BRASIL
Joana D'Arc Félix de Sousa, é professora na escola agrícola de Franca Foto: Márcia Foletto/12.01.2018 / Agência O Globo
Joana D'Arc não teria explicado para agência de fomento como usou valor da bolsa de pesquisa
Dimitrius Dantas

A pesquisadora e professora Joana D'Arc Félix de Sousa, que mentiu sobre ter um diploma de pós-doutorado em Harvard, também foi condenada em 2014 pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a devolverR$ 278 mil para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp ). Ela foi acusada de não prestar contas sobre o uso do dinheiro da agência de fomento em sua pesquisa sobre reaproveitamento de retalhos de couro.
Nesta quarta-feira, após a revelação da história, a química admitiu ter fraudado um diploma de pós-doutorado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Após a revelação da mentira, a professora admitiu que sequer morou em Cambridge, onde fica a universidade. No mês passado, a Globo Filmes anunciou a preparação de um filme sobre sua vida .
A Fapesp protocolou a ação em 2012 alegando que Joana D'Arc não teria enviado alguns relatórios periódicos explicando o destino dos valores recebidos. Em outros casos, os documentos enviados foram julgados irregulares pela entidade.
Na ação, a Fundação pediu para a pesquisadora pagar o valor corrigido por juros. O processo foi julgado em 2014 pelo juiz Randolfo Ferraz de Campos. Na sentença, o magistrado afirmou que Joana D'Arc sequer apresentou sua defesa após ser citada no processo.
Sem se defender no processo, a pesquisadora foi julgada "a revelia". De acordo com o juiz, a falta de ação de Joana indica que a acusação feita pela Fapesp é verdadeira.
"Posto isto, julgo procedente a ação proposta (pela) Fapesp em face de Joana D'Arc Félix de Sousa para o fim de condenar a ré a pagar à autora R$ 278.166,19 com correção monetária a partir de agosto de 2012 e acréscimo de juros de mora à taxa aplicável às cadernetas de poupança", decidiu.
Mesmo após a condenação, a Fapesp não conseguiu receber os valores e a ação foi arquivada porque a pesquisadora não possui bens penhoráveis que cheguem ao valor devido. A ação foi arquivada em dezembro de 2017.
Joana D'Arc tornou-se reconhecida em razão de sua história de superação, em que superou a pobreza e o racismo. Filha de uma empregada doméstica e de um funcionário de um curtume, no mês passado, voltou a ficar em evidência após a Globo Filmes divulgar a preparação de um filme sobre sua vida, que teria a atriz Taís Araujo como protagonista.
Joana é professora de uma escola técnica em Franca, no interior de São Paulo, onde coordena um curso de curtimento (processo que transforma pele em couro). Era esse o objeto da pesquisa financiada pela Fapesp.
De acordo com a página da Fapesp, o objetivo do financiamento seria para, entre outras coisas, a compra de equipamentos e o desenvolvimento de tecnologias para o reaproveitamento dos retalhos de couros em semi-acabado e acabado, além de patentear a tecnologia.
Procurada, a agência de fomento disse que não comenta ações judiciais.
Joana D'Arc também foi procurada e afirmou que irá se posicionar após conversar com seus advogados.
O GLOBO
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