MUNDO
Ex-presidente surfa em projeções contra Mauricio Macri e impulsiona nova onda kirchnerista
Nenhuma candidatura está oficialmente confirmada, mas o que se tinha como quase certo até o fim de 2018, uma reeleição do atual presidente, Mauricio Macri, agora vem sendo ameaçado por uma explosiva ascensão nas pesquisas de sua arqui-rival, a ex-mandatária Cristina Kirchner (2007-2015).Neste sábado (18), a ex-presidente surpreendeu ao anunciar sua candidatura como vice-presidente nas eleições gerais de outubro, em um vídeo divulgado nas redes sociais. “Pedi a Alberto Fernández [seu ex-chefe de gabinete] que encabece a fórmula que integraremos juntos, ele como candidato a presidente e eu como candidata a vice”, diz Cristina no vídeo de 12 minutos.
A decisão de Cristina pode mudar até 22 de junho, prazo final para inscrições. Quando se candidatou à Presidência em 2007 e 2011, também deixou para oficializar sua candidatura nos últimos dias.Ao se colocar como vice, Cristina pode tentar aliviar a pressão política em seu julgamento por corrupção, que começa na próxima terça-feira (21), e a alta rejeição contra ela —que voltou a crescer desde o sucesso do lançamento de sua biografia, “Sinceramente”.
O evento virou um ato político com grande presença de apoiadores.Mas é possível que mantenha a decisão, repetindo um velho mantra peronista, “Cámpora al gobierno, Perón al poder”. Isso ocorreu em 1973, quando o general Juan Domingo Perón estava impedido de concorrer às eleições pelo governo militar e colocou Héctor Cámpora como candidato oficial.
De fato, Cámpora ganhou a eleição, indultou Perón, convocou nova eleição, e Perón ganhou.Pouco conhecido fora da Argentina, Fernández foi chefe de gabinete do presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de Cristina em parte de seu primeiro governo (2007-2011). Peronista moderado, ele tem boa fama entre os anti-cristinistas ao ter atuado durante a crise econômica de 2001.Ela se refere a isso no vídeo, dizendo que Fernández trabalhou com seu marido “em tempos difíceis”.
“Mas os tempos que estamos vivendo agora os argentinos são realmente dramáticos. Nunca tantos e tantas dormindo nas ruas, com problemas de trabalho ou chorando diante de um boleto impagável de luz ou de gás.”A perspectiva de um retorno do kirchnerismo ao poder tem surgido como uma possibilidade real nos números e nas ruas, onde voltou-se a ver as cores celeste e branca, típicas da era K, com os dizeres “vamos voltar”, “Cristina presidenta” e “Néstor não morreu, Néstor vive no povo”.Pesquisa recente do instituto Isonomia deu uma vantagem de nove pontos num segundo turno entre Cristina e Macri.
Outras pesquisas vêm apontando resultados similares: um possível empate técnico entre Macri, 60, e Cristina, 66, no primeiro turno, cada um com algo em torno de 30%, e uma vitória de Cristina no segundo, com algo entre 5 e 9 pontos de vantagem.
O próprio Macri admitiu que, caso ele ganhe, “será apertado”.As pesquisas também mostram, porém, que ambos têm alto grau de rejeição e que ainda há uma faixa de cerca de 20% dos eleitores indefinidos.Esse último dado poderia sugerir que a eleição ainda está aberta e que um terceiro nome teria espaço para crescer.Porém, os que se apresentaram até agora como “terceira via” não decolaram —tanto os peronistas Sergio Massa e Juan Manuel Urtubey, além do ex-ministro da economia de Néstor Kirchner (1950-2010), Roberto Lavagna, não ultrapassam 10% e 12% dos votos.
Na última semana, Cristina obteve três vitórias. A primeira foi o lançamento de seu livro —que já vendeu 300 mil cópias—, quando 6 mil pessoas assistiram num telão, do lado de fora, seu discurso. Foi aplaudida e saudada pela multidão, que levou bandeiras, camisetas e repetia a todo instante: “Cristina presidente”.Outro episódio foi o fato de a eleição regional em Córdoba, no último fim de semana, ter sido ganha pelo peronismo. Córdoba é a segunda mais importante província do país em termos políticos e econômicos e votou massivamente em Macri em 2015, praticamente definindo sua vitória.Agora, o descontentamento dos cordobeses com Macri já se mostrou nas urnas.
FONTE: REUTERS E AFP /Sylvia Colombo
Ex-presidente surfa em projeções contra Mauricio Macri e impulsiona nova onda kirchnerista
![]() |
Juan Mabromata / AFP Cristina Kirchner |
Nenhuma candidatura está oficialmente confirmada, mas o que se tinha como quase certo até o fim de 2018, uma reeleição do atual presidente, Mauricio Macri, agora vem sendo ameaçado por uma explosiva ascensão nas pesquisas de sua arqui-rival, a ex-mandatária Cristina Kirchner (2007-2015).Neste sábado (18), a ex-presidente surpreendeu ao anunciar sua candidatura como vice-presidente nas eleições gerais de outubro, em um vídeo divulgado nas redes sociais. “Pedi a Alberto Fernández [seu ex-chefe de gabinete] que encabece a fórmula que integraremos juntos, ele como candidato a presidente e eu como candidata a vice”, diz Cristina no vídeo de 12 minutos.
A decisão de Cristina pode mudar até 22 de junho, prazo final para inscrições. Quando se candidatou à Presidência em 2007 e 2011, também deixou para oficializar sua candidatura nos últimos dias.Ao se colocar como vice, Cristina pode tentar aliviar a pressão política em seu julgamento por corrupção, que começa na próxima terça-feira (21), e a alta rejeição contra ela —que voltou a crescer desde o sucesso do lançamento de sua biografia, “Sinceramente”.
O evento virou um ato político com grande presença de apoiadores.Mas é possível que mantenha a decisão, repetindo um velho mantra peronista, “Cámpora al gobierno, Perón al poder”. Isso ocorreu em 1973, quando o general Juan Domingo Perón estava impedido de concorrer às eleições pelo governo militar e colocou Héctor Cámpora como candidato oficial.
De fato, Cámpora ganhou a eleição, indultou Perón, convocou nova eleição, e Perón ganhou.Pouco conhecido fora da Argentina, Fernández foi chefe de gabinete do presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de Cristina em parte de seu primeiro governo (2007-2011). Peronista moderado, ele tem boa fama entre os anti-cristinistas ao ter atuado durante a crise econômica de 2001.Ela se refere a isso no vídeo, dizendo que Fernández trabalhou com seu marido “em tempos difíceis”.
“Mas os tempos que estamos vivendo agora os argentinos são realmente dramáticos. Nunca tantos e tantas dormindo nas ruas, com problemas de trabalho ou chorando diante de um boleto impagável de luz ou de gás.”A perspectiva de um retorno do kirchnerismo ao poder tem surgido como uma possibilidade real nos números e nas ruas, onde voltou-se a ver as cores celeste e branca, típicas da era K, com os dizeres “vamos voltar”, “Cristina presidenta” e “Néstor não morreu, Néstor vive no povo”.Pesquisa recente do instituto Isonomia deu uma vantagem de nove pontos num segundo turno entre Cristina e Macri.
Outras pesquisas vêm apontando resultados similares: um possível empate técnico entre Macri, 60, e Cristina, 66, no primeiro turno, cada um com algo em torno de 30%, e uma vitória de Cristina no segundo, com algo entre 5 e 9 pontos de vantagem.
O próprio Macri admitiu que, caso ele ganhe, “será apertado”.As pesquisas também mostram, porém, que ambos têm alto grau de rejeição e que ainda há uma faixa de cerca de 20% dos eleitores indefinidos.Esse último dado poderia sugerir que a eleição ainda está aberta e que um terceiro nome teria espaço para crescer.Porém, os que se apresentaram até agora como “terceira via” não decolaram —tanto os peronistas Sergio Massa e Juan Manuel Urtubey, além do ex-ministro da economia de Néstor Kirchner (1950-2010), Roberto Lavagna, não ultrapassam 10% e 12% dos votos.
Na última semana, Cristina obteve três vitórias. A primeira foi o lançamento de seu livro —que já vendeu 300 mil cópias—, quando 6 mil pessoas assistiram num telão, do lado de fora, seu discurso. Foi aplaudida e saudada pela multidão, que levou bandeiras, camisetas e repetia a todo instante: “Cristina presidente”.Outro episódio foi o fato de a eleição regional em Córdoba, no último fim de semana, ter sido ganha pelo peronismo. Córdoba é a segunda mais importante província do país em termos políticos e econômicos e votou massivamente em Macri em 2015, praticamente definindo sua vitória.Agora, o descontentamento dos cordobeses com Macri já se mostrou nas urnas.
FONTE: REUTERS E AFP /Sylvia Colombo
Nenhum comentário:
Postar um comentário