terça-feira, 16 de outubro de 2018

Lições do penta: as inspirações de cada título de Copa do Brasil para o Cruzeiro lutar pelo hexa

Por Luiz Martini — de Belo Horizonte

Lições do penta: as inspirações de cada título de Copa do Brasil para o Cruzeiro lutar pelo hexa

Lucas Figueiredo / CBF
Experiência é considerada um dos segredos para alcançar a glória. Para escrever uma história pentacampeã na Copa do Brasil, com certeza, o Cruzeiro contou com ela e com a competência de outras gerações. Agora, quando o clube busca subir o degrau do hexa na final contra o Corinthians, lições do passado vem à tona para a Raposa alcançar o objetivo de 2018.
Se for campeão da Copa do Brasil, o Cruzeiro alcançará o sexto título da competição. Isso tornará o clube o maior campeão do torneio, superando o Grêmio na hegemonia. Além disso, o jogo em Itaquera vale o feito inédito de ser bicampeão consecutivo, mais uma página inédita que pode ser escrita pela Raposa. Sem contar que os 90 minutos ainda valem R$ 50 milhões de premiação ao campeão.
GloboEsporte.com traz personagens que fizeram parte da história vencedora do Cruzeiro e marcaram seus nomes na história do clube com a conquista da Copa do Brasil. Jogadores e dirigentes dividiram espaço para detalhar o caminho estrelado rumo às taças.

O primeiro troféu da galeria

O caminho foi aberto na Copa do Brasil pela geração de 1993. Cinco adversários tentaram parar o Cruzeiro, mas foram superados no decorrer do mata-mata. A trajetória começou com a Desportiva Ferroviária-ES, depois teve Náutico, São Paulo, Vasco e Grêmio. A final teve direito a jogo com chuva forte em Porto Alegre e volta olímpica dentro do Mineirão.
Primeiro título da Copa do Brasil do Cruzeiro foi em 1993; Paulo Roberto Costa ergueu a taça de campeão — Foto: Reprodução/TV GloboPrimeiro título da Copa do Brasil do Cruzeiro foi em 1993; Paulo Roberto Costa ergueu a taça de campeão — Foto: Reprodução/TV Globo
Primeiro título da Copa do Brasil do Cruzeiro foi em 1993; Paulo Roberto Costa ergueu a taça de campeão — Foto: Reprodução/TV Globo
O ex-zagueiro Célio Lúcio, titular da defesa na campanha da Copa do Brasil, recorda a pressão sofrida pelo elenco para conquistar o título nacional há 25 anos.
- O Pinheiro (treinador) veio para o Cruzeiro após deixar o comando do América. Tínhamos uma baita equipe. Isso deu um parâmetro muito grande. Veio Éder, o Luisinho já estava, Boiadeiro, Luiz Fernando, Tot, Paulo César Borges, Nonato, Cleisson que era um atacante brigador, Roberto Gaúcho vencedor no Cruzeiro. A juventude e os atletas maduros deram certo. Só perdemos uma partida, para o Náutico, fora de casa. Foi uma nova etapa para o Cruzeiro.
"O Cruzeiro vinha de uma década sem ganhar títulos importantes. O Cruzeiro ganhou a Supercopa de 1991 e 92, mas faltava o título nacional. O professor cobrou bastante a conquista de 93" - Célio Lúcio

Derrubando gigantes

Após sentir o gosto saboroso da Copa do Brasil, o Cruzeiro repetiu a dose três anos depois. O time foi campeão de 1996 com uma vitória épica diante do Palmeiras, no antigo Parque Antárctica, em São Paulo. Hoje, o local é conhecido por Arena Palmeiras. Os donos da casa já tinham até a faixa de campeão preparada, mas os mineiros deixaram o campo com o sorriso no rosto. Dida teve uma noite épica, e a Raposa venceu por 2 a 1, de virada.
Nonato levantou a taça de campeão pelo Cruzeiro após vitória histórica sobre o Palmeiras — Foto: Reprodução / SporTVNonato levantou a taça de campeão pelo Cruzeiro após vitória histórica sobre o Palmeiras — Foto: Reprodução / SporTV
Nonato levantou a taça de campeão pelo Cruzeiro após vitória histórica sobre o Palmeiras — Foto: Reprodução / SporTV
O volante Ricardinho tinha apenas 22 anos, mas, ao lado de três pilares importantes da história do Cruzeiro, aprendeu desde cedo a erguer troféus, tanto que é o jogador mais vitorioso da história do clube em termos de conquistas somadas.
- Aquele título ali ficou na memória dos cruzeirenses. Fora de casa é muito difícil, o Palmeiras era o melhor time do Brasil. Sempre que a gente pegava a bola, saíamos rápido para o ataque. Apesar da pressão, o gol saiu com a falha do Amaral e crescemos no jogo. Aí fluiu para o nosso favor.
"Tínhamos três jogadores bons e bem experientes: Nonato, Palhinha e Roberto Gaúcho. Jogando fora, eles pediram para ficar com a bola, não rifar" - Ricardinho

Gol salvador no fim

Título é título, não importa. Mas, de todas as cinco Copas do Brasil que o Cruzeiro levou, a de 2000 merece um lugar especial na prateleira. O taça só foi conquistada nos instantes finais do jogo contra o São Paulo, no Mineirão, com direito a uma ajudinha de Muller para Giovanni, autor do gol da vitória. O ex-atacante falou com o meia: "Chuta rasteiro que a barreira vai pular". A bola nem foi tão rasteira assim, mas passou pelo meio dos defensores do Tricolor com um desvio suficiente para deixar Rogério Ceni na saudade.
Cruzeiro ganhou a Copa do Brasil 2000 diante do São Paulo, que tinha Rogério Ceni no gol — Foto: Paulo Pinto / Estadão ConteúdoCruzeiro ganhou a Copa do Brasil 2000 diante do São Paulo, que tinha Rogério Ceni no gol — Foto: Paulo Pinto / Estadão Conteúdo
Cruzeiro ganhou a Copa do Brasil 2000 diante do São Paulo, que tinha Rogério Ceni no gol — Foto: Paulo Pinto / Estadão Conteúdo
O atacante Fábio Junior estava na reserva, mas, quando foi chamado por Marco Aurélio para entrar em campo, fez o gol de empate e entusiasmou o Gigante da Pampulha para empurrar o Cruzeiro rumo à taça. O ex-atacante relembra detalhes da final diante do São Paulo.
- Tomamos um gol aos 26, aos 35 eu empatei, não esqueço, e o gol do Giovanni foi aos 46. Ali foi emocionante. A gente olhava para o outro lado e tinha uma equipe fantástica do São Paulo, eram duas equipes de ponta. Muitos torcedores encontram comigo na rua e falam que eu fui responsável para que eles entrassem novamente no Mineirão. Muita gente estava de saída. Aquilo foi fundamental para a equipe reagir e ter força. O torcedor voltou correndo para ver o fim do jogo.
"Eu peguei a bola e corri para o meio-campo, não tinha tempo para comemorar" - Fábio Júnior

Máquina de 2003

A sequência de filmes Máquina Mortífera tinha uma dupla afinada para lutar contra o crime organizado. Em 2003, é possível dizer que o Cruzeiro criou uma máquina azul capaz de aniquilar qualquer adversário. A Tríplice Coroa foi conquistada neste ano, sob a batuta do craque Alex. Porém, a Copa do Brasil, com vitória elástica por 3 a 0 sobre o Flamengo, na decisão, foi essencial para a sequência de títulos ser eternizada.
Alex foi o maestro do Cruzeiro na conquista da Tríplice Coroa na temporada 2003 — Foto: Reprodução/ TV Globo MinasAlex foi o maestro do Cruzeiro na conquista da Tríplice Coroa na temporada 2003 — Foto: Reprodução/ TV Globo Minas
Alex foi o maestro do Cruzeiro na conquista da Tríplice Coroa na temporada 2003 — Foto: Reprodução/ TV Globo Minas
O lateral Leandro fez parte do elenco vencedor e fez menção especial a Vanderlei Luxemburgo, formador do Cruzeiro vitorioso naquele ano de Copa do Brasil, Brasileiro e Campeonato Mineiro.
- Foi o Vanderlei em si. Ele sempre cobrando, aquele jeito de pai, mas aquela cobrança. O grupo foi encarando e vendo que dava. Isso foi motivando. Os treinamentos com responsabilidade, pessoal acreditando no potencial. Tudo isso aí foi aflorando e deu aquela coisa toda.
"A qualidade do Alex, nosso carro-chefe, foi muito importante, mas também falo do peso do Vanderlei" - Leandro

É o penta

Nas mãos de Fábio e em sofridas disputas de pênalti, o Cruzeiro alcançou o pentacampeonato em 2017. O goleiro resolveu nas semifinais contra o Grêmio e na decisão contra o Flamengo. Ainda houve adversários de peso, como São Paulo e Palmeiras na trilha da Raposa.
Cruzeiro levou o quinto troféu da Copa do Brasil no ano passado — Foto: André DurãoCruzeiro levou o quinto troféu da Copa do Brasil no ano passado — Foto: André Durão
Cruzeiro levou o quinto troféu da Copa do Brasil no ano passado — Foto: André Durão
O título da Copa do Brasil fechou a gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares. Reviver a conquista é algo que mexe com o dirigente, que carrega ainda dois campeonatos brasileiros no período à frente do clube.
- É um orgulho danado. O Cruzeiro e sua torcida gostam das competições de mata-mata. É uma tradição do clube, isso começou em 1966 com a Taça Brasil. Os campeões e vices dos estados participaram, e fomos campeões.
"O torcedor do Cruzeiro está acostumado com taças, que nem eu. Quando ganha uma, já está pensando na próxima que vai disputar" - Gilvan

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