terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Instituto de Saúde Mental usa arte como apoio no tratamento



Instituto de Saúde Mental usa arte como apoio no tratamento

Sônia Oliveira, de 60 anos, participa de oficina em unidade no Riacho Fundo I. Em todo o País, campanha Janeiro Branco propõe desmistificar distúrbios psíquicos como depressão e bipolaridade

Sônia Marisa da Costa Oliveira, de 60 anos, faz tratamento contra depressão e transtorno de bipolaridade no Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo I. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
Sônia Marisa da Costa Oliveira, de 60 anos, faz tratamento contra depressão e transtorno de bipolaridade no Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo I. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

O artesanato caprichado feito em mosaico se destaca no ambulatório do Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo I. Com sorriso no rosto, Sônia Marisa da Costa Oliveira mostra o trabalho que faz no local onde é paciente há dez anos.
A aposentada de 60 anos diz que a vida dela se transformou radicalmente após começar o tratamento contra a depressão e o transtorno de bipolaridade. Além de receber o atendimento com psicólogos e psiquiatras, Sônia desenvolveu uma nova aptidão, que tem rendido dinheiro extra.
Quem a vê atualmente não imagina o quanto o caminho foi árduo. Ela conta que tinha um medo excessivo e quase não saía de casa. Agora, vende as peças em feiras de artesanato e já ajudou em projetos de decoração de restaurante.
“A minha vida melhorou 90% depois que eu comecei o tratamento no instituto e a Caco Terapia. Eu me valorizei mais”, relata.
Caco Terapia – Centro de Arte Coletiva e Terapêutica – é uma oficina que propõe utilizar cacos de vidro e azulejos como uma representação do próprio estado emocional, colando e reconstruindo um novo sentido de vida. O material produzido é vendido no próprio instituto e em feiras da cidade.
Para o diretor substituto do Instituto de Saúde Mental, Miles Forrest, aprender um ofício muda a dinâmica na família. “O paciente deixa de ser visto como doente e passa para ser visto como pessoa.”

Serviços oferecidos no Instituto de Saúde Mental da rede pública do DF

Com mais de 2 mil prontuários ativos, o instituto oferece serviços de:
  • Acolhimento
  • Acompanhamento psiquiátrico
  • Programa de ressocialização
  • Programa de geração de renda
  • Atividades e oficinas terapêuticas
  • Centro de convivência
  • Plantão psicológico
  • Visita domiciliar
O ambulatório do Instituto de Saúde Mental recebe 1,3 mil pacientes por mês, em média. Já o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) que também fica no local tem cerca de 80 atendimentos diários.
Os problemas mais recorrentes são depressão e transtornos de ansiedade, psicóticos (quando a pessoa perde o contato com a realidade e tem delírios e alucinações) e de bipolaridade.
1,3 milQuantidade média de pacientes atendidos por dia no ambulatório do Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo I
Há casos em que a família do paciente é convidada a participar das atividades, de acordo com a gerente de Atenção à Saúde do instituto, Melissa Chaves Kern. “Muitas vezes, familiares também precisam de tratamento. Pode ser que o problema daquela pessoa venha de algum outro fator externo. É preciso analisar e ter esse apoio familiar”, explica.
Qualquer pessoa pode solicitar atendimento de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, pelo telefone (61) 3399-3666. É preciso apresentar documentos como RG, comprovante de residência e, se tiver, encaminhamento médico e cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Instituto de Saúde Mental no Riacho Fundo I só recebe pacientes maiores de 18 anos, mas a rede de saúde do DF tem outras unidades de atendimento psicológico. A lista completa está no site da Secretaria de Saúde.

Saúde mental é foco da campanha Janeiro Branco

Criada em 2014, em Minas Gerais, a campanha Janeiro Branco chama a atenção para os cuidados com a saúde mental da população. A iniciativa ganhou peso nacional e tem apoio do governo de Brasília.
A psicóloga da Secretaria de Saúde Marina Fernandes Prado reforça a importância da ação. “Existe um aumento constante dos transtornos mentais, como depressão e ansiedade, principalmente em grandes metrópoles. É preciso ter esse momento de reflexão, repensar o modo de vida e dar mais atenção à saúde emocional”, defende.
Janeiro foi escolhido para a campanha por ser um marco de recomeço, assim como a cor branca, que simboliza uma folha de papel nova.
A campanha ainda visa tirar o estigma sobre os transtornos mentais, como o receio de procurar um psicólogo para conversar sobre alguma perda ou desconforto.
Melissa Kern, do Instituto de Saúde Mental, enfatiza: “O sofrimento humano não é frescura. É importante ter locais onde a gente possa conversar e ter apoio. E as pessoas precisam respeitar esse momento do outro”.
EDIÇÃO: MARINA MERCANTE

Nenhum comentário:

Postar um comentário