Findo o Processo Eleitoral Direto do PT, algumas questões pululam em nossas mentes: Qual a mensagem política deixada pelo PED? O partido se tornou mais militante? Contribuiu para a formação política dos filiados? Serviu para fortalecer o socialismo petista? Quem realmente saiu vitorioso?
Junto com estas interrogações vem a lembrança da trajetória do PT: um partido forjado nos debates sindicais, nas reuniões clandestinas das forças de esquerdas que lutavam contra a ditadura militar e nas comunidades eclesiais de base.
A fundação do PT por si só já foi um grande encontro de diferentes concepções políticas, no debate, convencidas da necessidade de convergir para a criação de um partido que fosse organizado pelos próprios trabalhadores.
Esse processo rico e permanente permeou os primeiros anos do PT e resultou no surgimento de inúmeras lideranças que alicerçadas no debate político interno forjavam as suas convicções ideológicas e as reproduziam nos movimentos sociais.
E foi assim que o PT cresceu e se tornou uma alternativa real de poder. Elegemos parlamentares, conquistamos governos e por três vezes ganhamos a Presidência da República.
Chegamos ao final do nosso caminho? Claro que não! Muito ainda há que ser feito pelo Brasil e pelos trabalhadores, todos nós estamos convencidos disso.
Infelizmente, o PED não ajuda na preparação da nossa militância para os enfrentamentos que têm se apresentado e para os que virão.
É e
votam sem saber em quem votaocupam e prestar contas no proximo cados em casa e muitas das vezes votam sem saber em quem votaum processo concebido para ser despolitizado; prova disso foi a ausência de uma pauta clara que servisse para envolver o conjunto do partido em debates, como: reforma política, liberdade de imprensa, construção partidária, defesa do governo Dilma e do PT.
O PED se notabilizou pela busca de votantes em casa, que assim exerciam a prerrogativa de votar, o que coloca em dúvida se realmente sabiam em quem tinham votado. E mais, é um processo que esgota em si mesmo. Na maioria das vezes, depois de eleitas, as direções voltam-se apenas para os interesses definidos pelos seus grupos políticos em detrimento de uma construção partidária coletiva.
Dito isso, vamos às questões levantadas no início: Não é difícil constatar que nenhuma mensagem foi assimilada pela militância, os debates foram mínimos e a direção nacional do partido sequer elencou uma pauta que pudesse orientar as discussões. Uma grande oportunidade foi perdida para discutir de forma sistematizada a presença da militância nos movimentos sociais. O partido está cada vez mais circunscrito aos mandatos. A ausência, na maioria das cidades, de discussão sobre concepção política, tática e estratégia fez o partido perder um espaço importante que auxiliava na formação dos militantes. Como compreender o que vem a ser o socialismo petista se os embates internos de concepções são cada vez menos frequentes?
Diante da atual tentativa avassaladora dos setores conservadores de criminalizar o PT, muito se fala da necessidade de mobilizar a militância para defender companheiros, legados e a própria existência do partido, mas como fazê-lo se debatemos cada vez menos e as individualidades prevalecem cada vez mais sobre os interesses partidários.
Não há que se questionar à legitimidade do PED enquanto método de escolha das direções do partido. É sem dúvida um processo legítimo, vez que foi deliberado na instância máxima do PT. Mas, passados 13 anos da sua adoção como fórum deliberativo, pode-se concluir que é absolutamente despolitizante. Se existiram vencedores no último PED não foram os petistas; mas, sim, os que querem ver o PT como o partido tão-somente afeito a ordem institucional, desvinculado das lutas sociais e distante do modo operário de construção da luta dos trabalhadores. Por isso a pergunta: PED, quem te quer?!?...