Ex-administrador acusado de corrupção é encontrado internado em hospital do DF
Ele era considerado foragido da Justiça. Escolta policial o acompanha na unidade hospitalar
O ex-administrador de Taguatinga (DF), Carlos Jales, acusado de corrupção, foi encontrado na manhã desta sexta-feira (8) internado em um hospital particular da capital federal. Ele é suspeito de cobrar propina a empresários para liberação de alvarás de funcionamento e construção de estabelecimentos comerciais.
A Operação Hamurabi, que apura os esquemas de corrupção dentro de administrações regionais do DF, foi desencadeada na manhã desta quinta-feira (7) pela Deco (Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado) em parceria com o MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios).
O administrador de Águas Claras, Carlos Sidney de Oliviera, foi o primeiro a ser preso. Na casa dele, foram encontrados R$ 50 mil e, embora a polícia não saiba a origem da quantia, o dinheiro foi apreendido e levado para perícia. A polícia também investiga diversos empresários, incluindo o ex-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, que foram intimados a prestar depoimento de forma coercitiva.
Carlos Jales era considerado foragido da Justiça desde quando a operação foi desencadeada, nas primeiras horas desta quinta, porque não foi localizado. Se não fosse encontrado, a prisão temporária poderia ter sido em prisão preventiva pois poderia atrapalhar no andamento das investigações.
Informações iniciais repassadas pelo diretor do Departamento de Polícia Especializada, Luiz Alexandre Gratão, dão conta que o ex-administrador chegou ao hospital sozinho reclamando de dores no peito na madrugada desta quinta, pouco antes da operação ser desencadeada.
— Pelo que apuramos até o momento, ele deu entrada no hospital momentos antes da operação. Ele está internado e já foi preso no próprio hospital. Uma escolta policial o acompanha neste momento.
Na tarde desta quinta, Paulo Octávio prestou depoimento e negou envolvimento no suposto esquema de corrupção. Ele é suspeito de pagar para liberação da construção do Shopping JK, na Avenida Hélio Prates em Ceilândia.
O ex-governador relatou que a PaulOOctavio Investimentos Imobiliários Ltda não aprova projetos arquitetônicos e que o procedimento é realizado pelos escritórios de arquitetura contratados pela empresa. O delegado da Deco, Fábio Santos de Souza, informou que Paulo Octávio foi intimado a depor como testemunha e saiu como suspeito.
A Secretaria de transparência do DF vai criar uma comissão para investigar a conduta de todos os envolvidos no esquema. O órgão também vai analisar os processos de emissão dos documentos pelas administrações regionais.
O diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Luiz Xavier, informou que as investigações começaram em 2011 e, inicialmente, apontavam para servidores de baixo escalão. No entanto, a Operação Hamurabi apontou os administradores como supostos líderes do esquema ilegal.
— O que a gente pode dizer é que a investigação da polícia caminhava no sentido de que alguns servidores de escalão mais baixo fosse os responsáveis pelas irregularidades. Mas o que a gente percebeu nos últimos meses, é que na verdade, ainda que alguns servidores de escalão mais baixo tenha sido implicado na concessão irregular de licenças, os administrados estavam implicados, provavelmente, desde há muito tempo. A gente vai esclarecer isso.
Xavier esclareceu ainda que os administradores podem ser indiciados por falsidade ideológica, corrupção passiva e outros crimes contra a administração pública.
— Esta investigação que já é bastante demorada, aponta que os dois administradores, que tiveram a prisão decretada, auferiram vantagem indevida pela expedição de documentos autorizadores de empreendimentos sem obediência aos requisitos legais.
A polícia identificou pelo menos cinco alvarás que foram liberados sem qualquer verificação de documentação exigida, como laudo de impacto de trânsito e ambiental. Inicialmente, 12 pessoas foram intimadas entre servidores públicos e empresários.
Por meio de nota, o governo do Distrito Federal informou que decidiu exonerar imediatamente o administrador de Águas Claras, Carlos Sidney de Oliveira e o administrador de Taguatinga, Carlos Alberto Jales.
Foram expedidos dois mandados de prisão preventiva, 15 mandados de busca e apreensão e pelo menos dez mandados de condução coercitiva a empresários que serão obrigados a prestar esclarecimentos. Gratão explicou que assim que receber alta, Jales será levado para o presídio.
FONTE: R7 DF