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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

AGRONEGÓCIO

Morte e ‘favelização’ de abelhas preocupam produtores gaúchos


Depois de testemunharem a morte de 250 mil colmeias no Rio Grande do Sul há dois anos, os apicultores gaúchos agora buscam alternativas para evitar o desaparecimento de abelhas e recuperar os danos na produção de mel. Cada colmeia perdida representa um prejuízo de R$ 400, segundo Aldo Machado, presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs).
Mudanças climáticas drásticas, como seca e excesso de chuvas, são causas conhecidas da mortandade dos insetos, relataram produtores ouvidos pela reportagem. Porém, não é apenas o clima que tem destruído as abelhas. O uso indiscriminado de agrotóxico, muitas vezes em desacordo com as orientações do fabricante, tem colaborado para a morte das colmeias.trolam 500 mil colmeias – cada uma delas pode ter de 60 mil a 100 mil abelhas trabalhando, segundo Machado.
‘Favelização’
Ferreira explica que as abelhas são um indicador ambiental. Se as abelhas estão morrendo, é porque o meio ambiente está desequilibrado. Com a degradação do ambiente rural por causa dos agrotóxicos, muitas abelhas acabam migrando para a cidade. Ocorre o que Ferreira chama de “favelização” desses insetos.
“Elas costumam usar buracos de árvores para se proteger. Na cidade, encontram frestas de parede, carros abandonados, poste de ferro. Elas vão ocupando tudo que é buraquinho por aí”, explica o técnico. “É como se fossem os bolsões de pobreza da periferia. Com as abelhas acontece a mesma coisa. Tem 30 mil delas em um buraco onde mal caberiam cinco mil”, exemplifica.
Recuperação
Se em 2015, quando a morte das abelhas foi drástica, o estado produziu duas toneladas de mel, a projeção da Fargs para 2017 é de dez toneladas. A melhora se deve à capacitação dada aos apicultores, especialmente sobre a nutrição das abelhas. A alimentação adequada colabora para torná-las mais resistentes.
A recuperação da produção também é reflexo das novas colmeias reconstruídas após a mortandade. Quando uma colmeia morre, cerca de dois anos são necessários para recuperá-la perfeitamente, de acordo com o presidente da Fargs. “Recuperei bastante abelha de novo. A expectativa é normalizar a produção neste ano”, conta Anselmo Kuhn, de 62 anos, que há quase quatro décadas trabalha com mel. Kuhn perdeu cem colmeias em 2015. “Além de não produzir naquele ano, existe perda da produção, que não tem, e da recuperação das abelhas para produzir de novo. O prejuízo é dobrado”, relata o produtor.
Para mapear os casos de mortandade e localizar os produtores, um projeto da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), em parceria com a Fargs, quer gerar dados mais precisos através de uma plataforma para cadastro. Muitos apicultores deixam de registrar os casos de mortes em massa de abelhas porque temem retaliações por parte dos fazendeiros que aplicam os agrotóxicos de forma inadequada.  Os agricultores permitem que apicultores instalem suas colmeias em áreas com floração para que elas se alimentem e assim possam produzir o mel que é posteriormente comercializado.
Para discutir essas questões, o Seminário Estadual de Apicultura e Meliponicultura irá reunir produtores e especialistas no município de São Gabriel (a 300 km de Porto Alegre), nos dias 10 e 12 de agosto. No evento, será lançada uma campanha contra a mortandade de abelhas, promovida pela Assembleia Legislativa.

Veja.com