Brasília 60 anos: Iphan aponta problemas de conservação na Praça dos Três Poderes
DF Relatório aponta pelo menos 21 falhas. Órgão lançou campanha para 'conscientizar gestores dos bens da importância de um plano de manutenção'.
Entre os problemas encontrados pelo Iphan na Praça dos Três Poderes está "caixa sem tampa" — Foto: Iphan/Digulgação
No ano em que Brasília completa 60 anos, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), aponta diversas falhas de conservação na Praça dos Três Poderes, um dos principais pontos turísticos da capital.
No documento, o Iphan levanta pelo menos 21 problemas no local (veja mais abaixo). Entre eles, pedras soltas no chão, manchas e fissuras no Museu da Cidade e sujeira em diversos pontos.
Como forma de alertar o poder público, o órgão lança nesta quinta-feira (5) a campanha "Preservando Brasília para os 60". Segundo o superintendente do Iphan, Saulo Diniz, o objetivo da ação é "conscientizar os gestores dos bens da importância de um plano de manutenção condizente com a preservação dos valores patrimoniais".
Questionado pelo G1, o governo do Distrito Federal informou que"tem desenvolvido ações que visam o desenvolvimento de uma política de preservação do patrimônio histórico e cultural do DF" (veja íntegra abaixo).
Museu da Cidade, na Praça do Três poderes apresenta manchas no revestimento em mármore da fachada — Foto: Iphan/Divulgação
Problemas na praça
Iphan apontou pelo menos 21 problemas na Praça dos Três Poderes — Foto: Iphan/Divulgação
No relatório, o Iphan afirma que a Praça dos Três Poderes é um "importantíssimo espaço de grande interesse patrimonial". No entanto, segundo o órgão, o local "incorpora marcas temporais".
"No seu processo de envelhecimento, o espaço passou por várias intervenções, algumas realizadas de modo responsável, importantes para a permanência de seu espírito no tempo, outras refletiram em certa descaracterização do espaço", diz o documento.
Segundo o relatório, entre os problemas encontrados estão:
Má conservação do piso característico em pedra portuguesa branca, com partes faltantes, pedras de coloração diferente e argamassa inadequada (fruto de intervenções sem o devido controle), presença de óleos e graxas (depositados na praça por automóveis que frequentemente utilizam o espaço como estacionamento), além da presença de sujidades nas superfícies dos monumentos e problemas de manutenção como, por exemplo, o crescimento cíclico de vegetação em partes do piso da praça;Danos decorrentes do tempo e do uso nos monumentos de relevância histórica para a cidade. O Museu da Cidade, em seu revestimento externo, apresenta fissuras, sujidades, manchas, peças faltantes, rejuntamento ausente e descolamentos. Também encontramos entulhos, pedras e dejetos acumulados em frestas abaixo da rampa e no espelho d’água;
As grelhas dos poços de ventilação do Espaço Lucio Costa apresentam deformações e, em alguns pontos, foram removidas parcialmente. O Monumento a Israel Pinheiro apresenta uma trinca horizontal que o secciona;
A escultura Os Guerreiros apresenta aberturas pontuais de dimensões consideráveis que entendemos justificar uma ação de restauração.
Melhorias
Segundo o superintendente do Iphan, Saulo Diniz, estão previstas uma série de melhorias na Praça dos Três Poderes para garantir a manutenção do espaço. O projeto prevê que a reforma seja dividida entre o GDF e o Supremo Tribunal Federal (STF) e feita em três etapas.
Saulo afirma que a primeira fase ficará a cargo do governo local e tem previsão para começar na próxima sexta-feira (6). Já as etapas seguintes devem ser feitas pelo STF por meio de um chamamento público.
"Esse ano é um ano muito importante para Brasília. São 33 anos como cidade tombada e 30 anos como patrimônio da humanidade. O gestor tem uma responsabilidade. Não podemos deixar os bens caírem para depois resolver", afirma Saulo.
O que diz o GDF
Confira íntegra da nota do GDF sobre a Praça dos Três Poderes:
"No rol de ações para os 60 anos de Brasília, o Governo do Distrito Federal tem desenvolvido ações que visam o desenvolvimento de uma política de preservação do patrimônio histórico e cultural do DF.
Entre as ações está uma série de intervenções na Praça dos Três Poderes. As atividades, que serão lançadas oficialmente amanhã (5), já foram iniciadas pelo GDF ainda em 2019, com a limpeza e restauro das peças de cobre e mármore dos monumentos. A Novacap também já trabalha na higienização das pedras portuguesas, complementando a primeira fase de intervenções que deverão ser entregues em abril.
Todo trabalho previsto para ser realizado na Praça dos Três Poderes será divulgado no ato do lançamento do projeto do "Preservando Brasília para os 60". Durante a solenidade também será anunciada a assinatura do termo de cooperação entre Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) com o Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir ações de manutenção no complexo cultural."
Nenhum comentário:
Postar um comentário