investigações da polícia sobre o suposto esquema de corrupção na Câmara culminou com o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão, 8 mandados de condução coercitiva e 4 de afastamento cautelar.

As buscas foram feitas nos gabinetes parlamentares, na Presidência da Câmara e na residência das pessoas citadas. Segundo o Ministério Público, todos se apresentaram espontaneamente, dispensando o cumprimento da condução coercitiva.
Além dos membros da Mesa Diretora, a operação deflagrada pela Polícia Civil também investiga o deputado Cristiano Araújo (PSD), citado nos áudios; o servidor da Câmara Alexandre Braga Cerqueira, o ex-servidor Valério Neves Campos e o ex-presidente do Fundo de Saúde do DF Ricardo Cardoso. Todos foram intimados a depor. Todos negam envolvimento com irregularidades.
“As investigações são sigilosas. Elas vieram a conhecimento público antes do momento que julgávamos oportuno. Essa palavra é muito cara, porque o princípio mais importante da investigação é a oportunidade”, afirmou o promotor de Justiça do Grupo de Apoio ao Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Clayton Germano, quando a operação foi lançada.
A ação policial ocorreu quase uma semana depois de a corporação apreender documentos e computadores no Palácio do Buriti, em uma investigação para apurar suspeitas de extorsão contra a presidente do sindicato dos servidores na Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues.
Fonte: G1 

MUNDO

Geração de refugiados: A vida de bebês sírios que já nascem fugindo da guerra

ONU calcula que mais de 306 mil bebês sírios tenham nascido desde o início do conflito há cinco anos; conheça a história de alguns deles.



Geração de refugiados: A vida de bebês sírios que já nascem fugindo da guerra (Foto: Reprodução/BBC)
Após mais de cinco anos de guerra civil na Síria, centenas de milhares de crianças estão sendo forçadas a começar suas vidas em campos de refugiados espalhados pela Europa e pelo Oriente Médio.
Segundo dados da ONU, mais de 306 mil bebês nasceram já refugiados desde o início do conflito.
Mães e crianças correm grandes riscos no parto. Estão expostas a problemas como septicemia, tétano e pneumonia. Além disso, as crianças crescem muitas vezes em ambientes pouco saudáveis.
Algumas mães dizem até que preferiam ter dado à luz em casa, mesmo em um país em guerra, do que ter de passar por sua atual situação.
Geração de refugiados: A vida de bebês sírios que já nascem fugindo da guerra (Foto: Reprodução/BBC)
Para piorar a situação, muitos desses bebês não terão documentos de nascimento, o que pode lhes causar muitos problemas pelo resto da vida.
Conheça a história de algumas dessas mulheres e seus bebês que viviam no campo de refugiados de Idomeni, que fica no norte Grécia.
Fonte: G1 

MUNDO

Corpo de vice-ministro morto por mineiros é velado na Bolívia

Morte foi causada por derrame cerebral decorrente dos golpes, diz exame.
Rodolfo Illanes foi sequestrado durante protesto de mineiros na Bolívia.


Corpo de Rodolfo Illanes, vice-ministro do Interior da Bolívia, é velado nesta sexta-feira (26) na sede do governo (Foto: AIZAR RALDES NUNEZ / AFP)Corpo de Rodolfo Illanes, vice-ministro do Interior da Bolívia, é velado nesta sexta-feira (26) na sede do governo (Foto: AIZAR RALDES NUNEZ / AFP)
Autoridades bolivianas e familiares velam nesta sexta-feira (26), na sede do governo, o corpo do vice-ministro de Regime Interior do país, Rodolfo Illanes, assassinado na última quinta-feira por mineiros após um sequestro que durou horas.
O caixão com o corpo de Illanes foi levado de uma funerária privada para o Palacio Quemado, em La Paz, onde já aguardavam o vice-presidente do país, Álvaro García Linera, e alguns dos que formam o governo de Evo Morales.
O corpo do vice-ministro foi resgatado nesta madrugada em uma estrada da cidade de Panduro, localizada a 180 km de La Paz, e levado à capital a realização de uma autópsia. O resultado preliminar do exame relata que a morte de Illanes foi causada por um derrame cerebral decorrente dos golpes desferidos pelos mineiros durante o sequestro de quinta-feira.
Na ocasião, Illanes foi a Panduro para facilitar o dialogo entre governo e manifestantes das cooperativas de mineiros que bloqueavam as principais estradas bolivianas desde a última terça-feira. O protesto era contra uma lei promulgada pelo presidente Evo Morales, que estimularia a formação de sindicatos entre os cooperados. Para eles, a medida seria prejudicial para o funcionamento dessas organizações.
Nesta sexta-feira, o Evo Morales decretou um luto nacional de três dias em homenagem a Illanes e classificou o assassinato como "imperdoável".
Policiais de choque e mineiros em confronto em Panduro (Foto: Aizar Raldes / AFP Photo)Policiais de choque e mineiros em confronto em Panduro (Foto: Aizar Raldes / AFP Photo)




Fonte: G1 

ECONOMIA

Dólar sobe e vai a R$ 3,27 com aposta em alta de juros nos EUA

Moeda norte-americana avançou 1,25%, vendida a R$ 3,2719.
Na semana, dólar subiu 2,02%.


O dólar fechou em alta de mais de 1% nesta sexta-feira (26), após sessão de forte volatilidade, com investidores elevando suas apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode elevar os juros já na sua próxima reunião, em setembro.
A moeda norte-americana avançou 1,25%, vendida a R$ 3,2719, após chegar a R$ 3,2787 na máxima da sessão e R$ 3,1898 na mínima, segundo a Reuters.
Na semana, o dólar acumulou alta de 2,02%. No mês, a valorização é de 0,89%. No ano, entretanto, a queda é de 17,13%.
Acompanhe a cotação ao longo do dia:
Às 9h09, queda de 0,11%, a R$ 3,2278
Às 10h09, queda de 0,44%, a R$ 3,2173
Às 10h59, queda de 0.5%, a R$ 3,2153
Às 11h29, queda de 0,95%, a R$ 3,2209
Às 11h40, queda de 0,89%, a R$ 3,2028
Às 12h10, queda de 0,91%, a R$ 3,2023
Às 13h39, queda de 0,12%, a R$ 3,2357
Às 14h19, alta de 0,27%, a R$ 3,2405
Às 15h, alta de 0,89%, a R$ 3,2606
Às 15h40, alta de 1,25%, a R$ 3,2772




Juros nos EUA
Em discurso pela manhã, a presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, afirmou que aumentaram as razões para subir os juros, mas evitou sinalizar um aumento iminente na taxa.
Segundo a agência Reuters, num primeiro momento, os mercados financeiros haviam interpretado que Yellen deu sinais de que os juros não subiriam tão cedo na maior economia do mundo, levando a apostas majoritárias deste movimento em dezembro. Mas, comentários do vice-chair do Fed, Stanley Fischer, levaram os investidores a apostar que o BC dos EUA pode elevar os juros antes do final do ano.
"Parece que o Fischer veio a público corrigir a interpretação do mercado sobre a Yellen", resumiu à Reuters o operador de um banco internacional.
Fischer afirmou que as declarações dadas mais cedo por Janet Yellen, eram "consistentes" com a possibilidade de aumento de juros em setembro. Mesmo assim, ele acrescentou, é preciso esperar mais dados econômicos.
As declarações levaram o dólar a abandonar as perdas vistas pela manhã, quando investidores interpretaram que Yellen havia dado sinais de que os juros não subiriam tão cedo.
O Fed se reúne, neste ano, em setembro, novembro e dezembro. Juros mais altos nos EUA podem, em tese, atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em mercados emergentes, como o Brasil.
"A mensagem de que os juros podem subir neste ano não é nova, já vinha das últimas semanas. O que é novo é que, pelo jeito, Yellen está mais próxima daqueles que querem um aumento no fim do ano do que daqueles que querem um aumento agora", afirmou à Reuters o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
Os indicadores econômicos divulgados nesta manhã pintaram um quadro misto na maior economia do mundo, com o crescimento econômico dos EUA um pouco mais lento no segundo trimestre.
No Brasil, o julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff continuava no centro das atenções.

Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.
Fonte: G1

MUNDO

Liberdade, igualdade, burquíni: Como traje islâmico virou símbolo de racha na França

Veto a traje foi suspenso por alta corte administrativa; polêmica ganhou força no país e movimenta eleições presidenciais no próximo ano, colocando temas como a identidade nacional, imigração e islã no centro das discussões.


Depois do ataque em Nice, cerca de 20 munícipios francês proibiram o uso de burquini nas praias (Foto: AP Photo, File)Nissrine Samali usa burquíni em praia de Marselha, no dia 4 de agosto (Foto: AP)
A proibição do uso do burquíni - traje de banho islâmico que cobre todo o corpo e a cabeça das mulheres - está provocando uma onda de choque na política francesa, com fortes divisões no próprio governo e dentro dos partidos.
Nesta sexta-feira, o Conselho de Estado, a mais alta autoridade administrativa da França, considerou ilegal o decreto "anti-burquíni" aplicado em Villeneuve-Loubet, na Côte d'Azur.
Para os magistrados do órgão, criado por Napoleão Bonaparte, a proibição da vestimenta de banho "viola gravemente e de maneira ilegal as liberdades fundamentais como o direito de ir e vir, a liberdade de consciência e a liberdade pessoal".
A decisão, de última instância, é resultante de uma queixa apresentada por associações de defesa dos direitos humanos e era aguardada com grande expectativa neste momento em que o assunto incendeia o debate político no país.
Mais de 30 cidades litorâneas da França, a maioria governadas pela direita, proibiram o uso do burquíni.
A primeira a exigir "um traje correto, que respeite a laicidade" foi Nice, onde 86 pessoas morreram em julho em um atentado reivindicado pelo grupo autodenominado Estado Islâmico.
Segundo o Conselho de Estado - Corte que aconselha o presidente e tem como função jurídica de analisar decretos de poderes executivos -, o argumento da "laicidade" evocado por alguns prefeitos não pode ser utilizado para proibir o traje.
A autoridade administrativa afirma que a interdição teria de ser baseada em "riscos concretos" contra a ordem pública.
Teoricamente, nada obriga os prefeitos das demais cidades a suspender imediatamente os decretos que proíbem o uso do burquíni. Mas a decisão do Conselho de Estado tem a força de um princípio jurídico. Na prática, porém, basta que associações contestem decretos aplicados em outras cidades para que eles sejam suspensos - o que pode ocorrer nos próximos dias.
"Provocação"
A polêmica sobre o burquíni ganhou força no país e movimenta a batalha para as eleições presidenciais no próximo ano, colocando temas como a identidade nacional, imigração e o islã no centro das discussões.
O primeiro-ministro francês, o socialista Manuel Valls, voltou a defender na quinta-feira a proibição do burquíni nas praias como forma de manter a ordem pública no atual contexto de ameaça terrorista, provocando críticas de políticos de seu partido.
Para Valls, o burquíni é uma forma de "proselitismo e de provocação". Segundo ele, o traje de banho é "um sinal de reivindicação de um islamismo político que visa provocar um retrocesso nos valores" do país.
"É preciso lutar contra o islamismo radical que almeja ocupar o espaço público porque isso é uma ideologia", completou Valls.
A ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, nascida no Marrocos, trocou farpas com Valls na quinta ao declarar que a proibição do burquíni levanta a questão das liberdades individuais na França.
"Onde vamos parar? Isso libera o discurso racista", acrescentou Belkacem.
A ministra da Saúde e dos Assuntos Sociais, Marisol Touraine, filha do sociólogo Alain Touraine, também se diz contrária à proibição do burquíni e denuncia uma "estigmatização perigosa dos muçulmanos".
"Ver mulheres se banhando totalmente vestidas em praias francesas no século 20 é perturbador para a feminista que sou. Mas a laicidade não deve ser uma recusa da religião: é uma garantia da liberdade individual e coletiva", afirmou Touraine.
Os opositores à proibição do burquíni alegam que a palavra "liberdade" é uma das bandeiras da França, como igualdade e fraternidade. Mas a onda de atentados no país, que matou mais de 230 pessoas desde 2015, pode ter mudado a visão de muitos franceses em relação às questões do islã - e o burquíni se tornou um símbolo dessas tensões.
Pesquisas
A hashtag "BurkiniBan (veto ao burquíni) já foi usada dezenas de milhares de vezes desde o início da polêmica, para criticar ou defender o veto.
E, segundo uma pesquisa do Instituto Ifop para o jornal Le Figaro, divulgada na quarta-feira, quase dois terços dos franceses (64%) são contrários ao uso do burquíni. Apenas 6% se dizem favoráveis e o restante (30%) se diz "indiferente".
A França possui a maior comunidade muçulmana na Europa, estimada em cerca de 10% de sua população, e já promulgou, com base na "lei da laicidade", de 1905, leis proibindo o uso do véu islâmico nas escolas e do niqab (véu que deixa só os olhos à mostra) em espaços públicos e também rezas nas ruas.
Nos últimos dias, vários vídeos, fotos e relatos de mulheres usando roupas comuns nas praias e multadas por policiais circularam nas redes sociais, provocando reações de alguns membros da esquerda, que se disseram "indignados".
As imagens de uma mulher de meia-idade com turbante na praia de Nice tendo de retirar sua camiseta de manga comprida por ordem de quatro policiais armados ganhou repercussão internacional nesta semana.
Na Córsega, um homem chegou a ser ferido com um arpão em uma briga na praia motivada pela presença de mulheres usando burquínis.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, afirmou que é preciso por fim à "histeria mediática e política" em torno da questão do burquíni.
"França fraca"
Apesar do Conselho de Estado ter se pronunciado contra a proibição do burquíni, a questão do islã na sociedade francesa continuará tendo destaque no cenário político do país nos próximos meses.
O ex-presidente Nicolas Sarkozy, do partido Os Republicanos (antigo UMP), que declarou nesta semana sua pré-candidatura às eleições presidenciais, em abril de 2017, afirma que "o burquíni é uma provocação de um islã político".
Segundo Sarkozy, que também enfrenta divisões em seu campo sobre a questão, "usar burquíni é um ato político, militante. As mulheres que usam esse traje testam a resistência da República. Não fazer nada é permitir pensar que a França é fraca", diz ele, que defende uma lei nacional proibindo o uso do traje.
O programa de Sarkozy, anunciado no livro Tudo para a França, publicado nesta semana, prevê estender a proibição do uso do véu islâmico nas universidades, administrações públicas e empresas, além do reforço de medidas para reduzir a imigração.
Em seu livro, Sarkozy diz que a França "não tem dificuldades com religiões" e que "é com uma delas que não fez o trabalho necessário e inevitável de integração (que haveria dificuldades)".
Sarkozy vem subindo nas pesquisas eleitorais. Mas pela primeira vez haverá primárias de seu partido, em novembro. Seu principal rival, o ex-primeiro-ministro e ex-chanceler Alain Juppé, que lidera as pesquisas, tem uma visão mais branda do assunto ao defender a "identidade (nacional) feliz, que respeite a diversidade, sem excluir e rejeitar os outros".
Feministas divididas
Até mesmo as feministas, majoritariamente contrárias ao véu islâmico, estão divididas em relação à proibição do burquíni: algumas associações dizem que o traje é um retrocesso para as mulheres e outras afirmam que elas têm o direito de se vestir como quiserem.
"É um traje que estigmatiza a mulher como objeto sexual. Não entendo as feministas que não se revoltam contra essa roupa que existe para esconder as mulheres", diz Yael Mellul, presidente da associação "Mulher Livre".
Já o grupo "Ouse o Feminismo" criticou os decretos de proibição, afirmando que as mulheres muçulmanas são "as grandes perdedoras e vítimas de humilhações" nas praias do país.
Fonte: G1

MUNDO

A mulher que ganha a vida matando traficantes

Uma guerra brutal contra o narcotráfico está sendo travada nas Filipinas pelo controverso presidente Rodrigo Duterte; em dois meses, houve quase 2 mil assassinatos relacionados às drogas.



María é uma matadora de aluguel, mas quer deixar de fazer isso (Foto: BBC/Carlos Gabuco)María é uma matadora de aluguel, mas quer deixar de fazer isso (Foto: BBC/Carlos Gabuco)
Quando você conhece alguém que já matou seis pessoas, não imagina que seja uma mulher pequena, bastante nervosa e com um bebê a tiracolo.
"Meu primeiro assassinato foi há dois anos. Estava muito assustada, porque era minha primeira vez", confessa María*, que hoje é uma assassina profissional envolvida na guerra que o governo das Filipinas trava contra as drogas.
A jovem faz parte de uma equipe formada por três mulheres, que são muito valorizadas por conseguirem se aproximar das vítimas sem levantar suspeitas - o que seria mais difícil se fossem homens.
Desde que Rodrigo Duterte foi eleito presidente, em junho deste ano, e disse aos cidadãos e à polícia para matarem narcotraficantes, Maria já matou mais cinco pessoas - todas com um tiro na cabeça - desde sua "estreia" na carreira.
Questionada sobre quem lhe deu a ordem para acabar com essas vidas, ela responde: "Nosso chefe na polícia".
'Sinto culpa e angústia. Não quero que as famílias dos que mato se vinguem de mim', diz María* (Foto: BBC/Carlos Gabuco)'Sinto culpa e angústia. Não quero que as famílias dos que mato se vinguem de mim', diz María* (Foto: BBC/Carlos Gabuco)
A controversa guerra do Estado filipino contra as drogas é uma oportunidade de trabalho, mas também traz riscos.
Na mesma tarde do encontro com a reportagem, ela e seu marido disseram aos seus superiores que a casa onde moram havia sido exposta e que precisavam se mudar o quanto antes.
Ela conta ter começado a matar quando um policial encarregou seu marido de assassinar um narcotraficante endividado. E a atividade acabou se tornando algo rotineiro para ele. Até que a própria Maria foi acionada.
"Certa vez, precisaram de uma mulher, e meu marido me escolheu. Quando vi o homem que tinha de matar, me aproximei e atirei", conta.
María e o marido vêm de um bairro pobre de Manila. Não tinham renda fixa, o que mudou quando aceitaram virar matadores de aluguel.
Agora, ganham até US$ 430 por assassinato (R$ 1380), uma fortuna nas Filipinas, e dividem o valor entre três ou quatro profissionais do tipo. No entanto, María quer deixar essa vida. Só não sabe como fazer isso.
Vidas 'sem importância'
Esse tipo de atividade não é uma novidade nas Filipinas, mas nunca houve tanda demanda por esquadrões da morte quanto agora.
A mensagem passada pelo presidente Duterte é inequívoca. Antes de sua eleição, prometeu acabar com a vida de 100 mil criminosos nos primeiros seis meses no cargo. E fez uma advertência aos narcotraficantes: "Não destruam meu país, porque os matarei".
O crime a desigualdade imperam em alguns bairros das Filipinas (Foto: BBC/Jonathan Head)O crime a desigualdade imperam em alguns bairros das Filipinas (Foto: BBC/Jonathan Head)
No fim de semana passado, Duterte repetiu a fala, enquanto defendia os assassinatos extrajudiciais de criminosos: "As vidas desses dez criminosos realmente importam? As vidas de cem idiotas assim significam alguma coisa?".
O ponto de partida para essa campanha impiedosa foi a proliferação de metanfetaminas, ou shabú, como a droga é conhecida no país. Cada grama custa cerca de 1 mil pesos filipinos (US$ 22).
Barata, fácil de fabricar e muito viciante, ela pode ser fumada, injetada, inalada ou dissolvida em água. Tem efeitos instântaneos e serve como uma via de escape para a sujeira e monotonia dos bairros pobres - e uma forma de suportar trabalhos pesados.
Duterte disse ser uma epidemia que afeta a milhões de cidadãos. Também é um negócio muito lucrativo.
O presidente filipino afirma haver 150 altos funcionários, oficiais e juízes ligados a esse comércio. Cinco chefes de polícia são os comandantes do negócio, garantiu ele.
Os mais pobres
Os alvos dos esquadrões da morte são, no entanto, aqueles que estão nas classes sociais mais baixas.
Segundo a polícia, mais de 1,9 mil pessoas foram assassinadas em episódios relacionados às drogas desde que Muterte assumiu a Presidência, em 30 de junho. Destes, 756 foram mortos em operações da polícia.
 A guerra contra o narcotráfico é travada quase exclusivamente nas áreas mais pobres do país (Foto: BBC/Jonathan Head)A guerra contra o narcotráfico é travada quase exclusivamente nas áreas mais pobres do país (Foto: BBC/Jonathan Head)
O restante das mortes estão, oficialmente, sendo investigadas. Na prática, a maioria segue sem explicação.
É uma guerra travada quase exclusivamente nas áreas mais pobres do país, onde corpos ensanguentados são descobertos a cada noite, com frequência juntos a cartazes advertindo as pessoas para não se envolverem com drogas.
Também é uma guerra popular. No bairro de Tondo, uma zona de favela próxima ao porto de Manila, a maioria dos moradores aplaude a dura campanha do presidente.
Culpam o shabú pelo aumento da criminalidade e por destruir vidas, ainda que alguns se preocupem que a iniciativa esteja levando inocentes à prisão e à morte.
Medo e culpa
Um dos procurados pelos esquadrões da morte é Roger*. Ele conta ter se viciado em shabú quando era jovem, quando trabalhava como operário.
Como muitos outros, começou a traficar para manter o vício. Via também como um trabalho mais fácil do que dar expediente em canteiros de obras.
Diz ter trabalhado com muitos policiais corruptos, pegando droga confiscada em operações para vender.
 Roger* é traficante e viciado em 'shabú' (Foto: BBC/Jonathan Head)Roger* é traficante e viciado em 'shabú' (Foto: BBC/Jonathan Head)
Agora, está em fuga, mudando-se de um lugar para outro de tempos em tempos para evitar ser morto. "Não consigo me livrar do medo que carrego no peito todo dia, toda hora. É aterrador e exaustivo ter de me esconder sempre", diz ele.
"O mais difícil é não saber em que confiar. Nunca sei se a pessoa que está na minha frente é um informante ou meu assassino. É difícil dormir à noite. Acordo com cada ruído. Não sei aonde ir a cada dia, em busca de um lugar para me esconder."
Lixo se acumula nas ruas de Happyland, distrito de Tondo, em Manila (Foto: BBC/Carlos Gabuco)Lixo se acumula nas ruas de Happyland, distrito de Tondo, em Manila (Foto: BBC/Carlos Gabuco)
Metanfetamina é usada como uma forma de escapar da pobreza (Foto: BBC/Carlos Gabuco)Metanfetamina é usada como uma forma de escapar da pobreza (Foto: BBC/Carlos Gabuco)
Roger sente-se culpado: "Cometi pecados. Fiz coisas coisas terríveis. Prejudiquei muita gente, porque ficaram viciados, porque sou um dos muitos que vendem a droga".
Ele diz que nem todos que consomem o shabú são criminosos. "Também sou viciado, mas não mato, não roubo".
Ele mandou seus filhos para viver com a família da mulher no interior do país e, assim, mantê-los longe da epidemia de drogas. Calcula que cerca de um terço de seus vizinhos estejam viciados.
E Roger ficou como medo quando Duterte afirmou que mataria traficantes e jogaria seus corpos na baía de Manila?
"Sim, mas pensei que (o presidente) perseguiria as grandes facções que fabricam as drogas, não pequenos traficantes como eu. Gostaria de voltar no tempo, mas é muito tarde. Não posso me entregar, porque a policia provavelmente me mataria."
Na periferia, a falta de recursos é evidente, como nesta imagem do bairro de Tondo, em Manila (Foto: BBC/Carlos Gabuco)
Na periferia, a falta de recursos é evidente, como nesta imagem do bairro de Tondo, em Manila (Foto: BBC/Carlos Gabuco)Na periferia, a falta de recursos é evidente, como nesta imagem do bairro de Tondo, em Manila (Foto: BBC/Carlos Gabuco)
María também se arrepende de suas escolhas. "Sinto culpa e angústia. Não quero que as famílias de quem matei se vinguem de mim."
Ainda se preocupa com o que seus filhos pensarão, já que os mais velhos começam a perguntar como ela e seu marido ganham tanto dinheiro.
María costuma pensar que o próximo trabalho será o último, mas seu chefe já ameaçou matar quem deixar a equipe. Ela se sente presa. Pede perdão ao padre quando se confessa na igreja, mas não se atreve a contar a ele o que faz.
Mas ela e seus companheiros acreditam que a campanha do presidente é justificada? "Só falamos da missão, como executá-la. E, quando termina, nunca mais tocamos no assunto."
No entanto, ela retorce suas mãos enquanto diz isso e fecha os olhos com força, perseguida por pensamentos que não quer compartilhar.
Fonte: G1