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segunda-feira, 17 de julho de 2017

SEGURANÇA

Secretário de Segurança diz que 

estaria em casa se soubesse que 

ocorreriam tantas tragédias






Acuado. Roberto Sá: sociedade sem freios Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Acuado. Roberto Sá: sociedade sem freios - Gabriel de Paiva / Agência O Globo


Em entrevista ao “Fantástico”, da Rede Globo, o secretário de Segurança, Roberto Sá, disse que o caos financeiro do estado, a crise moral pela qual o país passa e a legislação atual agravam a violência no Rio. 
 
— Estou pagando um preço caro enfrentando o que estou enfrentando. Se eu soubesse que essas tragédias se sucederiam com essa crueldade e frequência, e que hoje eu estaria dessa forma, tentando explicar o que a polícia pode melhorar, com tamanha escassez de recursos e o Brasil vivendo essa tragédia moral, eu acho que estaria em casa vendo o programa de vocês (Fantástico) e torcendo, rezando muito para que quem estivesse ali (no comando da Secretaria de Segurança) tivesse um equilíbrio para aguentar essa pressão toda — disse Sá, na entrevista. 

Ele ressaltou que tem cobrado da polícia “uma ação humana e profissional”, que diminua a possibilidade de confrontos. Além disso, tem defendido mudanças na legislação, principalmente para aumentar as penas e reduzir a impunidade:
— Nós somos um país da lei que não pega, um país do jeitinho, da impunidade, campeão de linchamento. Somos um país onde o preso não é preso; é preso, mas responde em liberdade. Fiz uma proposta ao Ministério da Justiça para dobrar todas as penas de quem possui, porta, comercializa ilegalmente e trafica armas de fogo. Além disso, propus, também, o cumprimento de uma pena maior para a pessoa ter o beneficio de progressão de regime quando comete um crime violento contra a vida. Hoje, a nossa legislação não cumpre o seu papel social.
Segundo o secretário, cerca de nove mil armas de fogo são apreendidas por ano no Rio, o que, na sua opinião, é como enxugar gelo:


— Não vejo um movimento nacional de enfrentamento a essa questão: desarmar e punir com muito rigor quem usa arma de fogo pra praticar crimes.
‘Nós somos um país da lei que não pega, um país do jeitinho, da impunidade, campeão de linchamento. Somos um país onde o preso não é preso’
- Roberto SáSecretário de Segurança do Rio
Perguntado se tem conseguido dormir diante da situação atual, o secretário respondeu que muito pouco:
— Às vezes sim, não é muito comum, mas uma das coisas que tem me permitido dormir um pouco é a certeza de que estou me doando como jamais fiz na minha carreira. Tenho uma carreira policial muito digna, longa e com muitas experiências.
Sá criticou ainda a banalização da violência.
— A sociedade está sem freios. Vou morrer com essa indignação, da crueldade do ser humano com outro ser humano. O animal mata para se alimentar, nós matamos por desprezo à vida.

Na opinião do secretário, a falta de recursos também prejudica a segurança:
— Eu não consigo colocar um policial extra, hoje, para pagar o RAS, que é o nosso regime adicional de serviço. Em 2015, 2016, jorrava dinheiro no estado. O secretário (José Mariano) Beltrame (que esteve no comando da secretaria até outubro do ano passado), botava 500 policiais, mil policiais porque tinha dinheiro sobrando.
POLICIAL É ENTERRADO EM MESQUITA
Um dos problemas enfrentados por Sá é o grande número de policiais mortos este ano. Neste domingo, foi enterrado no Jardim da Saudade, em Mesquita, o corpo do 87º PM assassinado no estado, o soldado Cleber de Castro Xavier Junior, de 28 anos. Ele reagiu a um roubo no Grajaú, na noite de sexta-feira. O militar completaria 29 anos ontem. Cerca de 800 colegas e parentes participaram do velório.

Fonte: O Globo