quinta-feira, 11 de abril de 2019

Encontro com Bolsonaro foi primeiro ato diplomático concreto, avaliam árabes

AGRO

Presidente jantou com representantes de mais de diversos países da região na noite da última quarta-feira (10/4)

Em meio ao temor de perdas comerciais com países árabes, criada pela aproximação do Governo Federal com Israel em razão da visita do presidente Jair Bolsonaro no fim do mês passado, o jantar com representantes dessas nações, realizado na noite da última quarta-feira (10/4), em Brasília, foi visto como o primeiro ato diplomático concreto do Brasil para amenizar uma possível crise. A avaliação é de alguns representantes árabes que participaram do encontro. 
Um deles é o diretor executivo da certificadora Cdial Halal, Ali Saifi. Para ele, a forma como estavam sendo conduzidas as relações geraram um distanciamento e, até ontem, nenhum movimento concreto havia sido feito. “A política que estava sendo adotada feria o sentimento direto daquele povo. O Governo não fez, até então, nenhuma ação para contrapor o movimento que estava se estabelecendo. A mensagem que estava sendo passada não era de uma agenda positiva. Então, o jantar foi um movimento correto e sólido”, analisa Saifi.
O CEO da Siil Halal, Chaiboun Darwiche, também destacou como ponto positivo da reunião o compromisso assumido pelo presidente em visitar alguns dos países do mundo islâmico e árabe. “Essa iniciativa quebrou o gelo e o mal estar que tivemos. Vimos o reconhecimento do presidente quanto à importância desse mercado para o Brasil e respeitamos a decisão do Governo em querer ter um bom relacionamento com todos os países”, disse.

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O encontro foi promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), representado pela ministra Tereza Cristina, e pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O objetivo foi o de estreitar o relacionamento e afastar as especulações sobre a possibilidade de as decisões políticas do Governo resultarem em perdas para o setor produtivo. 
A informação de que o Governo abrirá um escritório de negócios em Israel e a sinalização pela transferência da embaixada brasileira no país, hoje baseada em Tel Aviv, para Jerusalém, cidade disputada por árabes e israelenses, causou temor pois significaria perdas comerciais, já que essa região do mundo é uma das principais importadoras de proteína animal brasileira. Somente em 2018, o total de exportações para os árabes foi de US$ 16,4 bilhões, segundo dados da CNA. 

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Durante o jantar, Bolsonaro afirmou que o Governo está de “braços abertos” para os países islâmicos e árabes. Segundo informações do Planalto, o presidente espera que os laços comerciais se transformem cada vez mais em “laços de amizade, respeito e de fraternidade”.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, avaliou como “louvável” a iniciativa e afirmou que o fato de o Brasil se aproximar de um país, não precisa significar que as relações com as demais nações sejam prejudicadas.
 
Ele ainda lembrou que há 40 anos o país tem negócios com países árabes e islâmicos, uma relação que considera “boa e crescente”. “Nosso comércio com eles representa entre 48% a 50% de tudo que exportamos para o mundo. Nenhum país pode abdicar disso. Não somos especialistas em armas e em tanques de guerra. Fornecemos produtos para a paz: alimentos”, concluiu. 
 
As exportações de proteína animal brasileira somaram em média US$ 3,3 bilhões no ano passado para a região.


Além de Bolsonaro e da ministra Tereza Cristina, participaram do jantar com representantes de países árabes o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Alceu Moreira, entre outras autoridades.
FONTE: GLOBO RURAL/THAISA VISENTIN

 

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