sexta-feira, 22 de março de 2019

Atendimento na rede de saúde municipal obedece à classificação de risco



19/03/2019 17:41
Com tosse e dor no peito, a recepcionista Brena Conceição Dias, de 24 anos, procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), da Sacramenta, com esses sintomas que persistiam há duas semanas. Na sala de triagem, o caso da jovem foi classificado como pouco urgente por não necessitar de cuidados imediatos em até 24 horas. Ela poderia evitar o tempo de espera na UPA se procurasse uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro onde mora, em Val de Cães. 
“Vim aqui porque sabia que seria bem atendida. E eu também desconhecia que tem uma unidade básica de saúde com urgência e emergência no meu bairro. Pensei que lá só atendia  consultas de rotina”, afirmou a Brena. 
A vendedora Nilde Lima, de 29 anos, caiu há uma semana e sentia dores no peito. Ela também foi à UPA Sacramenta. Depois de receber a classificação de pouco urgente, ela aguardava atendimento. “Fui até a UPA de Icoaraci e esperei muito tempo, por isso, vim aqui para ver se seria mais rápido. Eu não sabia que poderia ter ido a uma unidade básica no meu bairro e ter um atendimento completo, se necessário”, disse Nilde. 
Perfil - Casos como os de Brena e Nilde, que não são perfis das UPAs, podem ser atendidos em uma Unidade Básica de Saúde, e podem estar superlotando o serviço das Unidades de Pronto Atendimento (UPA).  
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) verificou que, neste período sazonal de chuvas  com o aumento dos casos de gripes e doenças respiratórias, mais de 50% dos pacientes atendidos nas UPAs não são o perfil do serviço e acabam sobrecarregando o atendimento.
“A Sesma reforça para a população que também procure as unidades básicas de saúde, que são as portas de entrada do sistema de saúde. Nas últimas semanas, estamos reforçando o material e a estrutura dessas unidades para garantir o bom atendimento do usuário que buscá-las”, alerta a secretária de saúde, em exercício, Carmem Célia Pinheiro. 
Nos casos de urgências e emergências, a população deve se dirigir a uma das nove unidades básicas com Urgência e Emergência antes de procurar uma UPA. As UBS com esses serviços ficam na Marambaia, Jurunas, Tapanã, Bengui, Icoaraci, Outeiro, Cotijuba, Carananduba e Baía do Sol.
Nessas unidades são atendidos os casos de baixa complexidade como os sintomas da gripe, crises respiratórias leves, reações alérgicas, dores em geral, ferimentos leves, vômitos, pico hipertensivo, glicemia, retirada de pontos, suturas e drenagem de abscesso em geral, entre outros. 
UPAs - Na UPA da Sacramenta, por exemplo, o atendimento, que deveria ser de até 450 pacientes por dia, está batendo a média de 600. “Nesta semana, já chegamos a 540 atendimentos ao dia, sendo 284 pacientes de classificação verde, que poderiam ser atendidos nas unidades básicas. Não podemos deixar de atender quem nos procura. No entanto, o tempo de espera será maior, porque os casos mais graves e que são perfil da unidade, têm prioridade”, explica a diretora da UPA, Deyse Gonçalves. 
De acordo com a diretora da UPA, o fluxo de atendimento obedece à classificação de risco, que é um protocolo internacional. “É comum o usuário achar que o atendimento funciona por ordem de chegada e reclamar quando um caso grave passa à frente do seu que é menos urgente. O que determina a ordem de atendimento é a gravidade do caso”, destaca Deyse. 
Classificação - A classificação verde quer dizer que o caso é pouco urgente. A fisioterapeuta Karem Baía, de 27 anos, chegou a UPA da Sacramenta com um mal estar e dor de cabeça e recebeu a classificação verde na triagem. Segundo a coordenadora de enfermagem da UPA, Siane Reis, esse caso poderia ser atendido na UBS Bengui ou Tapanã, já que Karem mora no Parque Verde, ou até mesmo a unidade do bairro para um acompanhamento dos sintomas. 
Na espera pela medicação, um paciente urgente, com muita falta de ar, e outro muito urgente, com vômito e dor abdominal intensos, passaram à frente de Karem por serem mais graves. Perguntada sobre o porquê de procurar a UPA e não uma UBS, ela destacou a qualidade do atendimento no local. “Nós já temos uma referência de bom atendimento em uma UPA, então é muito mais fácil vir aqui com a certeza de que vai ser bem tratado e terá medicação”, ressaltou a jovem. 
A UPAs são destinadas aos casos que precisam de atendimento imediato e com maior gravidade. A capital conta com as UPAs da Sacramenta, Terra Firme e Icoaraci que funcionam 24 horas, todos os dias da semana. 
Atendimento - O atendimento em qualquer UPA é para os casos de média complexidade como alteração de pressão arterial, febre alta (igual ou maior que 39 graus), traumas (quedas, torções, e fraturas fechadas), dores intensas, hiperglicemia, falta de ar intensa, alterações do nível de consciência, dores no peito, sangramentos, cortes, mordida de animais. O Hospital Geral de Mosqueiro também atende a esses casos. 
Já os hospitais de Pronto Socorro Mario Pinotti (da travessa 14 de Março) e Humberto Maradei Pereira (Guamá), atualmente desativado para reforma, atendem aos casos de maior gravidade, como asma, perda de consciência, facadas, baleamentos, traumas múltiplos, suspeita de infarto e AVC, crises hipertensivas de difícil controle e envenenamento.
Texto:

Jaqueline Ferreira

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