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domingo, 8 de outubro de 2023

O que o Hamas pretende com o ataque terrorista a Israel?

 MUNDO

Com assassinatos e sequestros massivos de civis israelenses, grupo palestino impôs protagonismo e levou conflito a outro patamar.

Crédito da imagem: BBC

Hamas usou a ocupação e o controle de suas fronteiras, além da defesa da mesquita de Al-Aqsa, como pretextos para justificar a carnificina produzida em seu maior ataque terrorista a Israel. São razões que angariam o apoio da opinião pública na Faixa de Gaza, o território a que os palestinos costumam se referir como uma "prisão ao ar livre".

Por outro lado, elas se desviam das motivações cruciais da operação “Dilúvio de Al-Aqsa” perpetrada pela facção, que desde 2007 controla o enclave. Com assassinatos e sequestros de civis israelenses, transmitidos em tempo real por centenas de terroristas que romperam barreiras e se infiltraram em território israelense, o Hamas se impôs como o protagonista da narrativa palestina. Levou o conflito a outro patamar, relegando de vez a Autoridade Palestina ao ostracismo e tirando proveito da crise doméstica em Israel.

Minuciosamente coordenado e planejado, o ataque surpresa deixou de joelhos o governo israelense e seus serviços de inteligência, ao terem de enfrentar simultaneamente diferentes frentes de combate.

Parece ter também atingido objetivos mais prementes do grupo palestino, como paralisar, por exemplo, os esforços para a normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita, que vinha sendo articulada sob a batuta dos EUA.

“A principal motivação do Hamas e do Irã foi o desejo de perturbar esse acordo, que ameaçava isolá-los. A ideia era envergonhar os líderes árabes que que fizeram a paz com Israel, ou que poderiam vir a fazê-lo”, considerou Martin Indyk, ex-embaixador dos EUA em Israel e enviado especial do ex-presidente Obama nas negociações com os palestinos, em entrevista à revista "Foreign Affairs".

Há três anos, também sob a mediação dos EUA, Israel assinou os Acordos de Abraão com Emirados Árabes Unidos e Bahrein e, logo depois, normalizou relações também com Marrocos e Sudão


Com o ataque de sábado, o Hamas tenta assegurar relevância no Oriente Médio, mas, embora conte com a ajuda do Irã, seu poder de alcance é limitado para sustentar uma guerra prolongada com Israel.

Desta vez, contudo, o grupo palestino conta com um trunfo poderoso: pelo menos 100 reféns, entre civis e soldados, que foram levados para Gaza e servirão de escudo humano ou moeda de troca para atenuar a resposta de Israel no território e esvaziar as prisões do país com a libertação de prisioneiros palestinos.

Vale relembrar o precedente de 2011, quando 1.027 prisioneiros palestinos foram libertados em troca de um único soldado, Gilad Shalit, capturado cinco anos antes pelo Hamas. Agora, a pressão da opinião pública israelense sobre o mesmo premiê Netanyahu assumiu uma proporção nunca vista antes, diante das imagens de crianças e idosos sendo transportados violentamente para Gaza.

O início da guerra se revelou desastroso para Israel, e seus prognósticos são difíceis, no entender do colunista Yossi Verter, do jornal “Haaretz”: “Qualquer movimento é ruim para o governo. Se optar por manter o confronto em nível baixo, buscando encerrá-lo rapidamente, projetará fraqueza, possivelmente encorajando novos ataques. Se tentar destruir Gaza, incluindo uma invasão terrestre, resultará em grande perda de vidas.”

Por enquanto, o Hamas conseguiu desfazer a sensação de segurança interna, cara aos israelenses e explorada por Netanyahu. Ainda assim, parece pouco provável que o Hamas consiga mudar o equilíbrio de poder num confronto de grande escala com Israel.


FONTE: G1/ Sandra Cohen