quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Em meio à maior crise humanitária do mundo, Iêmen realiza campanha contra cólera

MUNDO
Após um aumento acentuado no número de possíveis casos de cólera recentemente no Iêmen, uma nova campanha de vacinação foi realizada junto ao governo para prevenir um terceiro grande surto, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) no início de outubro (2).
A ONU considera que o Iêmen enfrenta hoje a pior crise humanitária do mundo. O país já sofreu grandes surtos de cólera no passado, em meio ao pano de fundo de intensos conflitos civis.
Em maio de 2018 em Áden, no Iêmen, menino é vacinado contra o cólera. Foto: UNICEF/Sadeq Al-Wesabi
Em maio de 2018 em Áden, no Iêmen, menino é vacinado contra o cólera. Foto: UNICEF/Sadeq Al-Wesabi
Após um aumento acentuado no número de possíveis casos de cólera recentemente no Iêmen, uma nova campanha de vacinação foi realizada junto ao governo para prevenir um terceiro grande surto, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) no início de outubro (2).
Cerca de 540 mil mulheres, crianças e homens que receberam a primeira dose da vacina em agosto, nas províncias de Hodeida e Ibb, foram alvo da nova campanha de quatro dias. Mais de 3 mil agentes de saúde foram treinados e mobilizados para este esforço.
Durante a campanha mais recente, aproximadamente 387,4 mil pessoas foram vacinadas, cobrindo 72% das pessoas em necessidade de vacinação.
A ONU considera que o Iêmen enfrenta hoje a pior crise humanitária do mundo. O país já sofreu grandes surtos de cólera no passado, em meio ao pano de fundo de intensos conflitos civis.
De acordo com a OMS, desde abril de 2017 houve mais de 1,2 milhão de casos possíveis ou confirmados de cólera no Iêmen, incluindo mais de 154 mil apenas em 2018. Mais de 2,5 mil pessoas foram relatadas mortas pela doença, que pode ser prevenida. Cerca de 30% dos casos envolvem crianças com menos de 5 anos e apenas uma das 23 províncias do país não foi afetada.
Atualmente, cerca de 22,2 milhões de pessoas necessitam de ajuda no Iêmen e 8,4 milhões possuem problemas severos de segurança alimentar e, se nenhuma ação for tomada, mais de 10 milhões podem entrar na mesma categoria até o fim do ano.
“Isto é sombrio”, disse o chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, ao Conselho de Segurança em 21 de setembro. “Nós estamos perdendo a luta contra a fome”.
O conflito no Iêmen, que já era um dos países mais pobres do mundo antes da crise, se agravou em março de 2015, quando uma coalizão internacional liderada pela Arábia Saudita realizou uma intervenção militar a pedido do presidente iemenita. Ataques aéreos se tornaram uma rotina diária para milhões de civis.
Desde 1º de junho, de acordo com o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), 500 mil pessoas foram forçadas a fugir de suas casas em Hodeida, uma província tomada pela oposição no oeste do Iêmen, levando o número de pessoas deslocadas internamente no país para 2 milhões.
Centenas de milhares de famílias já não possuem mais uma fonte regular de renda – incluindo professores, agentes de saúde, funcionários de água e saneamento e outros funcionários públicos. Eles não recebem um salário regular há dois anos.
Atualmente, mais de 150 organizações de ajuda, incluindo oito agências da ONU, trabalham para fornecer comida, abrigo, assistência nutricional, serviços de proteção e muito mais para milhões de iemenitas cujas vidas foram afetadas pelo conflito.
No entanto, duas situações recentes ameaçam “soterrar as operações de ajuda”, segundo Lowcock. “A primeira é uma deterioração econômica acentuada, sintoma da depreciação do rial iemenita em cerca de 30% nos últimos meses”, afirmou.
Como quase todos os alimentos consumidos no Iêmen são importados, esta depreciação se traduz diretamente em um aumento drástico no preço da comida. “Já estamos vendo situações similares à fome – incluindo casos onde pessoas estão se alimentando de folhas porque não têm alternativa”.
A segunda situação, segundo Lowcock, é o agravamento de confrontos em torno de Hodeida, impedindo trabalhos no porto usado em grande parte das operações de ajuda e mercados comerciais.

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