SAÚDE DF
Um dos casos ocorreu em 29 de abril e foi registrado no CRM-DF e na Polícia Civil do DF
Uma paciente com câncer que recorreu à Justiça para garantir que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) avaliasse a aposentadoria por invalidez registrou denúncia no Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF) contra a médica que fez a perícia. Segundo Elza Lucia Santos, 39 anos, ela foi humilhada durante o atendimento na Seção Judiciária do Distrito Federal (SJDF), vinculada ao Tribunal Regional Federal 1 (TRF-1). Outras três mulheres ouvidas pela reportagem relataram experiências parecidas.
O caso de Elza aconteceu em 29 de abril. Conforme detalha a paciente, foi a segunda vez que ela se consultou com a médica Márcia Ayres da Motta Teodoro. A primeira vez, em 2019, já teria tido um problema, mas, na segunda, a situação piorou. Ao procurar, na sacola que carregava, uma biópsia feita em 2017 para entregar à médica, ela teria ouvido: “Pode parar! Eu não vou iniciar uma perícia com paciente de costas! Trate-se de virar pra mim!”.
De acordo com Elza, a perita simplesmente jogou os documentos dela no chão. “Ela espalha os documentos como quem manuseia cartas de baralho, aparentemente como quem está acostumada a agir assim. Pasma, sou eu quem localizo a biópsia que ela desejava. Pego-o em minhas mãos e entrego a ela”, descreve.
Durante perguntas sobre dados básicos como nome completo e data de nascimento, Elza conta ter se confundido quando questionada há quanto tempo fazia o tratamento e teria ouvido nova grosseria. “Nesse momento, uma lágrima escorreu. Respirei fundo e disse que meus neurônios foram comprometidos pela medicação”, lembra.
Ao perceber o choro, Márcia Ayres teria começado a dizer que não poderia continuar a perícia daquele jeito. A paciente afirma que foi dito a ela: “Você vai ficar quieta e calada ou vai me esperar do lado de fora da sala”.
Após uma discussão sobre quais relatórios deveriam ser avaliados, uma vez que Elza teve metástase e a primeira biópsia não contemplava tal diagnóstico, a médica teria mandado a paciente ir para fora da sala sob ameaças de cancelamento de perícia. “Ela me disse que eu teria de esperar ainda mais até eles te arrumarem vaga com outro médico e eu aceitei”.
“Sai, sai, sai! Segue seu rumo!”, teria esbravejado a responsável pela perícia, enquanto Elza juntava os documentos espalhados.
Na saída do consultório, ela gravou um vídeo, ainda aos prantos. Depois, registrou um boletim de ocorrência contra a médica e uma denúncia no CRM-DF.
Caso não é isolado
O Metrópoles entrou em contato com outras mulheres que também tiveram câncer, passaram pela perícia com a médica Márcia Ayres e relatam tratamento semelhante em diferentes datas. Edileise Lopes Mol, 57 anos, por exemplo, foi atendida em 2016 e ainda se lembra da forma que foi atendida. “Cheguei lá ainda careca da quimioterapia, com os neurônios afetados e ela quer muita pressa nas respostas, foi muito grossa. Saí de lá chorando”, lembra.
O episódio ficou marcado na família, tanto que o marido de Edileise, Márcio Barbosa, 60, diz que o trauma existe até hoje. “Lembro muito bem da minha esposa voltar chorando. Fiquei extremamente chocado”, relata.
METRÓPOLES
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