quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Projeto Águas da Mantiqueira apresenta direcionamento da pesquisa realizada por 30 pesquisadores durante 15 meses em Santo Antônio do Pinhal (SP)


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Reprodução Globoplay
As diretrizes poderão ser utilizadas para elaborar um
planejamento territorial do município que seja compatível com o
desenvolvimento socioeconômico sustentável;

O 8º ecossistema mais rico do planeta ocupa um território de 590
quilômetros de extensão, resguarda 5% da flora mundial e é responsável
por abastecer com recursos hídricos cerca de 14 milhões de pessoas
diariamente. Localizado entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e
Rio de Janeiro, a Serra da Mantiqueira, parte do bioma da Mata
Atlântica, um dos mais importantes do mundo, entrou em colapso deixando
milhões de pessoas sem ou com pouco acesso à água entre 2014 e 2015.
Nesta terça-feira, dia 12, o Sistema Cantareira, um dos reservatórios
que recebe recursos hídricos da cordilheira chegou a um nível de 35,4%
de sua capacidade, nível inferior ao mesmo período de 2013, ano que
antecedeu a crise hídrica.

De acordo com José Roberto Manna, coordenador técnico do projeto Águas
da Mantiqueira, a situação pode mais uma vez se tornar preocupante, de
modo que parte do desabastecimento hídrico acontece por conta do
desmatamento de áreas naturais. "O topo de morro é a caixa da água. A
vegetação natural funciona como uma embalagem e é um dos pontos que a
água da chuva penetra com mais facilidade no solo. Isto que mantém os
lençóis freáticos, que por sua vez, formam nascentes e rios. É
fundamental preservar os topos de morro que comumente chamamos de áreas
de recarga", reforça o consultor técnico da FUNDEPAG (Fundação de
Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio).

O consultor avalia que é preciso equilibrar a gestão da demanda com a
da oferta de água, combinando obras de engenharia verde para o
fornecimento de água, para a despoluição das bacias hidrográficas e
para a redução das perdas físicas no sistema de água de Santo Antônio
do Pinhal. Estas chegam a mais de 40%, aliadas a alternativas não menos
importantes, as Soluções baseadas na Natureza (SbN). "É necessária uma
infraestrutura adequada para as cidades serem abastecidas devidamente.
Mas especialistas têm concordado que as Soluções baseadas na Natureza
são extremamente efetivas para lidar com problemas urgentes, além de
serem o caminho do desenvolvimento econômico compatíveis com os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, estabelecida pela ONU."
Essas e outras diretrizes fazem parte do Projeto Águas da Mantiqueira,
iniciativa realizada pela Fundação Toyota do Brasil em parceria com a
FUNDEPAG.

A ação realizada em Santo Antônio do Pinhal, interior de São Paulo,
resultou em um estudo, entregue ao poder público no fim de agosto. Após
15 meses de trabalho de 30 pesquisadores foram avaliadas
características de cada uma das 10 bacias hidrográficas da região, sua
flora, fauna construções em área urbanas e rurais, situação de
esgotamento sanitário, educação, entre outros temas.  Os
direcionamentos poderão ser utilizados pela prefeitura para elaborar um
planejamento territorial do município que seja compatível com o
desenvolvimento socioeconômico sem descartar o impacto no meio
ambiente, que oferece uma série de serviços aos seres humanos.

A importância econômica dos serviços ambientais

Plantas e animais silvestres trabalham em suas funções de vida e
proveem aos seres humanos com este trabalho um capital natural sobre o
qual construímos os sistemas econômicos. Sem as abelhas, poderíamos,
por exemplo, polinizar plantas, mas o custo dos alimentos aumentaria
exponencialmente, assim como filtrar água e conter a erosão - serviços
muito onerosos.

Uma estimativa de referência de valor deste capital foi publicada em
uma das mais importantes revistas científicas, a Nature, em 1997.
Naquele ano, o Produto Nacional Bruto de todas as nações somadas
atingiu 18 trilhões de dólares. No mesmo período, os serviços
ambientais em 17 biomas do mundo totalizaram 33 trilhões de dólares, ou
seja, o capital natural que permitiu a riqueza produzida foi quase o
dobro.

"O valor econômico da biodiversidade é o maior lastro para convencer o
mundo moderno a sua proteção", defende Manna. Junto a essa questão o
presidente da Fundação Toyota do Brasil, Percival Maiante, afirma que a
educação é um dos principais meios para reverter a situação. "O
objetivo de construir um planeta realmente mais sustentável, por
necessidade, passa por investimentos em educação para a
sustentabilidade. É nisso que todos devemos focar se nos interessarmos
pelo futuro das próximas gerações", relata Maiante.

Diretrizes para a conservação dos recursos hídricos

Atualmente, no município de Santo Antônio do Pinhal, a concessionária
dos serviços de água coleta apenas 45% de todo o esgoto produzido na
área urbana e, embora o tratamento seja de 100% do esgoto coletado, a
eficiência desse tratamento é de 55%. Isso significa que mais da metade
dos esgotos tem sido despejada sem tratamento no Rio da Prata
comprometendo a qualidade dos recursos hídricos e o equilíbrio do
ecossistema aquático como reportado nos últimos relatórios elaborados
pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Por essa
razão, o projeto ressalta a importância de coletar 100% do esgoto
gerado nas áreas urbanas, e tratá-lo com a eficiência de no mínimo de
80%, conforme legislação.

Nas residências localizadas nas áreas urbanas e rurais que não possam
ser atendidas pela rede coletora de esgotos devem ser instalados
esgotamento sanitário e fossas sépticas - maneira simples e barata de
disposição dos esgotos indicada, sobretudo, para a zona rural ou
residências isoladas -, para evitar a contaminação das águas
superficiais e subterrâneas e a disseminação de doenças de veiculação
hídrica.

Além disso, é necessário melhorar a infraestrutura. O índice de perdas
do sistema de distribuição de água do município de Santo Antônio do
Pinhal é superior a 40%, demonstrando um alto desperdício de água
tratada. Assim, são necessárias a implantação e a efetiva execução, por
parte da empresa responsável pelo abastecimento do município, de um
programa contínuo de monitoramento e de combate a perdas no sistema de
distribuição de água tratada.

Outro direcionamento do projeto Águas da Mantiqueira é aprovação de Lei
Municipal que institua uma política de proteção aos mananciais de água
destinados ao abastecimento público. "Normalmente, tais leis visam
proteger e/ou recuperar os mananciais de interesse do Município,
assegurando quantidade e qualidade de água adequadas ao abastecimento
da população atual e futura, e adequando programas e políticas de
ordenamento territorial, considerando parcelamento do solo, instalação
de indústrias, ampliação da malha viária e outras de forma compatível à
proteção dos recursos hídricos", considera  Carolina Bozetti,
responsável pelo capítulo de Recursos Hídricos do projeto Águas da
Mantiqueira.

É orientado também que o poder público busque parcerias com órgãos e
instituições atuantes na área de extensão rural que possam auxiliar os
produtores rurais na adoção de técnicas produtivas apropriadas às
condições locais e que garantam maior proteção aos recursos hídricos,
incentivando técnicas de preparo e cultivo dos solos (como, por
exemplo, o cultivo mínimo e o plantio direto) e sistemas mais
eficientes de irrigação e inscrição de todas as propriedades.

"Os sistemas agrícolas convencionais esterilizam o solo. Eu uso a
associação natural das espécies como força motriz para gerar
fertilidade nesse solo", explica André Cerveny, agricultor
agroflorestal, uma das alternativas sustentáveis à agricultura
convencional.

Do ponto de vista dos recursos hídricos, também é importante que os
proprietários rurais sejam incentivados a proteger os remanescentes de
vegetação natural presentes em suas propriedades e, na ausência das
matas ciliares ao redor de rios, riachos e nascentes, que os
proprietários sejam motivados a restaurá-las.

No Sítio Aconchego, em Santo Antônio do Pinhal, onde o rebanho de gado
Jersey produz cerca de 130 litros de leite diariamente, a região foi
restaurada pelo fundador da empresa de pecuária que hoje é administrada
ali. Heinz Thielemann não deixou de lado a lucratividade com a
restauração ambiental do seu terreno. "Eu acredito muito na importância
da preservação ambiental aliado ao desenvolvimento econômico
sustentável. É possível ter um local saudável econômica e
ambientalmente", explica Thielemann.

Já na propriedade Sítio Verde, o tecelão Dioclésio natural de Santa
Catarina ficou perplexo com a degradação da propriedade que tinha
acabado de adquirir, em 2007, com a esposa fluminense Miriam. O amor
pela natureza foi tanto, que o tecelão restaurou os 24 hectares de sua
propriedade que era uma antiga lavoura e área de pecuária. "A natureza
selvagem não é importante, é imprescindível", relata Dioclesio. O
artesão retirou as plantas exóticas da propriedade, limpou e restaurou
o solo de forma adequada. O resultado foi a regeneração natural
gradativa do local.

O instrumento educacional

Os impactos ambientais decorrentes dos atuais padrões de produção e
consumo têm trazido a educação para o centro da agenda de debates
chamando a atenção de todos acerca da necessidade de se refletir sobre
o papel da escola e outras instituições que, por ventura, tenham a
capacidade e o propósito de intervir nos processos formativos,
despertando a atenção de crianças e jovens para os problemas e os
desafios do século XXI.  

Os serviços prestados pelas inúmeras espécies vivas que integram o
domínio da Mata Atlântica com diferentes fisionomias da vegetação e
fauna associada na Serra da Mantiqueira, além de se comportarem como
sistemas inteligentes e sustentáveis, precisam ser disseminados e
incorporados pelos professores, estudantes, pais e a comunidade escolar
que interagem e vivem nesses espaços.

O ambiente produzido pela recente construção da Base Nacional
Curricular Comum abre uma janela de oportunidade para que as redes de
ensino da Mantiqueira possam estruturar os currículos em consonância
com os desafios da realidade local, as expectativas e os projetos de
vida dos alunos os quais se encontram inseridos num contexto de vida
muito singular.

Numa perspectiva educacional mais ampla, os projetos pedagógicos das
escolas, como também o de outras agências e instituições com propósitos
educativos nos municípios da Mantiqueira, devem guardar algumas
diretrizes e objetivos como: compreensão ambiental do local onde a
população está inserida, estimulo a construção de valores,
comportamentos e consumos coniventes para uma vida sustentável na
Mantiqueira, envolvimento e apoio da população na melhoria da gestão da
água.

"É de fundamental importância que a população, em especial as crianças,
compreendam o local em que elas vivem. Criem um poder de pertencimento,
respeitem e cuidem do local onde estão inderidas. Só assim poderão de
fato valorizar aquilo faz parte do cotidiano delas", enfatiza João
Roberto de Souza,  educador e responsável pelo capítulo de Educação do
projeto Águas da Mantiqueira.

Curiosidades da Serra da Mantiqueira

*        A Serra da Mantiqueira é uma cordilheira que abrange 3 estados:
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
*        Mantiqueira é um termo de origem Tupi-Guarani "Amantikir".
"Amana" significa chuva e "tiqueira", gotejar. Montanha que chora ou
serra que chora;
*        A Serra da Mantiqueira tem muitas bacias hidrográficas, 10
estão em Santo Antônio do Pinhal;
*        O município possui 3 fontes de água mineral públicas e
acessíveis à comunidade;
*        Com aproximadamente 500 quilômetros de extensão, seu ponto mais
alto é a Pedra da Mina, com 2.798 metros, na divisa de Minas Gerais e
São Paulo. 

Sobre a Fundação Toyota do Brasil

Criada em abril de 2009, a Fundação Toyota do Brasil atua na
preservação ambiental e formação de cidadãos. Além das novas
iniciativas surgidas com a sua instituição, a Fundação Toyota do Brasil
unificou e ampliou todos os projetos de responsabilidade social em
andamento, que estavam sob a responsabilidade da montadora Toyota do
Brasil.

Nacionalmente, além do Projeto Arara Azul , a Fundação Toyota do Brasil
patrocina desde 2009 o Projeto Toyota APA Costa dos Corais, em parceria
com a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do governo federal. O projeto
prioriza a conservação dos recifes de corais e ecossistemas associados
ao peixe-boi marinho em uma área de 413 mil hectares nos estados de
Alagoas e Pernambuco.

Localmente, a entidade agrega ainda as ações sociais implantadas e
mantidas nas comunidades onde a empresa possui unidades, como
Indaiatuba (SP), Guaíba (RS), Porto Feliz (SP), Sorocaba (SP) e São
Bernardo do Campo (SP). As iniciativas compreendem as áreas de
educação, meio ambiente e cultura, e contam com o apoio dos
colaboradores da empresa como voluntários.

Para mais informações, visite o site da Fundação Toyota do Brasil na
internet www.fundacaotoyotadobrasil.org.br
<http://www.fundacaotoyotadobrasil.org.br/> .

Sobre a Fundepag

A Fundepag (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio) é
uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, estabelecida em
1978 por grupos empresariais, representantes da agropecuária, da
indústria, do comércio e das finanças. A entidade tem como objetivo
viabilizar projetos de pesquisa, desenvolvimento científico e
tecnológico no Brasil.

 
A Serra da Mantiqueira é considerada o 8º ecossistema mais rico do
planeta Créditos: Rafael Munhoz         

PRINTER PRESS COMUNICAÇÃO CORPORATIVA

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