sábado, 28 de setembro de 2013

Denúncia

O que Lindbergh queria?


“Dinheiro, como todo mundo”, disse Delúbio Soares – antes de avalizar um contrato de caixa dois com uma agência de publicidade, em 2004

ENDOSSO
Delúbio Soares e o contrato de Lindbergh Farias com a Supernova Mídia (abaixo). Mesmo relutante, Lindbergh assinou – e Delúbio topou ser fiador (Foto: Elio Rizzo/Futura Press)
O ano de 2004 foi especial para Lindbergh Farias, atualmente senador e pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT. Inexpressivo como deputado federal e empacado politicamente pela imagem juvenil de cara-pintada, imagem que o perseguia desde o impeachment de Fernando Collor de Mello, nos anos 1990, Lindbergh percebeu que era hora de dar uma sacudida na carreira. Com o apoio da cúpula do PT, decidiu sair candidato a prefeito de Nova Iguaçu, uma das principais cidades da Baixada Fluminense. Administrar Nova Iguaçu seria, como se confirmou depois, um trampolim para projetos políticos mais ousados. Lindbergh sabia que precisava tornar seu nome conhecido na região e, nessa cruzada, contava com o respaldo dos próceres do partido, principalmente do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, que via nele grande potencial. O primeiro passo era evidente: contratar uma assessoria de marketing político para promover a metamorfose, aos olhos do eleitorado, de líder dente de leite em gestor qualificado. Escolheu-se para o trabalho a agência paulista Supernova Mídia, do marqueteiro Carlos Colonnese, conhecido como Cacá. A parceria deu certo, e a passagem de Lindbergh para o segundo turno das eleições municipais entusiasmara a direção do PT. Mas também causara preocupação. Como a campanha de Lindbergh arrumaria os R$ 2,7 milhões que o marqueteiro Cacá exigia para continuar trabalhando? ...


Lindbergh, de acordo com líderes do PT que coordenaram as campanhas do partido em 2004, fez o que todos no partido faziam: foi pedir dinheiro a Delúbio Soares, então tesoureiro petista. Encontrou-se com Delúbio no restaurante de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro, de acordo com esses relatos. Os dois conversaram a sós por alguns minutos. Quando Lindbergh foi embora, os interlocutores de Delúbio perguntaram o que ele queria. “Dinheiro, como todo mundo”, disse Delúbio, segundo o relato de um dos presentes. Delúbio consultou Dirceu, que aprovou o repasse do dinheiro – ou, no mínimo, o compromisso do partido de pagar a conta assim que se obtivessem fundos para tanto. Naquele momento, a vitória de Lindbergh era uma das prioridades do grupo de Dirceu. A direção do PT sabia que Lindbergh viria a ser, como agora se demonstra, um candidato forte ao governo do Rio de Janeiro.

Em 2004, o PT tinha muitas campanhas – e muitas dívidas – país afora.Mesmo com o dinheiro do operador Marcos Valério, hoje condenado no caso do mensalão, Delúbio não conseguia fazer frente às demandas dos candidatos. Como alternativa, segundo pessoas próximas a ele, Delúbio se comprometeu com Lindbergh a avalizar a dívida com o marqueteiro Cacá. Delúbio exigia, porém, que Lindbergh também assinasse um contrato e as respectivas notas promissórias com Cacá. Era uma maneira de garantir que, caso eleito, Lindbergh arcaria com a quitação da dívida, por meio de contratos da prefeitura de Nova Iguaçu com Cacá, como determinam as regras silenciosas da política nacional. Lindbergh hesitou, segundo os relatos. Disse que seu coordenador de campanha assinaria. Como Delúbio estivesse inflexível, Lindbergh finalmente capitulou. Topou assinar os papéis.

E assim foi feito. ÉPOCA teve acesso aos documentos, que estavam com dirigentes graúdos do PT. Os papéis revelam que, no dia 14 de outubro de 2004, a duas semanas do segundo turno, Lindbergh e Cacá assinaram um contrato secreto de R$ 2,7 milhões, avalizado por Delúbio. Cinco dias depois, Delúbio endossou três notas promissórias oferecidas como garantia de pagamento. Uma no valor de R$ 500 mil, outra de R$ 1 milhão e a última de R$ 1,2 milhão. As promissórias também foram assinadas por Lindbergh. Em 26 de outubro daquele ano, a cinco dias do segundo turno, o contrato foi registrado no Cartório do 10o Ofício de Notas de Nova Iguaçu. Todas as firmas foram reconhecidas.

O esforço do PT foi recompensado com a vitória de Lindbergh. Na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, Lindbergh reconheceu apenas R$ 500 mil em despesas com a empresa do marqueteiro Cacá. O contrato público, do caixa oficial, tem, além do valor de R$ 500 mil, uma importante diferença em relação ao contrato secreto. Nele, não aparece Delúbio Soares. O conjunto de papéis secretos constitui evidência forte de que Lindbergh cometeu crimes eleitorais, ao fornecer informações falsas à Justiça Eleitoral – e, claro, ao recorrer ao célebre caixa dois de Delúbio.

A PROMISSÓRIA QUE SUBIU Lindbergh Farias (à esq.) e o endosso de Delúbio (à dir.). “As despesas de campanha de 2004 foram assumidas pela direção nacional do PT”, disse Lindbergh em nota (Foto: Sergio Lima/Folhapress)

Apesar do compromisso assinado por Delúbio e Lindbergh, o marqueteiro Cacá tomou um calote parcial, de acordo com os relatos. Em 2005, no primeiro ano do mandato de Lindbergh à frente da prefeitura de Nova Iguaçu, o município firmou um contrato de R$ 600 mil com a empresa de Cacá. Seria o primeiro de muitos, mas, segundo a narrativa, disputas impediram os demais repasses. Só esse primeiro contrato foi suficiente para causar um belo estrago jurídico a Lind­bergh. Em 2008, o então pro­curador-geral de Justiça do Rio de Janeiro denunciou Lindbergh, Cacá e outras seis pessoas por fraude em licitação. Foi aberto um inquérito, que, agora, está sob a relatoria do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. É um dos processos que fazem de Lindbergh, segundo levantamento do site Congresso em Foco, o campeão de processos entre os parlamentares. São 13. Neles, Lindbergh, que ajudou a derrubar o ex-presidente Fernando Collor, é acusado de corrupção passiva, corrupção eleitoral, desvio de recursos públicos, formação de quadrilha e crimes contra a Lei de Licitações.

Depois de romper com Lindbergh, Cacá, usando o contrato secreto e as promissórias, cobrou dos dirigentes do PT o pagamento do restante da dívida. Foi ignorado. Com os anos, reaproximou-se de Lindbergh e, no ano passado, trabalhou para o PT nas campanhas municipais do Rio, com o objetivo específico de tornar o nome de Lindbergh mais conhecido. Procurado por ÉPOCA para comentar o caixa dois de Lindbergh, Cacá primeiro disse que cobrara apenas R$ 500 mil do PT naquela campanha, e que o PT lhe devia R$ 250 mil até hoje (sem correções). Negou a existência das promissórias. Depois, confrontado com os papéis, reconheceu a veracidade deles. Afirmou que o contrato secreto foi assinado “no calor das comemorações” do primeiro turno – e que os serviços de marketing acabaram não sendo executados. “Não houve entrega, não houve serviço, não houve pagamento. O que houve foi o distrato do contrato”, disse. ÉPOCA, então, pediu uma cópia do tal distrato. Não apareceu. Quanto ao contrato com a prefeitura de Nova Iguaçu, Cacá disse que não houve fraudes.

Delúbio não respondeu aos questionamentos de ÉPOCA. O atual tesoureiro do PT, João Vaccari, limitou-se a afirmar que todas as informações relativas à prestação de contas do partido constam do site do Tribunal Superior Eleitoral. Lindbergh não respondeu às perguntas de ÉPOCA sobre os valores pagos ao marqueteiro Cacá, nem sobre as promissórias assinadas por ele e Delúbio Soares, nem sobre o contrato secreto. Em nota, afirmou que “as despesas de campanhas de 2004 foram assumidas pela direção nacional do PT, e as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”.

“O senador Lindbergh Farias manifesta sua indignação com o fato de ÉPOCA abrir mais uma vez espaço para atacá-lo com uma denúncia antiga e sem fundamento”, disse ainda Lindbergh na nota. Ele se refere a duas reportagens recentes de ÉPOCA. Uma noticiou detalhes de um processo sobre suspeitas de compra de uma decisão judicial permitindo sua candidatura à reeleição em 2008. A outra revelou documentos de um processo em que ele é acusado de desviar dinheiro de contratos da prefeitura de Nova Iguaçu. Com tantos processos, talvez Lind­bergh precise novamente de um contrato com o marqueteiro Cacá.
 
Por Murilo Ramos e Diego Escosteguy

FONTE: Blog Edson Sombra

Operação Esopo

PF recorre ao Planalto para tentar obter dados do Trabalho


Órgão não foi atendido pelo ministério ao pedir informações sobre convênios suspeitos de irregularidades


A Polícia Federal apelou ao Planalto para conseguir do gabinete do ministro Manoel Dias (PDT) informações de convênio firmado com uma entidade ligada ao partido dele e investigada por irregularidades.

Sem resposta a ofícios enviados à pasta, a delegacia da PF em Itajaí (SC) cobra agora da Secretaria-Geral da Presidência dados sobre a prestação de contas de parceria firmada com a Agência de Desenvolvimento do Vale do Rio Tijucas e Rio Itajaí Mirim (ADRVale), de Santa Catarina. Ontem encaminhou fax ao Planalto com novo pedido. ...

A ADRVale é alvo de inquérito que apura suspeita de desvio e malversação de recursos repassados pelo Ministério do Trabalho por meio de convênio de 2007. As informações da prestação de contas, segundo a PF, são "imprescindíveis" para as investigações. A entidade tem como dirigentes dois ex-filiados ao PDT, que se desvincularam do partido em julho.

Um ex-dirigente do PDT em Santa Catarina, John Sievers Dias, acusou Manoel Dias de enquadrá-lo como "funcionário-fantasma" da ADRVale, em 2008. Na época, o ministro dirigia o partido no Estado. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que vários pedetistas, entre eles Sievers, trabalharam no convênio, mas a entidade não comprovou se eles prestaram serviços. O delator deve ser ouvido pela PF.

Há nove meses, a PF pede informações sobre as contas ao ministério, sem sucesso. Antes disso, a pasta explicara aos investigadores que aguardava parecer de sua área jurídica para dar andamento à fiscalização do convênio. O Trabalho avaliava considerar as contas do projeto "iliquidáveis", pois um incêndio na ADRVale teria destruído documentos necessários à prestação de contas. A PF apura se houve queima proposital de arquivo. De lá para cá, não houve mais retorno sobre o processo, segundo a PF.

Um ofício foi enviado à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego em dezembro de 2012 e reiterado no mês seguinte, mas ficou sem resposta.

Em 10 de abril, a delegacia em Itajaí repetiu o pedido ao gabinete de Manoel Dias, também não atendido. "Até a presente data, não adentrou nesta delegacia resposta ou qualquer justificativa a ofício. Reitero o atendimento a tal ofício, tratando-se de informações imprescindíveis à adequada investigação da malversação de recursos", diz o documento, assinado pelo delegado Annibal Wust do Nascimento Gaya, responsável pelo inquérito.

Sem manifestação da pasta, o ofício foi remetido ao Planalto em agosto, para Vanessa Dolce, chefe de gabinete da Secretaria-Geral. "Reitero solicitação já encaminhada e reiterada", diz a PF.

A Secretaria-Geral informou ontem que o ofício não foi recebido, devido a um erro da PF, que o endereçou à "chefe de gabinete de Presidência da República". Diante disso, pediu o documento ao delegado, que o enviou ontem mesmo, por fax. "Seu conteúdo não tem nenhuma relação com as competências legais da secretaria e nada justificaria seu envio. Trata-se de um pedido de informações para o Ministério do Trabalho e sua eventual cobrança deveria ter sido feita ao órgão de Controle Interno do próprio ministério ou à CGU", alegou a secretaria, adiantando que devolverá o pedido aos dois órgãos.

O Ministério do Trabalho afirmou em nota que as contas da ADRVale estão sendo auditadas por uma força-tarefa, criada após a Operação Esopo, da PF, prender servidores da pasta. "Na medida em que os trabalhos forem sendo concluídos, os resultados serão divulgados." A reportagem não conseguiu contato com a ADRVale ontem.

Por Fábio Fabrini

FONTE: Blog do Edson Sombra

Defesa do Atlético de Madri admite que CR7 é mais decisivo que Villa

Às vésperas do clássico, colchoneros mostram preocupação com o português, mas lembram que rival perde qualidade de jogo com a saída de Özil


Cristiano Ronaldo gol Real Madrid contra Elche (Foto: AP)

 Cristiano Ronaldo, pelo Real Madrid, eDavid Villa, pelo Atlético, serão as estrelas do clássico que será disputado neste sábado, pela sétima rodada do Campeonato Espanhol. Os colchoneros, contudo, admitem que a estrela merengue tem mais chances de fazer a diferença na partida do que seu principal jogador.
- Nós temos David Villa, Diego Costa, Koke e Arda, que podem contribuir para a vitória. No entanto, o jogador mais decisivo é Cristiano Ronaldo. Ele pode ganhar qualquer jogo com os seus gols - disse o zagueiro uruguaio Godín.
O goleiro Courtois tem a mesma opinião. Em entrevista ao jornal "As", o belga definiu CR7 em uma palavra:
- Goleador.
Apesar do temor ao português, o arqueiro vê uma queda de rendimento no rival por causa da saída de Özil, que se transferiu no último dia da janela de transferências da Europa para o Arsenal.
- Sem ele, falta qualidade de jogo para o Real. Özil tem uma visão tremenda para dar o último passe entre as linhas e abrir o jogo.


Santos descarta fazer loucuras para renovar contrato de 'novo Neymar'

Neilton, que está na mira do Sevilla, tem contrato até maio de 2014, mas a partir do fim de novembro, pode assinar pré-contrato com qualquer clube


A diretoria do Santos descarta fazer loucuras para convencer o jovem atacante Neilton a renovar contrato. Cobiçado pelo Sevilla, da Espanha, o jogador tem vínculo com o Peixe até maio do ano que vem, mas pode assinar um pré-contrato com qualquer outro clube a partir do fim de novembro. Presidente do Alvinegro, Odílio Rodrigues garante que a diretoria não se sente intimidada com o interesse do time europeu pelo garoto.
- O Santos não sabe de proposta do Sevilla. A nossa proposta (para renovação de contrato) já está feita. É normal, semelhante a outras que foram feitas a jogadores que já renovaram. O Santos tem 102 anos. Vai ficar assustado com o quê? - argumentou o dirigente.
Neilton, atacante do Santos (Foto: Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC)
Aos 19 anos, Neilton negocia sua renovação de contrato com o Peixe desde agosto. A diretoria do clube ofereceu R$ 30 mil mensais, mas a proposta não foi aceita - o jogador esperava um salário entre R$ 60 mil e R$ 100 mil.
Se o acordo com o Alvinegro está cada vez mais distante, um consenso com o Sevilla parece bem próximo. A oferta do clube espanhol é de € 700 mil (R$ 2,1 milhões) em luvas destinados ao atacante.
Outra dor de cabeça
Sobre Victor Andrade, atacante que estava relacionado para participar da excursão do time sub-23 à Ásia e se recusou a embarcar rumo ao Vietnã e à Indonésia, o presidente do Santos afirmou que o assunto será tratado internamente. O dirigente não adiantou se o jogador será punido ou não. O garoto, que completa 18 anos na próxima segunda-feira, tem vínculo com o clube até outubro de 2014 e multa rescisória de € 50 milhões (R$ 160 milhões).

Mortos por desabamento de prédio na Índia chegam a 42


O número de mortos pelo desabamento de um edifício residencial em Mumbai subiu para 42, segundo a equipe de resgate, que ainda realiza buscas nos destroços.
Entre 83 e 89 pessoas estavam no prédio quando ele desabou na manhã de sexta-feira, segundo moradores. A equipe de resgate já retirou 33 pessoas vivas dos destroços, mas parece não haver mais sinais de vida no local, disse Alok Awasthi, que lidera as buscas. Mesmo assim, ele afirmou que as operações vão continuar com a busca de cerca de 12 pessoas desaparecidas.
A causa do acidente ainda não foi confirmada, mas vizinhos reclamam dos padrões e da falta de manutenção, expressando o temor de que seus prédios sejam os próximos. Esse foi o terceiro colapso de um edifício a deixar mortos em seis meses na cidade. Fonte: Associated Press.
Preferindo a morte ao invés do despejo na China

Preferindo a morte ao invés do despejo na China - 1 (© Sim Chi Yin/The New York Times)

Habitantes de Zhuguosi, um vilarejo rural que será demolido para a construção da nova Cidade Financeira de Chengdu, montam guarda para evitar a entrada das equipes de demolição, nos arredores de Chengdu, China.
Nos últimos cinco anos, ao menos 39 agricultores chineses atearam fogo nos próprios corpos para protestar contra a desapropriação de suas terras, demonstrando como a nova onda de urbanização do país leva a confrontos violentos contra o Estado autoritário.

Preferindo a morte ao invés do despejo na China - 1 (© Sim Chi Yin/The New York Times)

Fotografia de He Zhihua, que foi morto por um rolo compressor enquanto se negava a sair de casa, em uma rodovia construída nos arredores de Chengdu, China.  

Preferindo a morte ao invés do despejo na China - 1 (© Sim Chi Yin/The New York Times)

Agricultora em Zhuguosi, um vilarejo rural que será demolido, de acordo com os planos de construção da nova Cidade Financeira de Chengdu, na China.

Preferindo a morte ao invés do despejo na China - 1 (© Sim Chi Yin/The New York Times)

Depois de reocuparem os apartamentos, habitantes de Zhuguosi jogam cartas na rua em Chengdu, China.

Primeiro filme saudita dirigido por uma mulher é candidato ao Oscar


Suliman al-Assad.
Riad, 28 set (EFE).- "O Sonho de Wadjda" (2012), o primeiro filme rodado totalmente na Arábia Saudita e dirigido por uma mulher, voltou a fazer história ao se tornar o primeiro que o país apresenta ao Oscar.
"Tentei com muito esforço fazer um filme sincero que representasse minha cultura, além de refletir a imagem da minha comunidade. Esta indicação (ao Oscar) é um reconhecimento por todos esses esforços", contou à Agência Efe a diretora Haifaa Al Mansur, por telefone.
A trama narra as restrições impostas à mulher saudita em um país conservador através da história de uma menina que sonha em ter uma bicicleta para brincar junto com o filho de seus vizinhos, Abdullah.
A intenção de Haifaa era fazer um filme do qual os sauditas tivessem orgulho e com o qual se identificassem, e ela não oculta seu desejo de que um dia o cinema chegue a fazer parte da cultura de seu país.
No lançamento da candidatura saudita ao Oscar, o presidente do comitê de indicações da Assembleia Saudita de Cultura e Arte, Sultan Bazie, explicou na semana passada que escolheram o filme porque ele "mostra a realidade como ela é".
"'O Sonho de Wadjda' possui todas as características exigidas pelo Oscar", afirmou Bazie sobre o filme, que ele acredita ter condições de ser selecionado como o melhor estrangeiro.
Apesar da permissão das autoridades, o filme não foi lançado na Arábia Saudita, país em que está proibida a abertura de salas de cinema e onde os produtores locais enfrentam grandes desafios para poder filmar dentro das cidades.
Haifaa conseguiu vencer estes obstáculos e gravar algumas cenas nas ruas de Riad e em escolas de meninas, sempre com a permissão do governo.
Mesmo assim, não pôde trabalhar diretamente com sua equipe porque teve que ficar dentro de um veículo e dirigir os câmeras por walkie-talkie.
"Riad tem uma magia especial que eu quis ressaltar no filme para que as pessoas pudessem conhecer a beleza do meu país", disse Haifaa.
"O Sonho de Wadjda" já estreou em salas de cinema de diferentes países do mundo e ganhou vários prêmios, como o de Melhor Filme e Melhor Atriz no Festival de Cinema Dubai e o de Público no Festival de Freiburg (Suíça).
Além disso, venceu o prêmio do Cicae (Confederação Internacional de Cinemas de Arte e Ensaio), que ocupou mais de três mil salas em 28 países europeus, durante o Festival de Cinema de Veneza de 2012.
No entanto, para Haifaa, não é só o reconhecimento internacional que importa, mas também o de seus compatriotas, que só puderam ver seu filme em DVD por causa da ausência de cinemas.
Além disso, o filme estreou no Bahrein, onde, ela garante que atraiu um bom número de membros da comunidade saudita que vivem no arquipélago.
Para a diretora, o interesse dos sauditas pelo filme é a prova das mudanças positivas no país.
"Queria passar uma imagem humanitária e bonita da Arábia Saudita, que surgisse do interior da sociedade para que todo o mundo pudesse conhecê-la de uma maneira diferente do que se publica nos jornais e nas revistas", explicou Haifaa.
No filme há uma crítica aguda a esta sociedade, embora de maneira sutil para não chocar diretamente os mais conservadores.
O objetivo de Haifaa é que o filme seja um marco no país, a partir do qual se inicie uma mudança profunda, afastado de polêmicas políticas.
"Eu respeito todas as ideologias, tanto a conservadora como a liberal - confessa -. Quero refletir sobre o meu caso, mas sem cair em frivolidades".
De fato, a história está inspirada na vida da produtora, que foi criada em uma pequena cidade da Arábia Saudita, submetida a muitas regras no seio de uma família tradicional, mas ao mesmo tempo aberta, o que permitiu que ela crescesse com mais liberdade que outras mulheres.
Haifaa estudou literatura no Cairo e cinema em Sydney, e atualmente vive com o marido, que é americano, e os dois filhos no Bahrein. Mas nada disso a impediu de se transformar na primeira cineasta saudita e nem a afastou de sua meta principal: fazer filmes que refletem a realidade de seu país. EFE

Papa pede para que guardas do Vaticano lutem contra a fofoca


Papa conversa com bispos

No pequeno Estado do Vaticano, que viveu no ano passado as intrigas do escândalo Vatileaks, o Papa Francisco atribuiu a seus guardas uma nova tarefa: a de evitarem, quando puderem, fofocas e calúnias.
"Peço-vos que defendam um ao outro das fofocas", pediu aos guardas encarregados da segurança do Vaticano.
"Peçamos a São Miguel (patrono arcanjo da polícia) para nos ajudar nesta guerra: nunca falar mal do outro, nunca abrir seus ouvidos a fofocas. E se eu ouvir alguém contando histórias, eu o faço parar! Eu digo: aqui você não pode, saia pela porta Santa Ana (entrada principal do Vaticano para os funcionários e visitantes) e termine lá fora a sua conversa", aconselhou o Papa.
"Não à discórdia", insistiu, explicando aos guardas reunidos para a missa diária na capela da residência Santa Marta que ninguém, nem mesmo ele, foi vacinado contra isso.
"Eu gostaria que vocês defendessem não só as portas e janelas do Vaticano, um trabalho necessário e importante, mas que defendessem as portas dos corações daqueles que trabalham no Vaticano", insistiu.
"É uma tentação que agrada o diabo, contra a unidade (...) e que procura criar a guerra interna, uma espécie de guerra espiritual e civil (....) Uma guerra que é travada por meio da linguagem", comentou.
O Papa fez referência aos ataques cruzados que sempre existiram na Santa Sé, mas que foram revelados nos vazamentos à imprensa italiana de documentos confidenciais e cartas recebidas por Bento XVI durante a escândalo do "Vatileaks" no ano passado.

Novo terremoto atinge Paquistão


Menino tenta retirar lama em meio aos escombros de sua casa destruída por terremoto

Sobreviventes de terremoto recebem tentas para abrigo

Um terremoto de magnitude 6,8 atingiu este sábado a província paquistanesa do Baluquistão (sudoeste), que tenta se recuperar do tremor que matou 350 pessoas e destruiu povoados inteiros na terça-feira.
O novo terremoto se produziu a 14 km de profundidade e foi localizado 96 km ao norte do distrito de Awaran, segundo o Centro Geofísico dos Estados Unidos (USGS).
Awaran foi a região mais afetada pelo terremoto de 7,7 graus de magnitude registrado na terça-feira.
"Não é uma réplica, e sim um novo terremoto", declarou à GEO Zahid Rafi, diretor do Centro Nacional de Vigilância Sísmica do Paquistão.
O tremor deste sábado fez com que os pacientes do hospital de Awaran feridos na terça-feira fossem retirados às pressas.
Centenas de casas foram destruídas e as linhas telefônicas na região de Mashkey, próximo do epicentro, foram danificadas, segundo Abdul Rasheed Balosh, funcionário público local.
"Muitas pessoas ficaram presas nos escombros. Essas são as primeiras informações que temos, as perdas (de vidas e materiais) são altas", declarou, sem dar mais detalhes.
O terremoto foi sentido em Karachi, no sul do Paquistão, e em Quetta, capital da província do Baluchistão, embora as duas localidades estejam a centenas de quilômetros do epicentro.
Quatro dias após o primeiro terremoto, muitos sobreviventes se queixam de não terem recebido a ajuda das autoridades, com grande dificuldade para chegar às áreas mais remotas da província de nove milhões de pessoas, com uma superfície comparável à da Itália.
Vários povoados, com suas casas precárias, ficaram totalmente arrasados pelo terremoto. Milhares de sobreviventes passaram novamente a noite ao relento e continuavam esperando ajuda de emergência.
O Baluquistão é a província mais pobre do Paquistão, apesar de suas importantes minas de ouro, zinco e cobre, e suas reservas de gás natural.
A província sofre com atos de violência contra a minoria muçulmana xiita e é cenário de ataques dos talibãs, assim como de confrontos entre os rebeldes separatistas do Exército de Libertação do Baluquistão e as forças governamentais.
As autoridades paquistanesas acusam os rebeldes de bloquear o transporte de ajuda a seus redutos, principalmente em Mashkey, um dos locais mais afetados.
Na quinta-feira, vários foguetes foram disparados contra o helicóptero do chefe dos serviços de emergência paquistaneses, que sobrevoava as regiões atingidas pelo terremoto.
O exército paquistanês foi mobilizado para socorrer os sobreviventes dos seis distritos — Awaran, Kech, Gwadar, Panjgur, Chaghi e Khuzdar — mais afetados e com uma população de mais de 300.000 pessoas.
As autoridades paquistanesas decretaram estado de emergência em parte do Baluquistão.

Dois membros do Hezbollah são mortos em confrontos no Líbano


Policial libanês caminha por ruas da capital

Dois membros do Hezbollah xiita libanês foram mortos neste sábado em um tiroteio com sunitas armados em Baalbek, a maior cidade do leste do Líbano, indicou à AFP uma fonte dos serviços de segurança.
Este é o incidente mais grave entre sunitas e xiitas na cidade de maioria xiita e reduto do poderoso partido armado Hezbollah.
"Membros da família Chiyah (sunita) dispararam contra uma barreira do Hezbollah no centro de Baalbeck, que foi obrigado a responder. O incidente se transformou em um confronto, que terminou com a morte de dois membros do Hezbollah", explicou a fonte.
Cinco pessoas também ficaram feridas, incluindo transeuntes e membros da família xiita.
Quarta-feira, um primeiro incidente foi registrado na cidade, quando uma troca de tiros entre membros de uma família sunita e o Hezbollah feriu um membro do partido e dois transeuntes.
O Hezbollah montou postos de controle em seus redutos no Líbano depois de dois ataques nos subúrbios ao sul de Beirute.
Estas tensões ocorrem no momento em que o Líbano está profundamente dividido sobre o conflito sírio, entre partidários do regime de Damasco, liderados pelo Hezbollah, que luta ao lado do exército sírio, e seus opositores, liderados pelo ex-primeiro-ministro sunita Saad Hariri.

Quênia teria sido alertada sobre perigo de ataque


Mulher caminha em frente ao shopping Westgate

O governo do Quênia teria sido advertido, especialmente por parte de Israel, sobre o alto risco de um atentado, pouco antes do ataque ao centro comercial Westgate de Nairóbi que deixou pelo menos 67 mortos, mas não reagiu, segundo fontes da segurança.
Vários ministros quenianos e chefes de diversos serviços de segurança foram informados pelos principais aliados do Quênia em matéria de segurança sobre os planos de um grande ataque em setembro, indicaram as fontes à AFP neste sábado.
Entre outros, "Israel havia alertado sobre possíveis ataques contra seus interesses econômicos" no Quênia. Mas, "fora o fato de transmitir (o relatório mencionando o perigo) de um escritório para outro, nada foi feito", assegura uma das fontes da segurança.
Desde o final de 2012, outros relatórios foram enviados para a polícia e o exército quenianos advertindo sobre "ameaças contra alvos específicos, incluindo Westgate", segundo outra fonte que pediu anonimato, "mas ninguém pareceu levá-los a sério".
"Ninguém pode dizer que não foi alertado do perigo de um ataque", ressaltou.
Os principais jornais do país publicaram neste sábado trechos do relatório dos serviços quenianos mencionando o perigo de ataque.

Líder de partido neonazista grego é preso


Policiais isolam entrada de delegacia onde estão detidos membros do Aurora Dourada

Partidários do Aurora Dourada manifestam contra prisões

As autoridades gregas prenderam neste sábado o líder histórico e vários deputados do partido neonazista Aurora Dourada, dez dias após o assassinato de um músico antifascista por um membro deste partido.
A operação coincide com as negociações da Grécia para obter um novo pacote de ajuda para sua economia em crise e a poucos meses do país assumir, em 1º de janeiro, a presidência rotativa da União Europeia.
A polícia antiterrorista grega prendeu no início desta manhã o líder e deputado do Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, fundador do partido em 1980, assim como outros três deputados da formação neonazista (de um total de 18), incluindo seu porta-voz Ilias Kassidiaris.
Segundo fontes judiciárias, a justiça considera o partido uma "organização criminosa". Os detidos também são acusados de violência física e morte.
Doze membros do partido também foram detidos em várias regiões do país. A operação deve conduzir à novas prisões nas próximas horas porque há trinta mandatos de prisão emitidos pela Suprema Corte contra militantes ou deputados do Aurora Dourada.
Em seu site, o partido neonazista convocou uma manifestação para protestar contra uma "decisão ilegal". Algumas centenas de simpatizantes do Aurora Dourada se reuniram em frente às delegacias onde estão os suspeitos.
"A democracia tem seus meios de se defender", advertiu o porta-voz do governo, Simos Kédikoglou, à televisão Skaï, poucos minutos após a prisão.
O assassinato do jovem músico antifascista, Pavlos Fyssas, de 34 anos, na periferia de Atenas por um membro do Aurora Dourada gerou comoção em todo o país.
A polícia grega, acusada de passividade frente ao Aurora Dourada, partido suspeito de estar por trás de ataques contra imigrantes, intensificou nos últimos dias as operações contra os neonazistas.
No início da semana, alguns oficiais da polícia foram suspensos ou demitidos por não investigarem a presença de armas em escritórios da organização neonazista.
Desde a morte do músico, a imprensa grega multiplica suas revelações contra o Aurora Dourada, que teria ligações com empresários e as Forças Armadas, e testemunhas descrevem com precisão o funcionamento da organização.
Paralelamente, a Suprema Corte realiza investigações e reúne provas para caracterizar o Aurora Dourada como "uma organização criminosa".
Dezenas de testemunhas - jornalistas, ex-membros do partido, eleitos, líderes sindicais ou de associações - foram ouvidos pelo tribunal.
A pedido do governo, os juízes reabriram várias investigações sobre mais de trinta crimes imputados a membros do Aurora Dourada nos últimos meses.
Desde outubro de 2011, cerca de 300 casos de abuso e violência contra estrangeiros que vivem na Grécia foram registrados e documentadas pela rede antirracista Dyktio e associações de direitos humanos.
"Estamos satisfeitos que o movimento antifascista e antirracista conseguiram obrigar o primeiro-ministro Antonis Samaras e o ministro da Ordem Pública Nikos Dendias realizar as prisões", reagiu a associação Keerfa, pilar da luta contra o racismo, acusando os dois líderes políticos de "há muito tempo protegerem a ação de neonazistas".
Milhares de gregos manifestaram quarta-feira contra o fascismo no país.

Mortos em prédio que desabou na Índia chegam a 33


Parentes de vítimas mantêm vigília neste sábado no local onde um edifício residencial desabou na sexta-feira, matando pelo menos 33 pessoas, em Mumbai. A causa do acidente ainda não foi confirmada, mas vizinhos reclamam dos padrões e da falta de manutenção, expressando o temor de que seus prédios sejam os próximos. Esse foi o terceiro colapso de um edifício a deixar mortos em seis meses na cidade.
A equipe de resgate já retirou 32 pessoas vivas dos destroços, mas com as operações de busca adentrando o segundo dia, somente uma pessoa ainda está viva sob os escombros, segundo Alok Awasthi, que lidera as buscas.
O prédio de cinco andares, que abrigava funcionários do governo municipal de Mumbai, desabou no início da sexta-feira. Na noite de ontem, uma pequena menina foi retirada dos destroços após 12 horas do colapso.
Mas, na medida em que as buscas continuaram, muitos corpos foram encontrados. Awasthi disse que o número de mortos estava em 33 na tarde deste sábado, no horário local. Mesmo assim, segundo ele, as buscas vão continuar, uma vez que cerca de 30 pessoas, das 80 que estavam no prédio, ainda estão desaparecidas. Fonte: Associated Press.

O fim da MTV, ao menos como a conhecíamos



Como todo mundo aqui já sabe, ontem a MTV Brasil fez seu último programa ao vivo. Foi um evento que consolidou o final do canal sob administração do grupo Abril, que devolve a marca para a americana Viacom, após 23 anos de uso com sede no histórico prédio da Sumaré – o mesmo que abrigou no passado a histórica TV Tupi, onde a essência da televisão Brasileira se consolidou.
A partir de 01 de outubro a “nova MTV” inicia seus trabalhos, com uma abordagem mais pop e uma iniciativa mais eclética de programação. Vai ser grande o trabalho da próxima administração – popularmente, o que se fala é do fim da MTV, e não de seu recomeço.
Entre os desafios da MTV de cara nova, estão esses: aposenta-se a figura lendária do VJ; entram comunicadores e artistas convidados para o comando das novas atrações. A grade será conferida por quem tem TV paga, e esse cenário dos canais fechados tem suas próprias regras e realidade – ainda que as expectativas sejam talvez mais promissoras do que as de TV aberta. Para que a nova empreitada alcance êxito, há todo um plano comercial, de audiência e mídia a ser cumprido. E, o que é para mim o mais complicado, a nova MTV terá de conquistar o coração dos órfãos da MTV de 1990, a que já existe na memória emotiva de milhões de brasileiros.
Por mais excludente que a MTV antiga pudesse ser em termos de audiência e alcance de linguagem, era fato inconteste que ela foi parte integrante da vida de um monte de gente. O telespectador é aquele tipo de pessoa que gosta de situar-se a partir do que é transmitido – TV de domingo tem Sílvio Santos, mulher na TV era a Hebe, Globo tem novela, Record é popular. E MTV era o canal 25 da moçada. Tava lá, ninguém devia tascar. Quem via, quem curtia, eram outros 500... Mas a MTV era a opção jovem de cultura jovem, com gente jovem e linguagem ainda mais hormonal. Mesmo com as mudanças de identidade, mesmo com suas novas empreitadas, nem sempre bem-sucedidas. Ela estava lá, e ao menos daquele jeito ela não estará nunca mais.
Para quem nasceu no final da década de 70, como eu, o início da MTV no Brasil foi um dos episódios mais marcantes da adolescência. Algumas pessoas mais sortudas tiveram filhos cedo e a adolescência desses moleques também foi marcada pela grade do “canal da música”, como era chamado inicialmente. Ou seja, em 23 anos de existência, seguramente duas gerações foram marcadas pelo que dizia e mostrava a Astrid, a Cuca, a Sabrina, a Marina, a Soninha, o Gastão, o Zeca... Os VJ’s descolados que, no fundo, todo teenager queria ter como amigo.
Lembro muito bem do rebuliço que foi a chegada da MTV em terras tupiniquins. Eu tinha 13 anos, e completaria 14 cinco dias depois da estreia do canal. Falou-se muito da novidade na época, e eu e um monte de amigos da escola só tratamos disso por um tempão. Era descolado dizer que você via a MTV. Era agregador, diferente. Havia uma série de coisas sem sentido na programação, como aquelas vinhetas deles que não tinham pé nem cabeça. Mas a gente fingia que entendia, porque ninguém queria admitir a própria ignorância.
Os VJ’s – esse nome e tipo de profissional nasceu com a MTV – falavam com termos jovens e eram um pouco mais velhos do que a gente; alguns tinham cabelos bagunçados e eram mais simpáticos, outros já chamavam mais a atenção da turma mais velha, o que hoje a gente chama de “Ensino Médio”. Tinha a namoradinha secreta de praticamente todos os meninos, a Cuca... E um cara que curtia rock e usava umas camisetas de banda no ar, um tal de Gastão. E haviam, logicamente, os clipes. Muitos clipes!
Hoje toda moçada, e quem mais quiser!, pode ver o que bem entender, quantas vezes quiser, pelo Youtube. Mas em 1990 não era assim – era na MTV que se conferiam os videoclipes. E como eram legais alguns deles, que mega novidade eram muitos deles! A gente contava os dias para assistir na íntegra aquele vídeo que os VJ’s prometiam durante a semana que seria passado no dia tal, na hora X. Todos os teens esperavam. Os mais sortudos podiam gravar com o vídeo-cassete, mas não era a mesma coisa que ver na hora, ao vivo, pra valer.
Com a MTV eu solidifiquei meu amor pelo Public Enemy. Houve um momento em que rolavam muitos clipes dessa minha banda predileta nos programas, e eu dava pulos de alegria quando flagrava um. Na MTV passava o Faith no More e o Guns, e o Guns tinha um clipe que parecia um filme – o “November Rain”. Meus vizinhos, o Fábio e o Neto, curtiam o programa de rock pesado, de metal. E balançavam a cabeça quando viam o Metallica com suas guitarras. Tinha o cara cantando “Informer” numa velocidade maluca, o que deixava a Astrid intrigada toda vez que anunciava o clipe. Todo mundo dançava com o “Deee-Lite” cantando “Grove is in the Hearth”... E por aí vai.
Depois o canal foi ganhando outras caras, falando com novas linguagens. Veio mais entretenimento, menos música, porque a internet começou a matar a MTV. Mas ela foi valente e original, e nos deu a Cicarelli maluca da cabeça aos pés pondo o povo pra beijar na boca e assustando todo mundo com extintores de incêndio. O Mion apareceu como um moleque subversivo que queria tocar o terror rindo de todo mundo na frente de um chroma key. O João Gordo falava palavrões e quase quebrou a cara do Dado Dolabella, para deleite de quem já achava que o playboy merecia umas bolachas! Mais tarde vieram o Adnet, a Calabresa, a Tatá, o Bento, os amigos do humor... E eles detonaram! A MTV já era do mundo, não só da música!
Mas o mundo muda todo dia, e o mundo do entretenimento de massa é um dos piores. E quando ele não dá resultado mais, quando não tem mais alguém suportando bancar, eis que a brincadeira acaba e um ciclo se fecha.
Eu lamento muito pelo fim daquela MTV. Eu gostava demais, era fã. Marcou a minha vida, e eu me sentia bem sabendo que aquele mundo existia ainda, nem que fosse em homenagem aos meu passado.
Confesso algo, ainda: eu sempre quis ser um VJ. Sempre, sempre quis trabalhar com a cara no vídeo na MTV. Mas quando ela começou eu não era ninguém e não sabia como chegar junto, e quando eu me tornei alguém eu não consegui me juntar ao time. Sempre me diziam no canal: quando sair do CQC, se quiser sair, vem pra cá. Vamos te receber de portas abertas! E no final de 2012 veio um convite mesmo, oficial, mas eu não tive nem como ouvir a proposta porque já tinha fechado com a Record...
Mas eu dei entrevista para a Funérea. Apresentei uma categoria no VMB 2011. Fiz um Comédia MTV com o Adnet e a turma toda, ao vivo. Fui em uns 4 ou 5 VMB’s, e em todos me diverti pra caramba, bebi pra cacete e encontrei amigos. E minha irmã, Thais Cortez, minha melhor amiga e sangue igual ao meu, foi uma excelente editora do canal. Ela representou os Cortez nesse sonho, mesmo em outro campo de trabalho.
Na festa de encerramento ontem, do lado aqui de casa, na sede da MTV que acaba daqui a uns dias, vi um monte de gente se abraçando aos prantos com o fim de uma era. Fãs, funcionários, amigos, ex-VJ’s, pilares da casa, gente que fez a história de lá. O Zico Góes. Que cara é o Zico Góes!! O povo tava triste com o fim, mas feliz com a missão cumprida. Eu me comovi com eles e por eles, e entendo emotivamente o que eles estão sentindo.
Por outro lado, 2 dias antes, na festa de apresentação da Nova MTV, da Viacom, eu vi uma chama no olho de algumas pessoas. E havia uma certa energia no ar. O que virá agora, com o desafio do novo?
Em homenagem ao que foi a MTV, que foi tão foda, eu só quero desejar que a nova emissora faça algo tão bom ou ainda melhor do que a antiga – por ela, por seus fãs, por quem sonhou junto, por quem deu o sangue, e até por quem queria ter feito parte mesmo e não fez, como eu.
Valeu MTV da minha adolescência! Boa sorte, nova MTV. Quem sabe um dia eu não me una a vocês, finalmente?
Abraços,
Rafa

Obama e Rohani falam pela primeira vez sobre programa nuclear iraniano



Washington, 27 set (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou nesta sexta-feira para o presidente iraniano, Hassan Rohani, para falar de "um acordo sobre o programa nuclear" do país islâmico, segundo anunciou o próprio Obama em um pronunciamento à imprensa.
Trata-se da primeira conversa entre os líderes dos dois países em mais de 30 anos.
Em um giro de 180 graus a respeito do que foi até agora a posição americana, o presidente afirmou, além disso, que acredita ser possível um acordo global com o Irã.
"Discutimos os esforços para alcançar um acordo sobre o programa nuclear do Irã. Reiterei ao presidente Rohani o que disse em Nova York: embora seguramente haverá grandes obstáculos para avançar e o êxito não esteja absolutamente garantido, acho que podemos chegar a uma solução integral", explicou Obama.
O presidente americano disse ainda ter solicitado ao secretário de Estado, John Kerry, que continue as conversas diplomáticas com o governo iraniano para avançar rumo a esse acordo.
"Tivemos conversas construtivas ontem em Nova York com nossos parceiros, a União Europeia, o Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China, junto com o ministro das Relações Exteriores iraniano", acrescentou o presidente.
"Pensando no futuro, o presidente Rohani e eu instruímos nossas equipes para que sigam trabalhando rapidamente, em cooperação com o P-5 mais um, para buscar um acordo. E, em todo este processo, estaremos em estreito contato com nossos amigos e aliados na região, inclusive Israel", detalhou Obama.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve visitar Washington na segunda-feira que vem.
O presidente americano disse ser "consciente de todos os desafios que se aproximam" e ressaltou o fato de que a conversa de hoje entre representa a primeira comunicação direta entre os líderes dos dois países desde 1979.
Essa situação, disse, "põe em relevo a profunda desconfiança" que existe entre Estados Unidos e Irã, mas Obama assegurou confiar que agora existe "uma base para sua resolução".
Obama ressaltou também a promessa do presidente iraniano, que assegurou esta semana que seu país não desenvolverá armas nucleares.
"As duas partes temos preocupações importantes que teremos que superar. Mas acho que temos a responsabilidade de continuar com a diplomacia e que temos uma oportunidade única para avançar com a nova liderança em Teerã", concluiu. EFE

Resolução da ONU sobre a Síria "não trará justiça às vítimas" (HRW)


Sírios vasculham escombros em Deir Ezzor

A organização de defesa dos direitos Humanos, Human Rights Watch (HRW), criticou neste sábado a resolução votada na ONU para destruir o arsenal químico da Síria que "não trará justiça" às vítimas do conflito.
"Esta resolução não conseguirá trazer justiça para as centenas de crianças que morreram intoxicadas por gás ou por muitos outros crimes graves", lamentou Philippe Bolopion, representante da organização na ONU.
Ele reiterou o pedido de "levar ao Tribunal Penal Internacional (TPI) a situação na Síria e adotar sanções dirigidas contra os responsáveis ​​por assassinatos em massa".
O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade na sexta-feira à noite em Nova York, uma resolução que institui a destruição de armas químicas da Síria.
Esta é a primeira resolução adotada pelo mais alto órgão da ONU sobre a Síria desde o início do conflito no país, em março de 2011.
A França e o Reino Unido pediram que a resolução adotada mencionasse um encaminhamento ao TPI para o ataque com gás que deixou centenas de mortos em 21 de agosto, na periferia de Damasco.
Moscou, aliado do regime de Bashar al-Assad, rejeitou essa demanda.
O Conselho de Segurança se limitou a expressar "profunda convicção de que os responsáveis ​​pelo uso de armas químicas na Síria devem ser responsabilizados".
"Os esforços para destruir o arsenal químico sírio são essenciais, mas não resolvem o problema das armas convencionais, que causaram a morte da grande maioria das cerca de 100 mil vítimas do conflito", ressaltou Bolopion.
"Uma linha vermelha para um tipo de arma não significa que há sinal verde para a utilização de outras armas", considerou por sua vez o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

FUTEBOL



Messi propõe colaborar com a Justiça espanhola em caso de fraude fiscal

O atacante Lionel Messi esteve em um tribunal na cidade de Gava, perto de Barcelona, nesta manhã, para depôr sobre o caso de fraude fiscal em que está envolvido com seu pai, Jorge. Eles possuem dívida de 5 milhões de euros em impostos e, para resolver o caso, Messi propôs um acordo com a Justiça.

Segundo o advogado do argentino, Cristóbal Martell, é desejo do atacante e de sua família colaborar com a Justiça e evitar entrar em uma discussão com o Estado sobre a interpretação das normas fiscais.

Messi prestou depoimento sobre o caso por cerca de 15 minutos nesta manhã. Ele chegou ao local com o rosto aparentando tranquilidade e acenou para os fãs que cercaram o local. Já seu pai, Jorge, aparentava mais nervosismo e não chegou a olhar para o público presente.

O caso de sonegação fiscal ocorreu entre 2007 e 2010. O pai de Messi culpa Rodolfo Schinocco, seu sócio no gerenciamento das finanças de Messi, pelo problema.

O pai do astro assumiu a responsabilidade sobre qualquer problemas nas finanças do filho, em carta, no começo do mês, e isentou o jogador.

A situação de Jorge Messi é mais delicada, já que as autoridades o acusam de burlar intencionalmente o fisco com o objetivo de não pagar impostos. Parte das irregularidades teriam ocorrido quando o jogador ainda era menor de idade.

A tendência é que, além do pagamento da dívida, Messi e seu pai ainda tenham que pagar uma pesada multa pela sonegação fiscal, em acordo que deve ocorrer junto às autoridades espanholas.

Foto: UOL

FUTEBOL



Messi propõe colaborar com a Justiça espanhola em caso de fraude fiscal

O atacante Lionel Messi esteve em um tribunal na cidade de Gava, perto de Barcelona, nesta manhã, para depôr sobre o caso de fraude fiscal em que está envolvido com seu pai, Jorge. Eles possuem dívida de 5 milhões de euros em impostos e, para resolver o caso, Messi propôs um acordo com a Justiça.

Segundo o advogado do argentino, Cristóbal Martell, é desejo do atacante e de sua família colaborar com a Justiça e evitar entrar em uma discussão com o Estado sobre a interpretação das normas fiscais.

Messi prestou depoimento sobre o caso por cerca de 15 minutos nesta manhã. Ele chegou ao local com o rosto aparentando tranquilidade e acenou para os fãs que cercaram o local. Já seu pai, Jorge, aparentava mais nervosismo e não chegou a olhar para o público presente.

O caso de sonegação fiscal ocorreu entre 2007 e 2010. O pai de Messi culpa Rodolfo Schinocco, seu sócio no gerenciamento das finanças de Messi, pelo problema.

O pai do astro assumiu a responsabilidade sobre qualquer problemas nas finanças do filho, em carta, no começo do mês, e isentou o jogador.

A situação de Jorge Messi é mais delicada, já que as autoridades o acusam de burlar intencionalmente o fisco com o objetivo de não pagar impostos. Parte das irregularidades teriam ocorrido quando o jogador ainda era menor de idade.

A tendência é que, além do pagamento da dívida, Messi e seu pai ainda tenham que pagar uma pesada multa pela sonegação fiscal, em acordo que deve ocorrer junto às autoridades espanholas.

Foto: UOL