quarta-feira, 14 de abril de 2021

Hospital lotado é culpa de "24 anos de esquerda", diz embaixador do Brasil

SAÚDE

Protesto em frente à embaixada do Brasil 

Numa entrevista que foi ao ar na noite de terça-feira, o embaixador do Brasil na França, Luis Fernando Serra, afirmou à imprensa em Paris que a culpa por hospitais desbordados hoje no país é da falta de investimentos da esquerda em saúde. 

O diplomata foi convidado a participar da emissão da BMFTV depois de a França anunciar a suspensão de voos ao Brasil até o dia 19 de abril. Ele chegou a ser cotado para substituir Ernesto Araújo como chanceler e tem sido alvo de repetidos protestos por parte da sociedade civil, diante de sua embaixada.


Numa entrevista que foi ao ar na noite de terça-feira, o embaixador do Brasil na França, Luis Fernando Serra, afirmou à imprensa em Paris que a culpa por hospitais desbordados hoje no país é da falta de investimentos da esquerda em saúde.

O diplomata foi convidado a participar da emissão da BMFTV depois de a França anunciar a suspensão de voos ao Brasil até o dia 19 de abril. Ele chegou a ser cotado para substituir Ernesto Araújo como chanceler e tem sido alvo de repetidos protestos por parte da sociedade civil, diante de sua embaixada.

O embaixador disse que não comentaria a decisão soberana da França de suspender a ligação aérea e que não considerava a ação como uma sanção. Mas foi incisivo em alertar ao apresentador que, se ele tinha essa ideia pessoalmente de que se tratava de uma sanção, ele deveria entender que o turismo não representa uma parte significativa da economia nacional."Não dependemos do turismo. Recebemos apenas 6,5 milhões estrangeiros que visitam o Brasil, um país de beleza extraordinária, enquanto na França recebe 95 milhões de estrangeiros. O peso do turismo não é enorme" , alegou.Mas ao ser confrontado com os dados de mortes e diante do comentário do jornalista francês de que existe uma percepção de que o presidente Jair Bolsonaro "não faz muita coisa" para lidar com a pandemia, o embaixador subiu o tom:"Ah, você acha que ele faz pouca coisa? Então vou te dizer uma coisa: o Brasil é o quarto, quinto país do mundo que mais vacinou. Você sabia disso? Fale isso, fale isso!" , insistiu o diplomata, arregalando os olhos."

O presidente vacinou 30 milhões de brasileiros. E, por conta desse dado, nós somos o quinto país que mais vacinou, depois dos EUA, China, Índia e Reino Unido. Você não acha que esse é um bom resultado?" , retrucou. Em nenhum momento o diplomata explicou que mais de 80% das vacinas hoje no país fazem parte do acordo entre o Butantan e a Sinovac e sua resposta passava a impressão de que a campanha de vacinação era obra de Bolsonaro.

O diplomata tampouco explicou que, em proporção ao tamanho da população, o Brasil não aparece nem entre os 50 países que mais vacinaram. Nesse momento, o apresentador tentou interromper, mas foi cortado pelo embaixador."Deixe eu terminar" , insistiu o brasileiro. "Se os hospitais estão lotados é por causa dos 24 anos da esquerda no Brasil, que não construiu hospitais suficientes" , afirmou. "Não é por conta de o presidente se recusar a confinar o país?" , questionou o repórter. Para o embaixador, Bolsonaro não pode ser responsabilizado. "O STF decidiu que o presidente não tem o poder de confinar" , afirmou. Segundo ele, esse poder é dos governadores. "Isso precisamos dizer. Ele não teve o poder de confinar" , afirmou. A rede de TV francesa ainda mostrou um trecho de um discurso de Bolsonaro no qual o presidente, em março, diz que o país precisa parar de chorar. "Você entende isso?" , perguntou o repórter ao diplomata."Claro que entendo. Ele é solidário e quer que as pessoas trabalhem" , respondeu o embaixador. Segundo ele, o confinamento impede os brasileiros de trabalhar e que 35 milhões de pessoas precisam de sua renda diária para sobreviver, "Não há a cobertura social que existe na Europa" , justificou.Segundo ele, se não forem autorizados a sair, essas pessoas "morrem de depressão ou de fome".

"A direita no mundo adora Bolsonaro"

 Já nesta manhã de quarta-feira, Serra voltou a ser entrevistado na mesma rede de TV, apenas para repetir a mesma posição e insistir que "não é verdade" que o Brasil seja o primeiro em número de mortes. Segundo ele, em proporção à população, o Brasil é o 19º colocado no mundo em óbitos. Ele, porém, não usou esse cálculo proporcional para tratar da vacinação.
"Não sei o motivo, mas quando Donald Trump era presidente, falávamos dos dados dos EUA, que era o primeiro em número de mortos. Hoje não falamos mais. Agora falamos do Brasil que seria o primeiro. Não somos" , disse, apontando que os americanos continuam na liderança. "Continuamos a ser o segundo" , justificou.

Ao ser questionado sobre as imagens de enterros e hospitais lotados, o diplomata voltou a se irritar. "E isso é culpa de Bolsonaro?" , questionou.

"As cenas são as mesmas que vemos há 30 anos. 24 anos da esquerda fabricaram essas imagens" , acusou. "As imagens não eram diferentes quando a esquerda estava no poder. As pessoas pensam que é obra de Bolsonaro" , criticou.
Mas ao ser questionado sobre quais medidas o governo estaria adotando, ele voltou a falar na vacinação. "Essa é obra do governo Bolsonaro" , garantiu, sem qualquer referência uma vez mais ao governo do estado de São Paulo.

Serra ainda foi questionado sobre pessoas nos bares. "É o que as pessoas querem. Viver e trabalhar. Há um preço a pagar. Mas pergunte se as pessoas querem ficar em casa" disse. Ao concluir, ele ironizou o repórter. "Parece que você não está feliz com minhas respostas" , lançou. O jornalista, porém, alertou que Bolsonaro estava sendo criticado em todo o mundo. "Criticado pela esquerda pelo mundo inteiro" , retrucou o diplomata. "A direita adora ele" .O apresentador apontou que as críticas iam "um pouco além da esquerda" e que "nem toda a direita" adorava o presidente brasileiro. Mas o embaixador insistiu. "Adora no Brasil, na França, nos EUA" . Serra ainda garantiu que a pandemia foi "politizada" no Brasil.

fonte: UOL

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