segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Soldados que defendem fronteiras da Amazônia vivem na 'idade da pedra'

G1 visitou seis das 24 bases do Exército na divisa da selva com 5 países.
Vigilância militar é diária para reprimir crimes e tráfico de armas e drogas.


fronteira Amazônia (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Soldado do Exército brasileiro faz guarda em área de fronteira com a Colômbia (Foto: Tahiane Stochero/G1)Vinte minutos para abrir uma página na internet. Racionamento de energia elétrica, provida por até 16 horas diárias por um gerador. Sinal de celular, nem pensar. Telefonia fixa? Apenas um orelhão. Água da chuva para beber e água do rio para tomar banho, lavar roupa e louça. Abastecimento de comida e remédio a cada 30 ou 45 dias, dependendo da disponibilidade de um avião.
Esta é a realidade dos militares que vivem em bases isoladas nas fronteiras para defender a Amazônia. São 24 pelotões especiais de fronteira (PEF), com efetivo entre 20 e 80 soldados cada um. Eles começaram a ser criados em 1921 nas divisas do Brasil com Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela e Guiana para reprimir narcotráfico, contrabando de armas, biopirataria, exploração ilegal de madeira e minérios, além de impedir invasões estrangeiras.
"Grande parte da Amazônia ainda vive como se estivesse na idade da pedra, pois o poder público não está presente. Quem visita estas unidades volta com um sentimento de indignação", diz o general Guilherme Theophilo de Oliveira, responsável pela logística nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima. "Eu não admito hoje, no século XXI, que um pelotão sobreviva da caça e da pesca, como os índios viviam", afirma.

G1 visitou seis pelotões, alguns localizados nas tríplices fronteiras, onde os militares vivem em condições piores do que as enfrentadas pelos colegas que vão para a missão de paz no Haiti. Em 2012, em uma série de reportagens sobre a situação de sucateamento do Exército,o G1 mostrou que o país possui munição para se defender por apenas uma hora de guerra e que a Amazônia é preocupação número 1 dos militares.
"Na Amazônia, a logística é uma dificuldade natural, pois os meios de transporte são precários. Não há rodovias e o sistema hidroviário não é equipado para usarmos. Além disso, em grande parte do ano, os rios não são navegáveis. Mas essas dificuldades não nos atrapalham na defesa das fronteiras", garante o comandante da Amazônia, General Eduardo Villas Boas.

Em 16 de novembro, os geradores de dois pelotões pararam ao mesmo tempo, devido ao uso de combustível adulterado. O general Theophilo teve que pedir ajuda à FAB que, apesar das restrições de horas de voo, ajudou, em caráter de urgência, a repô-los. A tropa ficou mais de 24 horas sem energia e a carne congelada foi mantida sob gelo. Outros dois pelotões estão com pistas de pouso ruins e curtas demais, sem condições para grandes aeronaves. Por isso, ao invés de 60 homens,  apenas 17 são mantidos no local. Familiares que viviam com eles foram retirados.

Nos últimos 10 anos, a percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) investido em defesa gira em torno de 1,5%, segundo números do Ministério da Defesa. Em 2013, o orçamento aprovado foi de R$ 64,9 bilhões - sendo R$ 46.332 bilhões para pessoal e encargos sociais e outros R$ 18.635 bilhões para custeio e investimento. Contudo, houve contingenciamento de recursos. Desde 2010, este bloqueio vem atingindo altos patares, chegando a até 22% do total.

Para 2014, o Projeto de Lei Orçamentária prevê a destinação de R$ 72,8 bilhões, sendo 68,6% para despesas com pessoal e R$ 16,2 bilhões para custeio e investimento. Os comandantes das Forças Armadas reclamam, porém, que a verba é insuficiente e seria necessário quase o dobro – R$ 29,8 bilhões para atender às ideias da Estratégia Nacional de Defesa, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1998 e ajustada ano a ano.
A Estratégia Nacional de Defesa, que ainda caminha devagar e pouco saiu do papel, prevê o Brasil com capacidade para controlar todo o espaço aéreo, marítimo e os 17 mil kms de divisas terrestres com 10 países até 2030, em busca de um assento no Conselho de Segurança da ONU. Um dos projetos do documento é o "Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron)", que pretende vigiar com radares e sensores os 17 mil quilômetros de divisas com 10 países ao custo de R$ 12 bilhões até 2030. A iniciativa começou a ser implantada no Centro-Oeste em 2013 e chegará em 2014 ao Acre e a Rondônia.

Dinheiro, pra quê?
Devido a restrições orçamentárias, a Aeronáutica faz só uma viagem por mês a cada unidade. Quem precisa sair de férias ou precisa de algo da cidade, como medicamento, tem que esperar o próximo avião chegar. Por estarem na fronteira, os soldados recebem um adicional de 20% no salário, que é guardado ou serve para ajudar a família. De 24 pelotões, apenas 13 possuem terminais do Banco do Brasil, mas em só 1 ele está ativo. O dinheiro fica na carteira. Até porque não há nenhum bar, farmácia ou loja por perto na selva.

Em Boa Vista, o avião que apoia 6 pelotões de Roraima teve um problema e permaneceu parado para manutenção por mais de uma semana. "Reduzi o efetivo e tirei os familiares de pelotões onde a pista está com problema, pois não temos condições de mandar comida para todos. Ao invés de pousar um avião capaz de levar 6 ou 7 toneladas, a FAB só pode operar com aeronaves menores, que levam até 600 quilos", avalia o general Theopilo.
Pelotão de fronteira Amazônia (Foto: Tahiane Stochero/G1)Garrafas de refrigerante e de cachaça servem para
guardar vinagre em base (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Pelotão de fronteira Amazônia (Foto: Tahiane Stochero/G1)Em Pari-Cachoeira, na divisa com Colômbia, militares
reclamam de alojamentos (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Pelotão de fronteira Amazônia (Foto: Tahiane Stochero/G1)Cantis usados na selva são guardados em base
militar de Vila Bittencourt (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Só neste ano o Exército conseguiu fazer um levantamento da infraestrutura disponível em cada um dos 24 pelotões da Amazônia: no total, há 38 geradores, mas menos da metade (16) está disponível para uso. Eles são de 13 marcas diferentes, o que dificulta a manutenção.

Uma empresa colocou sistemas de internet em 23 deles – mas em apenas 7 está operando. Há 20 anos, 6 pequenas centrais hidrelétricas foram instaladas em 6 pelotões, mas, distantes das bases, foram inutilizados devido às dificuldades de apoio e o alto custo de manutenção. A ideia do general Theophilo é repassá-las agora para concessionárias estaduais.

Os investimentos nos pelotões são feitos pelo programa Calha Norte do governo federal, que busca habitar áreas remotas do Norte do país para garantir soberania. Em 2012, o programa recebeu R$ 72 milhões para pequenos investimentos e resolver problemas pontuais, como goteiras e remendos. Contudo, até dezembro, apenas 80% dos recursos havia sido liberado. E a estimativa é que seria necessário ao menos R$ 150 milhões anuais só para manter o que existe.
Atualmente, o Exército possui 12 helicópteros em Manaus, como o Black Hawk e o Cougar, mas eles são usados apenas em operações e não para logística (como distribuição de comida), devido ao alto custo da hora de voo, que chega a US$ 4.500 (R$ 10.620). Segundo o general Villas Boas, a partir de 2014 chegarão a Amazonas 8 novos helicópteros franceses de maior capacidade e também balsas, que serão usadas para apoiar as tropas isoladas. Em 2013, duas lanchas blindadas foram compradas da Colômbia, mas nem começaram a ser usadas nas fronteiras.

Histórico de confrontos 
Apesar das dificuldades, as histórias de confrontos com guerrilheiros, traficantes ou criminosos na Amazônia rodam de boca em boca entre os soldados. O temor de reações às tropas, que param todas as embarcações que passam pelos rios nas divisas, é real.

O maior confrono ocorreu em 1991, quando integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) atacaram o pelotão Traíra, matando três militares brasileiros, ferindo outros 29 e roubando armas e munições. Na ocasião, o então presidente Fernando Collor autorizou uma retaliação, e os militares fizeram uma operação na Colômbia para tentar recuperar o material levado.
Depois disso, outros dois incidentes ocorreram, ambos em pelotões visitados pelo G1: em 2002, o Exército matou guerrilheiros que navegavam pelo Rio Japurá, perto do pelotão de Vila Bittencourt, onde 49 soldados guardam a divisa com a Colômbia.

Com cerca de 200 moradores e localizada a cerca de 1.498 km de Manaus, o único acesso à comunidade é por avião: leva-se uma hora de voo a partir de Tabatinga, cidade amazonense que faz fronteira com a colombiana Letícia. Lá, o único orelhão não funciona e a população usa a internet da base militar com banda de 64 Kbps (kilobits por segundo). Para se ter uma ideia, é considerada banda larga web com velocidade de transmissão de dados ao menos quatro vezes superior, de 256 Kbps.

"Temos só dois caixas eletrônicos aqui, do Banco do Brasil, que foram instalados em 2009. Nenhum deles têm dinheiro para sacar. Só é possível fazer transferência em um deles, porque o tenente deu um jeito nisso", afirma a professora Maria do Socorro, de 50 anos. Os caixas ficam dentro da academia dos soldados.
Pelotão de fronteira Amazônia (Foto: Tahiane Stochero/G1)Dos 24 pelotões de fronteira, 13 tem caixa eletrônico.
Desses, um funciona, mas nele não é possível sacar
dinheiro (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Pelotão de fronteira Amazônia (Foto: Tahiane Stochero/G1)Em Cucuí, tríplice fronteira com Venezuela e Colômbia,
avião da FAB pousa em clareira de 800 metros
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
Pelotão de fronteira Amazônia (Foto: Tahiane Stochero/G1)Araras andam soltas e brincam com militares em 
Yauretê, comunidade na Cabeça do Cachorro, divisa
com a Colômbia (Foto: Tahiane Stochero/G1)
O tenente Éricson Maciel, comandante do pelotão do Exército, é a única autoridade no local. "A maior dificuldade aqui é logística. Estamos distantes de tudo, a 50 minutos de voo de Tabatinga ou 8 horas de rio da primeira cidade. O rio é cheio de pedras, com cachoeiras, é complicado navegar. Só recebemos comida para a tropa, mas por vezes precisamos apoiar a população. Água para a comunidade somos nós que fornecemos, porque tiramos do rio e não existe tratamento. Para beber, é da chuva (tratada com hipoclorito de sódio). A própria natureza já toma conta disso", afirma o tenente.
Outro confronto lembrado pelas tropas brasileiras na Amazônia ocorreu em 2006, segundo o tenente David Dias, que comanda o pelotão de Cucuí, à beira do Rio Negro, e na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e Colômbia. Na época, o oficial que comandava a base militar no local teve a iniciativa de atacar uma embarcação com criminosos que estavam trazendo droga para o Brasil, matando alguns suspeitos.

O pelotão de Cucuí é o mais vigiado de todas as visitadas pela reportagem: canhões de luz ficam postados nas margens e seis soldados e um sargento ficam de prontidão 24 horas fortemente armados. Um deles leva uma submetralhadora.
"Aqui, nossa missão é difícil, combatemos transporte de ilícitos, como contrabando de animais silvestres, armas e drogas. Toda embarcação é obrigada a parar para ser revistada. Quem descumprir a ordem, vamos atrás ou avisamos as tropas localizadas em bases mais à frente para tentar para-los", explica o tenente Dias.
O isolamento em Cucuí é enorme e é preciso uma verdadeira maratona para chegar na base militar: de São Gabriel da Cachoeira,  cidade de 36 mil habitantes localizada na tríplice fronteira, são mais 30 minutos de voo. Avista-se, aberta em uma clareira no meio da selva, uma pista de asfalto ruim, esburacada, não sinalizada e curta - cerca de 800 metros - onde só aviões da Aeronáutica conseguem pousar. De lá, mais um quilômetro de caminhada na mata fechada para, enfim, chegar à beira do rio e embarcar em uma voadeira - um pequeno barco de madeira movido a motor a diesel.
Militares defendem tríplice fronteira com Colômbia e Venezuela (Foto: Tahiane Stochero/G1)Soldados defendem divisa com Colômbia e
Venezuela em Cucuí, onde Exército afundou barco
com drogas em 2006 (Foto: Tahiane Stochero/G1)
São mais 30 minutos de voadeira até chegar ao monte Cucuí, que abriga o pelotão. Do outro lado do Negro, a Venezuela. À frente, a Colômbia.

Uma antiga ponte, que ligava uma estrada de chão à comunidade, foi incendiada pelos índios em 2010, após a morte de um deles acidente ao cair da ponte. Desde então, a área, que chegou a ter até 5 mil moradores, viu a população diminuindo aos poucos: hoje menos de 800 pessoas. A única rodovia que permitiria o acesso a Cucuí, a BR-307, foi planejada durante o regime militar e ficou pela metade, por incluir áreas indígenas e de conservação ambiental.
Em julho, um homem foi preso e outro morto após troca de tiros com agentes da Polícia Federal no rio Solimões. Com eles, havia drogas, armas e munição. A mesma lancha havia escapado de uma abordagem em maio, após tiroteio. Histórias semelhantes são ouvidas nos quartéis, mas ninguém confirma datas ou suspeitos mortos.
Em Vila Bittencourt, o soldado Valdecir Curico de Souza, de 26 anos, tem a missão de "dar o primeiro tiro" caso alguma embarcação suspeita não pare ao ser abordada na entrada do Brasil. Ele diz, porém, que o maior perigo não é o criminoso, mas os insetos.

"Aqui neste pelotão é tranquilo o trabalho. Em algumas outras bases, os insetos atacam o dia inteiro", diz. "O que precisa melhorar aqui? Muita coisa... o colchão que eu durmo veio há mais de 20 anos  e está um buraco só. E a farda já está amarelada, como a senhor pode ver".
FONTE: G1

Torcedores do Vasco são levados para presídio após briga em estádio

Três homens foram detidos na noite de domingo e levados na madrugada.
Eles foram indiciados por tentativa de homicídio e associação ao crime.


Furacão vai à Libertadores e rebaixa Vasco em jogo com briga de torcidas (Foto: Gustavo Rotstein)
Torcedores foram identificados por imagens feitas
na Arena Joinville na tarde de domingo (8)
(Foto: Geraldo Bubniak/Agência Estado)

Foram encaminhados ao Presídio Regional deJoinville os três torcedores do Vasco presos por envolvimento na pancadaria que marcou o jogo entre Atlético-PR e Vasco da Gama na tarde de domingo (8), no estádio Arena Joinville, no Norte Catarinense. De acordo com a Polícia Civil, o trio foi preso pela Polícia Militar e depois identificado por imagens feitas no local do incidente.
Os homens saíram da Central de Polícia de Joinville a caminho do presídio por volta das 2h30 desta segunda-feira (9). Eles foram indiciados por tentativa de homicídio, associação ao crime, danos ao patrimônio e por ferirem alguns artigos do Estatuto do Torcedor.
Torcedores foram identificados por imagens feitas na Arena Joinville (Foto: Geraldo Bubniak/Agência Estado)Torcedores foram identificados por imagens feitas
na Arena Joinville na tarde de domingo (8)
(Foto: Geraldo Bubniak/Agência Estado)
Segundo a Polícia Civil, dois torcedores foram detidos na saída do estádio, logo após o jogo. O terceiro foi encontrado no banheiro de um ônibus da torcida organizada do Vasco, quando deixava a cidade. Um dos homens aparece em fotos e vídeos feitos no local com um pé de mesa na mão. Nas imagens, é possível vê-lo usando o objeto para espancar um torcedor adversário.
Segundo a Polícia Civil, as investigações continuarão para identificar outros envolvidos e os responsáveis por iniciar a confusão, que deixou quatro pessoas hospitalizadas. Três torcedores continuvam internados em unidades de saúde do município até a manhã desta segunda-feira.
Nesta manhã, permaneciam em hospitais Estevão Viana, de 24 anos, Gabriel Ferreira, de 29, e William Batista. Por volta das 22h de domingo, Batista foi levado ao hospital da Unimed. Segundo a assessoria de imprensa do Hospital São José, onde o paciente recebeu o primeiro atendimento, ele havia sofrido traumatismo craniano.
Policiamento
A tenente-coronel da Polícia Militar de Santa Catarina Claudete Lehmkuhl informou ao G1 que no momento da briga não havia policiais militares dentro do estádio. De acordo com ela, o motivo para a ausência de policiamento foi uma determinação do Ministério Público do estado. Segundo Claudete, após a briga entre as torcidas, 160 militares passaram a atuar dentro da Arena Joinville e 20, fora do estádio.
Em nota emitida pela Polícia Militar de Santa Catarina às 22h50 deste domingo (8), a corporação afirmou que "esteve presente na parte externa do estádio durante o evento, atendendo à uma Ação Civil Pública, por parte do Ministério Público, que propôs que o Poder Judiciário proíba a participação de policiais militares em atividades que fujam da competência constitucional da Corporação".
A nota afirma ainda que 113 policiais militares integraram as equipes de policiamento ostensivo a pé, de trânsito, montado, de resgate médico, motocicletas e aéreo. “Dentre esses policiais militares, encontrava-se um efetivo composto pelas Guarnições de Policiamento Tático, inclusive com reforço de cidades vizinhas, pronto para atuar em caso de conflito. Essa atuação deu-se justamente quando começaram os atos de violência entre os torcedores", destacou o texto.
Na noite deste domingo (8), o Ministério Público do estado afirmou que não fez "nenhuma recomendação ou ação que impeça a Polícia Militar de atuar no interior do estádio Arena em Joinville". De acordo com a assessoria de imprensa do MP-SC, uma ação civil pública que pede mudanças estruturais na segurança do estádio foi protocolada em 2 de dezembro, mas o Fórum de Joinville não havia aceitado o pedido até a noite deste domingo (8). Ainda segundo a assessoria, a ação não pede que policiais deixem de atuar na Arena Joinvillee que a ação só passa a ser uma determinação depois de aceita pelo Judiciário.
Leone Mendes da Silva, 23 anos, bateu em atleticano e foi preso (Foto: Raphael Zarko)Leone Mendes da Silva, 23 anos, bateu em atleticano e foi preso (Foto: Raphael Zarko)
FONTE: G1
Ex-porteiro dos Vilela e comparsa serão submetidos ao Júri na terça-feiraHomicídios foram cometidos há mais de quatro anos
Porta dos apartamentos 601 e 602: em 28 de agosto de 2009, o apartamento foi cenário do triplo assassinato, mas os corpos só foram encontrados dois dias depois (Alexandre Gondim/DP/D.A Press - 2/9/09)Porta dos apartamentos 601 e 602: em 28 de agosto de 2009, o apartamento foi cenário do triplo assassinato, mas os corpos só foram encontrados dois dias depois
Após quatro anos e três meses de polêmicas e mistérios em torno de um dos crimes mais marcantes da história da capital federal, sentarão na cadeira dos réus dois dos quatro acusados de matar o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral José Guilherme Villela; a mulher dele, a advogada Maria Carvalho Villela; e a empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva. O triplo homicídio aconteceu em 28 de agosto de 2009 no Bloco C da 113 Sul. O ex-porteiro do prédio Leonardo Campos Alves, 47 anos, e Francisco Mairlon Barros Aguiar, 24, suposto comparsa, enfrentarão, amanhã, a partir das 9h, o Tribunal do Júri de Brasília. Os outros dois réus, entre eles, a filha do casal, Adriana Villela, recorreram e aguardam o julgamento dos recursos. Adriana é apontada como mandante.
O processo tem 69 volumes, centenas de laudos e 44 apêndices, com buscas e apreensões. Os autos somam, no total, cerca de 15 mil folhas. Mas a maior dificuldade para os advogados do primeiro julgamento ultrapassa a densidade do material e alcança a complexidade da investigação. Por conta das reviravoltas, houve três linhas de investigação (leia Linha do tempo). “É um processo extenso, tem muitas provas, muitos documentos e informações que não levam a lugar nenhum. Mas há provas nesse processo de que o Leonardo não cometeu o crime”, alegou Igor Abreu Farias, um dos três advogados de defesa do ex-porteiro. 

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE 
Número de linhas móveis e banda larga sobe, assim como as reclamaçõesO aumento é de 1,9% e 13,4%, respectivamente, nos 10 primeiros meses do ano. As reclamações seguem em ritmo acelerado e colocam o setor no topo do ranking de registros nos Procons, com aumento de 30%. Para os especialistas, a portabilidade não implicou melhoras no serviço
'Percebi que todas as operadoras ofereciam o mesmo serviço. É um absurdo. Eu estou no centro da segunda maior cidade do DF e não consigo ter acesso a celular?' Maurílio Antônio de Souza, 57 anos, corretor de imóveis, dono de uma imobiliária (Ed Alves/CB/D.A Press)"Percebi que todas as operadoras ofereciam o mesmo serviço. É um absurdo. Eu estou no centro da segunda maior cidade do DF e não consigo ter acesso a celular?" Maurílio Antônio de Souza, 57 anos, corretor de imóveis, dono de uma imobiliária
O acesso à telefonia é uma realidade no Brasil. Possuir um celular, uma tevê por assinatura ou internet banda larga faz parte do cotidiano do brasileiro. Em regiões como o Distrito Federal, onde a renda per capita é uma das mais altas do país, a universalização dos serviços de telefonia toma ainda mais fôlego. Proporcionalmente ao tamanho da população, Brasília lidera os acessos à telefonia móvel e à banda larga. Mas, com o aumento da demanda, vem o crescente número de reclamações. E o que preocupa as entidades de defesa do consumidor é que as queixas continuam crescendo em velocidade superior à adesão de consumidores.

De acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o número de linhas móveis no Distrito Federal aumentou 1,9% na comparação dos 10 primeiros meses de 2012 e 2013, e na banda larga, 13,4%. Em contrapartida, as queixas que chegaram ao Procon-DF passaram de 24.578 para 31.958, crescimento de 30%, excluídos os consumidores que procuram diretamente a Anatel. Os clientes reclamam da oscilação do sinal, das cobranças indevidas, do contrato e, principalmente, da dificuldade das empresas em resolver os problemas. São vários atendentes consultados e baixo índice de resolutividade.

Em 2012, a Anatel proibiu a comercialização de novos chips de celulares da Tim, Claro e Oi e determinou que as operadoras apresentassem um plano de metas de qualidade. Multas também foram aplicadas pelos Procons locais e pela Anatel, e o Judiciário estipulou indenizações a consumidores prejudicados. Mesmo assim, de 2012 para 2013, as reclamações nos Procons de todo o Brasil cresceram 43,5% em relação aos serviços de telecomunicações. 

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE 
Trânsito é intenso na BR-040 e na EPNB; Estrutural é boa opção para seguirHá muita movimentação de veículos nas principais pistas do DF
A manhã desta segunda-feira (9/12) registra trânsito movimentado nas principais pistas que cortam o Distrito Federal. Não há registro de acidentes, de acordo com a Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRv) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Confira:

Descida do Colorado: tráfego é intenso e com leve retenção na altura do balão do Colorado;

Epia Sul: trânsito é intenso, mas flui bem;

BR-070: condutores enfrentam retenção na saída da rodovia, pelo excesso de veículos que tentam acessar a Estrutural;

Estrutural: movimentação é intensa nas duas pistas, que têm trânsito em sentido único até às 9h;

EPTG: trânsito é bem movimentado, principalmente nas saídas de Águas Claras e Vicente Pires;

BR-040: há registro de retenção na altura do viaduto de Santa Maria. Trânsito segue lento até a Epia;

EPNB: condutores enfrentam retenção na altura do Riacho Fundo I;

Lago Sul: tráfego é normal na saída da cidade pela Ponte JK;

BR-060: não há registro de retenções ou acidentes;

Ponte do Bragueto: movimentação é intensa no sentido Asa Norte;

Eixo Monumental: condutores chegam ao centro da capital com trânsito tranquilo;

EPGU: tráfego é tranquilo nos dois sentidos da via.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE 

Concursos públicos pelo país oferecem salários de até R$ 22,8 milAo todo, são 36.872 postos abertos em todo o país
A reta final do ano reserva boas oportunidades para quem deseja entrar no serviço público. Há uma série de certames com remunerações de cair o queixo. A maior delas é para uma das seis vagas de juiz substituto do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, em Minas Gerais, cujo salário chega a R$ 22.854. Igualmente atraentes são os vencimentos oferecidos aos 134 juízes substitutos que serão selecionados no concurso de outro tribunal do trabalho, o da 2ª Região, de São Paulo: R$ 21.766. Ao todo, são 36.872 postos em aberto para diversos órgãos públicos, como ministérios, autarquias e universidades federais.

Concentração de certames neste fim de ano aumenta a procura por salas de estudo em Brasília (Carlos Vieira/CB/DA Press)
Concentração de certames neste fim de ano aumenta a procura por salas de estudo em Brasília


Com prazo de inscrições até 23 de dezembro, o certame da Polícia Federal é um dos mais visados pelos concurseiros. Quem concorrer a uma das 534 vagas para agente administrativo (nível médio) poderá dar expediente em qualquer unidade do órgão no país. Já as 32 vagas para cargos de nível superior têm lotação específica no Distrito Federal. As remunerações vão de R$ 3.316 a R$ 5.081.

Outra seleção que atrai olhares é a que vai escolher 602 novos funcionários para a Petrobras Transporte (Transpetro), com salários que variam entre R$ 3.148 e R$ 9.545. As inscrições podem ser feitas até 31 de janeiro, por meio do site do órgão (www.transpetro.com.br). Das mais de 600 vagas, 273 são para início imediato e 329, para cadastro de reserva (veja quadro).

Seis concursos encerram hoje o prazo de inscrição. São os casos dos certames para a Polícia Civil do Estado de São Paulo (447 postos), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (737), Instituto de Pesos e Medidas de Pernambuco (50), Ministério Público do Estado do Acre (20) e Departamento Estadual de Trânsito do Paraná (706). A lista completa de oportunidades pode ser acessada pelo site www.correiobraziliense.com.br/euestudante.


FONTE: CORREIO BRAZILIENSE 

domingo, 8 de dezembro de 2013

DE OLHO NO BRASIL !

Veja quanto o Brasil: Isto é quanto 

brasileiro já pagou de   

Estudantes inscritos na segunda etapa do PAS começam a fazer as provasOs candidatos terão cinco horas para resolver as provas de conhecimentos e de redação em língua portuguesa
 (Breno Fortes/CB/DA Press)
A movimentação foi tranquila nas escolas que vão sediar as provas da segunda etapa do Programa de Avaliação Seriada (PAS) neste domingo (8/12). Os portões foram abertos ao meio-dia e o exame começou às 13h. Para essa etapa foram 21.312 inscritos. os candidatos terão cinco horas para resolver as provas de conhecimentos e de redação em língua portuguesa. A primeira é composta de itens dos tipos A (certo ou errado), B (resposta numérica), C (múltipla escolha) e D (resposta construída). A prova de redação deverá ter 30 linhas, no máximo.

Ontem, foi o dia dos alunos inscritos na primeira etapa do programa. O Cespe registrou abstenção de 14,17%, considerado dentro dos padrões para a empresa. "Geralmente, os maiores índices se verificam na terceira etapa, às vezes, porque o candidato tem opções de ingresso em outras universidades e acaba não indo fazer a prova", disse Marcus Vinicius Soares, coordenador acadêmico do Cespe.

 (Breno Fortes/CB/DA Press)


Calendário

» 11 dezembro — divulgação dos gabaritos oficiaIs preliminares da 1ª e 2ª etapas, a partir das 19h
» 7 de fevereiro de 2014 — resultado provisório dos itens tipo D e da redação
» 21 de fevereiro de 2014 — resultado final dos itens tipo D e da redação
» 28 de março de 2014 — divulgação do boletim de desempenho individual

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE 

QUALIDADE DE VIDA É UM DIREITO DE TODOS






Nordeste : água contaminada em 

caminhões-pipa é distribuída para 

flagelados da seca
Fonte: G1 globo


Esta é a qualidade da água que há anos  vem sendo consumida por milhares de pessoas em várias parte do nordeste, o programa Fantástico que foi ao ar no dia 1º  de dezembro denunciou o crime  pois durante dois meses, o Fantástico percorreu a região Nordeste para investigar como funcionam os programas que combatem a seca com caminhões-pipa. Como se não bastasse o grande problema com a seca na região que assola milhares de brasileiros, eles ainda são obrigados a consumir a única fonte  de abastecimento , eles encontraram tanques imundos com água contaminada e até entregas que nunca chegam .No meio do agreste nordestino, perto de um rio seco, e de famílias que sofrem com a falta d’água, um tanque de combustíveis está à venda. O preço: R$20 mil. “Se for dinheiro, dá pra baixar. Botar em R$17 mil, R$18”, diz o vendedor., de acordo com a reportagem do Fantástico ,há  um ano atrás, o tanque era usado para estocar álcool e gasolina. A lei manda que um tanque desses, quando esgota sua vida útil, seja incinerado, destruído. Não pode transportar mais nada. Mas dois homens dizem que dá pra carregar água tranquilamente.“Tanque para combustível jamais pode ser usado para armazenar ou transportar água. Sempre vai causar problema de saúde. Inacreditável a cor da água”, afirma Anthony Wong, toxicologista da Faculdade de Medicina da USP.

Lei a  reportagem completa  , entrevista :
É dinheiro público que deveria atender com dignidade as vítimas da seca. Hamilton Souza, caminhoneiro, do Piauí, conhece bem a água que leva pra população.
“O senhor não tem coragem de beber?”, pergunta o Fantástico.
“Ah, eu não bebo, não. pra falar a verdade, eu compro a água. Eu compro mineral e bebo”, afirma Hamilton Souza, caminhoneiro.
Nossa equipe rodou mais de seis mil quilômetros em Alagoas, Pernambuco, Piauí e Bahia. E constatamos que a má qualidade da água não é o único problema. Os prazos de entrega raramente são respeitados.
“Dia 15, você não entregou. Dia 3, não entregou. Dia 10, você não entregou quase nada de água”, disse o repórter.
Uma mulher concorda que, se viesse água com frequência, quatro vezes por semana, não faltaria. “Se falta água, a gente tem que partir para os açudes. Beber essa água suja dos barreiros”, diz um homem.
O principal responsável pela distribuição de água no semi-árido brasileiro é o Exército, que coordena a "Operação carro-pipa".
São 835 cidades, em nove estados, totalizando quase quatro milhões de pessoas. Este ano, o governo federal já gastou mais de meio bilhão de reais nesse programa, que conta com cerca de seis mil "pipeiros", como são chamados os caminhoneiros que distribuem a água.
Cada um recebe do Exército um pagamento de até R$15 mil por mês. 

Sem saber que era gravado, o pipeiro, contratado pelo Exército assume que o tanque dele já armazenou combustível e era subterrâneo: ficava debaixo das bombas de gasolina.

Números da Polícia Rodoviária Federal revelam: nos últimos dois anos, já foram identificados 70 caminhões-pipa suspeitos de transportar água em tanques que já armazenaram combustível.
Esses veículos prestavam serviço para o Exército e também para estados e prefeituras.
“O uso dele era de veículo de transporte de combustível. As características, a ferrugem, o desgaste do material, o tipo de corte interno”, afirma Sylvio Jardim Neto, da polícia Federal.
“Nós fizemos um relatório de todo o levantamento e encaminhamos para o Ministério Público”, diz Vera Lúcia Pretto Cella, superintendente da Polícia Rodoviária Federal de Alagoas.
Os tanques subterrâneos de postos de gasolina são geralmente cilíndricos e com divisões internas.
O que mostramos no início da reportagem e está á venda tem capacidade para 20 mil litros.
Encontramos o tanque, ainda com terra, num posto desativado, em Palmeira dos Índios, Alagoas.
Fantástico - Foi desenterrado há quanto tempo? 

Dono do tanque - há uns oito meses. 
Fantástico - ficou quanto tempo lá embaixo? 
Dono do tanque - lá embaixo, acho que foi, mais ou menos, um ano e meio, dois anos. 
O homem que negocia o tanque por R$20 mil diz ao nosso produtor que já vendeu outros quatro. 
Fantástico - Os caras que compraram os outros foram pra carregar água? 
Dono do tanque - Foi pra carregar água. Pra operação pipa, no caso. 
Ele fala que, para entrar no programa do Exército, o tanque tem que ser modificado numa oficina.

Nesta, um mecânico nos atende diz como transformá-lo num caminhão-pipa. 

“Tem que diminuir ele, cortar ele. Aí, rebaixa ele e ele fica bem rebaixadinho”, conta o mecânico.

Fantástico - Você já fez muito isso? 

Mecânico - Já, já. 
Com a ajuda da computação gráfica, é possível entender melhor como o tanque ficaria. 
Fantástico -  Quanto vai cobrar pra fazer isso pra gente? 
Mecânico – Quatro mil ‘conto’. 
Fantástico - Quatro mil? 
Mecânico - É. 
No preço, está incluído um “serviçinho”. Diz o mecânico que é pra tirar as sobras do combustível. 
Fantástico - Lava com sabão. 
Mecânico - Só sabão? 
Fantástico - Sabão com água, né?

O dono do tanque confirma. 

“Não sai com sabão, não sai com detergente, não sai com soda e não sai com ácido. Faz parte permanente da estrutura já do tanque”, explica Anthony Wong, toxicologista da Faculdade de Medicina, USP. 
Ao saber que se tratava de uma reportagem, o dono do tanque não apareceu mais.

“Você não pode lavar um caminhão e achar que ele está bem. A água vai estar contaminada e não é adequada para o consumo humano”, explica Pedro Mancuso, engenheiro e professor da Faculdade Saúde Pública/USP.
Quem bebe dessa água pode ter diarreia e até câncer. 

“Pode provocar tumores em qualquer órgão do corpo: coração, pulmão, fígado  principalmente, baço”, afirma o toxicologista.

Entre maio e agosto, houve uma epidemia de diarreia em Alagoas. Foi a única registrada no Brasil nos últimos 10 anos:131 mortes, e um total de mais de 52 mil casos.
Dona Maria foi uma das vítimas. “Aqueles enjoo, sem querer comer nada e enfraquecendo e a gente levando no médico, mas infelizmente não teve como vencer”, conta José Silva Balbino, filho de dona Maria.
Durante a epidemia, não foram feitos testes para detectar combustível. Mas os laudos apontaram que a água estava contaminada por fezes e bactérias.
“A água que está sendo transportada pelos caminhões-pipa e a qualidade desses caminhões-pipa, com certeza, foram preponderantes para essa epidemia de diarreira”, afirma Micheli Tenório, promotora de Justiça.
Um caminhonheiro de Alagoas diz trabalhar no Exército há quatro anos e assume que o tanque dele, que hoje leva água, era de combustível. E diz que o pessoal do Exército sabe disso.
“Eles sabem, porque eles vêm a proporção do tanque. Quem é que não conhece, né?”, diz. 

De acordo com o Ministério Público, existem denúncias que indicam que oficiais e ex-oficiais do

Exército cobram propina de caminhoneiros. Segundo as acusações, dando dinheiro, o motorista consegue ser contratado e passa por uma fiscalização menos rigorosa: o veículo é liberado para o serviço, mesmo sem condições.
“Se chegar ao fim e ao cabo dessas investigações e que tudo indica, nós chegaremos nessa conclusão de que houve esse episódio lamentável de propina, de corrupção, isso é realmente repugnante”, afirma Michelini Tenório, promotora de Justiça.
Além disso, os pneus estão carecas e a placa, adulterada. Mesmo assim, o veículo passou na vistoria do Exército.
“Jamais poderia ter sido aprovado na vistoria. Não poderia jamais estar transitando”, explica Décio Lucena, da Polícia Rodoviária Federal da Bahia.
O motorista ainda não cumpre a planilha que diz onde e quando a água deve ser entregue. 

Fantástico - O senhor entregou 15 viagens. O senhor teria que  entregar 27. 
Moisés Dias, caminhoneiro - Exatamente. Ainda falta mais pra eu ir. Que o carro deu problema.

Fantástico - Estava quebrado o caminhão? 

Moisés Dias, caminhoneiro - É. Exatamente. Deu problema. 
Durante uma fiscalização recente, várias outras irregularidades. Esse caminhão acaba de ser apreendido pela Polícia Rodoviária federal. O motorista não tem habilitação. O caminhão também não tem nenhum tipo de documentação. O motorista também não tem o controle da distribuição dessa água, pra quem entregou a água.

“Mesmo que atrase a entrega da água, é necessário que a água  seja potável e seja uma água boa para o consumo”, afirma Vera Lúcia Pretto Cella, superintendente PRF/AL.
O dono do caminhão apreendido reconhece que não segue a planilha do Exército.
“A mulher disse que não tava necessitando ainda, que tem na cisterna”, diz dono do caminhão. 

Será que é isso mesmo?

Ao contrário do que disse o dono do caminhão, não encontramos nenhuma cisterna cheia no sítio Loiola, perto da cidade de Uauá, a mais de 450 quilômetros de Salvador.
Fantástico - Sobrando água não está? 

Loiola Cardoso - Está nada. Pode até sobrar de um dia para o outro. A coisa está dura.

Voltamos a Alagoas, para apurar uma denúncia de fraude. A empresa Wash Service ganhou duas concorrências públicas do Exército para distribuir água. Entre 2012 e 2013, já recebeu mais de R$ 4,2 milhões.
No lugar onde seria a sede da empresa, em Maceió, não há nenhuma placa de identificação e não encontramos ninguém.
A mais de 250 quilômetros, em Senador Rui Palmeira, fica o endereço de uma sócia. 

Janaína da Conceição Silva, que seria sócia da empresa que ganhou a licitação, não é encontrada em casa pelo Fantástico. A mãe dela nos recebe.

Fantástico - A senhora sabe se ela é dona de alguma empresa? 

Mãe - Não. Quem tem empresa é o marido dela. 
Fantástico - Ah, o marido? 
Mãe - Sim. O Sargento Moreira.

William dos Santos Moreira foi sargento do Exército. Ele pediu dispensa da corporação em setembro deste ano. Portanto, ainda era militar na época que a Wash Service ganhou a concorrência pública. A lei das licitações determina que servidor não pode participar de concorrências na instituição em que trabalha. E o regimento do Exército ainda proíbe que o militar tenha outra atividade profissional.
No contrato social, o nome do sargento Moreira não aparece. Por telefone, Janaína - a mulher dele - disse: “A empresa é no meu nome mesmo”.
Fantástico - E quem tomava conta era o seu marido? O sargento Moreira? 

Ela não responde. 
Fomos a outras casas da região. 
Fantástico - Qual a última vez que chegou água para o senhor? 
Agricultor – Há mais ou menos uns 60 dias.

Já na casa da sogra do Sargento Moreira: “Agora, não falta não. Porque ele manda colocar”, diz ela.
“Quem?”, pergunta o Fantástico.
“O Sargento Moreira”, responde a sogra. 

Procuramos o ex-militar durante três dias. Deixamos vários recados, mas ele não nos atendeu. Um motorista contratado pela Wash Service tem que abastecer a comunidade Pai Mané - na cidade de Dois Riachos, Alagoas, quatro vezes por semana. Mas os moradores dizem que isso não acontece.

Fantástico - Ficam quantos dias sem água? 

Senhora - Às vezes, passam oito dias, 15 dias, um mês. Os quatro caminhões na semana, estava ótimo. Não carecia mais.

“Isso é crime. Você está lidando com água, que é vida para uma população que já é tão ressentida, que é a população do sertão nordestino”, diz Michelini Tenório, promotora de Justiça.
“Nós vamos abrir um procedimento administrativo para apurar essa possível irregularidade. E, caso constatada, serão adotadas as penalidades conforme a lei”, diz o coronel Valdênio Barros da Rocha, coordenador da operação carro-pipa do Exército.
Além dos veículos do Exército, as populações de Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Alagoas também são atendidas por caminhões-pipa mantidos pelos governos estaduais. 

Juntos, esses programas de distribuição vão consumir mais de R$121 milhões até o fim do ano.

O Fantástico também investigou como esse dinheiro é aplicado. 

Por onde passamos, os problemas se repetiram. 
Fantástico - Essa água é limpa? 
Caminhoneiro - É limpa.

Fantástico - Mas está cheio de terra ali no fundo. Está sujo. 

Caminhoneiro - Não. Ela é limpa. Agora é que, às vezes, pega alguma poeira.

O desleixo maior foi em Ouricuri, Pernambuco. O lugar é como se fosse um cemitério de animais. E há um ponto clandestino de abastecimento de água. 

Nossa equipe filmou quando um caminhão - a serviço do governo estadual - pegava água no açude. O motorista afirmou: “Pega desse açude aí?”. 
“É. pra beber”.

Ao ser avisado que se trata de uma reportagem, o caminhoneiro disse que o veículo é do irmão dele: um vereador de Ouricuri. 

Fantástico - Seu irmão entrega água para os eleitores? 
- Para os eleitor. 
Fantástico - O pessoal que vota nele, ele dá uma força? 
- É, dá uma força. 
Fantástico - A água está barrenta, não está? 
- Mais ou menos. Não é muito barrenta, não.

O vereador Edilson Silva Oliveira aparece logo depois. 

- Aqui não tem preferência, nem troca de voto. 
- O senhor bebe essa água ai? 
- Não. Isso é pras minhas plantas. Isso aí só serve para aguar plantas e pra animais beberem. Vai lá para o meu sítio.

Ele recebe, em média, R$5 mil por mês para levar água que deveria ser de boa qualidade aos moradores da região.
“O carro que transporta água para o gado é destinado só para o gado. Está infringindo a lei. Não pode”, diz um homem.
A Vigilância Sanitária constatou que a água está contaminada por fezes humanas e de animais. Tudo foi jogado numa praça. Depois disso, o vereador foi retirado do programa de distribuição de água.
Em algumas regiões do Nordeste, esta é a pior seca dos últimos 50 anos.
Fantástico - A senhora tem água para mais quantos dias? 

Ana Maria da Silva, agricultora - Na cisterna? Pra uns oito dias. Sempre está faltando água. 
Se um caminhão-pipa não chegar, uma represa pode ser a única alternativa.

Um casal não recebeu nenhuma gota dos programas de distribuição de água. Pra não passar sede, recorreram a um açude.
Fantástico - É água limpa?. 

- É amarela, mas dá pra beber. 
“Água é tudo, né. Faltou água, falta tudo pra gente”, afirma Vanildo da Silva, agricultor